Dilma: Não ouvirei calada campanha negativa contra a Petrobras
“Não podemos permitir, como brasileiros que amam e defendem esse país, que se utilizem ações individuais e pontuais, mesmo que graves, para tentar destruir a imagem de nossa maior empresa (…) A Petrobras jamais vai se confundir com qualquer malfeito, com corrupção ou qualquer ação indevida de quaisquer pessoas. Nós, com determinação, estamos aqui nos comprometendo a cada dia que passa que o que tiver de ser apurado vai ser apurado com o máximo de rigor”.
Dilma lembrou que a Petrobras resistiu a tentativas de sucateamento e privatização e que graças ao pré-sal e ao modelo de partilha, apoiado pelo Congresso Nacional, o Brasil terá maior controle sobre os recursos do petróleo, que serão investidos prioritariamente na educação dos brasileiros.
“A Petrobras resistiu às tentativas de desvirtuá-la, de reduzi-la e privatizá-la. Mas as tentativas de sucateamento deixaram marcas profundas, mas temporárias, não apenas na Petrobras, mas na cadeia do petróleo, que sustentava empresas nacionais, inclusive a indústria naval. O favorecimento, a importação de navios plataforma, a falta de planejamento e a ausência de política de conteúdo nacional trouxeram problemas aos fornecedores nacionais. A redução dos investimentos em geral, e em especial em tecnologia, a baixa valorização do capital humano corroeram essa grande empresa, mas ela teve força para resistir”.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou, durante a cerimônia de viagem inaugural do navio Dragão do Mar, nesta segunda-feira (14), que estão erradas as avaliações de que a Petrobras está perdendo valor de mercado. Dilma lembrou que, em 2003, a empresa valia R$ 15,5 bilhões e que, hoje, mesmo com toda crise internacional, o valor de mercado chega a R$ 98 bilhões.
“Manipulam os dados, distorcem análises, desconhecem deliberadamente a realidade do mercado mundial de petróleo para transformar eventuais problemas conjunturais de mercado em irreversíveis. (…) Ao contrário do passado, a Petrobras é hoje a empresa que mais investe no Brasil. Foram US$ 306 bilhões, de 2003 a 2013. Sendo que o ano passado chegou a US$ 48 bilhões. É importante lembrar que em 2002, foram investidos apenas US$ 6,6 bilhões”, detalhou.
A ampliação dos investimentos foi multiplicada por seis. Para Dilma, com a reconstituição do programa de investimentos da empresa, foi possível a descoberta dos megacampos do pré-sal, que mudou o cenário petrolífero e vai ajudar a melhorar a qualidade da educação, com os royalties e os 50% do fundo social investidos no setor. A presidenta também lembrou que o lucro líquido da empresa também mudou de patamar, passando de R$ 8 bilhões para R$ 23,6 bilhões.
“Sabemos que o fortalecimento da Petrobrás revolucionou a indústria naval brasileira. Já dissemos o quanto os empregos aumentaram. A previsão pra 2017, é que passemos dos quase 80 mil de hoje para 100 mil empregos gerados na indústria de fornecedores. E, entre 2014 e 2015, geraremos mais 17 mil empregos. E podemos também medir a Petrobras pela sua força, tanto em terra quanto no mar. São 133 plataformas, 41 sondas de perfuração e 361 barcos de apoio. Muito mais virão”, disse.
Não existe operação 100% segura, defende presidente da Petrobras
A presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu a perda de US$ 530 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. Em audiência no Senado, ela afirmou que a operação “não foi um bom negócio” e que o investimento feito pela estatal é de “difícil recuperação”.
“Não há como reconhecer hoje ter sido um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil. Pasadena é apenas um dos negócios da Petrobras. Um bom projeto no inicio e que se transformou num projeto de baixa probabilidade de retorno”, afirmou.
Em 2006, a petrolífera nacional pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria de Pasadena, um valor bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Dois anos depois, um processo arbitral nos Estados Unidos a levou a adquirir os outros 50% por US$ 820 milhões, devido a um contrato assinado, segundo o qual, se houvesse desentendimento entre os sócios, a Petrobras seria obrigada a ficar com a outra metade.
Graça Foster observou, no entanto, que a refinaria atualmente opera com segurança e, nos três primeiros meses deste ano, apresentou resultado positivo, graças principalmente ao melhor desempenho operacional.
Relatório omisso
Segundo a presidente da Petrobras, quando decidiram fechar o negócio, os membros do Conselho de Administração da empresa não foram informados da cláusula que obrigava a compra dos outros 50% da refinaria. O relato confirma os termos de nota oficial divulgada pela presidente Dilma Rousseff para justificar por que ela, então à frente do Conselho, aprovou o negócio.
“Não seguiu para o Conselho [Administrativo] o resumo executivo completo. Não havia menção a cláusulas importantes. Foi aprovada a compra de 50% de Pasadena, uma parceria com o grupo Astra, uma divisão de riscos. Esse foi o objeto do negócio”, explicou, referindo-se às cláusulas que garantiam rentabilidade de 6,9% à sócia Astra Oil e à obrigação de compra da metade da sócia, em caso de discordância sobre investimentos.
O refino do óleo no mercado alvo
Foster abriu a audiência no Senado justificando a compra da refinaria de Pesadena, nos Estados Unidos. Segundo ela, o planejamento da compra foi feito numa época em que era necessário ampliar o parque de refino da empresa para processar principalmente o óleo pesado extraído do Campo de Marlin.
De acordo com Graça, o óleo pesado vale menos e é preciso agregar valor ao produto, o que requer uma refinaria mais complexa.
“Seria interessante refinar esse petróleo fora. A orientação era expandir a capacidade de refino em sintonia com mercados locais. Tínhamos que agregar valor ao óleo pesado”, explicou.
A executiva lembrou que a refinaria americana está no maior mercado consumidor de gasolina no mundo, que é os Estados Unidos, onde são consumidos 8,5 milhões de barris por dia. O Brasil consome 736 mil; o Japão, 1 milhão.
O negócio da Petrobras nos Estados Unidos foi questionado porque, em 2006, a companhia pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria de Pasadena, um valor bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões. Dois anos depois, uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a adquirir os outros 50% por mais de US$ 800 milhões.
Balanço positivo
Ao apresentar números da empresa, ela disse que a Petrobras teve 1% de aumento no lucro líquido de 2012 para 2013, ao passo que outras concorrentes como Exxon e Shell, registraram queda de 27% e 39%, respectivamente.
“Elas perderam por causa da queda de produção, da queda de mercado e dos custos elevados. Aliás, esse é um grande problema de todos nós que atuamos no setor”, afirmou.
Graça Foster disse que os níveis de investimento estão mantidos no mesmo patamar de outras gigantes do setor e a previsão de produção de 4,2 milhões de barris de óleo por dia em 2020 está mantida.