Lembra,Corpo

 

 

Corpo, lembra não só quanto foste amado,
não somente os leitos em que deitaste,
mas também aqueles desejos que por ti
brilhavam nos olhos claramente,
e que tremiam na voz – e que algum
obstáculo fortuito os frustrou.
Agora que tudo já está no passado,
parece, quase, que aqueles desejos também
tu te entregaste – como eles brilhavam,
lembra, nos olhos que te contemplavam,
como tremiam na voz, por ti, lembra, corpo.

 

 

Konstantinos Kaváfis – tradução, estudo e notas de Ísis Borges da Fonseca