Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    A terra nos é estreita

    A terra nos é estreita   A terra nos é estreita. Ela nos encurrala no último desfiladeiro E nós nos despimos dos membros Para passar. A terra nos espreme. Fôssemos nós o seu trigo para morrer e ressuscitar. Fosse ela a nossa mãe para se compadecer de nós. Fôssemos nós as imagens dos rochedos que […]

    A terra nos é estreita

     

    A terra nos é estreita. Ela nos encurrala no último desfiladeiro


    E nós nos despimos dos membros


    Para passar.


    A terra nos espreme. Fôssemos nós o seu trigo para morrer e ressuscitar.


    Fosse ela a nossa mãe para se compadecer de nós.


    Fôssemos nós as imagens dos rochedos


    que o nosso sonho levará como espelhos.


    Vimos o rosto de quem, na derradeira defesa da alma,


    o último de nós matará. Choramos pela festa dos seus filhos e vimos o rosto


    Dos que despenham nossos filhos pela janela deste último espaço.


    Espelhos que a nossa estrela polirá.


    Para onde irmos após a última fronteira?


    Para onde voarão os pássaros após o último céu?


    Onde dormirão as plantas após o último vento?


    Escreveremos nossos nomes com vapor


    carmim, cortaremos a mão do canto para que nossa carne o complete.


    Aqui morreremos. No último desfiladeiro.


    Aqui ou aqui… plantará oliveiras


    Nosso sangue.

    Mahmoud Darwish – (Edições Bibliaspa/2012. A terra nos é estreita e outros poemas. Tradução de Paulo Farah, professor da língua e literatura árabe da USP) – Fonte : Site http://www.cartamaior.com.br
    (*) Músicas do século X da Andaluzia.

    Notícias Relacionadas