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    Comunicação

    Eu e Minhas Dores

     Eu e Minhas Dores                                      Velho num “Cofee Shop” de Nova Iorque   -Estou me conscientizando de que estou velho! Dessa maneira, acabei por compreender que sou um tanto desorganizado, motivo de muitas reclamações da minha “metade da laranja”; companheira por 36 anos e dez meses. -Mas, organizo algumas […]

    POR: Redação

    4 min de leitura

     Eu e Minhas Dores

               

                             Velho num “Cofee Shop” de Nova Iorque

     

    -Estou me conscientizando de que estou velho! Dessa maneira, acabei por compreender que sou um tanto desorganizado, motivo de muitas reclamações da minha “metade da laranja”; companheira por 36 anos e dez meses.

    -Mas, organizo algumas coisas: minhas dores, por exemplo. Essas eu arquivei várias vezes em escaninhos e em arquivos eletrônicos; além da minha agenda de papel. Outras tantas vezes,  eu as arquivei dentro do calabouço do meu próprio corpo. Dentre essas últimas, estão as dores por não dominar a informática como gostaria. Esse evento desencadeou outros, de tal maneira, que encontrei mais dores e minha velhice rabugenta que estava oculta… .

    -Vez por outra, desarquivo uma dor, da qual eu já havia esquecido (e como me esqueço atualmente!!!!).

    -Algumas outras dores permanecem arquivadas. E continuam arquivadas porque já foram dores e, dores são dores; tenho-lhes todo o meu devido respeito.

    -Tenho algumas dores que nem toco; tenho pavor de estragá-las ainda mais. E como doem!!!!

    Nesses casos, deixo-as tal como estavam no dia em que as arquivei: intactas, tinindo de novas!

    Tenho dores arruaceiras, escandalosas e dessas que a gente morre de vergonha quando elas teimam em se manifestar.

    -Mas é evidente que tenho outras tantas dores, completamente diferentes; caladas, talvez, mudas; dessas eu não gosto!

    -Algumas delas são delicadíssimas; a dor do primeiro amor desfeito é um bom exemplo. Faz muito tempo, quase nunca me lembro delas; mas estão lá.

    -Tenho uma dor bem interessante, eu diria até que inusitada, uma dor desafinada.

    -Ora, por quê a surpresa?

    (O leitor diria: paixão solitária dá nisso, impossível harmonizar… ).

    -Sem qualquer constrangimento, confesso: tenho uma dor muito brega. Isso mesmo. (E quem não tem pelo menos uma?).

    A minha dor desafinada é a dor de cotovelo, que está na terceira gaveta. Ela já esteve mais acessível, mas ainda está lá.

    -O meu arquivo de dores é enorme!

    -Portanto, agora sabem; as dores que tenho estão em ordem alfabética:

    -É um arquivo; (des) organizado.

    Quer dizer, mais ou menos; é que minhas dores são instáveis.. . .

    Já tentei fazê-las desaparecer; mas são voluntariosas, têm vida própria!

    -Certa vez, de surpresa (e quando elas estavam desatentas) peguei-as de jeito as rasguei em pedacinhos; adiantou?

    -Não!

    Mal abri a primeira gaveta, lá estava ela, multiplicada em cópias e mais cópias.

    Arquivam-se e desarquivam-se, como e quando querem, e mais: misturam-se com as outras, que apareceram pelo fato de eu ficar abrindo e fechando a gaveta.

    Difícil lidar com elas!

    -Desisti… .

    -No entanto, como hoje estou racional e posso ser e fazer qualquer coisa que queira, aconselho-os: não esqueçam. Tomem alguns analgésicos para as dores!

    -Este texto me foi passado por um amigo, que me mandou e gostei! Infelizmente minha memória me trai e não sei quem foi que o mandou, porém sei que não está escrito tal e qual o recebi.

    – É que hoje estou com uma dor de cabeça!!!!

     

    Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.

     

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