Em entrevista ao Estadão, Dilma defende a Reforma Política e o novo padrão de investigação pública
Dilma lembrou ainda que querer governar sozinho, como é o caso de outros candidatos à presidência da república, não faz parte de nova política: trata-se de política velha, que leva o país a crises.
Logo no início da entrevista, a presidenta foi questionada sobre o caso Petrobras e o suposto desvio de dinheiro dentro da empresa, divulgado por uma revista semanal. “Esse diretor da Petrobras é do quadro de carreira da empresa, e esse caso não tem nada a ver com gestão. Isso tem a ver com o mau uso do que é público”, disse.
Ao ser questionada se a corrupção no Brasil aumentou, a presidenta repetiu o que tem dito muitas vezes: “É a Policia Federal do meu governo que investiga esses casos”, numa clara menção ao “engavetador-geral da República” da época do governo de Fernando Henrique Cardoso. Dilma também elencou todas as ferramentas criadas por ela e Lula para que o combate à corrupção se tornasse uma das tônicas desse governo, como o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à informação, o fortalecimento da Policia Federal e do Ministério Público e a Controladoria Geral da União.
Dilma também foi questionada sobre as ações que tomaria em relação aos envolvidos no caso Petrobras. Novamente, respondeu de forma assertiva: “Quem faz a acusação é uma reportagem feita pela imprensa. Não quero dar à imprensa um caráter que ela não tem. Quero a informação oficial. No caso, do Ministério Público e da Policia Federal”. E continuou: “Tem uma coisa que é complicada. Quem não investiga não descobre. É o caso do mensalão do DEM e do mensalão tucano. Conosco não, nós investigamos, doa a quem doer”. Ainda no mesmo campo, Dilma relembrou o caso da P36, plataforma que afundou na época do governo de Fernando Henrique Cardoso: “Uma plataforma de R$ 1,5 bilhão afundar e ninguém investigar? Não é próprio das plataformas sairem por aí afundando. R$ 1,5 bilhão equivale a duas Pasadenas, viu?”.
Questionada se haveria mudanças econômicas e ministeriais num segundo mandato, afirmou que não vai dizer quem será ministro num eventual segundo mandato, porque dá azar, mas confirmou que devem haver mudanças, no âmbito geral: “Claro que vai haver mudanças, porque o Brasil se preparou pra isso. Agora, vai ter, com garantia de emprego e salário adequado”, e finalizou sobre esse novo ciclo em que o país está hoje e que deve pautar as decisões do próximo mandato presidencial: “Nós temos um desafio que é a formação dos profissionais, inovação técnica”.
A presidenta falou ainda sobre declarações da candidata Marina Silva, enfatizando que não discute pessoas, mas sua política: “Quem acha que vai governar sozinho, normalmente tem algum poderoso por trás e normalmente é alguém muito rico. Isto não é nova política, isso é uma política velha e que já levou o país para crises no passado”. Dilma ainda garantiu que, em um eventual segundo mandato irá convocar um plesbiscito sobre a Reforma Política. “99% da população brasileira quer uma melhora na representatividade. Muitas pessoas querem uma maior transparência das instituições. As pessoas querem melhorar as formas que as campanhas são financiadas. Sem respaldo da população, ninguém tem força para fazer nenhuma alteração”, disse, deixando claro ao lado de quem governa.
Ao final, mostrou sua coerência e lealdade com aquele que foi seu principal parceiro na mudança vivida pelo Brasil nos últimos 12 anos. Questionada sobre o recorrente “Volta Lula”, Dilma disse: “Todo mundo que apostou em algum conflito entre mim e Lula, errou. Eu tenho uma relação pessoal fortíssima com Lula. Eu apoiarei o Lula em todas as circunstâncias. Estarei com ele quando for necessário”. E finalizou a entrevista dizendo: “Nós garantimos juntos tudo que foi feito nesse país, eu lutei ao lado dele. É uma relação muito forte”.