Aumenta o número de bilionários no mundo
Os mais ricos do mundo aumentaram a sua riqueza em 12 por cento no último ano, elevando-a a 7,3 biliões de dólares, valor equivalente ao PIB combinado de França, Reino Unido e Itália. O relatório dado a conhecer esta semana pelo Wealth-X e o UBS, assinala que o número de pessoas com uma riqueza superior aos 1.000 milhões de dólares aumentou este ano em 155, totalizando 2.325 integrantes deste seleto clube que no ano 2009 tinha só 1.360 membros. Este dado confirma que a crise financeira, que mantém hoje a economia mundial no mais sério estancamento económico, foi um esplêndido negócio para a elite dos ultrarricos.
Os multimilionários são 0,000033 por cento da população mundial e este pequeno estrato social de 2.325 pessoas possui 4,5 vezes a riqueza total da metade mais pobre do planeta, isto é, de 3.500 milhões de pessoas. Um dado importante é que as principais fontes impulsionadoras da riqueza dos multimilionários são o mercado de valores e o capital financeiro, justamente onde têm ido parar grande parte das ajudas públicas com o dinheiro de todos os contribuintes. Por isso não deve surpreender que a Europa e os Estados Unidos disputem por igual o predomínio entre os mais ricos: a Europa com 775 multimilionários que ostentam uma fortuna de 2,38 biliões de dólares; e os Estados Unidos com 609 membros que acumulam uma fortuna de 2,37 biliões de dólares.
Para pôr em perspetiva a riqueza que possuem estes 2.325 multimilionários, há que dizer que esta equivale a 5,5 vezes o PIB espanhol, duas vezes o PIB da Alemanha e quase a metade do PIB dos Estados Unidos. Não deve surpreender que a Espanha tenha seis novos bilionários na lista.
Estes são os dados que melhor exemplificam o descalabro do mundo atual: estancamento económico generalizado, alto desemprego e resgates multimilionários dos governos e dos bancos centrais que foram parar diretamente aos bolsos dos mais ricos. Isto confirma o mal que funciona o sistema capitalista e a sua incapacidade de melhorar a distribuição da riqueza.
Todas as políticas adotadas desde a falência do Lehman Brothers, sejam resgates bancários, taxas de juros próximas a zero ou planos de flexibilização quantitativa, geraram volumosos recursos para a especulação, mas não fizeram nada pela economia real. Os vícios que desencadearam a crise, há seis anos, reproduziram-se gerando novas bolhas. Por isso os multimilionários ficaram bem mais ricos, como mostra o relatório do Wealth-X e do UBS. Este fenómeno não só levou a um crescimento explosivo da desigualdade social, como também criou as condições ótimas para a explosão de uma crise maior.
21 de setembro de 2014
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net.