RioMarket discute coproduções audiovisuais e refilmagens
A vice-presidente de Marketing da 20th Century Fox para a América Latina, Martha Cavalheiro, defendeu que os remakes de filmes de comédia são exemplos de como fazer os filmes de cada país viajarem pelos países vizinhos, nos quais as diferenças de repertório fazem com que os tipos abordados por um país não sejam atrativos em outros. Martha citou o exemplo do filme Se Eu Fosse Você, que vai ganhar versão mexicana, como uma experiência bem sucedida nesse sentido, e apontou como oportunidade o filme Não Se Aceita Devolução, produção mexicana que se tornou a maior bilheteria de um filme latino nos Estados Unidos.
Criticando o caminho dos remake – mais um neologismo ao gosto da indústria cinematográfica – Rangel não vê as refilmagens como opção principal para que os filmes nacionais viajem e para que outros títulos cheguem ao país. “A ideia de que vamos nos transformar em fábricas de remakes levaria em última instância a um desaparecimento das cinematografias. Acho que o remake é legitimo, só não acho que ele é o caminho”, declarou, e salientou que gostaria de saber o que ocorreria com filmes nacionais de sucesso se recebessem, no Brasil e no exterior, o mesmo tratamento de marketing que grandes lançamentos americanos.
“Me ocorre que o que entusiasmaria é o que aconteceria com esses filmes [sucessos brasileiros] se contassem com a mesma estrutura de marketing, distribuição e força que contam os blockbusters [norte-]americanos em sua partida para o mundo. Boa parte desse jogo são as estratégias montadas no cenário internacional, que é o trabalhar a expectativa do publico”, disse Rangel, e ressaltou que a ambição das coproduções é criar públicos nos países envolvidos, e “não sair desnaturando os cinemas locais, mimetizando o que é do outro”. Os blockbusters são filmes de sucesso, com elevada venda.
Marta disse que não havia sugerido que os países “se tornassem fábricas de remakes, como fábricas de pão”, mas salientou que a experiência tem se mostrado bem sucedida em alguns filmes. “O remake não é o único caminho, jamais disse isso”. Marta lembrou que o orçamento de lançamento não se pauta na nacionalidade dos filmes, mas sim no escopo e nas condições de penetração, e essa visão de que Hollywood tem um tratamento diferente é “do século passado”. Rangel rebateu que as distribuidoras e estúdios americanos têm metas a cumprir, estabelecidas pela matriz, que planeja lançamentos internacionais de grande escala, mas ponderou que a Fox é a empresa que trabalha melhor com filmes brasileiros. “Não é morde e assopra”, brincou.
Walkiria Barbosa, produtora da Total Entertainment, concordou com a ideia de que os meios digitais, como a internet, têm potencial para a criação de público em países estrangeiros, e destacou que lançamentos em salas de cinema são bem mais caros do que conseguir público pela internet. “Temos que lutar para que os filmes brasileiros e passem a ocupar esses espaços sistematicamente. Com novas mídias, a construção de plateia em outros países é mais simples”, enfatizou.
De acordo com Rangel, o Brasil fez 21 coproduções cinematográficas em 2013, das quais nove foram com países da América Latina.
Publicado na Agência Brasil