Em 29 de agosto, as pesquisas apontaram uma subida forte de Marina. Ela obteve empate técnico com Dilma em primeiro lugar e Aécio aparecia comendo poeira, 19 pontos atrás da candidata da Rede-PSB. E mais: nas projeções de 2º turno, Marina ostentava 9 pontos de vantagem contra Dilma. No dia 1º de setembro, no debate da rede SBT, a substituta de Eduardo Campos se movimentou de queixo erguido, altiva, já caminhando para subir a rampa do Planalto.
Esses são os dias dourados da campanha de Marina. A grande mídia a abençoa e a protege. Graúdos do “mercado” dizem que Aécio era o preferido, mas diante dos fatos, paciência, “vamos com Marina, quem não tem cão caça com gato.” O que importa, diziam às claras, é impedir a reeleição de Dilma.
Aécio se viu na bacia das almas. Os boatos de que renunciaria para apoiar Marina atingem uma intensidade tal que ele é impelido, no dia 2 de setembro, a convocar, em clima de velório, uma coletiva. Com um FHC constrangido ao seu lado, Aécio diz que não renunciaria. Que situação!
Dilma, ela mesma, comanda o ajuste da condução política e do marketing de sua campanha. A polarização inicial com Aécio ficara para trás, o alvo passa a ser Marina. Adota a seguinte diretriz: por um lado, nenhuma mentira sem resposta, por outro, um incisivo debate programático.
O “comando” do bloco conservador se deu conta do estado de fraqueza política a que chegou Marina e, à última hora com a força de seu braço midiático, ressuscitou Aécio. Oito de cada dez palavras das análises da mídia é para tentar “empurrar” o tucano para o 2º turno.
Dia 29 de agosto, Marina então no conforto de seu repentino favoritismo, divulga seu programa de governo. Uma colcha mal emendada de retalhos que se rasgou na primeira refrega de debates. Neste confronto, Dilma se eleva, reforça sua liderança política, e Marina começa a cair, pagando o preço por ter pactuado com os banqueiros e por se revelar aos olhos do povo uma candidata “fraca” para dirigir o país.
O consórcio oposicionista, ao constatar que Marina perdia força a cada dia, desencadeou então a operação “ressuscita, Aécio”. A grande mídia voltou a ter olhos para alardear as virtudes do tucano, a festejar cada pontinho para cima nas pesquisas. Isso foi num crescendo, a tal ponto que, nos últimos sete dias, o que se lê, o que se ouve, o que se vê são dados, argumentos, provando ao eleitorado que o candidato do PSDB pode ir ao segundo turno. Marina, agora, sente na carne o que Aécio sentiu quando ela teve aquele abrupto crescimento. O abandono da mídia.
Esse vai e vem do consórcio da oposição – primeiro com Aécio, depois com Marina e, agora, com Aécio, novamente – pode dar certo uma vez que qualquer coisa tem alguma probabilidade para vingar. Mas, essa hesitação, essa gangorra, que vem do fracionamento das classes dominantes, pode ter ferido de morte tanto Aécio quanto Marina.
A moral desse enredo todo: enquanto a oposição se autodevora, a presidenta
Dilma Rousseff – respaldada por seu campo político e social de apoio – mostra fibra, competência e se revela uma liderança capaz de conduzir ao Brasil a uma nova etapa de desenvolvimento, com mais crescimento econômico, mais democracia, mais progresso social.
*Presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios.