Para os jovens familiarizados com um mundo pequeno, conectado, desenhado em interfaces amigáveis, que lhes chega mediado pela tela de alta resolução, a pregação da redução da maioridade penal da campanha do candidato da direita, Aécio Neves, é um delírio total. Sua tese deixa explícita a defesa da ideia que atormentou a juventude nos anos 1990, uma combinação de desemprego e falta de perspectiva na vida com a repressão policial. Ouçamos Jota Quest, um grupo musical porta-voz daquela geração no Brasil: “Macacada reunida/Galera pelejando e dançando/Procurando uma saída (…) Que tá faltando emprego no planeta dos macacos.”

Na pregação da redução da maioridade penal da campanha do candidato da direita, Aécio Neves, o delírio teorizante atinge o auge. Deduz-se, pelo que os direitistas dizem, que o desemprego não oprime os jovens. A desigualdade social não se traduz em pobreza para muitos e em riqueza perdulária para poucos. E pobreza em um país em que as riquezas não são distribuídas justamente não leva à violência. Os problemas sociais não são fenômenos da realidade; eles só existem na cabeça dos que insistem na equalização dos históricos desnivelamentos econômico e cultural. E por isso são chamados de radicais, atrasados e baderneiros — sem falar dos nomes impublicáveis da pululante adjetivação do dicionário roto da direita.

Vertente oposta

Na vertente oposta, a candidata Dilma Rousseff apresenta uma extensa lista de propostas de oportunidades para a juventude, além do que já foi realizado desde que Luis Inácio Lula da Silva venceu as eleições presidenciais em 2002. Nesse ciclo, a vida dos jovens brasileiros melhorou consideravelmente. O investimento em educação passou de R$ 18 bilhões, em 2002, para R$ 112 bilhões, este ano, um crescimento de nada menos do que 223%.

Foram criadas 407 escolas técnicas, 18 universidades e 152 campi universitários. Com o Programa Universidade para Todos (Prouni), a juventude pobre pôde cursar universidades privadas. E o Financiamento Estudantil (Fies) beneficiou mais de 3 milhões de jovens. Sem falar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que abriu as portas do ensino superior aos que antes não tinham como acessá-lo. Para o futuro, a presidenta Dilma já definiu que 75% dos royalties do pré-sal e do pós-sal estão reservados para a educação.

O ensino profissional também acendeu luzes para a caminhada da juventude rumo ao futuro. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) até o fim deste ano terá 8 milhões de matriculados. A próxima etapa prevê mais 12 milhões. Com o Pronatec, o jovem tem acesso a mais de 500 cursos gratuitos para aperfeiçoar-se profissionalmente. Outro programa que interessa diretamente à juventude e a expansão da banda larga para 90% das cidades brasileiras por meio da expansão da infraestrutura de fibras ópticas e equipamentos de última geração.

Trabalho desqualificado

Tudo isso compõe um promissor cenário para a juventude, em contraste com a tendência mundial, que a direita brasileira pretende adotar. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, predomina entre os jovens o McJob, nome genérico que se dá aos empregos de baixa especialização e de baixa remuneração no setor de serviços. No Brasil, até recentemente era comum a disputa ferrenha por um posto de trabalho em qualquer loja do McDonald’s, por punhados de adolescentes brasileiros frequentemente vistos como mal preparados e de pouco futuro.

Nos Estados Unidos e na Europa, os McJobs simbolizam o trabalho desqualificado a os jovens que têm de se submeter pelas dificuldades para trocar seu diploma universitário por um bom emprego. No Brasil, esse tipo de trabalho já é visto como complemento dos rendimentos de quem está cursando o colégio ou mesmo a universidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), eles compõem uma turma de 55 milhões de brasileiros com potencial para influenciar decisivamente a economia do país.

Geração digital

Essa primeira geração digital da história emerge com uma força avassaladora. Trata-se de uma moçada que nasceu próxima à virada do milênio, também chamada de Geração Y, Geração do Milênio e Geração Nintendo. Ela constitui uma nova leva de cidadãos e de consumidores rica em demandas e hábitos específicos, com jeitos e objetivos muito próprios, e que vai, em breve, tomar as rédeas do país e imprimir a ele suas ideias e seus estilos. Essa geração vai, muito provavelmente, chacoalhar regras e certezas estabelecidas.

Ela impõe um desafio ao mesmo tempo simples e crucial: incorporar essa moçada nas lutas progressistas. O desafio está na aprendizagem da linguagem e dos anseios que são efetivos junto a esses novos trabalhadores. E está também na desaprendizagem das práticas que caducaram ou estão caducando nas organizações democráticas — uma tarefa igualmente difícil. Ao que tudo indica, para essas entidades nada será como antes. Elas terão de compreender tanto quanto possível quem são, como pensam e como se comportam os integrantes dessa geração. E a presidenta Dilma Rousseff tem dado mostras de que compreende perfeitamente bem esse cenário futuro desenhado pelas aspirações da juventude — um contraste flagrante com as propostas da candidatura da direita.