Há dez anos, o Brasil perdia Celso Furtado
Antes, resolvi fazer um café. Quando entrava na cozinha percebi que Celso, em pé e levemente debruçado sobre a mesa de jantar, lendo as manchetes do jornal do dia, fez um movimento para trás. Recuei, o segurei pelo braço: “Cuidado, você vai cair.” Caiu. Parada cardíaca. Nada a fazer.
20 de novembro de 2014: publico, para quem não leu na época, o último artigo que ele escreveu, no início daquele mês. “Para onde caminhamos?” saiu no Jornal do Brasil de 14 de novembro de 2004. Entre outros temas, a urgência de uma reforma fiscal e as altas taxas de juros, “entre as mais altas do mundo”, que sufocam a economia do país. Outro texto que vale a pena reler, escrito seis meses antes, é “Os desafios da nova geração”, enviado à III conferência internacional da RedCelsoFurtado, no Rio. Nele, a advertência de que a metamorfose do crescimento em desenvolvimento “não se dá espontaneamente. Ela é fruto da realização de um projeto, expressão de uma vontade política.”
Movida pelo propósito de levar aos mais (e menos) jovens sua herança intelectual, cuidei diretamente, nesses dez anos, da publicação de treze livros de/sobre Celso. Também sua biblioteca está organizada e com acesso público, abrigada desde 2009 no Centro Internacional Celso Furtado. Clique para entrar no site da Biblioteca Celso Furtado, onde além do acervo de onze mil títulos, com catálogo on line, há um Banco de Teses sobre ele, com cerca de cinquenta títulos, e um Banco de 180 artigos acadêmicos a seu respeito. Sua bibliografia completa está disponível e a bibliografia sobre Celso Furtado também. E aqui encontra-se, atendendo a sugestão de professores de economia e especialistas na obra de Celso, a listagem dos sumários de todos os seus livros. Boa leitura.
Publicado na Agência FPA.