Indústria reage com alta de 1,7% no trimestre e puxa fim da recessão técnica do PIB
A expectativa do mercado era de um crescimento em torno de 0,8% neste setor. Com isso, entre outros fatores, o PIB brasileiro saiu da chamada recessão técnica e cresceu 0,1% de julho a setembro, na comparação com o trimestre anterior, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Recessão técnica” é quando há dois trimestres consecutivos de queda da atividade econômica. No segundo trimestre deste ano, o PIB teve contração de 0,6%, dado mantido. No primeiro trimestre, houve queda de 0,2%. O crescimento de 0,1% na comparação com o segundo trimestre pode ser considerado uma estabilidade. “É uma variação positiva, mas não é um crescimento”, disse a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Tampouco o IBGE considera que o país estava em “recessão técnica”. O diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, voltou a afirmar que o instituto não usa o conceito. “Este termo é usado fora de qualquer padrão de normatização estatística. O conceito de recessão é complicado e envolve muitas outras variáveis”, disse.
O crescimento na indústria é importante porque significa maior valor agregado nos produtos para exportação, estímulo à tecnologia e inovação e empregos mais qualificados no mercado interno.
Ao mesmo tempo, a taxa de investimento, representada pela formação bruta de capital fixo, avançou 1,3% no trimestre – mais um dado positivo que pode ter ajudado a alavancar a recuperação da indústria. A taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.
Taxa de crescimento do PIB em %
Trimestre contra trimestre imediatamente anterior
Trimestre contra o mesmo período do anterior
Fonte: IBGE
Crescimento na indústria é generalizado
No setor da indústria, que tem mostrado reação frente aos estímulos concedidos pelo governo, todos os subsetores cresceram em relação ao trimestre anterior. Destaque para o avanço de 2,2% da extrativa mineral, seguido por construção civil (1,3%), indústria de transformação (0,7%) e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (0,1%).
Em relação a igual período de 2013, a indústria extrativa mineral teve expansão de 8,2%, com aumento das extrações de petróleo e gás natural e de minerais ferrosos.
Outro segmento que puxou o avanço do PIB no trimestre foi o de serviços, com alta de 0,5%.
Segundo o IBGE, no acumulado dos quatro trimestres terminados no terceiro trimestre de 2014, o PIB registrou crescimento de 0,7% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Já no resultado acumulado do ano até o mês de setembro, a variação positiva foi de 0,2% em relação a igual período de 2013. Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2014 alcançou R$ 1.289,1 bilhões.
Setores
Nos serviços, o crescimento foi puxado por transporte, armazenagem e correio (1,4%) e intermediação financeira e seguros (0,6%). As demais atividades também registraram variação positiva: atividades imobiliárias e aluguel (0,5%), comércio (0,4%), administração, saúde e educação pública(0,4%), outros serviços (0,3%) e serviços de informação (0,1%).
Na comparação com o 3º trimestre de 2013, os serviços apresentaram crescimento de 0,5%, novamente com destaque para intermediação financeira e seguros (3,2%), além de serviços imobiliários e aluguel (2,0%) e serviços de informação (2,0%).
Na comparação com igual período de 2013, o PIB do terceiro trimestre apresentou variação negativa de -0,2%. O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no País. A recessão técnica é caracterizada pela queda do PIB em dois trimestres seguidos, como ocorreu no primeiro e no segundo trimestres deste ano (quedas de 0,2% e 0,6%, respectivamente).
Oferta
No lado da oferta, a indústria registrou aumento de 1,7% no terceiro trimestre, na comparação com o trimestre anterior, resultado que veio acima da média de alta de 0,8% apurada pelo Valor Data. O setor de serviços teve expansão de 0,5% no período. A expectativa era de expansão de 0,4%.
Já a agropecuária caiu 1,9%, resultado abaixo da projeção média de queda de 0,6%.
Demanda
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano, ante o segundo.
Já o consumo do governo aumentou 1,3% e a formação bruta de capital fixo (FBCF – que representa o investimento em máquinas e equipamentos e na construção civil) subiu 1,3% entre julho e setembro, sobre abril a junho, feitos os ajustes sazonais.
Por fim, a taxa de investimento atingiu 17,4% do PIB no terceiro trimestre.
Analistas consultados pelo Valor Data estimaram alta de 0,2% para o consumo das famílias, avanço de 1,2% no consumo do governo e aumento de 1,3% na formação bruta de capital fixo.
Setor externo
No setor externo, as exportações cresceram 1%, segundo o IBGE, enquanto as importações cresceram de 2,4% no terceiro trimestre, sobre o segundo.
A média apurada pelo Valor Data foi de aumento de 0,7% para as exportações e crescimento de 2,2% para as importações.