O quinto satélite da parceria entre Brasil e China (Cbers-4), da sigla em inglês para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, está com lançamento previsto para o dia 7. Na sexta-feira, o equipamento já foi transferido para a torre de lançamento da base chinesa de Taiyuan, integrado ao foguete chinês Longa Marcha 4B. A operação de lançamento é avaliada em US$ 30 milhões, custo que será dividido igualmente entre os dois países.

Leonel Perondi, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que coordenou o desenvolvimento da parte brasileira no projeto (50% do satélite), disse que hoje serão iniciados os testes de interface entre o satélite e o lançador. O satélite pesa aproximadamente duas toneladas e será lançado em uma órbita de 778 quilômetros.

O lançamento do Cbers-4 acontece menos de um ano depois da operação de lançamento que culminou com a perda do satélite Cbers-3, devido a uma falha ocorrida com o foguete Longa Marcha 4B, em dezembro de 2013.

Os satélites de sensoriamento remoto na categoria do Cbers são utilizados para monitorar grandes extensões territoriais. No Brasil, as imagens obtidas por eles têm aplicação no monitoramento do desflorestamento da Amazônia, na elaboração de mapas de queimadas, expansão agrícola e estudos na área de desenvolvimento urbano.

O programa de desenvolvimento do Cbers, segundo o diretor do Inpe, também atuou como indutor da inovação no parque aeroespacial brasileiro, que se qualificou para atender aos novos desafios do programa espacial. “Essa capacitação resultou na contratação de 15 empresas brasileiras e em um investimento de mais de R$ 300 milhões na compra de sistemas e subsistemas para o satélite”, ressaltou Perondi.

A continuação da parceria binacional entre Brasil e China, de acordo com o diretor, já está sendo discutida e a possibilidade mais concreta é a produção de um novo satélite, que se chamaria 4A e seria feito com os equipamentos sobressalentes dos modelos Cbers-3 e Cbers-4, já construídos pelas indústrias de ambos os países. A assinatura de um acordo sobre esse novo projeto, segundo Perondi, é esperada para janeiro de 2015.

Desde o fim da vida útil do Cbers-2B, em 2010, o Brasil ficou sem receber as imagens dos satélites do programa Cbers. Para não interromper o trabalho de monitoramento do desmatamento da Amazônia, o Brasil estabeleceu acordos internacionais de aquisição de imagens de outros satélites de sensoriamento remoto.

“Acabamos de renovar um acordo de recepção de imagens do satélite americano Landsat-8, mas também temos acordo para receber dados de outros satélites complementares americanos e indiano”, explicou. Para receber as imagens do Landsat, o Brasil paga uma taxa anual de R$ 200 mil.

As imagens do Cbers, segundo política do Inpe, são distribuídas gratuitamente a qualquer usuário pela internet, o que contribuiu para a popularização do sensoriamento remoto no país e para o crescimento do mercado de geoinformação brasileiro. O Inpe informou que distribui cerca de 700 imagens por dia para mais de 70 mil usuários e centenas de instituições ligadas ao meio ambiente.

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