Renato Rabelo: É diante dos grandes desafios que o PCdoB se agiganta
O evento, que ocorreu na tarde deste sábado (28), no auditório do Sindicato do Engenheiros, em São Paulo, e reuniu mais de 300 lideranças políticas e sociais, teve por centro entender a atual conjuntura, sinalizar os caminhos para a luta política e social em 2015, de forma a orientar toda a militância do PCdoB até a base.
À mesa, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; o presidente da seção de São Paulo da Fundação Maurício Grabois, João Quartim de Moraes; a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB/SP); o presidente Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo, Jamil Murad; a coordenadora nacional de saúde do PCdoB, Julia Roland; e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB/SP).
“Diante de um quadro político complexo, no qual setores conservadores, lastreados pela imprensa hegemônica, o PCdoB em São Paulo foi convocado a pensar sobre os rumos da luta em curso. A atividade não só tem um caráter de municiar nossa militância, antes disso, tem o caráter de preparar para a luta e barrar a investida golpista”, declarou ao Vermelho Jamil Murad.
Nosso papel na história
Entender os caminhos e assim criar as condições para reverter a investida em curso, foi norte da fala de Quartim ao abrir o debate. O intelectual levantou questionamentos sobre a crise interna e o impactos da crise sistêmica do capitalismo e salientou que o maior desafio no momento é reverter uma situação de reestruturação produtiva e propiciar um novo ciclo de desenvolvimento econômico.
Quartim ainda alertou: “Houve uma infundada e demasiada confiança no capital industrial nacional por parte do governo”. E citou todo o esforço da presidenta Dilma Rousseff quanto às desonerações aplicadas ao capital industrial ano passado.
Sobre a investida contra a presidenta, Quartim respondeu: “Cassar o mandato de Dilma é o mesmo que golpear a soberania popular. Lutar pela ordem institucional é lutar pelo respeito à soberania popular”.
Nessa mesma linha, a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB/SP) reiterou sua defesa ao projeto inaugurado em 2002 e reafirmou seu apoio ao governo Dilma Rousseff. “Tenho dito por onde vou, acredito nesse projeto e defendo o governo Dilma”. E mais: “A conjuntura em curso convoca a todos e todas não a entender o que está em jogo, mas a saber de que lado da história se colocará. Eu estou do lado do projeto que mudou o Brasil”.
No calor do debate, Orlando Silva, que também é presidente do Comitê Estadual do PCdoB em São Paulo, lembrou que “não é por acaso que o PCdoB é o partido mais antigo do Brasil, de modo que, como força consequente, temos como papel interver na realidade e transformá-la. A defesa do governo Dilma, não é a defesa dela somente, antes disso, é a defesa de um projeto que o PCdoB também constrói. E na hora da crise que nós comunistas mais sabemos lutar”.
Em combate pelo Brasil
Para um plenário com mais de 300 lideranças, Renato Rabelo orientou, esclareceu e definiu a estratégia que deverá permear a ação dos comunistas em São Paulo. “A melhor arma para luta, nestes tempos, é entender a conjuntura e saber o que estar em jogo. Se não compreendermos a situação atual do país e do mundo, não conseguiremos entender concretamente o que ocorre”.
Rabelo voltou a sinalizar a influência da crise sistêmica do capitalismo e a resposta austera dos agentes do capital. Ele lembrou que “o ônus dessa crise ficou nas costas dos trabalhadores, com a conta mais alta sendo paga pelas economias nacionais da periferia. Nosso grande desafio é a retomada do crescimento”. E completou: “Como faremos isso na atual conjuntura? Somente o Estado não dá conta, todos os setores da sociedade precisam estar alinhados para alavancar esse crescimento. É o que exige a realidade”.
Em tom incisivo, o líder comunista falou sobre o papel da oposição no Brasil, que tem como maior aliada os meios de comunicação conservadores. “Estamos diante de uma marcha conspirativa-golpista-revanchista. Estamos diante de grandes ameaças”.
Alinhado a essa conjuntura, o presidente do PCdoB citou a atual composição do Congresso Nacional. “Diante disso tudo, ainda temos um Congresso ainda mais conservador. Com uma correlação de força ainda mais adversa. Ou seja, o campo popular e progressista está sob fogo cerrado. Nossa trincheira de luta precisa está alerta aos movimentos da conspirata-conservadora-revanchista”, sublinha Rabelo.
A história se repete
Ao disparar contra as manifestações que tentam minar o governo Dilma Rousseff, o dirigente comunista fez uso da história e respondeu: “Não é um fato diferente, isso já aconteceu na história. Em 1964, vi os atos em favor do golpe. Vi a mídia fazer a mesma defesa. E quem estará neste dia 15? Os setores médios da sociedade, aqueles que se incomodam com as conquistas, as cotas, o acesso aos aeroportos, às universidades, ao pleno emprego, à valorização do salário, etc. A bandeira, impedir Dilma, na verdade é impedir que o povo, historicamente excluído, continue a avançar socialmente. É isso o que está em jogo”.
Na oportunidade, Renato Rabelo também esclareceu o que está por trás da cobertura em torno da operação Lava jato. De acordo com o dirigente, essa operação sofre a ação maquiavélica do chamado consórcio oposicionista, uma espécie de santa aliança contra a presidenta Dilma Rousseff. “É, de fato, uma peça política, e não o que um inquérito processual”, destacou ele.
“O que está em curso é um ataque a maior empresa nacional, a maior petroleira do mundo, ao conteúdo nacional, ao trabalhador e trabalhadora que fez e faz da Petrobras o que ela é”, avisou Renato.
O que fazer?
“Como enfrentar e se contrapor, como organizar e resistir e, assim, lutar para impulsionar uma contraofensiva”, essas foram as palavras de ordem sinalizadas pelo presidente Renato Rabelo.
O dirigente destacou que é preciso ficar alerta à intoxicação executada pelo consórcio oposicionista. E completou destacando as bandeiras mais imediatas que precisam ser empunhadas pelos comunistas nesse momento: a defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff e da institucionalidade; a defesa da Petrobras; e, a defesa do fim do financiamento empresarial de campanha. O dirigente ainda acentua que, tais bandeiras, coadunam dois sentidos fundamentais: democrático e patriótico.
PCdoB em luta
No bojo desse embate, o líder comunista avisa que, mais do que nunca, é preciso unir as forças consequentes e tomar as rédeas dessa luta. “É hora de ocupar as ruas, o próximo passo é o dia 13 de março. Nosso grito e nossa força será pela defesa da Petrobras, pela defesa do mandato da presidenta Dilma e da institucionalidade e o fim do financiamento empresarial de campanha”.
“Eles querem guerra, nós daremos luta. Temos em nossa história, 90 anos de luta contra o obscurantismo e o ódio. Não nos amedrontamos com a ditadura e nem com a perseguição, não nos amedrontaremos agora. Nossa tarefa é continuar sendo a força consequente. Devemos barrar a direita, pois sua única vontade é sufocar o sopro de mudança que assistimos nos últimos 12 anos”.
Publicado no Portal Vermelho