Exibição de Osvaldão lota plateia em Manaus para Ato contra o Golpe de 64
Nesta terça-feira, 31 de março, é lembrado o Golpe Militar que atingiu a democracia brasileira em 1964, completando 51 anos. Em Manaus, o ato foi marcado pela estreia, no Cine Playarte Manauara, do filme Osvaldão, realizado por Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Michiles, com apoio da Fundação Maurício Grabois.
Com divulgação em universidades, a seção Amazonas da Fundação Maurício Grabois e o PCdoB local conseguiram lotar a sala de 400 lugares. O evento contou com apresentação de Vandré Fernandes e Yann Evanovick, que representou a FMG e o PCdoB. Participaram, ainda, vereadores, deputados, representantes dos consulados de Cuba e Venezuela e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que preside a Comissão da Anistia na região e o presidente do PCdoB-AM, Eron Bezerra.
O filme foi muito aplaudido pela plateia composta majoritariamente por universitários. Foi discutido o paralelo entre o Golpe de 1964 e clima de golpismo que a direita tenta estimular contra o Governo Dilma, para mostrar como a história tem a ensinar sobre as consequências danosas dessas práticas para a democracia.
“Diante da exibição exitosa em Manaus, a Fundação Maurício Grabois e os produtores do filme estão estudando fazer lançamentos similares em outros estados”, afirmou Vandré Fernandes, entusiasmado com a repercussão na capital amazonense.
O filme
Um dos méritos do filme “Osvaldão” é trazer imagens inéditas do comandante guerrilheiro que morreu ainda jovem, lutando contra a ditadura militar, portanto, pouco conhecido fisicamente. Sua trajetória cercada de mitos e imaginação, principalmente entre os camponeses da região do Araguaia, ganhou concretude a partir de um filme tcheco sobre a participação de Osvaldo Orlando da Costa no curso de engenharia em Praga, resgatado por seu amigo de juventude, Eduardo Pomar.
Osvaldo Orlando da Costa era mineiro de Passa Quatro e foi um dos primeiros da família de ex-escravos a abandonar a cidade interiorana para estudar no Rio de Janeiro. Negro, forte, com mais de dois metros de altura, era uma figura inconfundível.
Na cidade maravilhosa, foi campeão carioca de boxe pelo Club de Regatas Vasco da Gama, na década de 1950. Teve que abandonar a carreira após conseguir a oportunidade de estudar na antiga Checoslováquia, onde viveu por alguns anos. Membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), com treinamento na China, voltou para o Brasil para ser um dos principais guerrilheiros do país.
Até hoje é lembrado pelo povo local por sua coragem e generosidade. É considerado um grande herói em Araguaia e muitas pessoas o enxergam como um ser mítico. Em todo Brasil, o guerrilheiro se transformou em um dos exemplos mais extraordinários de dedicação em defesa da liberdade. Osvaldão morreu na Guerrilha do Araguaia em 1974, durante o regime militar. Teve sua cabeça decepada, exposta em público, e sua ossada continua desaparecida até os dias de hoje.