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    Comunicação

    Hugh Selwyn Mauberly

    Hugh Selwyn Mauberly     Vai, livro natimudo, E diz a ela Que um dia me cantou essa canção de Lawes: Houvesse em nós Mais canção, menos temas, Então se acabariam minhas penas, Meus defeitos sanados em poemas Para fazê-la eterna em minha voz Diz a ela que espalha   Tais tesouros no ar, Sem […]

    POR: Ezra Pound

    Hugh Selwyn Mauberly
     

     

    Vai, livro natimudo,
    E diz a ela
    Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
    Houvesse em nós
    Mais canção, menos temas,
    Então se acabariam minhas penas,
    Meus defeitos sanados em poemas
    Para fazê-la eterna em minha voz
    Diz a ela que espalha

     

    Tais tesouros no ar,
    Sem querer nada mais além de dar
    Vida ao momento,
    Que eu lhes ordenaria: vivam,
    Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
    Rubribordadas de ouro, só
    Uma substância e cor
    Desafiando o tempo.

     

    Diz a ela que vai
    Com a canção nos lábios
    Mas não canta a canção e ignora

     

    Quem a fez, que talvez uma outra boca
    Tão bela quanto a dela
    Em novas eras há de ter aos pés
    Os que a adoram agora,
    Quando os nossos dois pós
    Com o de Waller se deponham, mudos,
    No olvido que refina a todos nós,
    Até que a mutação apague tudo
    Salvo a Beleza, a sós.

     

    (Trecho de “Hugh Selwyn Mauberly”, de Ezra Pound. Tradução de A. de Campos)

    Fonte: http://www.revistabula.com/

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