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    Comunicação

    Outono em Corrales

    OUTONO EM CORRALES O inverno serão festas e lareiras, Amantes, bocas ardentes no leito, Poemas, orações e outros recursos Contra o mundo vasto e desfeito:   Magias como as do verão imóvel Sobre a cabeça na relva macia Que pensa apenas calor e sussurros E nega o tempo, que se avia.   O Frágil edifício […]

    POR: Richard Wilbur

    OUTONO EM CORRALES


    O inverno serão festas e lareiras,
    Amantes, bocas ardentes no leito,
    Poemas, orações e outros recursos
    Contra o mundo vasto e desfeito:

     

    Magias como as do verão imóvel
    Sobre a cabeça na relva macia
    Que pensa apenas calor e sussurros
    E nega o tempo, que se avia.

     

    O Frágil edifício do verão
    Desfaz-se e o ar é áspero, poeirento:
    É como o vento, que no abril desnudo
    Deixa o espirito ao relento.

     

    E então sem fábula e sem sonolência
    Para construir o que nos origina,
    Nós mesmos nos fundimos às montanhas,
    O sol imerso nas retinas.

     

    Nossos desejos- a poeira do ar;
    Os nossos sexos – a força das fontes;
    Nossa carne, depois de tanta luta,
    Repousa em altos horizontes.

     

    O rio vadio no leito seco
    Exibe as rugas do passado, agora…
    Os choupos gastam ouro como água
    E as ervas leves vão – se embora.

     

    Num mundo mais vasto que a rima e o sonho
    Ouvimos as frases da palha e da pedra,
    Levantamo-nos no vento e, curvando-nos ante este tempo,
    Praticamos a pureza de nossos corpos.     

     

     

    Richard Wilbur –tradução : Jorge Wanderley

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