Partidos e movimentos sociais lançam, em Curitiba, a Frente Nacional Popular e Democrática
Com o objetivo de propor um novo projeto para o país por meio da organização da sociedade, com bases para um novo marco civilizatório do Brasil, na sexta-feira (28) foi lançada em Curitiba, Paraná, a ideia da constituição de uma Frente Nacional Popular e Democrática, no auditório do Hotel Bourbon. Cerca de 300 pessoas de movimentos sindicais, sociais e estudantil das mais diversas categorias participaram da cerimônia, em que também foi aprovada a Carta de Curitiba, que explicita as principais diretrizes da frente (leia a íntegra abaixo).
A proposta da Frente é constituir uma unidade ampla e que reúna todos os segmentos comprometidos com o desenvolvimento do país, das reformas estruturais e da ampliação dos direitos políticos, econômicos e sociais da sociedade brasileira.
Várias lideranças e entidades políticas participaram do encontro para propor um movimento que defenda os interesses da população, os direitos e o desenvolvimento do país, e que garanta também o respeito à democracia.
Por meio da união de forças de todos os trabalhadores e movimentos, a Frente suprapartidária pretende debater e elaborar propostas para o desenvolvimento do país com a participação dos movimentos sociais, estudantis e sindical, do empresariado engajado com a causa do progresso e da democracia, e de lideranças políticas e partidos que têm compromisso com a nação.
Entidades de diversos segmentos da sociedade fizeram parte da organização do Ato e mobilizaram suas bases para lutar por reformas estruturais, pela ampliação dos direitos e pela democracia.
O evento contou com as presenças do presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário de Formação do PCdoB, Adalberto Monteiro, do cientista político Roberto Amaral, ex-presidente nacional do PSB, da diretora da APP (Sindicato dos Trabalhadores na Educação) e presidente do PT-PR, Marlei Fernandes, do deputado estadual Péricles Melo (PT-PR), do secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Zenir Teixeira e vice-presidente nacional da CTB, Joilson Cardoso, secretário-geral da CUT-PR, Márcio Kieller, da Nova Central, Hermínio Ferreira Santana e Juvenal Pedro Cim e do padre Alexander Cordeiro Lopes, representante do arcebispo Dom José Peruzzo.
O ato – composto por entidades representativas das forças democráticas e progressistas, intelectuais, movimentos sociais, estudantis e sindical, empresariado e lideranças políticas comprometidas com a causa do progresso e da democracia – propôs uma análise da conjuntura do país e das possíveis propostas de mudanças.
“Estamos de pleno acordo em construir na luta e na ação a unidade daqueles que são partidária do Brasil, daqueles que entendem que a democracia é um dos bens mais preciosos da nação. Uma frente que lute pela retomada do crescimento econômico, com distribuição de renda, por mais direitos civis, trabalhistas e pelas reformas estruturais democráticas”, declarou Adalberto Monteiro sobre os objetivos do evento.
Monteiro lembrou que a data do evento também é a lembrança dos 36 anos da conquista da Anistia, data emblemática “em que a democracia que hoje respiramos foi reconquistada a custa de muitas lutas e muitas vidas”. “A razão mais urgente e premente da unidade de amplas forças democráticas ou de forças de esquerda vem do fato que a democracia é perigosamente afrontada, contestada e até ameaçada pelo consórcio oposicionista neoliberal”, analisou ele, referindo-se às tentativas de derrubar a presidenta Dilma da Presidência da República, mesmo não havendo base legal para isso.
O senador Roberto Requião foi uma das lideranças progressistas que participou do lançamento da “Frente Nacional Popular e Democrática”, que tem como objetivo defender a democracia, o governo Dilma e contra a política econômica do ajuste fiscal.
“É preciso resistir. É preciso mobilizar o povo. É preciso enfrentar o avanço conservador e isso só será possível com muita luta”, disse Requião aos presentes ao evento. O senador disse que o que acontece no Congresso Nacional com as pautas conservadoras é um retrocesso.
“Estamos vendo a direita governando o Brasil. O governo Dilma precisa retomar os compromissos que a elegeram e governar para o povo. ” Segundo ele, quem está governando o Brasil são os bancos. “O domínio do dinheiro, do lucro não pode ser permitido sem resistência. Temos que fazer como o Papa Francisco e lutar contra a hegemonia do capital. ”
A conjuntura nacional crítica, com ataques constantes aos trabalhadores, foi um dos fatores apontados como decisivos para a construção desse movimento.
“O Congresso Nacional não vai mudar nada, eles querem constitucionalizar o financiamento de pessoas jurídicas em campanha eleitoral, por exemplo. É uma posição muito atrasada. O Senado lança uma Agenda Brasil, que na verdade é uma agenda do atraso. Eles estão retomando aquela ideia privatizante do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC)”, afirma Requião. “Resta apenas uma mobilização: popular”, finalizou.
O cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Roberto Amaral, destacou a importância da construção de um projeto alternativo para o país.
“O que há de mais importante em uma democracia é o povo. Quando a direita se organiza, avança e faz a sua frente, a única forma de fazer face a essa ameaça é a organização da sociedade. O que estamos tentando fazer é a organização política do povo brasileiro a partir de uma Frente”, frisou Amaral.
A Frente Nacional, Popular e Democrática é um movimento desenvolvido por todo o Brasil. Além do Paraná, outros estados como o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí e Minas Gerais também já fizeram o lançamento. O intuito é promover debates regionais e também integrar a Frente nacionalmente.
Leia a Carta de Curitiba, resultante do evento:
Curitiba, 28 de Agosto de 2015.
PARANÁ EM DEFESA DO BRASIL, DA DEMOCRACIA, DA SOBERANIA NACIONAL E DOS DIREITOS DO POVO!
Frente Nacional, Democrática e Popular
Estamos convictos de que, diante da gravidade da situação econômica, política e social, evidencia-se a necessidade de um novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil, da unificação das forças democráticas e populares, da organização da sociedade para buscar consensos e propostas que abram caminho para um novo salto civilizatório da sociedade brasileira. Uma escalada conservadora, de caráter neoliberal está em curso e ameaça as conquistas democráticas, a soberania nacional e os direitos do povo. O momento exige a constituição de um vigoroso movimento em defesa da democracia, dos interesses do povo e da nação. Urge a unidade das forças democráticas e progressistas, da intelectualidade, dos movimentos sociais da cidade e do campo, dos estudantes, do movimento sindical, do empresariado comprometido com a causa do progresso e democracia, das lideranças políticas e partidos que têm compromisso com o país e seu povo. Propomos a constituição de uma Ampla Frente, Nacional, Democrática e Popular em defesa da Democracia, do desenvolvimento do país, da sua soberania, das reformas estruturais e da ampliação dos direitos políticos, econômicos e sociais da sociedade brasileira. Uma Frente organizada nacionalmente, nos estados e nos municípios, de caráter progressista, suprapartidária.
Os componentes da Frente Popular e Democrática do Paraná, erguemos novamente, com bravura, o grito da liberdade e da defesa da democracia. Não podemos abrir a guarda para os que vislumbram, diante das dificuldades do país, da crise internacional e dos interesses imperialistas, intentos golpistas que visam estancar as conquistas democráticas da sociedade brasileira e destruir a soberania de nossa pátria.
Entendemos que o combate à corrupção é uma obra permanente que deve envolver o conjunto da sociedade, é dever dos governos, porque ela é uma chaga que destrói os princípios éticos e morais da sociedade. É imperativo estabelecer novos parâmetros para coibir esta relação promíscua que existe entre os setor privado e o Estado. Entre os corruptos e corruptores. Mas este combate, não pode ser seletivo, deve atingir a todos os que praticam atos ilícitos, doa a quem doer. Por isso também que defendemos que se acabe com o financiamento privado das campanhas eleitorais. Razão maior para a existência de um congresso nacional retrogrado e reacionário, que ao invés de extirpar as causas da corrupção, aprova uma reforma política que vai na contramão dos interesses da sociedade brasileira. Um congresso que irrompe ferozmente contra os direitos do povo, pretende instituir a precarização do trabalho, através da terceirização em toda a linha consagrando a escravidão assalariada. Um Congresso que fomenta alterar e reverter a Lei da Partilha do Pré-Sal, manobra que esconde o interesse maior e entreguista de privatizar a nossa maior e estratégica empresa, a Petrobrás.
Nós não temos dúvida de que a crise econômica e política que assola o país, é caldo de cultura para uma oposição conservadora e elitista, que destila o ódio e o preconceito, e que fomenta com o apoio explícito dos monopólios da comunicação, não só os intentos golpistas mas também o retrocesso, o fim das conquistas democráticas e populares, o impedimento à realização das reformas estruturais para que o país possa avançar no rumo do desenvolvimento, ampliar os direitos da classe trabalhadora, realizar a reforma agrária e fortalecer a economia familiar, defender o patrimônio nacional, investir na educação do povo, estruturar políticas públicas de saúde, de moradia, de transporte, que possibilitem o melhoramento da qualidade de vida do povo e o sepultamento das enormes desigualdades que ainda persistem na sociedade brasileira.
Esta Frente, deverá aprofundar o debate sobre os rumos do país, pensar e estabelecer uma agenda que possibilite a união e a mobilização do povo brasileiro em torno de um programa mínimo que tenha como base, a defesa da democracia, da sua consolidação, da participação popular cada vez mais ampla nas decisões do país; a defesa de uma reforma política que possibilite legitimar e moralizar o processo eleitoral, impedindo o abuso do poder econômico nas eleições, possibilitando a igualdade de condições, através do financiamento público das campanhas. E isto implica também, na democratização dos meios de comunicação, assegurando a liberdade e a igualdade de expressão, impedindo a imposição dos monopólios empresariais; a defesa da soberania do país, das riquezas naturais e do potencial ambiental estratégicos para o novo projeto nacional de desenvolvimento que possibilite a superação das desigualdades sociais e econômicas do povo; por fim a todas as formas de discriminações, preconceitos e desigualdades; defender a universalização do ensino público de qualidade; defender uma política externa independente, de integração cada vez maior da América Latina, que não esteja subordinada aos interesses hegemônicos de quem quer que seja.
Entretanto, nós não vamos levar a cabo estas tarefas inadiáveis para superar os entraves que dificultam o desenvolvimento econômico e social do país, se o povo não tiver unido e organizado. Se não houver ampla mobilização popular para sustentar estas bandeiras de luta.
O Estado do Paraná, pela sua importância econômica e política, deve ter maior protagonismo no cenário nacional. Para isso devemos superar a incompetência administrativa e política, enfrentar esta dura realidade que oculta a elevação da dívida pública, a precarização do trabalho do funcionalismo público, e deterioração dos serviços públicos, a fragilização de nossa indústria e da produção campesina, da nossa economia, das finanças e das empresas públicas fundamentais para sustentar nosso desenvolvimento. É preciso também quebrar esta seletividade na apuração dos desmandos e da corrupção que também assola o nosso Estado, sistematicamente blindadas pelo aparato ultraconservador do Ministério Público, do Tribunal de Contas, da mídia monopolista e demais órgãos de controle da sociedade.
Não podemos abdicar de nossa responsabilidade nestes momentos cruciais da vida nacional, com base na história de luta do bravo povo brasileiro, deveremos afirmar a nossa cidadania, o nosso compromisso, construindo a união nacional necessária para transformar o Brasil na grande nação que todos almejamos e colocar os alicerces para construir uma sociedade muito mais humana, solidária e fraterna.
É com estas premissas que nasce a Frente Democrática e Popular do Paraná!
Viva a unidade das forças democráticas e populares! Viva a união do Povo!