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    Comunicação

    Poema para Aylan Kurdi

    Se soubesse nadar, Talvez tivesse chegado à praia, Com vida, mas ele tinha apenas 3 anos. Minutos antes do naufrágio, A mãe o apertara contra os seios, Mesmo pequenino pressentia a grande desgraça, Fechou os olhinhos e teve uma brevíssima miragem: Ele ganhara asas do gigante Albatroz, O pequeno barco voaria como avião, Salvando todos, […]

    POR: Adalberto Monteiro

    Se soubesse nadar,
    Talvez tivesse chegado à praia,
    Com vida, mas ele tinha apenas 3 anos.
    Minutos antes do naufrágio,
    A mãe o apertara contra os seios,
    Mesmo pequenino pressentia a grande desgraça,
    Fechou os olhinhos e teve uma brevíssima miragem:
    Ele ganhara asas do gigante Albatroz,
    O pequeno barco voaria como avião,
    Salvando todos, a mãe e o irmão.
    Ah, a poesia quisera ser Alá,
    Quisera ser Iemanjá, Quisera ser Deus,
    Para tê-lo transformado num peixinho sírio
    Que chegasse saltitante à praia turca.
    Ah, a poesia quisera ser um chefe de Estado
    Que tivesse alma,
    Que retirasse das fronteiras os cães e o arame farpado,
    Que poupasse a humanidade desse crime hediondo:
    Um menino, reduzido a um corpinho sem vida,
    Calçado, e vestido de camiseta vermelha e bermuda azul.
    (Adalberto Monteiro, são paulo, 3 setembro 15)

    Publicado no blog do Renato Rabelo

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