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    Comunicação

    Poema do Ferro e do Sangue

    Esqueceram os campos revolvidos onde vegetam perdidos os ossos obscuros calcinados de dez milhões de mortos.   Esqueceram as cruzes improvisadas erguendo para o alto preces de galhos retorcidos.   E esqueceram o rumor das granadas revolvendo a terra e os vivos devorando os mortos destruindo.   Na cabeça do homem só existe o rumor […]

    Esqueceram os campos revolvidos

    onde vegetam perdidos
    os ossos obscuros
    calcinados
    de dez milhões de mortos.

     

    Esqueceram as cruzes improvisadas
    erguendo para o alto
    preces de galhos retorcidos.

     

    E esqueceram o rumor das granadas
    revolvendo a terra e os vivos
    devorando os mortos
    destruindo.

     

    Na cabeça do homem só existe
    o rumor do ferro que forja
    novos canhões
    novas metralhas
    novos fuzis
    para a geração condenada do futuro.

     

    [O Globo, 9 Abril. 1934]
    [Estado de Minas e Diário da Tarde, 22 Maio 1934

    Livro: Poemas Inéditos

    Organizador: Octávio de Faria

    Obra póstuma

    Editora: Nova Fronteira-Rio de Janeiro-  Ano 1982

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