O caipira calculista
O fazendeiro Francisco Schimidt, acompanhado pela Dona Iria Alves Ferreira Junqueira, Luís Pereira Barreto e Martinho (Martinico) Prado Júnior, foram tomar champanhe e comer alguns “acepipes” num cassino em Ribeirão Preto, nossa “Petit Paris”. Os três acompanhantes do “Coronel Schmidt” fizeram questão de pagar a conta. O garçom que os atendeu trouxe-lhes a conta: 30 contos de réis! Rapidamente, os três deram cada um, a quantia de 10 contos de réis ao garçom e se prepararam para sair. De súbito, o garçom voltou e informou que o valor cobrado estava errado; o correto seria 25 contos de réis, ao invés dos 30 contos de réis cobrados. Dito isso, devolveu 5 contos de réis aos clientes. Cada um dos três acompanhantes do Coronel Schimidt tomou um conto de réis de volta e deram ao garçom, como gorjeta o restante, ou seja 2 contos de réis! Ao saírem, Dona Iria raciocinou e expressou ao acompanhantes:
– Vejam só: cada um de nós pagou 10 contos de réis e recebeu um conto de réis de troco. Logo, cada um pagou, na verdade, 9 contos de réis. Ora, nove vezes três é igual a 27; portanto 27 contos de réis, que somados aos 2contos de réis quedemos de gorjeta ao garçom, formam 29 contos de réis! Onde afinal foi parar o um conto de réis?
(Todos os quatro ficaram intrigados!).
Um caipira que estava acocorado, pitando um cigarro de palha num degrau do lado de fora do cassino, ouviu tim-tim-por-tim-tim do quê dona Iria falou e já fez a conta, sem que os quatro figurões pudessem ouvir:
– Ô loco sô! Si no finár das negociação cada um dos treis pagô nove conto de réis; êis pagaro um totár de 27 conto de réis. Se a conta do cassino foi de 25 conto de réis, só sobrô os dois conto de réis que déro pro garção! Ô gente burra, sô!
Fonte:
– Almanaque Brasil – Número 110.
– Livro: O Homem que Calculava – Malba Tahan