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    Comunicação

    Entre dois governos: 1945-1950 > Redemocratização e eleições de 1945

    Redemocratização e eleições de 1945 ¨O Jornal¨, 30 de outubro de 1945. No dia 2 de dezembro de 1945, foram realizadas eleições para a presidência da República e para a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Na ocasião, a chefia de governo estava a cargo de José Linhares, que em 30 de outubro, em seguida […]

    POR: Redação

    5 min de leitura

    Homologação da candidatura de Eurico Gaspar Dutra no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1945
    Homologação da candidatura de Eurico Gaspar Dutra no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1945

    Redemocratização e eleições de 1945

    ¨O Jornal¨, 30 de outubro de 1945.

    No dia 2 de dezembro de 1945, foram realizadas eleições para a presidência da República e para a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Na ocasião, a chefia de governo estava a cargo de José Linhares, que em 30 de outubro, em seguida à ação militar que depôs Getúlio Vargas e pôs fim ao Estado Novo, havia deixado a presidência do Supremo Tribunal Federal para assumir a presidência da República.

    Homologação da candidatura de Eurico Gaspar Dutra à presidência da República, no Teatro Municipal. Rio de Janeiro (DF), 17 jul 1945. Três foram os candidatos que disputaram a eleição presidencial: o brigadeiro Eduardo Gomes, apoiado por uma ampla frente de oposição a Vargas reunida em torno da União Democrática Nacional (UDN); o general Eurico Dutra, apoiado pelo Partido Social Democrático (PSD), comandado pelos interventores estaduais durante o Estado Novo, e mais tarde pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), cuja base política era formada principalmente por trabalhadores urbanos filiados a sindicatos vinculadas ao Ministério do Trabalho; e Iedo Fiúza, lançado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), que contava com os votos das camadas médias e populares das grandes cidades brasileiras.

    Até meados do mês de novembro, enquanto a candidatura udenista crescia, impulsionada pelo apoio de importantes órgãos de comunicação, a do seu principal competidor, o general Eurico Dutra, não conseguia empolgar o eleitorado varguista, até porque o ex-ditador, recolhido a São Borja, permaneceu em silêncio sobre os candidatos durante quase toda a campanha presidencial, restringindo-se a convocar o eleitorado a apoiar a legenda do PTB.

    Dois eventos vieram mudar esse quadro. O primeiro deles foi o desencadeamento de uma intensa campanha contra a candidatura de Eduardo Gomes, levada a efeito pelo líder varguista Hugo Borghi, que usou como pretexto uma declaração do brigadeiro de que não estava interessado em receber o voto da “malta de desocupados” que freqüentava os comícios de Vargas durante o Estado Novo. Borghi descobriu que o termo “malta”, além de significar “bando, súcia”, podia designar também “grupo de operários que percorrem as linhas férreas levando suas marmitas”. Sua estratégia foi denunciar o candidato udenista como elitista e contrário ao trabalhador, já que desprezava o voto dos “marmiteiros”. A campanha contra Eduardo Gomes surtiu efeito e passou a mobilizar o eleitorado popular em direção à candidatura de Dutra. O segundo evento que contribuiu para o mesmo resultado foi a divulgação de um manifesto de Getúlio Vargas, assinado em 25 de novembro, somente uma semana antes do pleito, no qual o ex-presidente conclamava o povo a votar em Dutra.

    Presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1950). Rio de Janeiro(DF). Realizadas as eleições, Dutra obteve 55% dos votos, enquanto Eduardo Gomes alcançou 35% e Iedo Fiúza, 10%. O PSD repetiu a vitória nas eleições para a Assembléia Nacional Constituinte. Obteve 61,9% dos votos para o Senado e 52,7% para a Câmara dos Deputados, conquistando dessa forma a maioria nas duas Casas do Congresso Nacional. A UDN, o PTB e o PCB receberam respectivamente 23,8%, 4,7% e 2,3% dos votos para o Senado e 26,9%, 7,6% e 4,8% dos votos para a Câmara dos Deputados.

    Eleito senador (por Rio Grande do Sul e São Paulo) e deputado constituinte (por Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Bahia), conforme permitia a legislação eleitoral da época, Getúlio Vargas recebeu uma votação consagradora, de cerca de 1.150.000 votos, confirmando a força política do seu nome e contribuindo de forma decisiva para o fortalecimento do PTB.

    Getúlio Vargas, Paulo Baeta Neves e outros por ocasião da posse de Vargas no Senado. Rio de Janeiro (DF), dez. 1946. A realização das eleições foi um passo importante na redemocratização do país. Outros seriam dados a seguir: em 31 de janeiro de 1946 Dutra tomou posse na presidência da República e em 2 de fevereiro foi instalada a Constituinte. Somente em junho Vargas assumiu sua cadeira de senador, representando seu estado natal. Finalmente, em 18 de setembro de 1946 a Constituição foi promulgada, sem a assinatura de Getúlio, que havia retornado ao Rio Grande do Sul.

    2 de dezembro de 1945
    Turno único
    Candidatos: 

    Eurico Gaspar Dutra  PSD Natural de  Mato Grosso Vencedor em 23 unidades federativas Votos  3.251.507 55,39%

    Eduardo Gomes  UDN Rio de Janeiro 3 unidades federativas + DF Votos  2.039.341 34,74%

    Yedo Fiúza PCB Rio de Janeiro nenhuma unidade federativa Votos 569.818 9,71%

    Estados e Territórios onde cada candidato venceu de acordo com a legenda.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Titular
    José Linhares
    Independente (Presidente do STF)

    Eleito
    Eurico Gaspar Dutra
    PSD