Temer: entre a Carta e o golpe
Contudo, a “carta”, com “c” minúsculo, que ele escreveu à presidenta Dilma Rousseff, um dos fatos marcantes da semana, objetivamente, postou o vice-presidente numa zona cinzenta do cenário da guerra que democratas e golpistas travam nesse momento.
Nas redes sociais, as “ mal traçadas linhas” do vice provocaram uma onda de deboche, pois que humor sempre foi uma arma do povo.
Na noite de ontem (10), Temer teve uma audiência com a presidenta Dilma. Ela, em nota oficial, diz que buscará uma relação “profícua” com o vice. Ele, em entrevista coletiva, proclama a intenção de uma “relação fértil”.
O vice-presidente, em diálogo com o colunista Bernardo Mello Franco, da Folha de S. Paulo, publicado hoje, diz que “não será desleal”. E vai mais fundo: “Se chego à Presidência por deslealdade institucional, eu chego mal.”
De fato, se Temer, como resultado desse processo de impeachment fraudulento aberto por Cunha, seu podre correligionário, com apoio de Aécio Neves e de outros golpistas, se tornar presidente, ele “chegaria mal”.
Seria um presidente ilegítimo, posto que entronado por um golpe de Estado, conforme pronunciamento recente de mais de 3 dezenas de renomados juristas brasileiros.
Os dias que seguem dirão da “lealdade” institucional do vice-presidente Temer.
Entre a carta com “c” miúdo e a Carta com “c” graúdo, magno, veremos se será coerente com os livros que escreveu em defesa do Estado Democrático de Direito.
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Adalberto Monteiro é presidente da Fundação Maurício Grabois e editor da revista Princípios.
Fonte: Blog do Sorrentino