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    Comunicação

    O amor calado

    Ainda que o canto desça, de atropelo como abelhas no enxame alucinante em torno a um tronco, e me penetre pelo ouvido, em sua música incessante,   juro a mim mesmo: nunca hei de escrevê-lo. Hei de fechá-lo em mim como diamante dentro da pedra feia. Hei de escondê-lo na minha alma cansada e navegante. […]

    Ainda que o canto desça, de atropelo

    como abelhas no enxame alucinante
    em torno a um tronco, e me penetre pelo
    ouvido, em sua música incessante,

     

    juro a mim mesmo: nunca hei de escrevê-lo.
    Hei de fechá-lo em mim como diamante
    dentro da pedra feia. Hei de escondê-lo
    na minha alma cansada e navegante.

     

    E nunca mais proclamarei que te amo.
    Antes o negarei – como os namoros
    secretos de menino encabulado.

     

    Que se cale este verso em que te chamo.
    Cessem para jamais risos e choros.
    Meu amor mineral é tão calado!

     

    Livro: Boca da noite, 1979
    Autor: Odylo Costa, filho
    Editora: Salamandra, Rio de Janeiro

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