Ano de 2028. A OmniCorp é a megaempresa de tecnologia robótica que produz toda a tecnologia militar dos EUA, que dominam o mundo com os seus drones. Mas há um problema, a Omnicorp quer alargar o uso de drones e máquinas de guerra ao próprio território dos EUA. Então, o seu presidente executivo (CEO) contrata um cientista e pede-lhe que crie um ciborgue, mas um ciborgue «bom», com «rosto humano», dedicado ao combate ao «mal», que faça a opinião pública mudar de opinião. Nasce então o Robocop. Claro que o leitor já percebeu que estamos a falar de um filme que, juntamente com outros como o «Matrix» ou a saga do «exterminador implacável» nos transportam para futuros longínquos onde supercomputadores controlam toda a rede de defesa dos EUA e os ciborgues são as personagens principais. Estamos portanto no terreno da ficção científica.

Ou então não tanto assim. No dia 4 de Março, o Pentágono contratou Eric Schmidt, ex-CEO da Google, presidente do «board» da Alphabet (a empresa que detém o motor de busca Google) e ex-membro do Conselho de Administração da Apple, para presidir ao «Conselho Assessor de Inovação em Defesa» e trabalhar no «desenvolvimento rápido de protótipos, de produtos e análise de dados complexos». Em Janeiro retivemos a notícia de que o Pentágono estaria a desenvolver um «fato» feito de uma substância «flexível» que quando activada se solidifica e transforma o soldado numa espécie de «iron man». Há poucos dias veio a confirmação que o Pentágono investiu 62 milhões de dólares num projecto de implante cerebral. Um interface entre o cérebro humano e os computadores. Sim, é isso mesmo que o leitor está a pensar, soldados ciborgues, com um chip implantado no seu cérebro.

O paralelismo é curioso. Os drones já existem e são proibidos no território dos EUA; o «cientista» já foi contratado pela «Omnicorp» da actualidade (o Pentágono) e de supercomputadores e análise de dados percebe o homem; os Iron Man já existem; e os Ciborgues estão a caminho. Mas desta feita falamos da realidade, e de um Mundo em que as conquistas da ciência e da técnica, propriedade social, são subtraídas à Humanidade para serem postas ao serviço do domínio pela força e da indústria da morte. É o «imperialismo.com», o «matrix» de um sistema, em crise, decadente e muito perigoso – o capitalismo.

Fonte: Jornal Avante