O Museu de Ourivesaria de Havana, em Cuba, não abriga apenas obras de arte e belos arcos coloniais. Ele é o lar de cinco cães que antes viviam na rua. Vladimir, Canela, Aparicio, Leon e Cariñoso trabalham de dia na entrada das construções seculares de Havana Velha e à noite ajudam a polícia local a patrulhar as ruas. No fim do “expediente”, eles têm um lugar reservado para dormir, embaixo da escadaria imponente do museu.

Todos carregam consigo um cartão de identificação, com nome, foto e a frase “Eu vivo no Museu de Ouriversaria”. E eles não são os únicos “adotados” por instituições públicas de Havana. Dezenas de outros espaços estatais, que vão desde o Banco Central de Cuba até banheiros públicos, oferecem casa, cuidados médicos e proteção contra a carrocinha para um total de 21 ex-cães de rua.

“Não gosto de cachorros, mas abri um espacinho no meu coração para eles”, disse Yarisbel Perez, guarda de um prédio histórico com vista para o a praça antiga da Havana Velha.

Uma lei cubana proíbe a presença de animais em repartições públicas, mas há uma brecha: os animais podem ficar se desempenharem atividades de segurança. Uma cobertura jurídica que foi reforçada quando um desses animais evitou o roubo de aparelhos ar-condicionado de um escritório do governo que fica no leste da capital de Cuba, segundo conta a presidente da Associação Cubana de Proteção a Plantas e Animais, Nora García.

Com seus latidos, o “vira-lata” acordou o guarda que espantou os ladrões. “Houve até uma cerimônia pública que premiou o cão por salvar os aparelhos de ar-condicionado”, disse García a agência Associated Press.

Até comida o Estado oferece para os, agora, cães de guarda. Eles se alimentam das sobras das dezenas de restaurantes públicos. Alguns deles estão quase obesos. “Eles não comem ossos. Comem frios, picadinho, cachorro-quente e fígado”, disse Victoria Pacheco, guarda do museu.

Delicadeza no cuidado 

 

A questão dos cães abandonados é muito séria e no mundo todo temos cerca de 600 milhões de cachorros que moram nas ruas, sem ter onde dormir ou o que comer. Isso é algo que realmente corta o coração, e um problema difícil de resolver para os governos, mas não para o de Cuba.

O país socialista, que sempre teve uma grande população de cachorros de rua, decidiu que deveria ajudá-los de alguma maneira. Determinou-se que as Instituições Públicas do Estado seriam obrigadas a adotar esses cães, dando atenção e cuidados médicos a eles e, mais importante do que tudo, dignidade.

A partir de então, os cães que andam nas ruas recebem uma carteirinha oficial do governo com nome, foto, informações sobre sua saúde e vacinas e também o nome da instituição responsável por esse cão para casos de emergência (tem o telefone na carteirinha).

Alguns recebem um aviso comovente: “sou um cachorro de rua, não me maltrate”.

Já são 21 cachorros vivendo ou sendo cuidados por instituições estatais em Cuba. O benefício não é só dos cães, os guardas afirmaram que adotar os cães fez com que eles sentissem menos tédio durante o expediente em locais onde a criminalidade é muito baixa.

O zelador de um banheiro público, Dalia Garcia, é responsável por dois cachorrinhos. “Nada de ruim acontece com eles. Todo mundo cuida, ninguém os machuca. Eles não latem e não mordem ninguém”.

Fonte: Daily Mail