A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a mais importante comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) em nosso continente, divulgou há cerca de um mês uma nota em que presta total apoio ao mandato de Dilma Rousseff e conclama a sociedade brasileira a respeitar o resultado das urnas, sob o risco de desestabilizar a democracia em todo o continente.

Sua secretária-executiva, Alicia Bárcena, apresentou o relatório “Panorama Social da América Latina 2015”, e falou sobre o tema na sessão de perguntas e respostas de coletiva que é realizada no Chile e transmitida por videoconferência ao Brasil.

A nota pública traz uma série de reconhecimentos dos avanços sociais e políticos conquistados pelos governos de Lula e Dilma e externa a sua extrema preocupação em ver a democracia ameaçada no Brasil. 

A nota surpreende pelo modo direto e objetivo com que defende Dilma Rousseff e ataca o golpismo. 

A seguir o texto íntegral da declaração da alta funcionária internacional:

22 de março de 2016 

CEPAL – BRASILIA

Mensagem de Alicia Bárcena, Secretaria Executiva da CEPAL, à presidenta Dilma Rousseff:

“Com profunda preocupação, temos assistido ao desenvolvimento dos acontecimentos políticos e judiciais que têm convulsionado ao Brasil no curso das últimas semanas. Alarma-nos ver a estabilidade democrática de sua pátria ameaçada.

A  soberania popular, fonte única da legitimidade numa demoracia, foi entregue a Lula e em seguida à senhora, presidenta Rousseff, um mandato constitucional, que se traduziu em governos comprometidos com a justiça e a igualdade. Nunca, na história do Brasil, tantos e tantos de seus compatriotas conseguiram fugir da fome, da pobreza e da desigualdade. É significativo também para nós os passos determinantes com que suas gestões reforçaram a nova arquitetura de integração da nossa região, da Unasul à Celac. 

Conhecemos o esforço dos tribunais em perseguir e castigar a cultura de corrupção, que tem sido historicamente a parte mais opaca do vínculo entre interesses privados e as instituições do Estado. E a temos visto apoiando permanentemente essa tarefa, com a valentia e a honradez que é a marca de sua biografia, apoiando a criação de nova legislação mais severa e instituições repressivas mais fortes. 

É por isso que nos choca ver, hoje, antes de qualquer julgamento ou evidências, servindo-se de vazamentos e de uma ofensiva midiática condenatória, que se tente demolir a sua imagem e o seu legado, ao mesmo tempo em que se multiplicam os esforços para minar a autoridade presidencial e interromper o mandato que os cidadãos lhes outorgaram nas urnas.

Os acontecimentos pelos quais atravessa o Brasil nestas jornadas ressoam com força para além de suas fronteiras e ilustram para o conjunto da América Latina os riscos e dificuldades às quais ainda está exposta nossa democracia.”

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