NIETZSCHE E A CRITICA DA MODERNIDADE

Autor: DOMENICO LOSURDO 

Tradutor: ALESSANDRA SIEDSCHLAG

A trágica grandeza de Nietzsche, o fascínio e a extraordinária riqueza de sugestões de um autor capaz de repensar a história inteira do Ocidente e de se colocar, bem além da atualidade, no terreno da “longa duração”. Tudo isso emerge totalmente apenas se, – renunciarmos a remover suas páginas mais inquietantes ou repugnantes ou a transfigurá-las em um inocente jogo de metáforas – ousarmos olhá-lo de frente por aquilo que realmente é: o maior pensador entre os reacionários e o maior reacionário entre os pensadores.

Nietzsche e a escravidão

Durante a conferência ocorrida entre 1o. e 2 de outubro de 2013, na PUC de São Paulo e na Unicamp, por meio do tema: Liberalismo, emancipação e os mitos da modernidade, Losurdo fez uma crítica histórica feroz, ao pontuar como intelectuais norte-americanos e europeus vão apagando do léxico imperialista dos EUA a verdade de sua constituição política até se tornar paradigma de democracia para o resto do mundo.

Houve ainda quem exigisse do filósofo italiano uma opinião sobre Nietzsche. “Ele não se cansa de dizer que sem escravidão não tem civilização”, disse o autor. Losurdo ainda contradiz os defensores do plano político de Nietzsche, que celebram a escravidão em termos poéticos metafóricos. Para ele, o autor alemão escreve em meio ao debate liberal sobre a escravidão e, portanto, elabora uma opinião clara e literal sobre o assunto. “Nascido em 1844, ele começa a escrever bem cedo, quando explode a guerra de secessão para a abolição da escravidão nos EUA, e morre em 1888, com uma vida inteira decorrendo no tempo em que a escravidão está em debate. Como não se daria conta disso?”, diz ele.

“Penso que tentam salvar Nietzsche pela metáfora, definindo um idiota no plano intelectual. Digo que é um autor reacionário do qual temos que aprender muita coisa. E, de toda forma, é muito mais inteligente que seus intérpretes”, destaca o italiano, provocando novas gargalhadas. Ele diz defender Nietzsche como um liberal extremista, assim como John Locke defendeu o instituto da escravidão e foi, simplesmente, o fundador do liberalismo. “Não só defendeu, como era acionista da empresa inglesa que geria o tráfico negro, ganhando dinheiro com a escravidão!”. Portanto, diz Losurdo, muito liberal tinha mudado de opinião e aceitava a abolição. “Mas Nietzsche era mais cabeça dura e não aceitava”.

Editora: IDEIAS E LETRAS, 1a. Edição, Ano: 2016, Idioma: PORTUGUÊS

ISBN: 8555800099, Encadernação: BROCHURA, Altura: 20,00 cm, Largura: 11,50 cm, Comprimento: 0,50 cm,
Peso: 0,10 kg, Nº de Páginas: 88

A editora também mantém em catálago “Autocensura e compromisso no pensamento político de Kant” e “Contra-história do liberalismo”, ambos de Losurdo.

VEJA ENTREVISTA DE LOSURDO EM QUE ANALISA O PAPEL DE NIETZSCHE PARA A MODERNIDADE CAPITALISTA:

 

LEIA A RESENHA DE JAN REHMANN PARA NIETZSCHE, O REBELDE ARISTOCRÁTICO, DE LOSURDO, OUTRA OBRA SOBRE O FILÓSOFO ALEMÃO.