Marx sob análise leninista é tema de lançamentos editoriais dia 9 de julho
No dia 9 de julho (sábado), às 18 horas, haverá na sede nacional do PCdoB (R. Rego Freitas,192 – República – São Paulo) o lançamento coletivo de três obras tratando do marxismo sob a ótica leninista: “A esquerda Ausente” de Domenico Losurdo, “Lenin, leitor de Marx” de Gianni Fresu e “Linhas Vermelhas: marxismo e dilemas da revolução”, de Augusto Buonicore. Da mesa também participarão o professor Marcos Aurélio da Silva (UFSC) e Walter Sorrentino (vice-presidente do PCdoB), sob a coordenação de Aloísio Sérgio Barroso.
São três reflexões que dialogam em sua preocupação com o modo como a esquerda tem se comportado frente aos desafios do novo milênio, após a debacle do socialismo no Leste Europeu. Diante da pior crise capitalista, deflagrada em 2008, a esquerda não tem sido apontada como alternativa, enquanto o próprio sistema financeiro engendra as respostas que lhe interessam para sair do colapso.
Linhas Vermelhas: Marxismo e os dilemas da Revolução, de Augusto Buonicore, é uma retomada da produção teórica vinculada ao pensamento marxista e ao seu esforço de interpretação de temas históricos e dos problemas candentes de nossa época. Os textos dessa obra são uma demonstração clara de que é impossível compreender a história presente e passada sem recorrer a Marx, Engels e seus principais discípulos no século XX. São, também, demonstrações inequívocas de que, em que pese à propalada falência, o marxismo continua mais vivo do que nunca.
Como diz Losurdo já no título do seu último livro, a esquerda está “ausente”, ou seja, fugiu do debate público, deixando em seu lugar “o pensamento único neoliberal e neocolonialista”. Em outras palavras, o mesmo sistema de pensamento e práxis que gerou a crise econômica de 2008 está encarregado de explicá-la, graças a essa “ausência” da esquerda.
Losurdo reconhece que, nos últimos anos, essa esquerda “ausente” começou a despertar na Europa. O Syriza na Grécia, o Podemos na Espanha e Jeremy Corbyn no Reino Unido são expressões desse primeiro despertar. “Mas acho que, em todos os casos, ainda não compreenderam a fortaleza do ataque contra o Estado de bem-estar. É um ataque furibundo, que requer uma resposta coordenada”, diz ele.
No livro Lenin, leitor de Marx, Fresu afirma que a ideia de um Lenin dogmático e doutrinário é, na verdade, uma tese difundida pela ofensiva conservadora sucessiva à queda do Muro de Berlin.
Com o predomínio do modelo ocidental, após o fracasso do bloco socialista no Leste Europeu, a liquidação da herança teórica de Lenin passa a ser uma tarefa seguida com obstinação por grande parte do mundo político, acadêmico e cultural. Assim, entre a maioria dos historiadores do pensamento político, sociólogos, cientistas políticos, economistas ou simples jornalistas, prevalece a tendência de representar sumariamente Lenin como um “doutrinário” rígido e dogmático, que tinha a obsessão de abrigar a realidade numa camisa de força. O “drama do comunismo” seria, então, o resultado do fundamentalismo ideológico de Lenin e de sua pretensão de fazer nascer uma nova ordem a fórceps. O século XX tem sido descrito como o século dos horrores, das ditaduras e, nessa leitura apocalíptica, Lenin é representado como a origem do pecado, o diabo responsável pelas desgraças e os lutos de um século ensanguentado, incluído aí o fascismo. Por isso, uma das suas elaborações mais conhecidas, o imperialismo, tem sido combatida com tanta violência.