Vitória eleitoral, definitiva?
A propósito da eleição municipal da cidade do Rio de Janeiro.
Não existe essa vitória eleitoral definitiva, sobretudo, no atual estágio político em que atravessa o Brasil – uma encruzilhada a seguir, diante da esquerda, porquanto o grande desafio é definir uma alternativa avançada em defesa do desenvolvimento nacional, do avanço democrático, do progresso social, da integração com os vizinhos da região continental, da preservação ambiental.
A esquerda sempre errou quando quis impor uma visão vanguardista, exclusivista, entre as demais tendências avançadas e esclarecidas. Ao se comportar assim, prevalecendo uma visão imediatista, ou pior, que um momento eleitoral decide tudo, perde seu rumo, em consequência, dando espaço as forças contrárias, conservadoras.
Nesse sentido, a manifestação de Jean Willys, acerca da eleição municipal da cidade do Rio de Janeiro, (post publicado em sua página sob o título “POR QUE FREIXO E NÃO JANDIRA?”) derrapa num momento decisivo, que exige incisivamente a convergência da esquerda e das forças democráticas e progressistas no pleito municipal. Não foi possível unir desde o primeiro turno todas as forças de esquerda, progressistas no Rio de janeiro. A propósito, Jandira desenvolveu grande esforço na busca dessa aliança mais ampla, propondo no dia 31 de maio deste ano uma reunião ampla com a finalidade de reunir as candidaturas de esquerda. Mas, encontrou forte resistência da parte do PSOL, que já tinha firmado posição em um Encontro Municipal, expressando formalmente a decisão peremptória de não realizar aliança com nenhum Partido da base da presidenta Dilma.
Não sendo possível o intento aliancista, mantida a disposição das candidaturas atuais, o caminho justo a adotar tem sido concentrar, neste pleito, o nosso alvo de luta nos candidatos do establíshment golpista, principalmente em Pedro Paulo e Crivella, destacando nossa visão de melhor servir ao povo carioca. Jandira tem atuado rigorosamente assim. Desse modo cabe ao eleitor decidir quem tem melhor condição de enfrentar a direita, numa disputa que pode ir ao segundo turno. E, assim, descortinar mais nitidamente num embate tête à tête um novo projeto de humanização, democratização, inclusão social e modernização da cidade do Rio de Janeiro.
Contudo, tornou-se inusitado e prejudicial à unidade do nosso campo comum progressista a posição que Jean Willys, levado a se expressar, por demandas sectárias, avilta de forma grosseira a trajetória de Jandira. Ele tem todo o direito e autoridade para defender a candidatura de Freixo. Não é isto que está em questão. Como têm o direito e autoridade para defender a candidatura de Jandira, os seus apoiadores. A questão é que ele atravessou o rubicão neste momento, procurando atingir Jandira, como fazem as forças opositoras à direita.
No desespero eleitoral, espantosamente! Logo ele, de maneira surpreendente, resvala pelo preconceito machista, misógino. E, reducionista, do ponto de vista político – diz que Jandira sempre foi aliada do PMDB e agora quer é eleger o candidato do PMDB. Lastimável, meu caro Jean, desse modo você rebaixa sua própria e respeitada honestidade. Imagine o desserviço que isso pode fazer indo ao segundo turno tanto Jandira, quanto Freixo, ou se aproveitando os opositores, desde agora, para impedir que uma ou outra candidatura de esquerda alcance o segundo turno.
Após o golpe perpetrado por ampla coalizão conservadora, numa escalada à direita, o nosso país é levado a uma situação na qual o Estado Democrático de Direito fenece, engendrando deformações jurídico-institucionais de exceção, tudo enfim voltado a um grande retrocesso histórico, perdas de pelejadas conquistas civilizatórias, impondo um grande cerco às forças mais avançadas do país, por meio de aumento da repressão e de ostensiva perseguição política.
Em tal situação, nas eleições municipais atuais se reflete os lados desse grande embate político. Jandira tem sido alvo eletivo das forças golpistas por sua decidida e coerente defesa da democracia e dos diretos do povo. Não há como ficar distante da realidade de que o golpe comprometeu profundamente a democracia, criou mais impacto sobre o povo, tornou-o mais temeroso e mais descrente nas instituições políticas — resultou um Fora Temer#, amplamente majoritário na população, o que revela do que ficou na subjetividade popular. Em situação tão excepcional para o destino do Brasil, a nossa unidade mais se impõe.
Não acredito que a vitória do PSOL, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como fim aviltar outras tendências de esquerda, mesmo no caso de êxito eleitoral, seja uma vitória que conduza ao êxito estratégico, menos ainda a uma vitória definitiva, de uma só corrente de esquerda, o que é ilusória. Tal procedimento se torna uma luta sem horizonte, cegando a esperança, propósito que não deve ser do PSOL.
Mais do que nunca o caminho da vitória é realmente nos unirmos – a esquerda e as forças democráticas e progressistas, com sustentação popular — para desmascarar e derrotar a direita, as forças golpistas, impedi-las sim, de tornar o governo municipal, nomeadamente a cidade do Rio de janeiro, em alavanca das forças dominantes da exclusão social, do vende-pátria, do retrocesso histórico do país. Essa deve ser a convicção e o caminho a ser trilhado nessas eleições municipais, pelas forças que realmente almejam um Brasil mais soberano, mais democrático, menos injusto e menos desigual.