Sobre a desigualdade social
Os liberais – adeptos do “Darwinismo” Social, uma aberração teórica que deu base a coisas como o nazismo, por exemplo (pobre Darwin!) – afirmam: o ser humano é essencialmente desigual (eles sofisticam a tese dando mais ênfase à “diferença” mas é mera semântica), logo, propor a igualdade humana é antinatural. Isso é IDEOLOGIA PURA!
A desigualdade e não a diferença – e aqui precisamos não ter subterfúgios semânticos – é gerada pela propriedade privada sobre meios de produção e teve origem com a propriedade sobre a terra. É muito recente em relação ao tempo de existencia da nossa espécie.
Como espécie, temos uns 100 mil anos, mais ou menos, e a desigualdade criada pela posse privada da terra, desde que ela começou tem uns 7 mil anos. Mais ainda: há apenas 500 anos, quando os europeus iniciaram a primeira globalização com as navegações, boa parte das pessoas do mundo viviam em sistemas de posse comunal da terra e dos bens diversos. Ainda hoje existem inúmeras sociedades espalhadas pelo mundo que assim vivem. Inclusive no Brasil.
Então, essa conversa de que a igualdade é avessa à natureza humana é pura IDEOLOGIA, propagada, óbvio, pelas pessoas que, beneficiadas pela propriedade privada sobre os meios de produção, negam a própria história humana ao longo dos milênios e inclusive a realidade de vários grupos humanos hoje.
É mau intelectual quem renega as duas coisas. Por ignorância- o que é perdoável- ou por ideologia. Mas segundo esses, é claro que ideologia quem prega são os outros, os que defendem uma sociedade igualitária. Sofismar é feio demais!
A partir dessa FALSA constatação sobre a suposta e intrínseca natureza humana egoísta, se fala no fracasso do socialismo, que isso não dá certo, essas coisas. Bem, olhemos para a nossa sociedade. Ela JÁ É socializada em grande parte. Da pior maneira!
O volume médio de assalariados no mundo – procurem as estatísticas- apontam para a terrível verdade de que MAIS de 90% da população, ou seja, a esmagadora maioria da humanidade, é igual pois não é dona de nada produtivo, fazenda, fábrica, banco, comércio ou serviço.
Entra aqui, de novo, a ideologia dominante que tenta transformar os completamentente desiguais em iguais ao contrário: somos todos proprietários ou com possibilidade de ser porque no capitalismo temos a “liberdade” de sermos…capitalistas! Morro de rir meus amigos… rolo de rir. Todas as estatísticas provam exatamente o oposto. Não se pode confundir o direito FORMAL – a letra morta da lei – com movimento real, efetivo, que ocorre na realidade social em escala global. Se aparência fosse igual a essência, não precisaríamos de ciência, como Marx afirmava.
Cabe ainda um parágrafo sobre o socialismo. A elaboração teórica marxista NUNCA afirmou que o socialismo seria o reino da igualdade, o paraíso para todos. Nascido de dentro do capitalismo, o socialismo carrega consigo, por um tempo não quantificavel no calendário, as mazelas, distorções e crises oriundas do capitalismo em um processo longo, complexo e contraditório de construção de uma nova sociedade. Não existem saltos automáticos de uma sociedade a outra. Nunca existiu, jamais existirá. Basta olhar a história humana. Além do que, Socialismo, para Marx e Engels, é necessariamente uma fase de transição tendo o capitalismo como ponto de partida e o comunismo como ponto de chegada. Jamais afirmaram que seria rápido nem muito menos fácil, bastando apenas a vontade.
Por fim, a busca pela efetiva igualdade humana, não será obra do acaso. NÃO se desenvolverá por geração espontânea. Nem o escravismo, o feudalismo, o capitalismo e as formas de produção coletiva a serviço do Estado com reis-deuses, surgiram por geração espontânea. O espontâneo, creiam, é a igualdade, reafirmando o exposto acima. Mas com a criação e sofisticação da apropriação privada milênios atrás, a desigualdade imposta tem sido interpretada como “natural” e desejável. Ora, lutar por uma sociedade de iguais de fato e não apenas um direito que não tem correspondência real, é a suprema obra da humanidade para se reencontrar consigo mesma. Como humanidade e nao como geradora de exploração, guerras, miséria numa ponta e opulência na outra.