Por que amo Donald Trump?
Ao contrário de todo mundo, amo apaixonadamente Donald Trump! Minhas razões são fundamentalmente três. Primeiro, era ele [que quer fazer bons negócios com o Putin] ou Hillary Clinton [que esperava babando sangue o resultado das eleições para liquidar a Síria, a Rússia, o Irã, a Venezuela e assim vai]. E não me venham com a baboseira do “não quero nenhum dos dois” ou “que se vayan todos.” Aqui, elas não servem, pois o Tigre de Papel tem dentes mortais, como lembrava o velho gordinho chinês.
A segunda razão de meu amor é que Trump é protecionista – ou seja, não quer nada conosco! Jurou que vai fazer estradas, portos, pontes, canais e o diabo a quatro nos Estados Unidos, para devolver a estima e o trabalho aos operários estadunidentes. E, é claro, encher o bolso do respectivo segmento do capital USA marginal, do qual participa com destaque. E, se não o fizer, logo, nem que seja um pouco, vai ser um desencanto geral dos seus eleitores. O que, para mim, é, também, muito bom.
E, mais ainda. Para fazer as obras prometidas, mesmo algumas, vai ter que tirar dinheiro de algum lugar. Ainda mais que prometeu baixar os impostos da classe média e, é claro, das grandes empresas. E onde tem dinheiro para ser tirado é na rede monumental de bases militares aéreas, terrestres, navais dos USA, através de mundo. Ele já disse que a função USA não é proteger as fronteiras dos outros. E disse que a OTAN é um anacronismo! Será que vai fazer isso, amplamente? Não sei. Vamos ver. Em todo caso, hoje, nesta segunda-feira, dia 23, a Hillary estaria radicalizando o confronto militar com a Síria, com a Rússia, com a China. E o mundo estaria mais próximo de uma “guerra quente”, muito quente.
A melhor parte do protecionismo de Donald Trump é que prometeu desandar , até onde puder, a tal de globalização, a menina dos olhos de Obama e Hillary e do capital internacional hegemônico, sobretudo financeiro. Ou seja, ele é contra enviar as fábricas dos USA – e da França, Itália, Alemanha, Brasil, etc. – para países onde subsista a escravidão assalariada, para explorá-la até o tutano. A tal de deslocalização industrial selvagem. Será que vai aplicar essa política totalmente contrária ao grande capital internacional?
Nesse ponto, o monstro já começou a mostrar as garras: acaba de assinar decreto pondo fim ao Tratado de Associação Transpacífico [de livre comércio], criatura do Obama, e declarou que vai abandonar o tratado de livre comércio com o México e o Canadá, se não houver renegociação. O NAFTA, já é velho de 23 anos! Portanto, já temos um super Donald Trump No Global! E aí está a principal razão para que o homem esteja sendo execrado em forma direta pela Rede Globo! Uma Globo que, tradicionalmente, afirmou e sugeriu que, “O bom para os USA é bom para o Brasil!”
A última grande razão de meu amor é que Trump é a cara do grande capital estadunidense. Nesse já mais de meio século dominado pela televisão, o establishement estadunidense esforçou-se para eleger como presidentes mocinhos de cara bonita, fotogênicos, afáveis, facilmente televendíveis. O primeiro foi John Kennedy e sua extensão feminina, Jacqueline, a viuvinha da América, que, logo, logo, se casou com o primeiro velho rico que encontrou – business is business ! Nessa corrida pela cara bonita, até artista canastrão do cinema prestou-se como testa de ferro do imperialismo.
A consagração desse movimento foi Barak Obama – alto, magro, belo, com um enorme sorriso, negro sem exageros, orador excepcional. Maravilhosamente midiatizável em seu posicionamento politicamente correto, quanto aos direitos civis internos – negros, hispanos, GLBT. Ele era contra as armas, contra o cigarro, pelo meio ambiente e sua Michele, fanática dos legumes e inimiga à morte dos meninos gordinhos. Um amor de casal, mesmo quando o chefe da família espalhava a morte, a dor, a violência, em doses de elefante, retomando o ciclo de intervenções indiretas e diretas, através do mundo.
Donald Trump não. É feio, bruto, gordo, deselegante, misógino, racista, machista, publicamente despreocupado com o meio ambiente. Sua mulher, é melhor nem falar!
Trump é menos midiatizável que o nosso presidente mesóclise ! Mesmo se entrar na linha, vai ser difícil transformá-lo em mais um maravilhoso “líder do mundo livre”. Esse, nem a Globo consegue vender!
Donald Trump constitui um hiato que desorganiza a política hegemônica do imperialismo, ao representar segmentos marginais do capital nacional e uma insatisfação profunda entre vastíssimos segmentos populares e trabalhadores estadunidense. É indiscutivelmente uma inesperada pedra no sapato do imperialismo, já que se esperava a Hillary, a “primeira mulher presidente” dos USA, para substituir o primeiro negro na Casa Branca! Em um verdadeiro conto de fadas [malvadas]. Trump é um problema para o capital hegemônico. Vai ter que ser corrigido. É também possível que termine objeto de uma intervenção mais radical e rápida, do tipo Richard Nixon ou, mesmo, John Kennedy.
O que para mim está também de boa medida!
Mais sobre o tema: Confira 10 promessas de Donald Trump: http://bit.ly/2kseew8
Do FB do Autor [http://bit.ly/2jOZPXV]:23/01/2016.
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Mário Maestri. Historiador.