Balada de Chang Gan
A franja mal cobria minha fronte
ficava em frente à porta a colher flores
vinhas montado a cavalo em bambu
brincamos junto à cama verdes frutas
Morávamos vizinhos em Chang Gan
os dois pequenos sem receios cândidos
Quatorze anos e tornei-me a noiva
timidamente as faces em rudor
os olhos baixos perscrutando os muros
a mil chamados dei respostas mudas
Aos quinze os votos proclamei por fim
quis misturar-nos como o pó e a cinza
guardar-me à espera em face da intempérie
restar de pé na torre em sentinela
Livro: Antologia da poesia clássica chinesa
Dinastia Tang
Autor: Li Bai
Tradução, organização, notas e introdução: Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao
Editora: Unesp