PCdoB aponta caminhos para enfrentar a crise no Brasil, diz Luciana
O poema de Thiago de Melo, “faz escuro, mas eu canto”, ilustrou o discurso do presidente da República em exercício, lideranças partidárias, dirigentes de movimentos sociais e diplomatas presentes na solenidade.
A presidente nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), salientou que a legenda se apresenta para ajudar o país neste momento “grave e singular” da história política. E que o período de transição e superação da crise não se dará sem a presença dos comunistas na defesa da democracia.
“Exatamente no instante em que realizamos o 14º Congresso do nosso Partido estamos prestes a celebrar 200 anos da independência do Brasil. E o país vive uma crise institucional que abala os alicerces da própria nação”, afirmou Luciana.
Ela destacou que o documento do partido busca discutir saídas para a crise estrutural vivida pelo Brasil. “O documento que estamos apresentando busca sistematizar nossa visão sobre os caminhos para enfrentar esta situação. Trata-se do momento mais elevado da democracia interna do PCdoB, e do exercício de nossa inteligência coletiva na elaboração de nossa orientação política”.
Luciana ressaltou o descontentamento, apreensão e desesperança que toma a população e disse que o povo brasileiro não pode mais ser penalizado em função do rentismo. “Os custos da crise não podem pesar sobre os mais pobres, não devemos abrir mão de ativos estratégicos, de instrumentos do Estado que induzam o desenvolvimento. Devemos buscar meios e caminhos para a retomada do crescimento econômico e da geração de empregos e direitos”.
A presidenta apontou que a saída da crise se dará pela política e que passa, necessariamente, pelo fortalecimento da democracia, pelo equilíbrio entre os poderes e o Estado Democrático de Direito. Neste aspecto, valorizou o papel do diálogo, da boa convivência entre as opiniões diferentes no Congresso Nacional e da importância de garantir a representatividade. “Esta Casa tem a marca de ser um espaço plural, rico em diversidade de opiniões, um reflexo da sociedade brasileira. Nela, visões distintas sobre o Brasil interagem, formando consensos, criando convergências sobre os rumos da Nação”.
A Reforma Política também foi lembrada pela deputada. A proposta discutida na Câmara pode significar um grande retrocesso para a representação e, na prática, excluir do Parlamento partidos mais ideológicos. “Diferenças de opiniões podem e devem existir no Parlamento, a presença do PCdoB no Congresso Nacional fortalece a democracia e a representatividade do Congresso Nacional. O PCdoB é um partido essencial para a democracia brasileira”, explicou.
Aproveitando a presença de um público muito diverso — estavam presentes o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM); o presidente da Câmara em exercício, André Fufuca (PP); do presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira; a presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), senadora Gleise Hoffman; e representantes de vários partidos como PSOL e PDT e movimentos sociais a exemplo de UNE, CTB, ANPG, Unegro, UnaLGBT — Luciana falou sobre a importância de buscar convergência pelos interesses mais caros ao país.
“É urgente buscarmos saídas para esta situação. E o documento que ora apresentamos fala da defesa da democracia e dos direitos da população brasileira”. A presidente fez um chamado aos progressistas para a formação de uma frente ampla que aponte o horizonte do desenvolvimento e da retomada do crescimento da economia.
“A nosso modo de ver, a saída desta situação é uma construção política, e passa pela conformação de uma coalizão nacional, uma frente ampla, reunida em torno da defesa da nação, do desenvolvimento, da democracia e dos direitos dos trabalhadores e do povo”, disse.
Diversidade e diálogo
Em sua fala Maia concordou com a comunista. “As pessoas que pensam diferente têm capacidade de dialogar, todos queremos tirar o Brasil da crise”, disse. “Temos que ter capacidade de ouvir mais que falar”, completou.
De acordo com o presidente da República em exercício, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o PCdoB cumpre um papel destacado no Parlamento. “É uma honra estar aqui mais uma vez, prestigiando um partido que tem ideias, que defende com convicção aquilo que acredita. Um partido com quem tenho construído, há muito tempo aqui na Câmara, uma relação de diálogo muito correta, transparente e franca”, disse Maia.
Em sua intervenção, a presidente do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mencionou o começo de sua trajetória na cena política. “Iniciei minha vida partidária no PCdoB. Grande parte da minha formação política eu devo ao PCdoB. Tenho respeito pela luta e pela defesa da democracia”.
“Tenho respeito, sobretudo, por duas características desse partido. O empoderamento dos jovens e o empoderamento das mulheres”, enfatizou Gleisi, que acrescentou ter “grande carinho pelo Partido”.
Sobre o período de retrocesso que vive o Brasil, a dirigente petista lembrou que nesta quinta-feira (31) completa um ano do afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República e questionou: “O que mudou na vida do povo brasileiro? O que melhorou para esta nação e para este país?”. A própria senadora disse que “absolutamente nada” mudou. “O Brasil que já foi um país que se livrou da fome da miséria, passa a figurar de novo no Mapa da Fome”.
No comando da Câmara nesta semana, o presidente André Fufuca (PP-MA) fez referência ao espírito de juventude que pulsa no PCdoB desde a sua fundação em 1922. “É o partido que teve origem em jovens, como é o caso de Prestes. Um jovem do exército que saiu do sertão do nordeste para anunciar ao Brasil, a todos, o flagelo do povo nordestino”.
Representando os movimentos sociais e estudantis, Marianna Dias, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), reforçou a dedicação do partido na construção de governos e legislaturas que correspondam aos anseios da sociedade. “Temos um PCdoB que acredita na política e que sempre lutou pelo nosso povo. Composto em sua maioria de pessoas jovens e mulheres, que ajudam o partido na sua condução”.
E Marianna completou dizendo que as teses do 14° Congresso do PCdoB expressam as nossas “melhores ideias”. “Representa para a sociedade a dedicação para enfrentar o que for necessário para defender o nosso povo e os nossos direitos”.
A líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA), enfatizou o perfil democrático presente nos debates que ocorrerão, em novembro deste ano, durante a discussão das teses. “E, ao final, nós vamos tirar o extrato, da média do pensamento partidário, e da efetiva construção desta luta que estamos todos imbuídos. Pela recuperação da democracia no Brasil, ferida gravemente. Mas, acima de tudo, de elevar alto a bandeira do socialismo”, concluiu Alice.
O 14º Congresso do PCdoB acontecerá em Brasília, de 14 a 17 de novembro de 2017. Até lá o partido debaterá o documento, exercitando sua democracia interna, nas suas organizações de base, comitês municipais e estaduais e também através da Tribuna de Debates, no site www.pcdob.org.br ou do aplicativo PCdoB Digital.