Luciana Santos: PCdoB busca protagonismo nas eleições de 2018
“Teremos uma eleição presidencial atípica pelas particularidades de ocorrer após uma fratura democrática, e épica, pois o país, uma vez mais, se depara com uma encruzilhada histórica entre dois projetos antagônicos. Ou o Brasil seguirá sob as rédeas do campo político conservador em transição a uma ordem liberal, neocolonialista e autoritária; ou sob a direção de uma Frente Ampla, de caráter democrático, popular e patriótico”, pontuou Luciana.
Segundo Luciana Santos, este é o momento de as forças de esquerda se posicionarem na disputa, apresentando seus projetos e programas, uma vez que já não basta mais o “discurso saudosista, pois, embora o povo tenha boas lembranças do passado, hoje deseja mais”. Para Luciana, é momento de colocar no centro do debate os aspectos essenciais da luta pela retomada do projeto nacional de desenvolvimento.
“Estamos no mesmo campo. Os nomes que surgem para a disputa eleitoral possuem a legitimidade e a força de suas ideias. O ex-presidente Lula e Ciro Gomes são herdeiros da corrente política dos trabalhadores que se gesta na histórica greve de 1917, e que anos depois resultou na fundação do Partido Comunista, em 1922. Mas o PCdoB busca ser uma força política consequente e com audácia para propor novos rumos para o país”, destacou.
Neste contexto, Luciana reafirmou a busca do PCdoB por protagonismo no próximo pleito e oficializou a pré-candidatura da deputada estadual, Manuela D’Ávila (RS), à Presidência da República.
“O PCdoB entrou para valer nesta disputa. Com Manuela, pré-candidata, o PCdoB irá interagir com o povo e os setores amplos da nação. Com a bandeira da Frente Ampla nas mãos, ela vai dialogar com a esquerda, com as forças democráticas, populares e patrióticas. Manuela irá ao encontro do grande anseio nacional de tirar o país da crise e encaminhá-lo para novos rumos de desenvolvimento e progresso”, reiterou Luciana.
Propostas
Para o PCdoB, segundo Luciana, não basta um conjunto isolado de iniciativas, o país requer um projeto que dê norte, que trace um caminho de como materializar as enormes potencialidades do Brasil e de sua gente.
“O Brasil vive uma encruzilhada, e na disputa eleitoral de 2018 teremos que fazer a pergunta: o que queremos como nação? Que país queremos ser? Queremos ser o país que regride para o mapa da fome e do trabalho escravo, ou uma nação desenvolvida, que valorize o trabalho, a produção e a distribuição de renda? Queremos ser um país alinhado de modo subordinado às grandes potências, ou buscarmos, de forma autônoma, construir nossa inserção internacional? Queremos ser eternamente produtores de commodities, ou desenvolvermos uma indústria 4.0?”, indagou a presidenta do PCdoB.
De acordo com ela, a pré-candidatura de Manuela é instrumento para este debate.
Entre os pontos elencados na plataforma da legenda estão: o fortalecimento do Estado nacional; a retomada do crescimento com foco na inserção do Brasil nas cadeias produtivas mais dinâmicas da economia e um programa de reindustrialização; a ampliação da taxa de investimento em educação, tecnologia e inovação; reforma tributária progressiva; a reforma política do Estado, tornar o Estado mais democrático, realizando reforma dos meios de comunicação, e do sistema judiciário; deter as medidas de desnacionalização da economia brasileira; reverter a emenda constitucional que cria o teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista e a da Previdência; fortalecimento do Sistema Único de Saúde; ampliação da oferta de educação pública e de qualidade, como instrumento de mobilidade social; políticas públicas de emancipação e de combate à violência contra as mulheres, adotando políticas que assegurem seus direitos na esfera do trabalho, na educação; promoção da igualdade social para os negros; respeito à liberdade religiosa e combate às discriminações; e o respeito à livre orientação sexual.
Tempo de luta
Em sua fala, Luciana chamou atenção para o contexto político e econômico vivido pelo Brasil e reforçou a importância da luta contra o governo de Michel Temer.
“As elites conservadoras, não conformadas com a quarta derrota consecutiva nas urnas, optaram por um golpe como atalho político, ferindo a democracia e o Estado de Direito. O governo usurpador que tomou de assalto o poder busca instaurar com celeridade uma nova ordem, de caráter neocolonial e neoliberal. Mas tem encontrado resistência nas ruas, no Parlamento”, disse.
Segundo ela, “os desafios da nossa época” ultrapassam as fronteiras e incidem na realidade do Brasil. “O processo acelerado em que se dão profundas transformações no sistema internacional, bem como as particularidades do capitalismo contemporâneo, suas crises e as disputas no tabuleiro geopolítico, são variáveis que incidem sobre a realidade política brasileira e a luta pela retomada do novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.”
Para Luciana, a principal característica da “conturbada transição em curso é o declínio relativo da hegemonia da superpotência estadunidense e a emergência de novos polos de poder econômico, político, diplomático e militar, no mundo”.
“Os EUA, sob a presidência de Donald Trump, buscam recuperar o dinamismo de sua atividade econômica. No entanto, do ponto de vista externo, sua retórica belicista e a atitude hostil às demais nações contribuem para a perda cada vez maior de influência. De outro lado, o fenômeno mais representativo da tendência mundial é o protagonismo da China socialista como potência e a recuperação do poder nacional da Rússia, ambas atuando em parceria estratégica, além da existência do Brics [acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. São países onde o Estado tem tido um papel central na estratégia de desenvolvimento, controlando setores estratégicos como grandes empresas e bancos de fomento, fazendo uso da política externa como instrumento do desenvolvimento. A resultante destes fatores é o fortalecimento das tendências à multipolaridade e a desconcentração do poder hegemônico dos EUA”, pontuou.
De acordo com Luciana, a China socialista tem se destacado como um dos polos dinâmicos desse reordenamento do globo, e demonstra que “a alternativa socialista é viável, factível, e pode auxiliar a responder aos anseios da humanidade por paz, desenvolvimento e progresso social”.