Confraternização da UBE homenageia o Brigadeiro Ferolla
Formado em engenharia eletrônica pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Sergio Ferolla foi diretor do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), entre 1989 e 1992, e, no mesmo período, ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Embraer; Foi também Comandante e Diretor de Estudos da Escola Superior de Guerra em 1993 e 94 e Chefe do Estado Maior da Aeronáutica, entre outros.
Devido a sua vasta experiência em setores estratégicos da defesa nacional, Ferolla frequentemente é convidado a opinar sobre a conjuntura do setor. Sempre defendendo políticas de inovação e estímulo à indústria nacional de tecnologia avançada, o militar critica o atraso que limita a capacidade científica, tecnológica e industrial brasileira, com sérios reflexos na inovação e nas exportações de produtos nacionais capazes de agregar tecnologias avançadas.
A homenagem costuma reunir membros da diretoria e associados da UBE para uma confraternização, antecedida por uma breve palestra do homenageado. Ferolla escolheu abordar o tema das tensões geopolíticas que dominam o extremo oriente e o papel estratégico da Ásia na economia e defesa mundial, frente aos interesses divergentes dos EUA.
Para isso, mostrou como se formou aquela região, desde o domínio mongol de Gengis Khan, tornando-se uma das regiões mais ricas de recursos energéticos, alta tecnologia, inclusive de defesa nuclear, como também plena de tensões militares.
O membro da direção da UBE e vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, foi quem sugeriu o nome do militar para o almoço de confraternização dos associados. “é um brasileiro excepcional, com uma trajetória enorme a serviço do Brasil, da ciência e tecnologia, patriota, um homem comprometido com o povo brasileiro, pouco conhecido porque ele não é muito dos holofotes, mas um é um personagem fundamental na trajetória de defesa dos interesses nacionais, sobretudo, no que diz respeito à parte da Aeronáutica, não só porque ele é um grande engenheiro, foi do Centro Tecnológico da Aeronautica, que está ligado a um ambiente importantíssimo e estratégico de autonomia e soberania nacional que alcança a Base de Alcântara, veiculo lançador de satélite, e é um grande intelectual. É sempre muito gratificante cada vez que vem uma pessoa com suas próprias ideias e enriquece muito nosso ambiente.
O vice-presidente da UBE, Ricardo Ramos Filho, ressaltou que está dentro da proposta da entidade, ao reunir seus associados, trazer sempre pessoas que tenham uma importância no cenário brasileiro e que tenham um posicionamento político alinhado com o pensamento da UBE. “Ele é um homem que traz nessa palestra a oportunidade de reflexão e diálogo com nossos associados”, acrescentou.
Ferolla se sentiu desafiado em oferecer uma palestra aos escritores, tanto pelo perfil do público, quanto pelo tema a ser abordado. “Não podia falar de política nacional, senão vamos discutir bobagem. Solução para o Brasil, nem o sombra sabe. Agora, nossos problemas estão ligados a essa conjuntura [da geopolítica asiática]. Se isso for bem, o Brasil vai bem, porque tem mercado, tem o que oferecer e não entra na fofoca. Mas é um ambiente tenso e pode pegar fogo, prejudicando-nos também”, analisou.
Ao destacar o prazer de falar aos intelectuais, o militar relembra sua trajetória, dizendo que fez tudo que gostava. “Voei muito, estudei engenharia, discuti tecnologia, dirigi instituto de pesquisa, participei de programas grandes na área de tecnologia, como o Proálcool e fiz projeto de radar. E quando estava no final da carreira militar, fui mandado para o Superior Tribunal Militar, que pertence ao Poder Judiciário, e tive que aprender mais uma porção de coisas. Convivi com o Aldo Rebelo [ex-ministro], com Samuel Pinheiro Guimarães [ex-embaixador], com o Dr. Durval Noronha [presidente da UBE], com Moniz Bandeira [historiador], que morreu outro dia, e com uma pessoa que pouco falam dele, o professor [Luiz Geraldo] Toledo Machado [escritor nacionalista, membro da UBE]. Convivi com essas pessoas, o que abre a mente da gente, porque o militar é meio…[fazendo com as mãos um gesto de antolhos]”.