COISAS DO BRASIL
114) CAUSOS DE CAUSÍDICOS
Quem é o doutor Madureira? Ele é promotor de justiça em Matozinhos, interior de São Paulo e teve contato com um caso que, embora pareça inverossímil, é a mais pura expressão da verdade. Não é que o réu, Sr. Leonídio de Tal, fora acusado de um crime!. O crime era um assassinato doloso. A vítima do Leonídio, Petronilho de Tal, morrera por obra de uma estocada de um espeto de churrasco no peito, que ostentava ainda muitos dias depois do evento, sangue de uma picanha mal passada, junto com as manchas outras, do sangue da vítima. O Dr. Madureira acusava o réu, cujo advogado de defesa alegava legítima defesa da honra. Conforme a douta explicação do Dr. Madureira, professor emérito de direito Penal, a honra é pessoal e não se transfere. Segundo ele, o que o réu teve foi orgulho e amor ferido. O Dr. José Pedreira, defensor do réu, passou a relatar o ocorrido sob sua ótica: meu constituinte, Leonídio de Tal, ficou muito surpreso quando ao voltar para casa, encontrou a esposa, da qual jamais suspeitara, completamente nua, com o vizinho, Sr. Petronilho, dentro do banheiro da casa. O réu pôs a porta abaixo com fúria, uma vez que nestas circunstâncias é muito difícil racionalizar… . O Dr. Madureira foi obrigado a concordar com o Dr. José Pedreira, ainda que tomado de surpresa. E continuou o Dr. José Pedreira …e se não bastasse o Sr. Petronilho estar traindo o réu, com a esposa do infeliz…
-Protesto, gritou o Madureira, no que o juiz Luiz Xavier disse:
– Protesto aceito!.
Pois bem, continuou o José Pedreira, ele estava traindo o réu com a esposa do mesmo e, ao ouvir os passos, meteu-se no banheiro da casa, onde a amante, após o coito estava tomando banho. Com a chegada intempestiva do réu, a vítima sentiu uma vontade irresistível de defecar – vítima que foi de disenteria de origem nervosa – passando a castigar a porcelana da casa do réu, no mesmo instante e em que o réu flagrou a vítima na mais antiga posição de esforço ventral e intestinal. O juiz teve que pedir ordem no recinto, para acalmar os presentes que riam a plenos pulmões. O próprio Madureira quase não aguentou a imagem poética profetizada pelo Dr. Pedreira, ao relatar a vítima surpreendida no banheiro, com o réu portando um espeto de churrasco, com dois ou três pedaços de picanha mal passadas, ainda respingando sangue, o qual misturou-se com o da vítima após ser devidamente espetado. Conhecedor de todas as evidências, o júri popular terminou por absolver o réu por unanimidade. Após o veredicto, ouviu-se amiúde dos sete jurados que era uma coisa muito feia o fato de a vítima ter castigado a porcelana na casa do réu, e o que ele fez no banheiro era muito mais grave do que fez na cama. Veredicto anunciado, o Dr. Madureira aproximou-se do Dr. Pedreira, para ouvir seu comentário, não sem antes pronunciar-lhe aos ouvidos: Ex Lege! O Dr. Pedreira externava seu inconformismo aos parentes da vítima. Fazia-o, talvez devido ao fato de que faria a exação o mais rápido possível, e o executado perdeu a causa, sendo ele o defensor. Afirmava que não haviam respeitado o princípio do contraditório. Não lhe foi dada a oportunidade de, contudo, o quanto foi dito ou provado contra seu cliente. Ele queria procrastinar o julgamento, para poder preparar o processo preparatório, aplicando o princípio da concentração. Achava que sua falha foi a de não exigir writ; para seu cliente, pois para ele sua tese de defesa era extremamente convincente. Hic Jacet Lepus, dizia ele. O seu cliente fora encontrado todo cagado, nu e morto no banheiro do réu; parecia impossível o júri não absolver o réu, lamentou. O Dr. Madureira, sarcasticamente, sorriu e foi embora, pois data máxima vênia, esperava um fim bem mais limpo para o caso.
Publicado em: 16/01/2007 16:17:59
Última alteração:23/01/2007 07:30:29
206) HEBE, A RAINHA DA TELEVISÃO BRASILEIRA
– Morreu Hebe Camargo!
E não morreu só uma mulher; não morreu só uma artista: Hebe era muitas mulheres numa só: mãe, cantora, apresentadora, política, crítica, simples e sofisticada, simpática e dona de um sorriso constante em seu belo rosto, que nem a idade conseguiu modificar.
Quando Hebe se foi, foram com ela outras tantas “Hebes”; Camargo ou não!
Dados Pessoais
Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, mais conhecida como Hebe Camargo, ou simplesmente Hebe, foi uma apresentadora de televisão, atriz, humorista e cantora brasileira, tida como a “Rainha da Televisão Brasileira”.
Nascimento: 8 de março de 1929, Taubaté, SP
Falecimento: 29 de setembro de 2012, São Paulo, SP
Filho: Marcelo Capuano
Netos: não
Cônjuges: Décio Capuano (de 1964 a 1971) e Lélio Ravagnani (de 1973 a 2000).
Biografia
Nascida em Taubaté, filha de Ester e Sigesfredo Monteiro de Camargo (apelido de Fego/Feguinho), Hebe teve uma infância humilde, porém não deixou de brincar com as crianças de sua rua, descalças e alegres. Na década de 1940, formou, com sua irmã Stella Camargo Reis, a dupla caipira “Rosalinda e Florisbela”. Seguiu na carreira de cantora com apresentações de sambas e boleros em boates, quando abandonou a carreira musical para se dedicar mais ao rádio e à televisão. Em 1954, Hebe substituiu Ary Barroso no comando do estrondoso sucesso da Rádio Tupi de São Paulo, o programa “Calouros em Desfile”, o primeiro show de calouros do rádio brasileiro. (Calouros em Desfile foi de tal maneira importante, que além do apresentador ser o autor da “Aquarela do Brasil”, ainda descobriu cantoras como Elza Soares, Dolores Duran e Elizete Cardoso, entre outras e outros). Ali se alicerçava a formação da apresentadora que trabalhou mais de cinquenta anos na TV. Ela estava no grupo da Rádio Tupi que foi ao porto da cidade de Santos buscar os equipamentos de televisão, para a formação da primeira rede brasileira, a Rede Tupi. Hebe foi convidada por Assis Chateaubriand para participar da primeira transmissão ao vivo da televisão brasileira, no bairro do Sumaré, na cidade de São Paulo, em 1950. No primeiro dia de transmissões da Rede Tupi, Hebe Camargo deveria cantar logo no início do “TV na Taba” (que representava o início das transmissões) o “Hino da Televisão”, mas alegou estar doente e faltou ao evento, sendo substituída por Lolita Rodrigues. Durante muito tempo as duas, que são amigas desde aquela época, não admitiram se Hebe deixou de cantar o Hino porque estava doente ou se foi por causa de um encontro amoroso. No programa “Irritando Fernanda Young”, exibido no dia 30 de dezembro de 2002 pelo canal pago GNT ela revelou ter ido acompanhar seu namorado na época numa cerimônia, onde ele seria promovido, no Teatro Cultura Artística. O programa Rancho Alegre (1950) foi um dos primeiros programas em que Hebe participou na TV Tupi, Canal 3, de São Paulo: Hebe fez um dueto com o cantor Ivon Curi, sentada em um balanço de parquinho infantil. Estas imagens estão gravadas em filme e são consideradas relíquias da televisão brasileira, uma vez que o vídeo tape ainda não existia e na época não se guardava a programação em acervos, como atualmente.
A estreia de Hebe na TV ocorreu em 1955, no primeiro programa feminino da TV brasileira, “O Mundo é das Mulheres”, onde chegou a apresentar cinco programas por semana.
Em 10 de abril de 1966, vai ao ar, pela primeira vez, o programa dominical de Hebe Camargo, pela TV Record (Canal 7 de São Paulo, atual Rede Record); o programa a consagra como entrevistadora e ela se torna líder absoluta de audiência, acompanhada do músico Caçulinha e seu Regional.
Durante a Jovem Guarda, Hebe deu espaço a novos talentos, como Roberto Carlos, Martinha, Wanderléa e Ronnie Von; a quem apelidou de Príncipe.
Logo depois, a apresentadora Cidinha Campos veio ajudá-la nas entrevistas. Hebe também arranjava tempo para o seu programa diário na Jovem Pan – Rádio Panamericana.
HEBE NA REDE TV!-2010
Hebe passou por quase todas as emissoras de TV do Brasil, entre elas a Record (onde participou de especiais humorísticos, como um quadro do espetáculo da entrega do Troféu Roquette Pinto, Romeu e Julieta, onde contracenou com Ronald Golias e Nair Bello, já falecidos, artistas que foram grandes amigos da apresentadora) e a Bandeirantes, nas décadas de 1970 e 1980. Na Rádio Bandeirante ficou até 1985, quando foi contratada pelo SBT.
Desde 1986 Hebe esteve no SBT, onde apresentou três programas: “Hebe”, “Hebe por Elas” e “Fora do Ar”, além de participar dos Teletons. O programa Hebe, foi ao ar em dia 4 de março de 1986, e ocorria nas noites de segundas-feiras. Porém, Sílvio Santos, dono do SBT, costuma mudar a “grade de programação” da emissora constantemente: entre 1986 a 1993, o programa foi ao ar nas terças-feiras. Em 1993, migrou para as tardes de domingo. No ano seguinte, voltou para as segundas-feiras; sem omitir que durante um período, foi exibido aos sábados. A apresentadora, como praxe em todas as redes de TV que trabalhou, recebia convidados para pequenos debates, fazia vez ou outra um discurso sobre um fato atual que movimentasse a opinião pública e fazia apresentações musicais: todos se sentavam em um confortável sofá, que se tornou uma instituição da televisão brasileira. Atrações internacionais como Júlio Iglesias, Enrique Iglesias, Laura Pausini, Thalia, Gloria Stefan, Shakira, Sarah Brightman, entre outros, foram convidados recorrentes no programa. Em 22 de abril de 2006 comemorou o 1.000º programa pelo SBT.
Por volta das 16h30min de 13 de dezembro de 2010, depois de gravar o especial de Réveillon de seu programa no SBT o programa Hebe, pegando a todos de surpresa, a apresentadora leu uma carta de próprio punho para seu auditório informando que ali foi a sua última atuação como funcionária do SBT. Estava ela se despedindo da emissora de Silvio Santos depois de quase 24 anos. O contrato dela com o SBT venceria no dia 31 de dezembro, mas diante disso, Hebe confirma que não deveria mais renovar com a emissora do “Baú”. O último programa de Hebe Camargo no SBT foi ao ar em 27 de dezembro de 2010. Dois dias antes de anunciar a saída do SBT, no dia 11 de dezembro, Hebe havia gravado com o apresentador Fausto Silva para o Domingão do Faustão, da Rede Globo (o SBT havia liberado) no qual recebeu uma homenagem (este programa foi ao ar no dia 26 de dezembro de 2010).
A carreira da apresentadora Hebe Camargo, de 83 anos, foi marcada pelo pioneirismo e pela irreverência. Nascida no interior de São Paulo, em 8 de março de 1929, mudou-se para São Paulo aos 14 anos com a família. Filha do violinista Fego Camargo, Hebe começou a vida artística apresentando-se como “cover” da cantora Carmen Miranda. Fez parte do quarteto Dó-Ré-Mi-Fá, da dupla sertaneja Rosalinda e Florisbela e seguiu carreira solo como cantora, quando ficou conhecida como “Estrelinha do Samba”. Hebe estava presente à cerimônia que marcou a chegada da televisão ao País, nos anos 50, ao lado de Assis Chateaubriand, e acabou nomeada madrinha da TV brasileira. Ela iniciou sua carreira televisiva ao substituir Ary Barroso na apresentação de um programa de calouros. Em pouco tempo, Hebe ganhou seu próprio espaço, “O mundo é das mulheres”, primeiro programa feminino da TV brasileira, onde ela era coadjuvada pela apresentadora e atriz Maximira Figueiredo.
Hebe passou dois anos afastada dos holofotes, depois de se casar com o empresário Décio Capuano, em 1964 e ter o único filho, Marcello, em 1965. No ano seguinte, a apresentadora estreava o “Programa da Hebe”, na TV Record. A atração, Roberto Carlos, chegou a alcançar 70% de audiência e eternizou a figura do “sofá da Hebe”, onde eram feitas as entrevistas com personalidades convidadas.
Em 1973, dois anos após sua separação de Décio Capuano, Hebe fez uma nova pausa na carreira, dessa vez de quase dez anos, para cuidar de seu filho Marcelo. Nesse período conheceu Lélio Ravagnani, com quem viveu até 2000; ano em que ele morreu. A apresentadora voltou às telinhas no início dos anos 80, na TV Bandeirantes. Em 1985, foi contratada pelo SBT, emissora na qual ficou até 2010, quando foi para a Rede TV! Em 1997, ao lado da cantora Rita Lee, lançou mais uma marca registrada: o hábito de dar “selinhos” em seus entrevistados. Hebe voltou a explorar seu talento para a música ao lançar dois CDs, em 1999 e 2001. Ao longo da carreira, a apresentadora recebeu vários troféus Imprensa e foi homenageada pela Associação Paulista de Críticos de Arte como melhor entrevistadora, além de ganhar um “Grammy”.
CÂNCER
Diagnosticada com câncer no peritônio (é uma membrana serosa, a maior do corpo, transparente e que recobre tanto a parede abdominal quanto as vísceras) em janeiro de 2010, Hebe lutava contra a doença desde então. Ela passou quase duas semanas internada. A apresentadora teve de ir para o hospital receber suporte nutricional e metabólico.
Hebe estava afastada das gravações do seu programa na “Rede TV!” desde junho de 2013. Naquele mês, ela passou por cirurgia para retirada de vesícula. Em março, a apresentadora tinha sido internada para a retirada de um tumor.
HEBE NO CINEMA
Conforme noticiado no Jornal EXTRA, a atriz global Mariana Ximenes deverá viver o papel da adolescente Hebe no cinema. O filme, que contará a história da multiartista, será dirigido por Cacá Diegues e deverá ter ao menos duas atrizes que farão o papel de Hebe em fases distintas da vida. As filmagens estão previstas para o ano de 2015.
Homenagens
Todo o acervo com fotos, discos, filmes e imagens de Hebe estão sendo arquivados e digitalizados desde o fim do ano de 2012, para uma exposição sobre a artista. A homenagem está programada para o segundo semestre do ano 2014, em São Paulo; e é coordenada pelo sobrinho e ex-empresário de Hebe, Claudio Pessuti. Algumas das joias e dos pertences pessoais e artigos de luxo da apresentadora também estarão presentes na exposição. Segundo Claudio, o lugar da mostra ainda não foi definido. Já a ideia de a apresentadora ter uma sala, com objetos expostos no Museu TV em São Bernardo, não foi adiante. Hebe, ainda quando estava viva, manifestou vontade de doar alguns artigos para o espaço, mas a negociação não se concretizou. Outra exposição com um retrato de Hebe feito por Paulo Calfati, artista plástico, fará parte da homenagem.
Lembranças
• “A gente sente falta do alto astral, das risadas. É uma mulher que não saberia viver doente. A festa de 80 anos na Disney foi inesquecível. Andamos nos brinquedos, foi nossa última viagem”, lembra Betty Szafir, uma das grandes amigas de Hebe.
• “A presença de Hebe Camargo continua viva entre nós. Parece que ela ainda está aqui. Desde que se foi, começamos a organizar o seu acervo. Não tem um dia em que não falamos sobre ela ou não lembramos. Estamos convivendo diariamente com ela”, diz o sobrinho Cláudio.
BIBLIOGRAFIA
As informações constantes nesse artigo, foram amealhados na internet e em jornais (Folha de São Paulo, Estadão e Revista Veja). Minha pesquisa começou em setembro de 2013 até hoje, 04 de janeiro de 2014. Infelizmente, este autor nunca esteve em nenhum evento onde Hebe participasse. É uma lástima, mas ocorre! O mais próximo que estive, foi jogar futebol com um de seus sobrinhos, que à época morava num bairro de Osasco (SP). O céu anda mais iluminado: Hebe brilha lá também…
Publicado em: 04/01/2014 10:48:29
Última alteração:10/01/2014 11:25:35
218) IPÊS
AUTOR: Antônio Carlos Affonso dos Santos -ACAS
IPÊ AMARELO
Primavera! Foi nas primaveras que conheci os ipês, nos tempos de eu menino, numa fazenda de café no interior de São Paulo, Brasil. Extasiava-me aquelas árvores soberbas, vestidas de roxo, rosa, amarelo e branco. Conforme aprendi com os mais velhos, aquela era uma árvores sagrada, posto que o Criador havia feito um trato com ela (árvore) para que elas se vestissem de festa para mostrar que, a cada ano, a vida se renova no final do inverno e chegada da primavera. Ainda que crise de falta de chuvas, às vezes faça com que a floração dos ipês de São Paulo aconteçam mais cedo ou mais tarde, os ipês roxo e o branco florescem entre junho e agosto; o amarelo e o rosa, no início de agosto e estendem-se até meados de setembro, quando anunciam aos trabalhadores do campo que já é hora de preparar a terra para mais um cultivo de arroz e de milho.
Mês de agosto. Inverno no seu último estágio. Os pastos ressequidos pela ação das geadas e das secas, abrigava um gado magro e sonolento. Com pouco para comer nas invernadas e piquetes, os animais aguardavam com paciência bovina e equina, o pouco de ração de cana picada e milho “silado em trincheira”, que o fazendeiro sovina nunca queria fazer na quantidade suficiente. A poeira levantava com os redemoinhos de sacis dos ventos mogianos, nas estradas secas onde os roceiros de pés descalços, rachados pela ação do frio e da terra alcalina, caminhavam nos campos onde os ipês solitários coloriam aquele resto de inverno, com sua melhor e mais bonita roupa floral estampada. O inverno, normalmente uma estação triste e cinzenta, vestia-se de alegria, com os ipês floridos…
Ipê Rosa
Quando somos crianças, “o tempo corre devagar”! Naquela época, o tempo era diferente: moroso como as vacas que voltam no fim da tarde, com os úberes murchos, mas com esperança de rever seu filhote e quiçá comer uma iguaria, que tanto pode ser sal ou cana picada, ou silagem. Tudo andava ao ritmo da natureza, nos seus estágios e estações naturais.
E os bosques da Fazenda São José do Pântano ficavam todos enfeitados por dezenas de ipês floridos. Havia o ipê roxo, o ipê rosa, o ipê branco, o ipê amarelo. Muitos anos depois, já na vida citadina, soube da existência do ipê verde, tão raro quanto bons leitores ou beija-flores vermelhos. Há um consenso no interior do Brasil que o ipê tem sentimentos iguais aos dos humanos: se ficamos concentrando nossa energia, focados na realização de um sonho, de repente tudo muda. E muda para melhor. Este “Ponto de Desequilíbrio” faz com quê até pessoas das quais nada se espera, num momento de superação façam algo que nos supre vai além das previsões mais otimistas.
Ipê amarelo – Arvore Símbolo do Brasil
O ipê (amarelo) é a árvore símbolo do Brasil. O nome ipê vem da língua tupi, e pronuncia-se “ype”, e significa «árvore com casca grossa». A designação científica do ipê é: gênero Tabebuia, da família das Bignoniáceas. A madeira do ipê é muito comercializada, especialmente para revestir pisos, devido à sua alta resistência. A casca do ipê roxo é considerada uma panacéia para muitos males, inclusive para prevenção contra o câncer. Como curiosidade, destaco outros nomes com que os ipês são conhecidos no Brasil: páu-d’arco, peúva, peroba-de-campos, ipê-amarelo, ipê, aipê, ipê-branco, ipê-mamono, ipê-mandioca, ipê-ouro, ipê-pardo, ipê-vacariano, entre outros.
A LENDA DO IPÊ
– Há uma lenda que conta a origem do ipê. Ela diz o seguinte:
– Naqueles tempos, o inverno estava nos seus últimos dias e todas as árvores da floresta estavam começando a florescer. Somente os ipês continuavam sem flores. Os ipês, cada vez mais se entristeciam com aquela situação. Eles eram os únicos que não tinham nem flores nem frutos.
Então, os amarelos canários da terra, percebendo a tristeza dos ipês, resolveram fazer seus ninhos somente nos galhos de um dos ipês. E ninhais também foram feitos pelas araras vermelhas e azuis e os sanhaços em outro; as garças brancas em outro, as siaciras em outro, e num outro ipê menos imponente, foram os periquitos, jandaias, maritacas e papagaios.
Os ipês ficaram muito felizes e resolveram pedir à Providência Divina que lhes dessem flores, como forma de agradecimento aos canários da terra e a todos os outros pássaros da floresta, pela alegria que tinham levado a eles.
No dia seguinte, dizem; sob o mais belo céu azul que aqueles sertões já conheceram, os ipês floresceram em várias cores. Cada um dos ipês se vestiu nas cores e matizes dos pássaros que os havia adotado. Quando tudo isso aconteceu, dizem, era agosto! E assim, desde então, os ipês têm florescidos em agosto; per saecula saeculorum.
Agora, a cada agosto, um vento frio sopra desde os sertões do Brasil: é a Providência Divina anunciando que ainda mais uma vez os ipês florescerão, cumprindo a aliança entre Deus e a Natureza.
As cores dos ipês são, portanto, expressão de um milagre do amor de Deus pela natureza e pelos seres que vivem na Terra.
Ipê Branco
Mas eis que, de repente, esta árvore de outros espaços irrompe no meio do asfalto. Interrompe o tempo urbano de correrias, semáforos, buzinas e ultrapassagens. E eu tenho de parar ante esta aparição do outro mundo! Assim como aconteceu com Moisés, que pastoreava os rebanhos do sogro, quando viu um arbusto pegando fogo; sem se consumir! Ao se aproximar para ver melhor, ouviu uma voz que dizia:
-“Tira as sandálias dos teus pés, pois a terra em que pisas é santa”.
Acho que não foi a sarça ardente. Deve ter sido um ipê florido. De fato, algo arde, é ésem queimar, não na árvore, mas na alma. E concluo que o Escritor Sagrado estava certo. Também eu acho sacrilégio chegar perto e pisar nas milhares de flores caídas, lindas e agonizantes, tendo já cumprido sua vocação de amor.
Mas sei que no espaço urbano as coisas fluem de maneira diferente. O milagre da floração dos ipês é visto por muitos moradores dos centros urbanos como canseira para a vassoura.
Ipê Rosa e Chão Sagrado
-Melhor o cimento limpo que a copa colorida; dizia uma minha conhecida!
Não raro sei de casos de pessoas que, por se cansarem de varrer as flores do ipê caídas no piso do quintal ou na frente das casas; atacam os ipês. Outras árvores são também castigadas pela ignorância dos humanos. Lembro-me de uma araucária numa rua ao lado do escritório no qual eu trabalhava; indefeso, com sua casca cortada em toda a volta; e furos de broca! Meses depois, estava morto, seco. Restaram somente dois ninhos de bem-te-vis; um com filhotes e outro com ovos!
Numa manhã qualquer, passei sob o grande pinheiro seco e os dois ninhos estavam no chão, talvez arrancados por uma ventania, talvez derrubados pela mesma mão assassina que matou o pinheiro. Num dos ninhos estavam os fetos de dois filhotes, no outro as cascas de dois ovos ressecados!
outro apenas as cascas de dois ovos quebrados.
Ipê Roxo
Mas no final, o que importa é o ritual de amor que o Criador faz manifestar-se no inverno. Ele espalhará sementes pela terra e a vida triunfará sobre a morte, o verde arrebentará o asfalto e as flores nas cores em tons roxos, rosas, amarelos e brancos, enfeitarão nossas cidades, ano após ano. Alguns poucos ainda verão os ipês de flores verdes, que tanto procuro e nunca vi.
Espero, entre ansioso e esperançoso, que um dia o ser humano respeite a natureza. A despeito de toda a nossa loucura, os ipês continuam fiéis à sua vocação de beleza, e nos esperarão tranquilos, todos os meses de agosto de nossa curta vida, por toda a eternidade. Todo ano temos um encontro marcado: no mês de agosto devemos nos preparar para ver e sentir a floração dos ipês, pois ainda haverá de vir um tempo em que os homens e a natureza conviverão em harmonia e os ipês serão os ícones desse “Novo tempo”.
PS: em setembro de 2008, recebi de uma escritora de um site no qual participo; imagens com as fotos de flores do ipê verde as quais, por pura imperícia, perdi. Também fui homenageado pelos curumins e cunhãs da Escola Primária de uma aldeia indígena (Kaiowás), da região de Dourados (MT).
Esses pequenos brasileiros fizeram desenhos dos ipês floridos e repassaram aos seus pais, na aldeia, a lenda do ipê, a qual não conheciam. Só isso me bastaria para que ficasse orgulhoso, mas a cada mês recebo algum tipo de manifestação sobre este texto. Agradeço a Deus por tê-lo feito, mostrado e contado.
POSTFÁCIO
Depois que publiquei este texto, em 2007, recebi este complemento de um jornal virtual de Portugal, onde sou colaborador (WWW.raizonline.com);
O Ipê Verde do Acas
Da Redacção do Raizonline
“ Uma vez que o nosso amigo e colaborador ACAS tem um prazer especial no conhecimento do raro Ipê Verde, resolvemos fazer uma pesquisa de forma a tentar satisfazer o seu desejo”.
Este Ipê Verde, acima, encontra-se na localização abaixo:23º57´42.61´´ S46º19´56.09´´W. A sua localização fica na cidade de Santos (SP) e a foto foi obtida no site: http://www.panoramio.com/photo/13868196
Publicado em: 19/06/2006 11:11:18
Última alteração:21/09/2012 10:00:43
233) MÃE, O MILTON (NASCIMENTO) ESTÁ AQUI EM CASA!
Corria o ano de 1967. Todas as tardes de domingo, jovens de todas as regiões de São Paulo, algumas de outras partes do país, andavam aos magotes por São Paulo, especialmente na Avenida Consolação, onde se localizava o Teatro Record, local do programa “Jovem Guarda”, transmitido pela TV Record, uma espécie de Rede Globo daquela época, para todo o Brasil. Naqueles tempos, surgiram muitos artistas de todos os rincões do Brasil, que viriam a ser os nossos ídolos; alguns brilham até hoje.
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Roberto Carlos, “o rei” da jovem guarda era uma unanimidade. Junto com o “Tremendão” Erasmo e a “Ternurinha” Vanderléia, tingiam nossas tardes de domingo de cores menos cinzentas, daqueles tempos de repressão e censura. Na esteira de Roberto Carlos apareceram Jorge Ben (sem Jor), naquele programa alcunhado de “O Bidu”, Martinha “queijinho de Minas”, Bob de Carlo, Marcos Roberto, Ed Wilson, George Friedman, Deni e Dino, Prini Lorez, Renato e seus “Blue Caps”, Meire Pavão, Ed Carlos, Ed Wilson, Cidinha Santos, Trio Esperança, Ronnie Vonn, Ronnie Cord, Waldirene, Leno e Líliam, Os Vips, The Jordans, The Fevers, Ary Sanches, Kátia Cilene, Wilson Miranda, José Ricardo, Brazilian Beatles, Djalma Lúcio, Arturzinho, Márcio Greik, Sérgio Murilo,Rosemary, Luis Carlos Clay, Marcos Roberto, Vanusa, Cláudio Fontana, Reynaldo Rayol, Os Vips, Dick Danelo, Sergio Reis, The Jet Blacks, Nick Savóia, The Clevers (mais tarde “Os Incríveis”), Silvinha e Eduardo Araújo, etc. Em verdade a música que faziam não era música de protesto contra a ditadura, porém traziam nova luz para uma geração, desde há muito, carente de heróis. Ao que parece, esta onda de artistas e os movimentos deles aconteceram em todo o mundo, se Adrede ou não, não importa.
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Com o advento da televisão, em 1954, passamos a ” ver ” nossos ídolos do rádio. Como as poucas emissoras de televisão não tinham como transmitir eventos fora do estúdio, pois na época não havia unidades móveis de transmissão, nem vídeo-tape, alguns “animadores” formavam caravanas de artistas e saíam à busca do povo na periferia das grandes cidades e em algumas cidades do interior. Assim, surgiram a “Caravana do Peru que Fala”, com o Sílvio Santos (hoje dono da rede de televisão SBT). Na verdade a “Caravana do Peru que Fala” começou com o Sílvio Santos imitando uma equipe formada pelo Carlos Alberto de Nóbrega, Canarinho, Ronald Golias e o cantor de tangos, o brasileiro Roberto Luna, que faziam um show de duas horas em circos (às vezes três em uma só noite). Este elenco do filho de Manoel da Nóbrega, criador da “A Praça é Nossa”, era denominada CARU, sigla que brincava com as iniciais dos participantes que faziam “sketches” humorísticos e canções. No final dividiam entre si o dinheiro arrecadado. Quando o Sílvio Santos viu que aquilo rendia dinheiro, montou a sua “caravana”, porém com uma diferença: seus astros eram empregados com salário mensal; dessa forma ele dispendia muito muito pouco do que ganhava nos circos para pagar aos seus “artistas” e ficava com a parte do leão (a maior parte). Os artistas de Carlos Alberto de Nóbrega eram um argentino de nome JUAN, ventríloquo, com dois bonecos manipuláveis; a macaca CHITA, amestrada que andava de bicicleta e etc.; a Zilda Rumbeira, o mágico Sebastian e etc. Após certo tempo, Sílvio Santos deixou de ir a circos e fazia seus shows na carroçaria de caminhões; agora com alguns cantores bem melhores e alguns até de relativo sucesso nas rádios, como Gessy Soares de Lima. Surgiu também à época, o programa “Alegria dos Bairros”, comandado por Geraldo Blota, um repórter de rádio esportivo, quase do mesmo estilo do Fausto Silva. Essas apresentações eram um sucesso estrondoso. O maior sucesso do “Alegria dos Bairros” era o rei do rock balada, o Carlos Gonzaga, que gravou o sucesso de Neil Sedaka, a música “Oh, Carol”. Havia outros artistas de sucesso, como Reginaldo Rossi e Luiz Vieira, dentre outros.
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O pessoal que fazia o “Jovem Guarda” com Roberto Carlos, substituía, com um atraso de quinze anos, os ídolos Carlos Gonzaga, “o rei do rock balada”, além de outros artistas, tais como o Reginaldo Rossi, o Luis Vieira, Golden Boys, Morgana “a fada loura”, Líliam Loy, Vander Lee, Luiz Aguiar, Gessy Soares de Lima, Edith Veiga, Anastácia, Jerry ADr.iane, Vanderley Cardoso, Antonio Marcos, Demétrius, Giane, Quinteto Violado, Elza Soares, Márcia e etc. Muitos deles já substituíam alguns ainda mais antigos, como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Tom Jobim, Nelson Gonçalves, Joel de Almeida, Germano Matias, Jorge Veiga, Carlos Galhardo, Jorge Goulart, Elza Laranjeira, Nora Ney, Elizete Cardoso, Ciro Monteiro “O Formigão”, Cartola, Sílvio Caldas, Luiz Barbosa, Dilermando Pinheiro, Anísio Silva, Trio de Ouro, Dalva de Oliveira, Ataulfo Alves, Manezinho Araújo, Luiz Gonzaga, Roberto Inglês, Roberto Luna, Mano Décio, Roberto Ribeiro ( que lançou uma cantora baiana que jogava basquete na seleção brasileira, chamada Simone), etc. Havia ainda a banda “Lira do Xopotó”,Orquestra Simonetti, Super Som TA, Pholhas, Ed Lincoln, Walter Wanderley, Mário Zan, Fred Williams, Altamiro Carrilho, Valdir Azevedo, Manoel da Conceição, Rosinha de Valença, Baden Powell, Dilermando Reis, Augusto Calheiros, Sílvio Caldas, Maysa, Orlando Silva, Agostinho dos Santos, Almirante, Luis Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, Mário Reis, Gasolina, Chico Viola, João Dias, Gilberto Alves, Emilinha Borba, Marlene, Doris Monteiro, Orquestra de Pífanos de Caruaru, etc.
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Como se vê, no Brasil o quê nunca faltou foi artista popular; da melhor qualidade!
Mas, como estava cronicando, em 1967 foi um exagero: Chico Buarque de Holanda, Caetano Velloso, Maria Bethânia, Beth Carvalho, Marília Medalha, Gal Costa, Novos Baianos, Antonio Carlos e Jocafi, Naná Caimy, Quarteto em Si, MPB4, Ivan Lins, Sérgio Ricardo, Jair RoDr.igues, Elis Regina ( a maior segundo ACAS) e Milton Nascimento, é claro.
…………………………………………………….
Um novo “Festival da Canção Popular Record” foi realizado nesse ano; todos eles fizeram parte. As discussões sobre quais seriam as melhores músicas fervilhavam em SãoPaulo. A atitude mansa do povo paulista, de repente efervesceu com os acordes de Téo de Barros e a letra de Geraldo VanDr.é (nada mais revolucionário que uma música, diria eu) na voz de Jair RoDr.igues, meu velho conhecido das peladas de futebol no campinho do Paulistinha do Jardim D’Abril, em Osasco; ele, filho da dona Conceição e irmão do sargento Jairo, com quem eu convivia em meu tempo de caserna em Quitauna, Jair cantava “Disparada”,a “A Banda” de Chico Buarque acalentava outra parte, na voz da saudosa Nara Leão, enquanto “Maria Carnaval e Cinzas” mostrava um Roberto Carlos diferente, cantando samba, ao passo que o “O amor é meu país” mostrava Ivan Lins como nunca ninguém mais viu. No mesmo ano, as “Organizações Victor Costa”, cujo único programa que se poderia dizer razoável e que era comandado pela Hebe Camargo e uma morena de olhos verdes lindíssima, a Maximira Figueiredo (o programa chamava-se “O Mundo é das Mulheres”), foi comprado pela recém criada Rede Globo de Televisão. A Rede Globo promoveu o “Festival Internacional da Canção” e um artista conseguiu classificar três músicas entre as dez melhores. Ficou famosíssimo do dia para a noite. E quê linda voz tinha ( e tem) o “Bituca”!
……………………….
Residência dos Ceneviva, bairro dos jardins, em São Paulo, ano 1967: segunda-feira, logo após o estrondoso sucesso de Milton no Rio de Janeiro, a Candoca, empregada vitalícia dos Ceneviva, com três décadas de serviço, dirige-se à patroa e pede licença para fazer “umas quitandas de minas” para servir seu afilhado de batismo, que morava em Minas e que veio, de passagem por São Paulo. A patroa, não só consentiu, como perguntou o quê a Candoca ia fazer para o afilhado; bolo de fubá, curau, pau-a-pique, chá de amendoim, bom-bocado…
-Fique à vontade, disse a patroa à Candoca; enquanto dava ordens para a criadagem segurando a chave do carro, ansiosa, pois iria sair para compras e uma passada no cabeleireiro.
Três da tarde: toca a campainha da casa. Como sempre a Candoca sai para ver quem é, enquanto as duas filhas da patroa ficam, de conluio, satirizando o “afilhado da Candoca”. E riam, baixinho, enquanto ouviam uma emissora de rádio que falava do estrondoso sucesso de Milton Nascimento no Festival Internacional da Canção. O locutor dizia a plenos pulmões, que nascia uma estrela de primeira grandeza na música popular brasileira. As filhas da patroa até discutiam sobre qual seria, dentre as três canções de Milton, a mais bonita, enquanto uma achava que era “Travessia”, a outra achava que era “Morro Velho”.
Entrementes, ouviram passos no corredor ao lado da casa: a Candoca estava levando seu afilhado para a cozinha, utilizando a porta dos fundos.
Passaram-se cerca de duas horas. O cheiro das quitandas mineiras da Candoca e a curiosidade das filhas da patroa, fez com quê uma delas fosse até a cozinha com a desculpa de “beber um copo d´água”. Lá, sentados em duas cadeiras, abraçados, estavam a Candoca e Milton Nascimento; ele ainda com farelos do bolo de fubá no canto da boca, sorriu aquele sorriso brejeiro e mineiro, que cativou a filha da patroa para toda a vida. Ela saiu correndo da cozinha chamando pela irmã mais nova. Novamente o Milton divertiu-se ao vê-las ansiosas e simpáticas, fazendo rodeios para se aproximarem dele.
A mais nova ligou par o salão de beleza onde estava a patroa e foi emendando:
– Mãe, volte pra casa; o Milton está aqui!
– -Quê Milton, filha?
– O Milton, mãe, o Nascimento!
– Que Nascimento, filha?
– Aquele do festival de música do Rio!
– Não me diga; é ele o afilhado da Candoca?
– Sim, mãe!
– Convida ele pra jantar. Vou avisar seu pai. Já estou indo.
…………………………
Nesta noite, a Candoca, orgulhosa, apresentou o afilhado de Minas para toda a sorridente e solícita família dos Ceneviva.
E comeram em comunhão de paz; Candoca na mesma mesa com os patrões, donde, por e a partir deste evento, passou a fazer todas as refeições, até o dia em que o Pai Eterno a chamou para junto de si.
Ao que parece, nasceu ali o mote da canção que anos mais tarde o Milton faria com o poeta Fernando Brandt, “Bailes da Vida”, onde ele dizia que o artista tem que ir até onde o povo está.
A família Ceneviva continua morando em São Paulo; quanto ao Milton, tornou-se nome reconhecido mundialmente, como todos nós sabemos e nos orgulhamos.
Publicado em: 30/03/2007 07:24:35
Última alteração:12/11/2010 10:31:25
237) MANHECENÇA CAIPIRA NO MEU PARAÍSO
Paisagem Bucólica
O dia nasce ao cantar do galo
Dos sabiás e pintassilgos,
Na amoreira rente ao quarto dos meninos
Do mugido das vacas com seus bezerros,
Livres do curral e da ordenha
E o cocheiro chega à casa
Com dois baldes de leite; espumante
Muuuuuuuuuuuuuuuhhhh, reclama
O bezerrinho, ansioso pelo leite escondido da mãe… .
Lá no alto do morro
Do angical enfeitado, veem-se as flores
Do ipê amarelo, repleto de aves
Que anunciam o tempo de plantar
Lá no brejo a saracura pia
Chamando filhotes…
Na cerca da casa, o cipó de São João, florido
Onde os cuitelos vêm buscar o mel
Que dividem com as jataís…
E um bando de quero-quero fazem a fuzarca
Dirigindo a orquestra da Natureza, que acorda bemol…
Um bando de urubus fazem círculos no trecho do eito de arroz…
E os fogo-apagou, fazem voos rasantes
Com as rolinhas e tico-ticos
Rumo ao palhal da máquina de arroz e café
Do qual se beneficiam, dos quais se alimentam
Correndo os campos, ouvindo o mugido do gado…
E, ao longe, escuta-se o mugir fanhoso dos bezerros
E lá no pântano, o coaxar da saparia…
E a eguinha preta, que acabou de dar luz ao potro
Que se apoia sobre as pernas, tremelicando…
Agora, alimentados e folgazões
Veem-se no caminho que atravessa o pântano
As cotias e os preás, passarem em bandos…
Uma mamangaba de barriga amarela, que espanta
Um carneiro, que sai dando cambalhotas
Em meio aos cabritos; dando pinotes…
Ouve-se o trote dos potros em reinações
E eu, tomo meu café com leite,
Com bolo de fubá e queijo
E me preparo para ir pescar
Tambiús e lambaris no córrego…
Antes, me refresco naquelas águas cristalinas
Do córrego do Pântano, talvez o último despoluído…
Depois, apanho as iscas, minhocas!
E as acomodo na lata de massa de tomate
(Algumas, das brabas, tentam sair)
Quarenta lambaris!!!!!!, depois, volto à casa
Não sem antes apreciar o meu próprio canto
-Meu paraíso!!!!!!!!!!!!!!
Publicado em: 11/05/2013 16:00:59
Última alteração:27/05/2013 18:31:21
242) Menino Campeiro
Lá, na fazenda de café onde eu nasci e vivia, nós os filhos do administrador, não tínhamos acesso aos cavalos de sela; como eram poucos, eles bastavam apenas aos camaradas (empregados), para uso na lida do gado; vez ou outra, para ir buscar uma encomenda na cidade, ou na casa dos donos da fazenda. Para nós, meninos, quando queríamos montar nos cavalos, apelávamos para a estratégia de levar sal embrulhado num papel ou guardanapo e um prato, roubado do armário da mãe. O prato servia de ardil para atrair o cavalo escolhido. Quando o cavalo se encaminhava na nossa direção, tirávamos o sal dos bolsos e o colocávamos no prato: eu nunca entendia como os cavalos apreciavam tanto o sal, desprezando qualquer outra guloseima! Quando o cavalo começava a comer, colocávamos o prato no chão; ao tempo em que o cavalo abaixava a cabeça para comer o sal, nós nos segurávamos nas crinas do animal e montávamos no lombo do mesmo. Sem rédeas, sem bridão, sem sela, nada: em pelo.
-Lembranças da meninice de menino caipira… .Boas lembranças!
Lá nos sertão de São Paulo
Vivia um bacurim atrivido
Cum seu cachorro prifirido
Fazendo as reinação da idade
Ele, que vivia longe da cidade
E se queria muntá de à cavalo
Ele se propunha de um estalo
A se divertí cum ingenuidade
Robava um prato da sua mãe
I um bom punhado de sár
I fingino ir no mato caçá
Saía pra muntá iscundido
Pois muntá, táva proibido
Pros bacurim da fazenda
Só Deus, tárveiz entenda
Chegava iscoiê a muntaria
Mostrava o prato, que atraía
-Ficava mió que´a incomenda.
Publicado em: 04/10/2012 11:52:53
Última alteração:05/10/2012 14:51:48
252) Minha Avó Biluca
De certo modo tenho uma boa inveja de quem tem avó! Não é que eu não as tenha tido, porém quando nasci, minha avó paterna já havia falecido. Só conheci a avó Biluca.
Minha avó materna, lindíssima mulher, mulata de olhos verdes, cintura fininha e pernas esculturais, cuja beleza tanta só era ofuscada pela sua bondade; ainda maior. Era tão boa comigo, que eu queria ter mais uma avó; porém jamais tive outra…
Minha avó “Biluca” sempre me emocionou com sua candura. Cozinheira fantástica, inventora de receitas de “quitanderias mineiras” e licores (jabuticaba-HUMMM); do frango frito caramelizado, do chá de hortelã com caramelo, etc.; mas um dia se foi… .
À época em que ela faleceu, eu já morava em São Paulo por cerca de dois anos, mais ou menos; portanto jamais a vi depois que deixei “minha terra”. Durante muito tempo senti remorso por não ter ido ao funeral, porém eu tinha apenas quinze anos de idade, de família pobre que não podia custear minha viagem da noite para o dia; para seu funeral foram apenas meu pai e minha mãe.
Lembro-me de quando ela sofreu o primeiro “derrame”, quando ainda morávamos na fazenda de café. Ela tinha que comer sem sal por três meses, pelo menos. Às vezes eu ia pescar só para ver se conseguia algum peixe para ela, cujo cardápio eram, fundamentalmente: arroz, chuchu, batata e alface; tudo sem sal. Mas, peixe ela podia comer. E até o peixe sem sal ela dizia que estava uma delícia, só para me agradar. E eu levava com todo o amor, os lambarís e mandís que conseguia pegar com minha vara de pesca.
-Ah, Dona Biluca, como eu gostaria que você voltasse, para deitar em seu colo e ganhar seu cafuné!
De certo modo tenho uma boa inveja de quem tem avó! Não é que eu não as tive, porém quando nasci, minha avó paterna já havia falecido. Só conheci a avó Biluca.
Minha avó materna, lindíssima mulher, mulata de olhos verdes, cintura fininha e pernas esculturais, cuja beleza tanta era ofuscada pela sua bondade, era tão boa comigo que eu queria ter mais uma avó e nunca tive outra…
Publicado em: 17/06/2008 12:39:57
Última alteração:18/06/2008 07:14:59
254) MINHA PRIMEIRA VIAGEM DE TREM
– Jamais esquecerei minha primeira viagem de trem!.
Na época, tinha mais ou menos nove anos de idade e vivia numa fazenda do interior. Todos os dias o caminhão do leite da Nestlé vinha pelas estradas de terra até a fazenda em que vivia, para coletar todo o leite excedente. O caminhão transportava o leite até uma fábrica de lacticínios.
Prática bastante usual na minha terra, mediante um preço irrisório, esses caminhões do leite transportavam pessoas até a cidade mais próxima.
Como a coleta do leite se fazia duas vezes ao dia, as pessoas tinham condução para ir e voltar. Naquele dia eu não estava bem, já que ficara acordado por horas na noite anterior, devido ‘a ansiedade e mal pude dormir. Após o café da manhã eu ainda estava nervoso. Meu irmão mais velho, o Nelson, iria me acompanhar. Nós iríamos até uma cidade chamada “Serra Azul”, para visitar uma tia velha que queria muito me ver. Eu estava vestindo minha roupa marinheira, a mais linda roupa marinheira de que tenho notícia; usada na minha primeira comunhão. Minha primeira comunhão era a causa da saudade repentina da tia velha. Além da belíssima roupa marinheira, eu usava também uma boina que completava o uniforme.
-Eu estou lindo, pensei!
Na hora certa, subimos no caminhão do leite e fomos embora. Após duas horas de sacolejos, chegamos na estação do trem. O trem era uma Maria Fumaça, alimentado à lenha, que gerava vapor, que fazia o trem andar. Era a “Companhia São Paulo e Minas” (cantada pelo Milton Nascimento em uma de suas canções).
Eu estava feliz. Da janela do trem ficava apreciando as montanhas, os rios e suas pontes, as árvores, os pássaros e os rebanhos. Achava curioso que, se fixasse o olho num ponto fixo, uma árvore, por exemplo; ‘a medida que o trem andava, parecia que rodávamos em volta de tal árvore. Que delícia, pensei. Durante a viagem vi um homem, usando um belo uniforme azul marinho com galões dourados nas ombreiras e um quepe, também muito bonito, onde estava escrito: “Chefe de Trem”. Este “chefe de trem” empunhava um balde com água. E caminhava com o balde, de um vagão ao outro. Após certo tempo, voltava com o balde vazio. Perguntei ao meu irmão, qual o significado daquilo. Ele me disse que aquele homem apagava pequenos focos de incêndio nos vagões; que era um trabalho frequente naquele tipo de trem, e etc. Explicou ainda que os focos de incêndio eram devido às fagulhas que saíam pela chaminé da locomotiva. Então, aconselhou-me a sair da janela ou pelo menos fechasse os vidros quando passássemos por túneis ou em curvas muito fechadas, senão poderia queimar minha roupa. Não lhe dei ouvidos até chegar no destino. Vocês podem imaginar a minha cara quando chegamos na casa da minha tia: Meu rosto estava coberto do pó da estrada, devido ao caminhão do leite, meu pé estava machucado devido ao sapato novo, e estava faminto, além da roupa amarfanhada. Certamente, minha tia deve ter tido uma decepção ao me ver, porém, eu jamais esquecerei a minha primeira viagem de trem.
Publicado em: 12/08/2005 07:52:40
255) Minha Terra, hoje: fábulas e leis ambientais
Na empresa de engenharia em que trabalho, tem gente de todo canto do país e do mundo. Convivo com gaúchos, paranaenses, mineiros, goianos, cariocas, fluminenses (ah, o tricolor das laranjeiras caiu pelas tabelas), baianos, pernambucanos, piauienses (nenhum se chama José; creio que são falsos!), cearenses, maranhenses, chilenos, uruguaios, argentinos, colombianos, mexicanos, ingleses, americanos, portugueses e japoneses. Só não sabia que o Engenheiro Ari, da Civil, era de Santa Rosa de Viterbo. E conversa atrai conversa, ele me passou às mãos deste escriba, um retalho do jornal de Santa Rosa de Viterbo (SP), cidade que conheci quando não havia sequer uma rua que fosse pavimentada; naquela época Cravinhos (SP), meu torrão natal, estava para Santa Rosa de Viterbo, assim como a cidade de São Paulo está para Nova Iorque (MA). Mas, Santa Rosa de Viterbo cresceu, e hoje em dia, rivaliza com Cravinhos, a hegemonia regional daquela parte da alta Mogiana. Se em Cravinhos tem o escritor Carrascoza, famoso; Santa Rosa de Viterbo, além do José Hamilton Ribeiro (de quem comprei um lindo livro chamado “Música Caipira”), tem o Zé Pretinho, que vai ficar famoso agora, na Internet.
Mas, passando de peru para ganso, como se diz, recebi um retalho do JORNALZÃO DE SANTA ROSA DE VITERBO, que contempla parte das páginas 37 e 38 da edição de 25/11/2006-Edição 560, pois já haviam me falado (bem) de um colaborador do jornal, o Zé Pretinho; caboclo bom, sacudido, mamparrento e desconfiado, que nem preto (negro) é, na verdade ele é seis horas; nem claro nem escuro direito. Descobri que o Zé Pretinho é um contista nato, daqueles que dá gosto de ler, bem ao meu feitio.
Mas, este caboclo Zé Pretinho escreveu uma fábula, cuja personagem principal é uma vaca. Mas, não pense o leitor que é uma vaca comum; não senhor: é uma vaca que se chama Brama. E é Brama sem H entre B e R, ou seja Brama brasileira, de quaDr.is e peitos fartos.
-E não é que a tal vaca Brama, foi disputar um concurso de gado leiteiro e tirou o primeiro lugar?
Segundo o Zé Pretinho, que isso conhece a fundo, pois ele trabalha na Cooperativa dos Produtores de Leite de Santa Rosa de Viterbo; a Brama deu 28,5 kg de leite (mais ou menos 29,3 litros) de leite, especial, espumante, denso, cremoso, gostoso!
Aqui, o Zé Pretinho, que acho que estava variando das ideias quando escreveu; deu para escutar o gado conversar, talvez influenciado pelo Guimarães Rosa, quando a Brama voltou para o piquete, para junto do seu pessoal, lá da Fazenda Figueira Branca.
O touro Soberano foi logo dizendo, cheio de charme:
– Parabéns, Brama. Eu sabia que você iria vencer! Nem a Skol te derrotaria!
Obviamente o Zé Pretinho ainda mencionou o quê a vaca Brama falou do touro Bandido, aquele que trabalhou na novela da Rede Globo. Ela disse que agora ele (o Bandido) está na profissão de modelo e chega a fazer cinco desfiles por semana; e etc., etc.
Me deliciei com o conto do Zé Pretinho!
Num outro canto do JORNALZÃO, DE SANTA ROSA DE VITERBO, dentre as notícias de interesse da coletividade santa-rosense, o jornalista Edmar Esteves menciona que a polícia da cidade aplicou uma multa de R$ 1000,00 a um concidadão, por crime ambiental inafiançável. O crime do Seu Tunim foi de que ele estava pescando, sentado no barranco do córrego; fato proibido por lei ambiental devido à piracema, a tal corrida dos peixes rio acima, para desova. A polícia confiscou ainda a sua varinha de bambu jardim, de fantástico comprimento de quatro metros, dez metros de linha 0.4 mm, um anzol de bagre e uma lata de minhocas bravas. E atentem para o fato de que o Seu Tunim quando foi flagrado pelos policias, ainda não tinha fisgado nenhum mandi. Voltou sapateiro para casa!
Lembro a vocês leitores, que Terra é sempre Terra. Não importa o tamanho, como já dizia Fernando Pessoa, quando escreveu sobre sua aldeia. Eu sou uma pessoa de cabeça urbana e pés caipiras, igualzinho ao grande Zé Pretinho, de Santa Rosa de Viterbo.
Publicado em: 29/11/2006 07:18:55
Última alteração:07/12/2006 16:50:57
257) Monte Alegre do Sul e a Fonte da Índia Obirici
Prólogo e Nota do Autor (N.A.): para o texto abaixo, usei grande parte dos dados históricos publicados no site da Prefeitura Municipal da Estância HiDr.omineral de Monte Alegre do Sul, (www.montealegredosul.org.br).
……………………………………………………..eis o texto:
A cidade de Monte Alegre do Sul, SP, Brasil, protegida pelas últimas ramificações da Serra da Mantiqueira, em pleno vale do Rio Camanducaia, fica no circuito paulista das águas, sendo autodenominada Estância HiDr.omineral de Monte Alegre do Sul.
A natureza, excessivamente generosa, dotou o município de locais privilegiados, onde o homem instalou suas plantações de morango, seus alambiques de cachaça e suas produções de vinhos de mesa.
Em fins do regime monárquico, alguns desbravadores de Amparo e Bragança Paulista, cidades da região, se estabeleceram neste bucólico vale do Camanducaia formando sítios e fazendas de café, além de preservar grande parte das matas naturais.
A fama de suas águas cristalinas, juntamente com a fertilidade do solo e sua beleza natural, com paisagens montanhosas; propiciaram uma serenidade sem igual e uma beleza sem par.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE MONTE ALEGRE DO SUL
Em fins do regime monárquico, alguns desbravadores de Amparo e Bragança Paulista, se estabeleceram neste bucólico vale do Camanducaia, formando sítios e fazendas de café e preservando as grandes matas naturais.
A fama de suas águas cristalinas, juntamente com a fertilidade do solo e sua beleza natural com paisagens montanhosas, propiciam uma serenidade sem igual e uma beleza sem par.
Entre os colonos que vieram, estava o senhor Theodoro de Assis, homem simples e abnegado devoto do Senhor Bom Jesus. Theodoro era colono do senhor Antônio Pereira Marques, então proprietário da Fazenda Marquinhos. Nesta fazenda passava um ribeirão, no qual Theodoro encontrou uma imagem do Senhor Bom Jesus.
O abnegado devoto, contando com o bom senso do patrão, ergueu no terreno de sua casa uma pequena capela de pau-a-pique, sob a proteção do Senhor Bom Jesus. Mas, o senhor Antônio Pereira Marques, dono do latifúndio, indignou-se com a atitude de Theodoro, por ter construído a capelinha sem a sua autorização e ordenou que a mesma fosse demolida.
O velho Theodoro, contrafeito, não desistiu da luta. E então foi procurar o sitiante Lourenço de Godói, homem digno e dono das terras onde hoje se localiza a cidade de Monte Alegre do Sul. Theodoro lhe contou o ocorrido. O sitiante, condoído com o evento, ofertou ao Theodoro um terreno seu, no qual poderia construir a capelinha, sendo a mesma erguida onde hoje se localiza o Coreto da Praça Bom Jesus.
É de conhecimento geral que a citada imagem foi encontrada pelo colono Theodoro no dia 06 de Agosto de 1873; daí a razão da festa do Padroeiro acontecer no dia 06 de Agosto, quando se comemora também a data de fundação da cidade.
Ao redor da capelinha foram sendo construídas várias residências, formando-se então o Bairro da Capelinha. Muitos forasteiros foram atraídos pelos milagres do Senhor Bons Jesus e vieram conhecer o lugar, gostaram e aqui se estabeleceram; muito em função da magnitude de beleza da natureza, da salubridade do clima e das águas.
E o Bairro da Capelinha foi aumentado, sempre ao redor da igrejinha erguida por Theodoro de Assis, considerado o fundador da cidade.
Em meados de 1.880, a capelinha foi demolida e em seu lugar foi construída outra maior e com uma imagem ainda maior do Senhor Bom Jesus; essa doada pelo latifundiário Senhor Antônio Pereira Marques, em sinal de arrependimento pelo que fizera ao seu colono Theodoro, anos antes.
Em 1882, o capitão José Inácio resolveu, com o auxílio dos moradores e devotos, construir uma igreja maior. E assim o fez; no mesmo local onde hoje se situa o Santuário do Senhor Bom Jesus, sendo no mesmo ano nomeado pároco da igreja o Padre Alexandrino do Rego Barros, que fundou a primeira escola, sendo ele mesmo o professor.
Um ano mais tarde, o Capitão José Inácio, que era poderoso na região, construiu a casa paroquial e um prédio para a escola recém fundada, doando-os ao Senhor Bom Jesus.
No dia 05 de Março de 1.887, por força da Lei Nº 15, o Bairro da Capelinha foi elevado à condição de Distrito de Paz, sob a denominação de “Freguesia do Bom Jesus de Monte Alegre” e por força da mesma lei, o Governo Estadual autorizou a determinar os limites da nova Freguesia, sendo nomeado para o cargo de subprefeito o senhor João Herculano da Serra e para Oficial Maior o senhor Querubim Silveira de Mello.
No dia 16 de Novembro de 1887, foi criado um distrito e uma subdelegacia de polícia, e foram demarcadas as divisas da nova Freguesia.
Em 1890 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro da Companhia Mogiana, cujos trilhos desbravadores chegaram à Freguesia de Bom Jesus de Monte Alegre. À época o movimento de passageiros era feito por meio de troles; uma espécie de charrete. Com a estrada de ferro, nasce uma nova era e descortinava-se ali, novos horizontes à Freguesia.
Em 1893, a então Câmara Municipal de Amparo, cria uma Escola Municipal, nomeando o senhor Antônio Vicente Borges como professor.
Um ano mais tarde, no ano de 1894, foi criada a agência dos correios, ampliando assim os nossos meios de comunicação.
(N.A.: observa-se aqui que este testemunho histórico prova que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a usar o correio).
Durante os anos de 1890 à 1905, foram criadas as Escolas Estaduais, que finalmente tornaram-se as “Escolas Reunidas de Monte Alegre”, sob a direção do professor Raul de Paiva Castro.
Em 21 de Abril de 1909, foi inaugurada a estrada de ferro ligando Monte Alegre à Socorro, aumentando assim as relações entre o Distrito e a cidade vizinha de Socorro.
Em 1915 e 1916, consecutivamente, a Empresa Elétrica de Amparo e Companhia Telefônica Brasileira (CTB), estenderam ao Distrito os seus valiosos serviços, sacramentando a nova era na então Monte Alegre.
No ano de 1932, a então Igreja do Senhor Bom Jesus foi elevada à categoria de Santuário pelo Bispado de Campinas, por situar-se aninhada entre as montanhas e, particularmente, pelo aspecto religioso do morro do Cruzeiro e nesse mesmo ano, foi nomeado para primeiro pároco do Santuário, o Cônego José Cobucci, que terminou seus dias aqui, na já Monte Alegre do Sul, que já detinha o epíteto de cidade presépio.
Em 14 de Dezembro de 1942, foi fundada a Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, fato esse que veio trazer grandes melhoramentos à região, bem como o levantamento sócio econômico do homem rural.
(N.A.: esta Estação fica bem próxima da Fonte da Índia, citada adiante neste artigo).
Em 30 de Novembro de 1944, foi editado o Decreto lei Nº 14.334, que trocava o nome Monte Alegre do Sul para Ibiti, fato esse que causou transtorno geral entre os moradores e políticos da época.
Muitas relutâncias perante a nova denominação e após muitas desavenças, aos 24 de Dezembro de 1948, por força da Lei N.º 233, a então Ibiti foi elevada a categoria de Município com o nome de Monte Alegre do Sul, Comarca de Amparo, 8ª Zona Eleitoral.
E a luta continuava com o intuito de transformar Monte Alegre do Sul em Estância; estribados na pureza das águas que jorravam de suas rochas, na sua paisagem montanhosa e na salubridade do seu clima. Os políticos da época viram seus sonhos se transformar em realidade somente 16 anos mais tarde, aos 12 de Dezembro de 1964, agora por força da Lei Nº 8.517, Monte Alegre do Sul passava a ser a Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul.
Em 1966, por ato governamental, extinguiu-se o ramal ferroviário Socorro / Monte Alegre do Sul / Amparo, ficando a Estância ligada somente por meio rodoviário precário, mas não tardou a chegada do asfalto, graças aos esforços empreendidos pelos políticos da época.
(N.A.: a cidade natal do autor, Cravinhos, passou por situação semelhante no mesmo ano, perdendo sua ligação pela Companhia Ferroviária Mogiana; mais tarde refizeram a linha, diminuindo 800 quilômetros entre São Paulo e Goiás; a estação de Cravinhos foi refeita somente nominalmente, pois ficava fora da cidade; muitos quilômetros!!!!. E perdeu o charme das chegadas dos trens mistos, que causam tantas lembranças a este autor. Muitas cidades do interior de São Paulo, praticamente morreram após este gesto. Hoje, a Rede Ferroviária Federal faz muito pouco; estão semiabandonadas, pois foi dado preferência ao transporte rodoviário).
E a Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul, prossegue escrevendo sua história nos anais do Estado.
Em 17 de Novembro de 1978, após longos anos de nomeações constantes para prefeito da Estância, por força da lei Nº 1.844, Monte Alegre do Sul foi transformada em Estância Turística e foram marcadas eleições diretas para o dia 29 de abril de 1979.
Em 08 de Maio de 1986, por força da Lei Nº 5.091, Monte Alegre do Sul volta à ser considerada Estância Hidromineral, fato esse o mais justo, pelos motivos já aludidos anteriormente.
Como veem, Monte Alegre do Sul tem um povo que pensa; atualmente até a prefeitura tem dado apoio aos estudantes: quem cursa faculdades no período noturno, tem garantido transporte de ida e volta por conta da prefeitura, num raio de no máximo 50 quilômetros e desde que haja um número mínimo de estudantes (8 pelo menos). Ultimamente o orgulho da cidade são as estudantes da E.M.E.F. “Prof.ª Esther Silva Valente”, as alunas BRUNA CAROLINE PETTEAN e MAIRA GABRIELA DAÓLIO CAMPANARI, que foram classificadas entre as finalistas de importante concurso nacional, o 15º Prêmio Nacional Assis Chateaubriand – Projeto Memória, cujo tema era “Rondon: a luta pela integração nacional e a causa indígena.” (N.A.: Rondon foi o responsável a levar o telégrafo para o interior do Brasil. Sua numerosa equipe tinha também indianistas, que fizeram os primeiros contatos com muitos índios e tribos primitivas).
Há de se destacar que estas duas estudantes estão entre as seis que o estado de São Paulo classificou em tal concurso. Elas disputaram com mais de sete mil trabalhos de todo o estado de São Paulo.
A Fonte da Índia Obirici e a Lenda que a Envolve
E, por falar em tema indígena, vou falar-lhes da “Índia
Obirici”, ícone da mulher sul-monte- alegrense.
No frontispício da fonte da Índia, há duas placas de granito onde foram esculpidas a história de Obirici e a criação da serra da Mantiqueira, eis as inscrições:
“desditosa no seu grande amor, Obirici suplicou aos céus, que perpetuasse na Terra, a memória de sua dor. Condoído, Tupã deu à humanidade o bálsamo das lágrimas e do pranto que, pela primeira vez brotou dos olhos de Obirici, originando-se as fontes cristalinas e murmurantes…”
(N.A: Tupã = Deus, na língua Tupi)
A outra placa, de mesmo tipo de granito, onde está descrito:
“Mantiqueira” (Amanti Quira, ou Manti Quira), dos antigos “Maan=Coisa” e “Tiquira = Que Verte” ou Serra das Vertentes”.
– Na opinião do autor, Monte Alegre do Sul é bonita de se ver e linda de se sentir!
Publicado em: 25/03/2010 19:02:08
Última alteração:22/09/2010 18:21:47
259) Muibo Cury
Muibo Cury fazendo locução na Rádio Bandeirantes
“O João de Barro/Pra ser feliz como eu/Certo dia resolveu/Arranjar uma companheira/……/com o barro da biquinha/ele fez sua casinha/Lá no alto da paineira/……/Que semelhança/Que tem o nosso fadário/Só que eu fiz o contrário/Do que o João de Barro fez/ Nosso Senhor/ Me ajudou naquela hora/A ingrata eu pus pra fora/Por onde anda eu não sei”. Música eterna de autoria de Muibo Cury e Teddy Vieira.
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O autor da música sertaneja que é considerada um clássico, o João de Barro, faleceu há pouco, deixando uma lacuna no mundo artístico e musical brasileiro. Muibo Cury, nascido de família árabe (libanesa) com o nome de Muhib Cury, mas também chamado de Muibo César Cury, nasceu em Duartina, estado de São Paulo na região noroeste do estado de São Paulo, zona de influência da cidade de Bauru; em 15 de janeiro de 1929 e faleceu em São Paulo, em 26 de dezembro de 2009, vinte dias antes de completar oitenta anos de idade. Muibo Cury foi cantor (fez sucesso com o cognome de Barroso, na dupla Barreto e Barroso); foi ator (participou em telenovelas na TV Tupi e TV Bandeirantes. Seus últimos trabalhos televisivos foram uma participação em Memórias de um Gigolô e num comercial da Skol, no Natal de 1993).
Muibo Cury estreou em 1949, na Rádio Clube de Marília. Desde 1952, portanto há 57 anos, trabalhava na rádio Bandeirantes AM, onde apresentava o programa Arquivo Musical e o Jornal em Três Tempos, ao lado de Chiara Luzzati e Paulo Galvão.
Foi também compositor e fez dezenas de músicas sertanejas “de raiz”, sendo a mais famosa o “João de Barro”, que fez junto com o Teddy Vieira. Foi ainda radialista e trabalhou tanto na apresentação de programas como em locução de noticiário ou locução comercial. Foi também dublador profissional e neste trabalho deu voz a muitos artistas consagrados e personagens famosos de desenho animado.
Certa vez um engenheiro que comigo trabalhava numa empresa de engenharia, me procurou para dizer que o sogro dele (Zé da Estrada, da dupla Pedro Bento e Zé da Estrada), havia sido convidado para participar de umas fotos com alguns artistas ícones caipiras, cuja finalidade era o livro do jornalista laureado e repórter da importante Rede Globo de Televisão, o José Hamilton Ribeiro, lá de Santa Rosa de Viterbo (e contemporâneo do Romeu Antunes e do Zé Pretinho, escritores mais prestigiados daquela cidade). O tal engenheiro disse-me que o José Hamilton Ribeiro havia escrito um livro sobre música caipira e quis me avisar do evento; sabedor do meu interesse pelo assunto. Conclusão: fiquei ansiosíssimo e fui comprar o livro no primeiro momento de folga que tive. Quando peguei o livro em minhas mãos, abri-o numa página qualquer: página 46. Lá eu li que o Teddy Vieira havia falecido em 1965, que era um militar culto e cultor de música caipira, que sendo ele diretor da Gravadora Continental (mais tarde Chantecler), era muito procurado por pessoas que tinham ideias boas para uma música caipira, mas que tinham dificuldades em fazer uma melodia ou letra mais apropriada. Teddy Vieira, que também tocava viola, fez muita música caipira com muitos parceiros; numa dessas vezes quem se apresentou a ele foi o Muibo Cury, que lhe mostrou a música “João de Barro”. À época, Muibo era radialista da Rádio Bandeirantes. O próprio Muibo contou ao José Hamilton, que em certa ocasião ele havia se encantado ao ver, no sítio de um amigo, um casal de João de Barro, fazendo sua casinha. Ficou sabendo então que o João de Barro é conhecido como o “pedreiro da floresta”. Muibo passou horas e mais horas acompanhando o trabalho de construção da casa de barro do pássaro. Soube então, nesta época, que havia um mito de que se o passarinho fosse traído pela fêmea, aprisionava-a na casinha, levando a parceira à morte. Desse evento, começou a compor a música. Resta informar que à época, o Muibo não tinha nenhuma experiência em fazer música, mas, como se depreende, sobrava-lhe sensibilidade poética e dom musical. Muibo curtia música caipira desde menino e tocava viola, mas nunca havia composto uma música.
Muibo era de origem libanesa. Na verdade, Muibo nunca vivera no campo, pois seu pai tinha uma lojinha em Marília, onde vivia. A música do João de Barro foi feita de maneira confusa e versos muito longos, embora tenha ajeitado uma melodia. Faltava que alguém, mais criativo e com prática, refinasse a melodia e a letra.
Nessa época, como dito pelo próprio Muibo ao José Hamilton, ele já trabalhava na Rádio Bandeirantes, justamente no “horário dos caipiras”, em programa dirigido pelo Capitão Furtado , nome fantasia de Ariovaldo Pires, sobrinho de Cornélio Pires nome legendário dentro da história da música caipira. Muibo recolheu informações precisas de que a pessoa certa para ajudá-lo era o Teddy Vieira, à época já um compositor diferenciado. Muibo foi recebido com simpatia pelo Teddy e lhe mostrou seu rascunho. Foi aventada uma hipótese de que a música do Muibo deveria ser retocada e poderia entrar na gravação da dupla Mineiro e Manduzinho, pois eles estavam necessitando de uma música para gravar o Long Playing. Muibo foi até ver a dupla ensaiar o João de Barro: estava uma beleza. Mas, depois de vários eventos e incidentes, um dos parceiros da dupla caiu doente e demorou muito para se restabelecer. Depois de muitos vais-e-vens, o tal parceiro, o Mineiro, faleceu! A gravação foi feita mas ninguém “trabalhou” a música e esta caiu no esquecimento. Depois de vários anos, Sérgio Reis, depois de uma conversa com o Zé da Estrada, soube da existência da música e fez contato com o Muibo. A música fez muito sucesso e até o Muibo disse que foi uma pena que o Teddy já tivesse morrido e não tenha visto o sucesso da música. E eu, ACAS, tão fã de Muibo, não sabia dessa história até conhecer o livro do José Hamilton.
Apresentou um programa diário dedicado à música caipira, o “Raízes do Brasil”, nas madrugadas da Rádio Cultura AM, mais especificamente nas manhãs de todos os dias, de segunda a segunda, que era levado ao ar das 6:00 horas até às 7:00 horas. Foi nesse programa que eu, ACAS, fiz contato com o Muibo. Lembro que, quando lhe enviei um exemplar de meu primeiro livro, o “Pequeno Dicionário de Caipirês”, ele agradeceu aos microfones da Rádio Cultura e passou a comentar meu livro por cerca de cinco minutos. Quem sabe um pouco como funciona a mídia das emissoras, entende que foi um “longo” tempo que ele dedicou a mim e ao meu livro. Ele leu alguns verbetes e os comentou, leu um trecho de um conto caipira que fiz para o livro, mencionou a editora e etc. Já antes disso, eu havia enviado, pelo correio eletrônico, alguns textos caipiras e ele as leu com aquele vozeirão inconfundível e com aquela precisão de declamador profissional. Muitas e muitas vezes eu enviei textos e ele as leu todas, pedi músicas caipiras e ele atendeu; todas as vezes! Certo dia, ele comentou no programa, que um tal Padre Mauro, o padre caipira (segundo ele), iria realizar uma missa caipira na igreja Dom Bosco, no alto da Lapa. Anotei o dia e fui lá com minha esposa. A missa foi linda, houve a participação da Orquestra de Violeiros de Mauá e entre uma apresentação da orquestra e outro, o Padre Mauro apontava para a orquestra de violeiros, que desfilou lindas páginas do cancioneiro sertanejo; o Muibo Cury declamou em cada uma das apresentações junto à orquestra. E o fez lindamente. Nesse dia conheci a esposa do Muibo, uma senhora super gentil e simpática; e até uma netinha deles. Nesse dia também fiz presente de um exemplar de meu “Pequeno Dicionário de Caipirês” ao Padre Mauro, um gaúcho que gosta muito de música caipira. Como não tive oportunidade de agradecer em vida, informo aqui que foi um momento mágico e inesquecível, participar da missa caipira na capela do Dom Bosco, com a orquestra de violeiros de Mauá e com o Muibo Cury. Não há a necessidade de dizer do quão querido era o Muibo por mim. Eu o citei como personagem em dois de meus textos caipiras e o “Prólogo” da nova edição de meu “Pequeno Dicionário de Caipirês”, também o citaria, porém a editora de Portugal que tinha interessado nele, desistiu e preferiu outro livro, um romance, que deve publicar dentro em breve. Há poucos meses, fiz contato com uma filha de Muibo, a Adriana, através do Paulo Galvão, da Rádio Bandeirantes e enviei dois textos meus, publicados aqui no Recanto das Letras, onde menciono e homenageio o Muibo César Cury. Pena que eu não sabia que ele estava adoentado! Pena, também, que o prólogo onde eu o cito, vá ficar inédito; pois preciso que uma editora brasileira tenha interesse de republicar este livro, que ampliei de 550 para mais de um mil e oitocentos verbetes, além de incluir mais cinco textos em caipirês; mas isso já é outra história!
Este texto é uma homenagem simplória a um grande brasileiro, grande músico e amante da história da música caipira e sertaneja do Brasil, Muibo César Cury, em nome de quem agradeço a Deus pela sua existência entre nós e por nos ter trazido tantas coisas boas. Abenção Muibo: que a paz esteja convosco!
Publicado em: 23/01/2010 23:52:49
Última alteração:12/03/2014 16:17:21
260) MULHERES ÍCONES
Meus ídolos femininos são muitos: Elis Regina e Chiquinha Gonzaga na música; Magic Paula no basquete; a senadora Heloísa Helena, que me parece uma grande mulher; Ana Mozer no vôlei; Daniele Hipólito e Daiane dos Santos na ginástica; Clarice Lispector; Cora Coralina; minha professora Isaura Nagib (de São João da Boa Vista- SP); Dona Lalá, professora de Cravinhos-SP, Olga Dias da Cruz, professora de São Simão, SP; Benedita Sthal Sodré, autora da Cartilha Sodré, de minhas primeiras letras, etc. Têm também a Dona Guidinha, minha mãe,(Deus a tenha) e a Dirce, minha esposa. Cada um dos leitores pode fazer sua própria lista de nomes lembrados, e cada um pode achar que esta ou aquela pessoa merecia ser homenageada no Dia Internacional da Mulher. Mas existe uma mulher paulista que até há pouco mais de dez anos bem que poderia manter-se no anonimato do seu pequeno mundo, dentro de um consultório de psicologia (que começava a dar os primeiros retornos econômicos, após longos anos de estudos). Foram necessárias duas catástrofes na sua vida pessoal: as mortes do irmão piloto e do marido, no curto espaço de trinta dias, que aliadas a outras coincidências fizeram com que Viviane Senna passasse de uma quase totalmente desconhecida irmã de Ayrton Senna para uma celebridade. Viviane já havia discutido com o irmão o sonho deste em fundar um instituto onde pudessem manter, desenvolver e integrar, crianças e adolescentes, e que cuja área de atuação atuasse sobre fatos que influíssem como advogado social, pedagogia social e mobilização social . As participações de Viviane em debates mostrou o esmero de sua preparação profissional e o empenho na causa abraçada por seu irmão Ayrton. É sempre um prazer e uma honra ouvirmos Viviane e maior ainda é o prazer de ver Viviane em ação, ela que mantém dois institutos Ayrton Senna, um no Brasil e outro no exterior. Pulso firme coração aberto conseguiu importantes aliados. Atualmente o Instituto Ayrton Senna (IAS) tem dezoito aliados estratégicos, a saber: AUDI, BNDS, CIA. SIDERÚRGICA DE TUBARÃO, EMPRESÁRIOS PELO DESENVOLVIMENTO HUMANO, FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL, FUNDAÇÃ0 W.K. KELLOGG, FUNDAÇÃO ODEBRECHT, FUNDAÇÃO LEMANN FOUNDATION, MICROSOFT, NOKIA, UNESCO, VIVO. Esta aliança Social Estratégica é realizada com empresas e instituições públicas, governamentais ou não, que compartilham dos mesmos princípios que norteiam o IAS; empresas conscientes e com responsabilidade social. O IAS tem um braço social, como muitos do terceiro setor, mas ao contrário da maioria100% de seus resultados financeiros são colocados a serviço da causa, desenvolver plenamente o potencial de crianças e jovens brasileiros, como pessoas e cidadãos.
Uma das rotinas diárias do trabalho de Viviane Senna como presidente do IAS é pensar nos problemas sociais brasileiros, mantendo um canal de comunicação aberto com o maior número possível de segmentos da sociedade, interessados em contribuir no cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Desde a Segunda metade dos anos noventa, após a criação do IAS, Viviane tem acompanhado de perto o desempenho do mundo empresarial no enfrentamento das desigualdades sociais intoleráveis que fazem com que o Brasil seja dividido entre cidadãos e subcidadãos, entre incluídos e excluídos. Nesse mister, Viviane aprendeu muito com líderes empresariais, dirigentes políticos e ativistas de ONG’S. Sua luta no terceiro setor é na sua maior parte conseguir mobilizar recursos financeiros e materiais, sem os quais não desfaz a exclusão social. Viviane hoje está mais que convencida que o investimento social privado transforma-se investimento social estratégico. Com isso, ela crê que não basta apagar incêndios; e operar com a lógica dos grandes números. Ela ainda crê que estes atos possam ser disseminados entre aqueles que se mobilizam nas mais diversas áreas, tendo o Brasil como causa. O movimento Empresários pelo Desenvolvimento Humano é um caso desse, formado por cinquenta líderes empresariais, cujo primeiro alvo é a eliminação do analfabetismo e da defasagem etária.( crianças que embora tenham passado da idade ainda querem ser alfabetizadas, repetentes e etc.). Viviane Senna é o ícone das mulheres que apresento para homenagear todas as autoras/leitoras RECANTISTAS.
Publicado em: 08/03/2006 07:21:31
267) No Tempo em que Havia Futebol de Várzea
A) Crônica do Armando Nogueira
Numa tarde modorrenta e vazia de uma terça feira de julho, este autor estava dando tratos à bola quando topou com um texto do jornalista Armando Nogueira, sobejamente conhecido no mundo esportivo, televisivo e jornalístico brasileiro. No texto ele comentava sobre o acanhamento na tomada de atitudes do povo brasileiro. Em seu livro (“O Melhor da Crônica Brasileira”, L JO Editora-Rio-1980), ele menciona, numa crônica, um evento acontecido em Nova Iguaçu, cidade do estado do Rio de Janeiro.
Na crônica, Armando Nogueira (com quem este autor trocou algumas mensagens pouco antes de sua morte), fala de um jogo de futebol na várzea de Nova Iguaçu, reproduzida abaixo:
“Era uma tarde sábado de sol. Dois times formados por afinidades travavam uma pelada barulhenta e muito disputada. O campo de jogo, onde não havia um só fiapo de grama, o campo estava um barro só! A bola era nova; este fato acirrou a disputa. Trabalhadores, vagabundos, desempregados e velhos aposentados apreciavam a peleja. O campo de jogo era limitado por uma velha ponte, caindo aos pedaços, um matagal e uma chácara “silenciosa”, de muros muito altos. O jogo de bola era o único divertimento que aqueles seres tinham, dada ao tipo de vida que tinham. O jogo, de certa forma era o presente que enchia de alegria o grande vazio de vidas daqueles seres humildes. A abstração de uma vitória no futebol era o mesmo que uma vitória numa vida de tantas derrotas.
De repente, um pobre diabo de beque arranca- toco errou feio um chute e a bola caiu dentro da tal chácara, por cima do muro. Um minuto de inquietação e abola foi misteriosamente devolvida. (E ”segue o jogo”, como diria o Milton Leite da SporTV – adenda desse autor-ACAS).
Mais alguns minutos. Outro jogador, centroavante, erra um chute fortíssimo: apareceu por cima do muro um velhinho, parecendo ser o caseiro, devolvendo a bola. Na terceira vez, a bola não voltou! Que fazer?
Cinco minutos depois a bola voltou; porém voltou embaixo dos braços de um homem muito gordo, vestido numa calça de pijama encardido, cabeludo e nu da cintura pra cima: era o dono da chácara. A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos tal gesto do vizinho generoso, eis que o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.
– No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola; murcha!”
Armando Nogueira
B) Crônica do ACAS- Meu Último Jogo na Várzea
Quando eu tinha vinte anos jogava num time de várzea, o “Independente” do Jardim D´Abril (Osasco). À época esse era um time de “boleiros”, ou seja, ali foi reunido alguns dos melhores do bairro do Jardim D ´Abril (bairro de Osasco-SP). Modestamente, eu, ACAS, (então chamado de Carlinhos), envergava a camisa úmero nove. Certa feita, num domingo de manhã, nós fomos jogar com o “Palmeiras” de Pirituba. Ali, a cancha era limitada de fundo e de um lado (em L) por um córrego que servia como esgoto da comunidade. Na cabeceira do campo, onde estava também o “vestiário”, era a entrada possível ao campo de jogo, uma vez que do outro lado existia um barranco íngreme e cheio de pedras, onde se postava a torcida do “Palmeirinha”, como era chamado. Não percebi de início; a maioria dos torcedores que se postavam no tal barranco portavam pedaços de paus (galhos de árvores, cabos de vassouras e afins).
Embora o campo de jogo não tivesse grama, um capim ralo e um tipo de cipó de finas folhas revestiam ao menos cinquenta por cento da cancha. Uma coisa era boa; o campo era plano, sem buracos, como aqueles que sempre jogávamos e a bola rolava sem mudar de trajetória, bom para o Independente, pensei eu; e assim pensaram também meus companheiros. O jogo tem início. Eu dei a saída para o Hélio Preto, que da meia direita recuou para o João Tucano (que havia se casado no dia anterior), este levantou a cabeça e lançou o Zé Carlos (o craque do time), por cima da zaga palmeirense e que, de chaleira, tocou por cima do goleiro: um a zero para o Independente! Em quatro toques, fizemos um gol. Isso nos motivou e despertou a torcida e o time palmeirense, que passou a meter o pé, ao mesmo tempo em que a torcida brandindo os paus ameaçava o juiz da partida.
Dada nova saída, o Cabo Paulinho roubou a bola do adversário e, de canhota enfiou uma bola adocicada entre os dois beques. Eu entrei; saí do goleiro e toquei para a meta vazia: 2×0!
Nova saída: o Chicão cortou o passe do Palmeiras e tocou para o João Tucano, que de voleio meteu no barbante (3×0). Nem é preciso dizer que a torcida invadiu o campo e fizeram a troca do juiz; por um de confiança do Palmeiras!
A partir daí, o Palmeiras começou a dar pontapés, com o beneplácito do juiz da casa. E eles seguraram o placar por, pelo menos, dez minutos. Mesmo assim, o Zé Carlos tentou, e fez; do meio do campo, um gol por cobertura (4×0).
Tão logo deram a saída, nossa zaga roubou a bola e tocou na ponta direita para o Pedrinho, que chutou lá do canto da área grande e acertou o ângulo (5×0).
Nova saída e o Osvaldinho tomou a bola do Palmeiras e foi derrubado covardemente, por trás. Houve um movimento do Independente para agredir o faltoso, porém, com a torcida adversária invadindo o campo, deixamos pra lá! O juiz, covarde, ainda marcou falta para o Palmeiras, onde um truculento beque disparou um canhão; felizmente a bola passou por cima da trave defendida pelo Matheus.
Na saída da bola, o Matheus lançou a bola para o Madalena, quarto beque, que driblou três jogadores adversários ao mesmo tempo e lançou na área: eu fui na bola, mas recebi um safanão nos ombros e senti um murro nas costelas: enquanto fiquei caído, tentando respirar, a bola sobrou para o Coronel, que desferiu um portentoso chute de canhota, que por pouco não joga, inclusive o goleiro, para o fundo das redes.(6×0).
Já eram passados cerca de trinta minutos de jogo e eu mal conseguia respirar: me passaram a bola, mas eu não conseguia correr. Dominei o balão e enquanto gemia de dores, dois adversários chegaram com força exagerada sobre mim: apliquei-lhes uma jogada que eu criei e batizei como “banho de cuia”. Com a bola no chão, curvei o pé direito e a lancei para o alto, enquanto os dois passaram feitos touros numa tourada. Pra quê fiz isso!
Um dos dois que receberam o chapéu pulou com os dois pés nas minhas costas, o outro, não satisfeito com minha contorção no chão deu-me um chute na clavícula. Nesse instante, o pior aconteceu: meu time fugiu do campo ao mesmo tempo em que a torcida, pedaços de paus em punho, batiam-me ali mesmo no chão! Eu me levante com muito custo e defendia com os braços à s dezenas de pauladas que levava. Nesse instante o Osvaldinho pulou no meio da grei enfurecida e, nós, de costas um para o outro, enfrentamos aquele dilúvio de impropérios e pauladas; mais cos chutes. Vi então num relance que o Pedrinho já havia apanhado nossas roupas e se dirigia ao pequeno caminhão de aluguel que nos levava nos eventos de jogos pela várzea de São Paulo. Eu e o Osvaldinho éramos os únicos do Independente que ainda estava no campo, todos os outros já estavam em cima do caminhão, cerca de trezentos metros longe do campo. Apanhei como um cachorro; o Osvaldinho também. Jamais esqueci a coragem e a solidariedade do Osvaldinho. Isso ocorreu há quarenta e seis anos; até hoje não esqueço a bravura do Osvaldinho, nem o último jogo que fiz na várzea de São Paulo. Abandonei o futebol, certo que um curso de desenho mecânico seria muito melhor para mim, mesmo que tivesse que ficar em casa aos domingos, para executar trabalhos do curso de desenhista.
Devo informar aos leitores que eu e o Osvaldinho só paramos de apanhar, quando o presidente do Palmeiras entrou no campo e se colocou entre nós dois e os agressores, pedindo pelo amor de Deus que parassem com aquilo, pois se o Independente fizesse uma reclamação na Liga Amadora de Futebol de Osasco, eles nunca mais poderiam marcar jogos naquele campo.
Informo também que, após esse evento, meu olho roxo, a contusão na clavícula e a dor nas costelas, permaneceram por dois meses. Nunca me arrependi de parar de jogar futebol na várzea; ainda que eu amasse fazê-lo!
Infelizmente comecei a falar do futebol de várzea a partir do meu último jogo. Mas ainda tenho algumas histórias mais alegres sobre o futebol de várzea para contar aos leitores, inclusive tenho algumas fotos da época.
– Esta é apenas uma de minhas lembranças do futebol da várzea; que se acabou em São Paulo.(SIC)!!!!!!!
……………………………………………fim
Publicado em: 07/08/2012 11:51:29
Última alteração:18/08/2012 11:31:04
270) Nomes Curiosos de Lugares e Logradouros
É muito mais comum do que se pensa, nas cidades brasileiras, alguns logradouros serem mais conhecidos pelos seus “apelidos”, do que pelo nome verdadeiro.
Lembro que em Cravinhos (SP), a Praça Antônio Duarte é mais conhecida por “Praça do Saco Murcho”; alusão que referencia o grande número de velhos e aposentados sentados nos seus bancos, jogando dominó ou truco ou ainda simplesmente falando das coisas da vida; em São Paulo temos o “Shopping Coquinho”, alusão ao shopping mais frequentado por nordestinos de toda a capital; existem outros exemplos que fogem ao caso. Existe ainda um local simpático em São Paulo, colado ao cruzamento da Rua Colômbia ( prolongamento da Rua Augusta) com a Avenida Nove de Julho , num cantinho com nome de Praça Imigrante Italiano, chamado por todos de “Canto dos Carcamanos”, visto ser este o local onde pessoas, de origem italiana ou não, jogam cartas (Escopa de 15) ou Sueca, tudo só por diversão; sem apostas, sem dinheiro. Lá, o blefe e a piada é uma constante, assim como a alegria do convívio. Sentem-se como se estivessem num local sem mais ninguém por perto. Nem parecem se incomodar com o barulho ali ao lado, onde milhares de pessoas e carros passam aos seus pés. As mesas estão dispostas debaixo de uma figueira centenária. Passei milhares de vezes por ali e aquelas pessoas sempre me chamaram a atenção. Certamente o meu leitor pode lembrar-se de vários outros lugares onde ocorre o mesmo, por esses Brasis afora… .
Mas, na semana passada recebi em meu trabalho um representante de uma indústria multinacional, que esteve recentemente no Rio Grande do Norte, mais precisamente em Natal, sua capital.
Disse ele que, depois de três dias de cursos e palestras, resolveu no último dia de permanência por lá, sair à noite. Após a confraternização de encerramento dos cursos, decidiu ir a um shopping comprar alguns presentes e lembranças aos seus caros familiares. No próprio hotel ele tomou conhecimento:
– Onde fica o melhor shopping daqui? Quero comprar uns presentes.
– Têm um aqui bem próximo, uns oitocentos metros: é o “Mi Dei Mal”
– “Mi Dei Mal”? É isso mesmo?
– Sim, é!
Não contente, nosso personagem real, tomou o taxi para fazer o percurso. Quando perguntou ao taxista onde haveria um bom shopping nas redondezas, ouviu dele:
-Tem o “Mi Dei Mal”, aqui perto!
– “Mi Dei Mal”? É isso mesmo?
– Sim, é! E é tão perto que não vou te cobrar nada para levá-lo até lá!
Pouco depois, quando nosso personagem chegou ao destino constatou: era verdadeiramente um Shopping de luxo, até um pouco sofisticado!
– E nosso personagem desceu do taxi, agradeceu ao taxista e se voltou para o grande portal do shopping: nele estava escrito em letras garrafais:
-“Midway Mall”!
Publicado em: 28/10/2011 23:09:45
Última alteração:30/10/2011 06:59:30
276) O ” Fecha-Corpo”
Durante a semana santa do ano de 2008, estive passando uns dias à guisa de descanso, visto não ter férias há mais de dez anos, em Monte Alegre do Sul, interior de São Paulo. Vencer o estresse; esta era a razão para estar em Monte Alegre do Sul, uma charmosa Estância Balneária, engastada entre as montanhas que a margeiam. Montanhas estas cobertas de verde, onde ainda nos dias atuais habitam macacos, seriemas, tucanos e tatus. Tendo limítrofes os municípios de Amparo e Serra Negra. A cidade de Monte alegre do Sul é a menor dentre as vizinhas com exceção, talvez, de Pinhalzinho; para nós que trabalhamos como “terceirizados” (sem contrato empregatício), qualquer final de semana num hotel charmoso numa cidadezinha ainda mais charmosa, vale como férias e ajuda a diminuir as tensões à que estamos sendo submetidos, nestes tempos de globalização.
Na manhã de 21/03/2008, sexta-feira Santa, a cidade de Monte Alegre do Sul recebeu um grande número de turistas, dentre os quais eu e a Dirce, minha esposa, para participar da tradição cinquentenária do “Fecha Corpo”, que acontece na casa da família Valente, defronte à praça central. Lá, as pessoas recebem gratuitamente uma dose do “remédio espiritual”, como é chamada por alguns, para “fechar o corpo” contra mau olhado, inveja e outras doenças do espírito. Havia uma fila de cinquenta pessoas, logo às nove da manhã. Embora não acreditasse, voltei naquele mesmo dia, por volta do meio-dia e conferi a crença de quê aquela dose de cachaça, curtida com guiné, arruda e mel acompanhada de um naco de pão com sardela, pudesse atrair tanta gente. Neste horário, meio-dia, cumpria-se aquele mesmo ritual, só que agora se misturavam na Praça principal, defronte a igreja Matriz, uma multidão: católicos e umbandistas, evangélicos e espiritualistas. O religioso e o profano, numa mistura de crenças, esperanças, curiosidades e deslumbramentos. A cidade fervilhava de gente ao meio dia. Suas pequenas e centenárias ruas, já não comportavam tantos carros. Já havia um enorme congestionamento na cidade e os carros formavam uma espécie de comboio gigante, que não permitia mover-se. Tudo parado, tudo travado; e a fila para receberem o “fecha-corpo” nunca diminuía, ao contrário, espichava-se. Os carros, em meio ao congestionamento, andavam no máximo com a incrível velocidade de cem metros cada meia hora; os carros dos turistas da capital e outras metrópoles interioranas, como Campinas, Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto, além daqueles das cidades mais próximas, como Amparo, Serra Negra, Pinhalzinho, Jundiaí, Jarinu, Bragança Paulista, Atibaia, Itatiba, Morungaba e etc.; estacionavam na entrada da cidade e transmitia a todos nós aquela sensação de festa, coisa tão gostosa de ver e sentir, cujos valores vamos perdendo à medida que nos acostumamos a viver em uma grande cidade.
O “Fecha Corpo”, é costumeiramente realizado entre as 6:00 h e às 12:00 h, embora tal horário não seja muito rígido. A origem deste evento teve início quando amigos e conhecidos do Sr. Zezé Valente, ficaram sabendo da promessa feita pelo Sr. Zezé a uma ex-escrava (Nhá Sabá), por ter se curado de uma enfermidade, que nem os Médicos da época conseguiram. Consta-se que o Sr. Zezé Valente estava à beira da morte. Definhava-se, dia a dia. A família à época tinha alguns amigos ex-escravos que viviam com eles. Dentre eles, a Nhá Sabá, que quando ainda criança foi beneficiada pela Lei Áurea, que libertou os escravos em 1888. Corria um ano da década de 1950. A Nhá Sabá, então com mais de oitenta anos, cansada de ver médico visitando a família e a cura nunca que se concretizava, resolveu falar com o enfermo Sr. Zezé. Disse-lhe se ele quisesse, ela poderia curá-lo. Nada pediu em troca do favor. Ele concordou e então ela passou a viver ao lado dele, rezando por ele e servindo-lhe o “fecha-corpo”, acompanhado de um naco de pão e peixe. Aos poucos o Sr. Zezé, foi melhorando até que se curou de vez. Após a cura, pela Nhá Sabá, ele fez promessa de distribuir o “fecha-corpo” enquanto vivesse assim o fez. Até hoje, muitas pessoas ainda seguem a tradição e participam todo ano, tomando, em jejum, a cachaça com guiné, arruda e mel, acompanhada por um pedaço de pão e peixe, da família Valente. Segundo me foi passado oralmente, os descendentes do Sr. Zezé ainda vivem naquela casa da Praça da Matriz, vista na foto. Durante muitos anos eles, para cumprirem a promessa feita pelo patriarca, tinham que e desfazer-se de bens, comprando tudo aos pouquinhos, com parcos recursos. Se algum dia houve alguma reação do representante do clero na cidade, eu não sei; porém sei que talvez até pela índole dos brasileiros e nossos colonizadores, muitos fiéis saíam da igreja depois de participar da procissão ou da cerimônia do lava-pés e, ato contínuo, atravessava a praça e vão direto para a fila defronte à casa da família Valente. Não são raros aqueles que levam a bebericagem para casa, reservando-a como panaceia para pessoas doentes da família ou amigos que porventura estivessem necessitadas de conforto material e espiritual. Nos dias atuais, a maioria dos hotéis da cidade de Monte Alegre do Sul, consegue litros e mais litros do “fecha-corpo” para servir aos hóspedes e turistas, sem que tenham que andar a pé por bom tempo e ficar na fila esperando por horas até.
Já há alguns anos, a família Valente tem “patrocinadores”: padarias, peixarias, alambiques, sitiantes, fazendeiros e a Prefeitura Municipal de Monte Alegre do Sul; todos se esforçam para que a tradição não pare. No mês que vem, é a Semana Santa.
– Lá em Monte Alegre do Sul, certamente haverá uma fila de pessoas aguardando o momento de receber o “fecha-corpo”. Se eu não puder ir este ano, vou no próximo. Bem que estou precisando do fecha-corpo para proteger-me. Saravá!
Publicado em: 28/03/2009 11:18:37
Última alteração:07/10/2010 10:19:34
277) O AFRANINHO E O GALEGUINHO
Este texto é dedicado ao amigo, advogado, escritor e poeta, Afrânio Polaris, de Vitória da Conquista – BA e ao Rolando BolDr.in, de São Joaquim da Barra- SP, apresentador de TV, ator, declamador, compositor , cantor, folclorista, e brasileiro da melhor cepa, do qual sou admirador; possível autor do causo/mote que deu origem a este texto.
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Certa feita o Afraninho estava dormindo debaixo de um pé de café. O dia já ia alto, sol a pino, quente, moroso. Uma mosca teimava em zumbir próximo do ouvido de nosso caipirinha. O Afraninho acordou com um olho só; coisa que aprendeu com o Elomar do Rio Gavião. Assim, meio acordado, meio dormido, bateu com as folhas de mamonas que trazia sob a cabeça na dita cuja da mosca. Lá ao longe, ouvia-se um aboiar de vaqueiro, levando o gado para o curral, para adiantar o trato na ordenha da manhã seguinte. Um nhambu chororó piava ao longe; um sabiá laranjeira, ensaiava umas corridinhas sob o grande jequitibá, caçando insetos. O Afraninho levantou-se a contragosto. Pegou a moringa com energia. Derramou a água gelada na nuca e na cabeça, esfregou os olhos. Olhou para a moita de fedegoso, onde havia deixado a matula. Apanhou a enxada no chão, levando-a ao ombro. Pegou a matula e a amarrou no cabo da enxada.
-Vou pra casa, pensou. E começou a caminhar no trilho que dava para o carreador que levava pra a casa da colônia.
Ao passar sobre o córrego, deu vontade de pescar. Lembrou-se da moita de gabiroba, onde escondera suas varinhas de pescar. Efetivamente encontrou-as. Com a enxada, escavou sob um pinheiro bravo e encontrou minhocas em profusão. Encheu o caldeirãozinho (onde levara a comida) com elas. Foi até um remanso, numa curva do córrego, onde havia uma aragem fresca. Sentou-se no barranco, iscou o anzol. Um mandi beliscou a isca, em seguida correu a linha. Afraninho puxou com força, o bambu jardim dobrou até o cabo. O mandi apareceu reluzente, dourado como o sol. Iscou novamente, esperou, esperou, nada!
Nisso, um galeguinho que passava por ali, sentou-se ao seu lado e ficou admirando o mandi; depois ficou observando o Afraninho. Ele preocupado; e nenhum beliscão, nada. Trocou a isca uma, duas, três, vinte vezes e nada. E o galeguinho ali, olhando!
Lembrou-se de que tinha uma vara reserva. Ofereceu-a ao galeguinho, ele negou-se a pescar. Mais três horas ali, trocando a isca, trocando a isca, centenas de vezes e nada. Mais uma vez contemplou o galeguinho, que o observava sem tirar o olho. Mais uma vez ofereceu uma vara ao menino; mais uma vez ele negou-se a pescar.: só queria ficar ali, olhando.
Lá pelo cair da tarde, quase no lusco-fusco, o Afraninho não se conteve:
-Galeguim, pruquê cocê num qué pescá? Fica aí me oiano faiz mais de quatro hora e num qué pescá ! Num te intendo!
Ao que o galeguinho respondeu:
-É qui num tenho paciência feito o sinhô!
Publicado em: 28/10/2008 11:42:57
Última alteração:31/10/2008 12:45:39
278) O AMIGO DA ONÇA
O Amigo da Onça, personagem gráfico, foi criado pelo cartunista pernambucano Péricles de Andrade Maranhão, em 1943, e publicado de 23 de outubro de 1943 a 3 de fevereiro de 1962. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado da famosa anedota, mostrada abaixo. O personagem criado por Péricles, que viveu de 14/08/1924 a 31/12/1961, foi criado a partir de uma piada, originada provavelmente nos anos 50, onde dois caçadores conversam num acampamento:
— O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente?
— Ora, dava um tiro nela.
— Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo?
— Bom, então eu matava ela com meu facão.
— E se você estivesse sem o facão?
— Apanhava um pedaço de pau.
— E se não tivesse nenhum pedaço de pau?
— Subiria na árvore mais próxima!
— E se não tivesse nenhuma árvore?
— Sairia correndo.
— E se você estivesse paralisado pelo medo?
Então, o outro, já irritado, retruca:
— Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça?
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Satírico, irônico e crítico de costumes, o Amigo da Onça aparece em diversas ocasiões desmascarando seus interlocutores ou colocando-os nas mais embaraçosas situações.
O significado de “Amigo da Onça” persiste no Brasil nesse início do século XXI, mesmo passados 51 anos da morte de Péricles. Contudo, muito pouca gente sabe a origem do epíteto.
A Onça e o Amigo dela
Segundo o escritor mato-grossense Luca Maribondo, “Amigo da Onça” é um substantivo masculino, que designa o indivíduo que aparentemente é amigo, mas que, sempre que pode, trai as amizades: é um amigo falso, hipócrita, infiel, sacana; amigo-urso. Etimologia: o substantivo surgiu a partir do personagem do cartunista Péricles Maranhão; uma figura acafagestada, debochada e galhofeira, publicada pela revista semanal “O Cruzeiro” desde 1943; e que deixou de ser desenhada pelo autor em 1961, com a sua morte. Satírico, irônico e crítico dos costumes brasileiros, o Amigo da Onça aparece em diversas ocasiões, desmascarando seus interlocutores e/ou colocando-os nas mais embaraçosas situações. Foi extremamente popular, revelando o gosto do brasileiro pelas ações irônicas e debochadas, não raro sádicas, do personagem. É um dos insultos mais utilizados no Brasil até hoje, embora muitas pessoas não mais saibam da sua origem. (EX: Genésio é amigo-da-onça; bastou eu ir ao banheiro pra ele tentar cantar a minha namorada). Eu confirmei com minhas pesquisas que, no entanto, após a morte do autor (1962), o personagem continuou sendo publicado, desenhado então pelo ilustrador da Revista O Cruzeiro, o Getúlio Delphim. Getúlio, que era amigo e parceiro de Péricles na produção de outros personagens (Oliveira Trapalhão e Laurindo Capoeira), publicou as charges durante dois anos. Delphim não chegou a publicar o Laurindo Capoeira, devido à morte de Péricles; mas também por saber que Péricles era muito ciumento de seus personagens. Por isso, Delphim durante o tempo que fez a charge do Amigo da Onça, não assinou a obra com seu nome, mas sim como “Equipe d´O Cruzeiro”. De 1964 até 1972, as charges do Amigo da Onça passaram a ser feitas pelo cartunista Carlos Estevão (que era um desenhista autodidata e começou a fazer seus primeiros desenhos na Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, na seção de arquitetura. Depois, teve de se ausentar para o serviço militar obrigatório e quando retornou foi trabalhar nos Diários Associados, em 1948, onde entre outras coisas ilustrou os textos de Millôr Fernandes, que na época assinava seus trabalhos com o pseudônimo de seu alter ego: “Emmanuel Vão Gôgo”, criando uma tira do contador de histórias, o “Ignorabus”). Os trabalhos de charges, que Carlos Estevão fazia sobre O Amigo da Onça, ele os assinava como: “Criação Imortal de Péricles”.
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Péricles (Péricles de Andrade Maranhão) nasceu em Recife em 1924. Ainda muito novo, aos 17 anos de idade, aventurou-se em desenhar profissionalmente (Diário de Pernambuco). Deixou sua cidade e foi para o Rio de Janeiro. Entrou para os Diários Associados pelas mãos de Leão Gondim. Participou das revistas “O Guri” com seu personagem “Oliveira, o Trapalhão“. Na revista “A Cigarra” desenhava os quadros “Cenas Cariocas“, “Miriato, o Gostosão” e o próprio “Oliveira“. Seu primeiro personagem foi Oliveira Trapalhão, publicado na revista A Cigarra. Mas nenhum desses chegou sequer próximo do sucesso que fez “O Amigo Da Onça”, que foram desenhados (pelo seu criador) de 1943 até 1961 na revista O Cruzeiro e eram, segundo as pesquisas, a seção mais lida e adorada de todas. Crianças, adultos e idosos, se divertiam com o personagem que foi encomendado para expressar na época a essência cotidiana do Rio de Janeiro para todo mundo, inclusive quem não morasse lá. Nos anos 50, o Amigo da Onça foi o mais popular tipo criado pelo cartoon, com uma popularidade similar ao do Fradim, de Henfil, nos anos 70 (Pasquim). Tornou-se uma expressão popular no país até hoje, utilizada para qualificar amigos pouco leais.
– Péricles se suicidou em 1961, no último dia do ano; se trancou em casa e deixou o gás ligado. E, acreditem; ele deixou um bilhete colado na porta, com os dizeres: “Não Acendam Fósforos”. Infelizmente não existe quase nada publicado sobre o ilustrador. Minha tentativa, neste meu artigo, é por conta dessa lacuna que existe nos meios jornalísticos e culturais. Fiz questão de lembrar sua profícua existência.
REVISTAS, JORNAIS E CINEMA:
1. TIRAS DE JORNAIS
-Na década de 1990, o Amigo da Onça estrelou 420 tiras, executadas por José Alberto Lovetro (roteiros) e Sergio Morettini (desenhos) .
2. DESENHO ANIMADO SOBRE O AMIGO DA ONÇA:
-Em 2011, o Estúdio Saci elaborou um projeto de uma série de curtas de animação 3D.
3. DOCUMENTÁRIO O AMIGO DA ONÇA:
Diretores: Dimas de Oliveira Júnior e Felipe Harazim
O filme retrata um dos mais populares personagens de humor brasileiros, e que durante 18 anos ocupou as páginas da revista de maior sucesso da história editorial do País: O Cruzeiro! O documentário traz depoimentos do cartunista Jal, do ator Paulo Betti e da viúva do pernambucano Péricles Maranhão, o criador do personagem.
Título: Olhares
Autor: TV Câmara
Categoria: Cultura
Idioma: Português
País: Brasil
Fontes Bibliográficas
Fontes e ilustrações:
-http://chavedoburaco.blogspot.com.br/2007/09/cartoon-que-fez-histria-o-amigo-da-ona.html
-http://www.espacovital.com.br/noticia-28150-meu-amigo-ou-amigo-onca
-Vídeos: Licença padrão do Youtube
-Jota A. Botelho, do Portal Luis Nassif
-Luca Maribondo (MS)
Publicado em: 09/10/2013 12:14:22
Última alteração:20/12/2013 12:52:43
280) O ANJO DA GUARDA DE FERNANDA MONTENEGRO
No ano de 1990 eu estava desempregado: eu e mais de dois milhões e meio de brasileiros, por conta de um governo federal fraco e corrupto, que congelou a economia do país e tornou-se um fiasco. Os empregos, ainda que “temporários”, eram difíceis de conseguir!
Por pura sorte, consegui um emprego semi-informal, subcontratado por um pequeno empresário e, portanto, por ele sendo explorado.
– Mas, que fazer?
A empresa era de origem alemã e ficava (fica ainda à época em que escrevo este texto) na Marginal Pinheiros, ou Avenida das Nações Unidas, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Eu morava na periferia e ia todos os dias até o trabalho, pilotando meu fusquinha 1975… .
Num certo dia, choveu torrencialmente na cidade de São Paulo, coisa de 100 mm por metro quadrado (ou 100 litros para cada metro quadrado). Verdadeiro dilúvio.
Mal saí do trabalho, constatei tristemente que a avenida, por onde eu teria que seguir, estava intransitável, devido a um enorme alagamento. Parei junto a outros carros numa espécie de dique seco, algo mais alto que o trecho pior da inundação. Pelo pequeno número de carros ali, constatei em conversas com os outros motoristas que às nossas costas também havia uma inundação, onde centenas de carros estavam pacientemente esperando as águas baixarem. Portanto essa era a situação: inundação às costas e inundação à frente!
Quase todos os motoristas saíram de seus respectivos carros e formamos um bloco de pessoas que trocavam ideias, falávamos da nossa fragilidade diante das chuvas torrenciais, da engenharia, da prefeitura, dos políticos, dos habitantes que sujam as ruas e etc. Uma das pessoas mais animadas da conversa era uma moça, ainda jovem, que parecia ser passageira do carro que estava imediatamente à frente do meu, no interior do qual eu vislumbrava que havia ainda mais dois vultos. O motorista do carro era sisudo, porém o outro passageiro era uma pessoa afável, ainda moço, ligeiramente calvo. Em certo momento, ele se dirigiu à moça com quem eu conversava e pediu que ela entrasse em contato com o teatro, pois não poderiam atuar naquele dia, visto que já se passara muito tempo que ali estavam e que as águas pareciam não querer baixar o nível da inundação. A moça mostrou-se preocupada.
Perguntei a ela de qual grupo de teatro eles pertenciam; ela respondeu-me que não era exatamente de um grupo de teatro, mas de uma equipe que havia recém chegado da Europa, onde nossa estrela remontou a peça “Dona Doida”. Eu sabia que havia uma peça em cartaz alguns anos antes e que a protagonista havia até ganhado prêmios (Moliére; creio). Pensei: só pode ser Fernanda Montenegro!
-Perguntei e a tal moça me respondeu confirmando de que era ela que estava no carro; eles estavam hospedados no Hotel Transamérica, cerca de cem metros à frente; justamente onde a inundação era maior. Em verdade, a inundação não só não permitia acesso ao Hotel Transamérica pela Avenida Marginal, como as águas haviam invadido todo o jardim do hotel e, ao que parecia, chegava até à recepção do mesmo.
Passadas uma hora e meia, mais um carro parou logo atrás do meu: era uma enorme carreta, da fábrica da Coca-Cola, devidamente carregada: na cabine estavam o Jesus, ajudante e Tonhão, o motorista. (soube os nomes, pois naquela situação, identificar-nos era a única coisa que podíamos fazer: nós todos éramos protagonista de uma situação desesperadora).
O Jesus era branco e tímido. Tímido e franzino, com idade algo superior a cinquenta anos de idade. Já o Tonhão, bem merecia o epíteto: deveria pesar algo como cento e vinte quilos, e uma altura de, pelo menos um metro e noventa; e era negro e sorridente. Tonhão irradiava simpatia.
Uma hora após a chegada da carreta, percebemos que a água havia baixado um pouco; não muito: cerca de vinte centímetros, talvez. O Tonhão trocou umas palavras com o Jesus e os dois foram, a pé, fazer uma inspeção na altura da água da via. Quando voltaram tinham tomado uma resolução. Eles iriam tentar passar com a carreta, pois perceberam que do lado direito da via era pouco mais alto que do lado esquerdo; consistindo essa a tarefa que seria cumprida em seguida. A moça falante que fazia parte da “trupe” da atriz pediu a eles se não seria possível levar pelo menos a “dona” Fernanda até a entrada do hotel. Os dois trocaram olhares e disseram que sim.
A moça e o rapaz (soube que era o diretor da peça), radiantes, correram até o carro , dentro do qual estava a atriz e expuseram o fato: ela desceu, de óculos escuros e meio sem jeito. Eu até pensei: acho que é difícil para ela passar por um “aperto” desses! A outra senhora que a acompanhava, resolveu esperar dentro do carro, ao ver o mar de água que havia pela frente. Quem assumiu a direção foi o Jesus, ele manobrou atrás de meu fusquinha e emparelhou com o carro da atriz. Coisa que eu não sabia: a atriz Fernanda Montenegro, que nas telas do cinema e da televisão nos parece uma mulher enorme, é ainda menor que minha esposa; creio que deva ter, no máximo, um metro e sessenta centímetros de altura. Daí veio o inusitado: o primeiro degrau da boleia ficava a uma altura de, no mínimo setenta centímetros e a atriz, de saias, não conseguiu subir. O Tonhão fez o que podia: tomou-a nos braços e a depositou suavemente no assento da boleia, ao lado de Jesus. O Tonhão parecia mesmo o próprio anjo da guarda da atriz! Eu até pensei uma brincadeira: agora ela está ao lado de Jesus, portanto estará a salvo (risos).
Ato contínuo entregaram à atriz algumas pastas e bolsas dos seus colegas da trupe. O Jesus acelerou com insistência, talvez prevendo as dificuldades a que estaria exposto ao tentar ultrapassar aquele trecho de via inundado. O Tonhão sentou-se à porta, tendo a atriz entre ele e o Jesus. E a carreta foi atravessando, devagar; foi indo em meio às águas. Passado mais ou menos um minuto, a carreta parou defronte à entrada do hotel. Não havia como manobrar para adentrar o jardim do hotel e chegar mais próximo da recepção. Do nosso posto, confabulávamos: que será que o Tonhão vai fazer para levar a dona Fernanda para o hotel?
Passaram-se alguns minutos. De onde nós estávamos não era possível escutar as vozes dos três ocupantes da carreta; apenas ouvimos a aceleração exagerada do Jesus, com a carreta parada em meio às águas.
De repente, a porta do lado do passageiro abriu-se com estrondo. De dentro da boleia, surgiu o corpanzil do Tonhão, que ficou plantado em meio às águas no meio da via. Mais alguns minutos, surgiu a figura frágil, mas resoluta da atriz, segurando as pastas e bolsas e com muito receio, nos parecia. Mais alguns instantes, entendemos o plano: o Tonhão encostou-se ao máximo da porta, estendeu os dois braços enormes e, naqueles braços aninhou-se, nada mais, nada menos que a maior atriz do Brasil, Fernanda Montenegro. Em seguida, o Tonhão cruzou a via, em direção ao hotel. O Tonhão levou-a ao colo, até a recepção do hotel. Pelo que concluímos o trecho entre os jardins do hotel, ainda estava inundado e o Tonhão fez aquilo que qualquer mortal gostaria de fazer um dia: tomar seu ídolo no colo!
Lembro-me bem daquele dia; àquela altura, o céu de São Paulo se desanuviou e se podia ver a lua em quarto crescente e abaixo dela uma estrela de raro fulgor. Mais abaixo, carregado nos braços de um anjo da guarda sem asas, estava a estrela maior: Fernanda Montenegro!
POSTFÁCIO
Quando houve esse evento eu estava começando a escrever com mais consistência nos blogs de literatura na internet; já até havia pensado em participar de um concurso de literatura, em Taboão da Serra (fiz isso nove anos depois e só então desatei a escrever e a participar de concursos). Em minha mente ocorreu-me a ideia de registrar esta ocorrência um dia.
Demorou vinte anos para que isso pudesse ocorrer. Hoje é dia 13 de setembro de 2010. É possível que Fernanda Montenegro tenha esquecido o evento; o ACAS, este autor, não!
Em tempo: fiquei (amos) mais de uma hora ainda parados no local, quando as águas baixaram e pude (mos) seguir nossos destinos. Jamais vi pessoalmente Fernanda Montenegro depois desse dia. E nunca assisti à peça “Dona Doida”. O problema é social: os grandes atores fazem montagens apenas em teatros onde o pobre não tem vez (muito caros); e isso não é culpa deles; nem foi culpa dela!
…………………………………………………………………………fim da Narrativa
Quem é Fernanda Montenegro
DADOS PESSOAIS
Arlette Pinheiro Esteves da Silva, nasceu em 16 de outubro de 1929.
Com o nome artístico de Fernanda Montenegro tornou-se uma atriz consagrada no cinema, teatro e televisão.
Seu nascimento foi perto do bairro de Cascadura, subúrbio do Rio. Era filha de uma dona de casa e de um operário, com estudos de mecânica. Fernanda cresceu neste ambiente, frequentando colégios públicos e o sítio dos seus avós em Jacarepaguá.
ESTUDOS
Com doze anos de idade, concluiu seu primário e dedicou-se a formação para o trabalho, matriculando-se no curso de secretariado Berlitz, que compreendia inglês, francês, português, estenografia e datilografia. E frequentava também o “curso de madureza” (espécie de supletivo) à noite, conseguindo concluir o equivalente ao ginasial em dois anos.
Aos quinze anos, Fernanda, ainda no terceiro ano do curso de secretariado, inscreveu-se num concurso como locutora na Rádio Ministério da Educação e Cultura, fator que foi decisivo para a sua carreira. O concurso, chamado “Teatro da Mocidade”, era voltado a despertar jovens talentos para o radialismo. Localizada na Praça da República, a Rádio situava-se ao lado da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, na qual funcionava um grupo de teatro amador dos alunos da faculdade, coordenado pelo professor Adauto Filho. Ligada a Magalhães Graça e Valquíria Brangatz, alunos da Faculdade e colegas na Rádio, Fernanda passa a integrar o grupo de teatro, ao participar da peça “Nuestra Natascha”, de Cassona. Posteriormente, foi levada pelo professor Adauto para participar de atividades no “Teatro Ginástico”.
Fernanda é viúva do ator Fernando Torres, com quem teve dois filhos: a atriz Fernanda Torres e o diretor Cláudio Torres, um dos sócios da Conspiração Filmes, produtora de publicidade e cinema.
O NOME
O “nome mágico” Fernanda Montenegro apareceu pela primeira vez quando ela trabalhava no rádio, fazendo traduções e adaptações de peças literárias para o formato de radionovela. Não tinha 20 anos e, para completar o orçamento, ainda dava aulas de português para estrangeiros na Berlitz, mesma escola de idiomas em que aprendia inglês e francês. Na base da inspiração e, principalmente, da transpiração, Fernanda se projetou como uma das principais atrizes e pode, hoje, ser apontada como uma artista que se fez por si própria, uma verdadeira self-made woman. Junto com colegas do Rio de Janeiro e de São Paulo, como Sérgio Britto e Ítalo Rossi, além de seu próprio marido, conferiu maior dignidade ao teatro brasileiro a partir da década de 50.
CARREIRA
A carreira artística de Fernanda Montenegro se divide entre o teatro, a televisão e, nos últimos anos com maior intensidade, o cinema. A estreia no teatro se deu verdadeiramente em 1950, na peça “Alegres Canções nas Montanhas”, ao lado de Fernando Torres (14/11/1927 @ 04/09/2008). O relacionamento com o ator culminou num casamento que durou até sua morte, ocorrida em 2008. Da união, nasceram os dois filhos mencionados acima. Foi também no começo da década de 50, que teve seu primeiro contato com a televisão, trabalhando em teledramas policiais.
Fernanda utilizou esse tempo para aprimorar seus conhecimentos sobre o teatro e, a partir de 1952 definiu-se pelos palcos, sem pertencer, entretanto, a uma escola dramática definida. Em pouco tempo, tornou-se figura respeitada nacionalmente. Fez várias peças ao lado do marido e de atores como Sergio Britto, Cacilda Becker, Nathalia Thimberg, Cláudio Correa e Castro e Ítalo Rossi, dentre outros.
TEATRO
Em mais de cinquenta anos de carreira, participou de dezenas de espetáculos teatrais, interpretando de tudo: da clássica tragédia grega à comédia de boulevard, do musical brasileiro a espetáculos de vanguarda. Sempre ao lado de grandes nomes, do elenco à direção.
O teatro, na verdade, jamais deixou de ser sua prioridade. Em 1982, ela ganhava, por exemplo, os prêmios Molière especial e de melhor atriz por sua atuação em “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”. São inúmeros os prêmios conquistados por Fernanda Montenegro ao longo de sua carreira teatral.
Por sua enorme expressividade, foi qualificada por um crítico como atriz dotada de “rosto de borracha”, tamanha sua capacidade de mudar a expressão e de se adaptar às características do personagem, sempre de forma convincente.
TELEVISÃO
No começo da década de 60, já estabelecida em São Paulo, atuou na televisão (TV Tupi Difusora),recém implantada no Brasil, encenando mais de 170 peças no programa “Grande Teatro Tupi”, de Gabus Mendes . A partir de 1963, começou participar de telenovelas. Mas foi somente a partir de 1979 que sua presença se tornou mais marcante na telinha. Fernanda tornou-se o nome preferido dos autores – e do público; tendo atuado em várias produções da Rede Globo, incluindo novelas, especiais e minisséries.
CINEMA
Fernanda Montenegro estreou no cinema em 1964, quando atuou na adaptação do diretor Leon Hirszman de “A Falecida”; obra de Nelson Rodrigues. Mas foram poucas as suas participações no cinema, comparando-se com os trabalhos no teatro e mesmo na televisão. A mais notória, antes de “Central do Brasil”, se deu em “Eles Não Usam Black Tie” (1980) do mesmo Hirszman. Fernanda atuou ao lado de Gianfrancesco Guarnieri e a produção ganhou o Leão de Ouro, como melhor filme, no Festival de Cinema de Veneza.
POLÍTICA
Em 1985 foi convidada para participar da vida política, pelo então Presidente da República, José Sarney, para ser Ministra da Cultura. Obteve o apoio unânime de toda a classe artística e da opinião pública, mas recusou por saber não ser essa a sua real vocação.
AMEAÇAS
Em 1979, ainda durante a ditadura militar no Brasil, Fernanda e seu marido foram alvos de um atentado por parte de um dos vários grupos paramilitares que atuavam com a conivência do sistema vigente. Saiu ilesa, mas, na época, precisou cancelar apresentações e atuou com as luzes do teatro acesas e amparada por seguranças durante algum tempo. Mas os anos de chumbo passaram e o talento de Fernanda Montenegro pôde ser cantado livremente na voz do cantor Milton Nascimento, que lhe homenageou com a música “Mulher da Vida”.
PRÊMIOS
Entre 1955 e 1959:
-Melhor atriz pela Associação de Críticos Teatrais, com “Nossa Vida com Papai”.
-Melhor atriz, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, com “Vestir os Nus”.
-Melhor atriz, da Associação de Críticos Teatrais de São Paulo, com “Vestir os Nus”.
Entre 1956 a 1962:
•todos os prêmios instituídos por revistas e críticas especializadas em tevê por seu trabalho no Grande Teatro Tupi.
-1962 – Melhor atriz, da Associação de Críticos do Rio de Janeiro.
-1963 – Melhor atriz, da Associação Brasileira de Críticos de Teatro, com “Mary Mary”.
-1964 – Melhor atriz, Troféu Governador do Estado de São Paulo.
-1964 – Prêmio de Melhor atriz do I Festival de Brasília (cinema).
-1964 – Prêmio especial do I Festival Internacional de Cinema do Rio.
-1965 – Prêmio Molière: melhor atriz – Rio.
-1967 – Molière de melhor atriz, com “A Mulher de Todos Nós” e “O Homem do Princípio ao Fim”.
-1967 – Melhor atriz de tevê: Troféu Roquete Pinto.
-1970 – Golfinho de Ouro, como personalidade do teatro.
-1970 – Medalha melhor filme, com “Em Família”, no Festival de Cinema de Moscou.
-1976 – Melhor atriz, da Associação dos Críticos Teatrais de São Paulo.
-1976 – Troféu Governador Estado de São Paulo, com “Seria Cômico… Se Não Fosse Sério”.
-1976 – Molière de melhor atriz, com “A Mais Sólida Mansão”.
-1977 – Melhor atriz do Festival de Taormina, na Itália e o Molière de melhor atriz de cinema, com “Tudo Bem”.
-1977 – Troféu de melhor atriz do Rio, dado por uma associação que vende ingressos de teatro a assinantes.
-1980 – Leão de Ouro do Festival de Veneza, com melhor filme para “Eles Não Usam Black Tie”.
-1980 – Atriz que mais contribuiu para o teatro, da Associação de Produtores Teatrais do Rio.
-1982 – Molière especial de melhor atriz do Mambembe, com “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”.
-1983 – Molière especial, com “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”.
-1987 – Molière de melhor atriz, com “Dona Doida”.
-1998 – Prêmios de Melhor Atriz por sua atuação em “Central do Brasil”
-1998 – Urso de Prata – Festival de Cinema de Berlim •1998 – Prêmio da Crítica no Festival de Cinema de Fort Lauderdale (EUA)
-1998 – Prêmio Melhor Atriz do Ano – National Board of Review (Associação Norte-americana de Críticos de Cinema) EUA
-1998 – Melhor Atriz – Festival Internacional de Cinema de Havana – Cuba
-1998 – Melhor Atriz do Ano – Los Angeles Film Critics (Associação dos Críticos de Los Angeles) – EUA
COMENDAS
-1971 – Comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul, outorgada pelo governo brasileiro, pelos serviços prestados à Cultura do Brasil.
-1983 – Chevalier des Arts et des Lettres (França).
-1984 – Grande Medalha da Inconfidência (Governo Tancredo Neves-MG-Brasil).
-1985 – Comendador da Ordem de Rio Branco – Grau de Cavaleiro.
-1985 – Medalha Maria Quitéria – Salvador (BA).
-1992 – Medalha de Mérito Cultural – Portugal.
-1993 – Ordem do Mérito da Bahia no grau Comendador – Salvador (BA).
BIBLIOGRAFIA
-OBSERVAÇÕES PESSOAIS DO AUTOR,
-http://pt.wikipedia.org,
-www2.uol.com.br.
Publicado em: 13/09/2010 17:02:02
Última alteração:10/05/2013 17:56:22
283) O Baiano
Um comerciante de Vitória da Conquista, BA, de nome Severino, comprou uma caixa de charutos baianos; charutos estes muito raros e caros. Tão raros e tão caros, que foram colocados no seguro pelo Severino. Eram charutos tipo “robusta”, que disputam em qualidade com os cubanos “Cohiba, Montecristo, Romeo y Julieta”. Dentre outras coisas, o Severino segurou-os contra fogo.
Depois de um mês, já tendo fumado todos os charutos e ainda sem ter terminado de pagar o seguro, o comerciante entrou com um registro de sinistro contra a companhia de seguros, através de um advogado. Nesse registro, foi alegado que os charutos haviam sido perdidos em uma série de pequenos incêndios.
Logicamente, a companhia de seguros recusou-se a pagar, citando o óbvio motivo: o segurado havia fumado todos os charutos, ateando-lhes fogo e da maneira usual como se fuma charutos. O fato é que o Severino processou a companhia fabricante de seguros e ganhou a causa.
Ao prolatar a sentença, o juiz referindo-se ao seguro feito pelo Severino, viu que a companhia seguradora aceitou a cláusula do incêndio. O juiz entendeu que a companhia de seguro considerou os charutos seguráveis e, uma vez que a seguradora não definiu se seria fogo acidental, incidental ou provocado propositalmente, se assim ou assado era ou seria aceitável ou inaceitável; teria portanto que pagar o seguro. O juiz fez isso, mesmo considerando que a ação era inédita, portanto sem jurisprudência a respeito e usando sua “competência rationale materiae”, considerando que possui a devida “concessa vênia” da lei.
A companhia seguradora, ao contrário do que esperavam o segurado, seu advogado e até o juiz que havia julgado a causa, pagou imediatamente o seguro ao Severino. O valor do seguro pago foi de R$ 30.000,00.
O Severino dividiu 30% com o Dr.. Afrânio, seu advogado e fez festa. Convidou os parentes que moravam em Salvador , convidou o Dr.. Ricardo, o Elomar, o Xangai, o atual prefeito e os jornalistas e formadores de opinião de Vitória da Conquista. Uísque e vinho branco a rodo, cerveja, bode assado, acarajé, bolinho de estudante, aipim e etc.!
Uma semana depois, o Severino recebeu a visita de um Oficial de Justiça, logo pela manhã. Ele estava sendo denunciado pela companhia seguradora, por haver cometido uma série de pequenos incêndios, os quais a promotoria havia considerado como criminosos. Incontinenti, ligou para o Dr.. Afrânio, que pediu leitura dos autos.
-Indefensável, ponderou o Dr.. Afrânio ao Severino.
O meritíssimo Juiz que já havia feito o julgamento do outro processo, até que tentou esquivar-se de julgar este novo processo, o qual na verdade era um desmembramento do antigo processo.
Mas, a promotoria, usou o próprio registro de sinistro do caso anterior e inclusive o próprio testemunho do agora acusado. O juiz não teve como furtar-se de condená-lo por incendiar propositalmente a propriedade segurada. O julgamento público também seguiu a linha de raciocínio do juiz. O réu, Severino, foi sentenciado a pagar uma multa de R$45.000,00, ou ficar enclausurado por 24 meses.
O Dr. Afrânio propôs então um novo processo. Aceito pelo Severino. Este pagou a multa de R$45000,00 à seguradora, mas a processou novamente.
A seguradora teve que pagar ao Severino, exceto os 30% de praxe do advogado, porque no “gratia argumentandi” do Dr.. Afrânio, “in casu”, “in absentia corpus” (sem o corpo não há evidência do morto, nem da morte), a lei faculta “in dúbio pro reo”. Novamente o mesmo juiz, muito a contragosto e odiando a magistratura, deu ganho ao argumento de defesa.
O Severino recebeu seu dinheiro (R$ 98000,00) e mudou-se para São Paulo. Nem aos parentes deu o novo endereço… .
– (Ele acreditou que existem muitos advogados espertos como o Dr. Afrânio e a seguradora iria tentar tomar seu dinheiro de novo. Há quem diga que ele mora próximo de Taboão da Serra, é amigo do Zé Bob da novela das oito, que sabe que o baiano da novela é ele; sim sinhô)!
– Isso também é folclore!
Publicado em: 28/11/2008 13:03:05
Última alteração:03/12/2008 12:55:12
285) O Caboclo D´ Água
Introito
-Passo às mãos dos meus leitores do Recanto, este conto que teve gestação de três anos e meio e maturação de mais um ano. Espero que tenham por ele o mesmo carinho que tive ao escrevê-lo.
– O Caboclo D´Água é um ser folclórico, cuja existência me foi passada por testemunho de uma pessoa especial: meu pai. Meu pai foi criado próximo das barrancas do Rio Pardo, cenário de meu conto. Neste conto inseri alguns dos “causos” que, eventualmente contava para nós, os filhos; outras vezes para os compadres e amigos.
-A cidade de Santa Cruz das Posses (SP), aqui mencionada, não foi o cenário real, onde os fatos ocorreram; porém esta é uma obra de ficção, cuja licença poética e literária uso, em função deste meu “ofício” de escritor amador. Trago gravado em minha memória lembranças da única vez que estive lá, no auge de meus dez anos de idade:
-Sim, caros leitores: faz muito tempo!!!!!!!!!!!
……………………………………………………………..
PARTE I
– Acharam um corpo no rio!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Este grito ecoou na cidade de Santa Cruz das Posses, estado de São Paulo. Era Angenor dos Santos, misto de comerciante de secos e molhados e juiz de paz que, seguido um bando de garotos, gritava aos quatro ventos:
-Acharam um corpo no rio!
-O quê?; repetiam as comadres, enquanto retiravam as panelas do fogão à lenha e engrossavam o cordão de curiosos.
Na ânsia de chegarem ao local no qual estaria o corpo do “desinfeliz”, a Inácia, a matriarca dos Silva e descendente da tribo Caiapó (que habitava a região desde o descobrimento do Brasil pelos portugueses), parou de supetão na margem do rio. A fama de catimbozeira com a qual a velha índia Inácia era conhecida, não era vã!
Num repente, a Inácia começou a tremer e girar a cabeça, braços e pernas; em seguida começou a guinchar e rodar de um lado para o outro. E se atirava no chão, cada vez que olhava para os céus. Num átimo, gritou um grito horrendo, que congelou as veias até dos mais céticos, fazendo que até os cachorros ficassem mudos:
– Parem! Gritou mais de uma vez.
Angenor, que estava providenciando o batelão para buscar o corpo, nem havia reparado na velha feiticeira, tomada pelas entidades espirituais, ali, nas barrancas do rio. No entanto, ouviu sua última ordem. Angenor chegou perto da catimbozeira, que continuava de olhos fechados. Sem saber se ela estava consciente ou não. Angenor ficou assuntando, enquanto dava voltas e mais voltas ao redor da velha. De súbito, criou coragem e falou com toda a força dos pulmões e autoridade de juiz de paz:
-Eu estou providenciando o transporte do corpo Sá Inácia, disse o Angenor.
PARTE II
A velha catimbozeira abriu um dos olhos ao mesmo tempo em que parou de tremer o corpo:
-Num carece zi fío, respondeu. O corpo foi pra o fundo e só vai vortá quando o espríto se desprendê da matéria!
– Todos que a ouviam nesse momento, fizeram o nome do pai e se persignaram.
-Não é possível, Sá Inácia! Eu próprio ajudei a colocar o corpo encima do tronco lá na curva do rio. Só não achamos o batelão. Por isso vim aqui buscar um trator pra ajudar na remoção do corpo.
-Zi fío, ocê num teima com a véia não. Eu sei que o corpo tá no fundo do rio, bem do lado do batelão, deiz braça pra baxo do tronco que assuncê falô.
-Então eu vou lá, Sá Inácia.
-Vai fío, mais tem que levá as proteção: pra assuncê e pra os ôtro que vão com assuncê. Passa lá em casa nas ora arta que eu vou te dá um patuá pra te protegê do caboco d´água, que mora no Rio Pardo, que tá muito brabo com os ocurrido.
-O que aconteceu, Sá Inácia, fala pra mim.
-Ocê vai vê o Angenor, ocê vai vê!
Dito isso a Sá Inácia saiu do transe e ficou observando a turba que a circundava. Deu-se conta que estava sentada no chão e pediu uma ajuda para levantar-se, no que foi atendida por dois homens parrudos que estavam ali, estupefatos, ouvindo a velha catimbozeira. Um misto de respeito, curiosidade, devoção e medo é o que impulsionavam aqueles homens e mulheres a permanecerem ali ao lado da Sá Inácia.
Angenor foi até o sítio de um compadre pegar o trator emprestado, cordas, lonas, cobertores, coróte de água e ajudantes. Tudo que pudesse ser útil naquelas condições. Passou dirigindo o trator nas imediações da ponte. A Sá Inácia já havia ido embora, ficando apenas um bando de garotos e seus cães, algumas mulheres e uns poucos velhos de visão turva, todos curiosíssimos em saber das novidades.
Começou a soprar um vento frio. Angenor sentiu sua espinha arrepiar. Lembrou-se das palavras da Sá Inácia; sentiu medo! Mas ele tinha muito o quê fazer; ah, isso tinha…!
PARTE III
Angenor levou o trator até a margem onde houvera dito que deixara o corpo. Ajuda, no entanto não conseguiu, pois todos que trabalhavam no eito do compadre já tinham ido para suas casas. Manobrou o trator para chegar o mais próximo possível da barranca do rio. Tomou a corda de trinta braças de comprimento e a amarrou fortemente no eixo traseiro do trator. Sua intenção era descer até o tronco e amarrar o defunto na ponta da corda, voltar ao trator e puxar devagar o corpo até que chegasse ao alto do barranco; aí sim iria buscar o prefeito, o delegado, o boticário e quem mais fosse autoridade para decidir o que tinha que ser feito.
Deixou o trator funcionado no ponto morto. Enrolou as trinta braças de corda no ombro e começou a descida par ao leito do rio, agarrando-se às raízes e galhos dos ingazeiros que ali havia às centenas. O sol já estava quase no horizonte; afinal estava chegando a noite. Olhou por todos os lados e não viu o tronco onde ele havia deixado o corpo do afogado. Angenor descalçou as botas, soltou o facão Jacaré de vinte polegadas da cintura com bainha e tudo, tirou a camisa e mergulhou no rio. A água do Rio Pardo, como o nome já deixa transparecer, era escura; mesmo assim, com a luz difusa do sol, vislumbrou o batelão onde provavelmente o afogado estivera antes de acontecer o infausto.
Com muito esforço empurrou o batelão para a tona. Usando a ponta da corda, amarrou a proa do batelão, num tirante donde os pescadores costumavam encaixar uma “carranca”, que ali não estava. A noite começou a descer. O Angenor estava muito cansado do esforço desprendido para içar o batelão do fundo do rio. Respirou fundo e fechou os olhos: ora, pensou; como pode o corpo do afogado ter saído do lugar? Mais uma vez pensou nas palavras da catimbozeira e sentiu arrepios pelo corpo. Pensou em ir buscar ajuda com os outros homens do lugar, pois não sabia muito bem o quê fazer. Despejou água do coróte sobre a cabeça, enrolou-se por uns minutos num cobertor que houvera trazido, até que se lhe refrescassem as ideias. Quando vestiu a camisa, sentiu que o batelão começou a se mexer e que iria emborcar nas águas do rio. Quando se virou, viu duas mãos muito grandes e uma cabeça de um monstro, cheias de lodo, raízes e plânctons. Naquele instante, sabia que o caboclo d´água estava se manifestando, pois a proteção do barco só acontecia se no barco houvesse uma carranca ou um pirangueiro de muita espiritualidade; sendo o Angenor ateu, sabia que o caboclo d´água queria levá-lo para o fundo rio. Incontinenti, pegou o facão marca Jacaré de vinte polegadas e aplicou um golpe no caboclo d´água. Ouviu-se um urro aterrador do monstro, enquanto os dedos das duas mãos do caboclo d´água caíram no fundo do bote. O monstro então voltou para o fundo do rio. Algumas pessoas que estavam próximas do local ouviram os urros do monstro e, entre apavorados e loucos, foram em busca da Sá Inácia. Quando esta chegou, já lá estava o prefeito, o delegado, o boticário, o padre e o sacristão, e toda a molecada e todos os velhos de Santa Cruz das Posses. Quando o Angenor contou o ocorrido e mostrou os dedos do caboclo d´água, todos se persignaram; até a Sá Inácia. Ninguém, nem mesmo o Angenor, quiseram mergulhar no local para ver se encontravam o corpo. O delegado opinou que era melhor esperar o dia amanhecer e chamar o quartel de corpo de bombeiros da cidade próxima para ajudar na busca do afogado. Quando parecia que todos iam para suas casa, desistindo da procura, Sá Inácia gritou ordenando que não fossem embora, pois se fizessem isso, o caboclo d´água iria ficar com o afogado e nunca mais ninguém daquele lugar teria sossego.
PARTE IV
-Que fazemos então?, perguntou o delegado às pessoas que o circundavam.
Ficaram todos olhando unzunzotros e finalmente a catimbozeira falou:
– Zi fios, vamo pô a “lanterna dos afogado” drento d´água!
Todos então se lembraram da lendária lanterna dos afogados, embora a grande maioria jamais tenha testemunhado sua execução. Isso aguçou ainda mais a curiosidade geral da cidadezinha. Muitas pessoas saíram dali do barranco, para buscar gamelas de madeira e velas para montar lanternas dos afogados; o quê ainda atraiu mais gente para o barranco do rio. A noite já ia plena… .
Após certo tempo, mais de vinte lanternas dos afogados foram montadas, com velas de topos os tipos e tamanhos, assim também com os tamanhos e formas das gamelas.
A Sá Inácia então se colocou à frente das autoridades ali presentes, só admitindo a presença do Angenor, como uma espécie de cambono oficial para o evento.
A catimbozeira, com o auxílio do Angenor, caminhou umas cem braças acima do ponto onde o Angenor dissera que havia deixado o corpo sobre um tronco. Uma procissão formada por pessoas, cães e até gente montada a cavalo seguia o cortejo. A catimbozeira, com a ajuda de seu cambono Angenor, desceu o mais próximo que pode da água do rio. O Rio Pardo, nessa noite estava calmo; a água estava fria, apesar do extremo calor que faz na região em tal época.
Sá Inácia chamou os santos e entidades, que acudiram imediatamente e, tomada pelos espíritos do bem, pediu para o Angenor que mandasse acender as velas das lanternas dos afogados. O delegado, usando sua autoridade, lá do alto do barranco, mandou organizar uma fila com as pessoas que trouxeram os apetrechos das lanternas. Tomou a primeira gamela, acendeu a primeira vela, deixou o fogo crepitar e em seguida, pingou sete lágrimas da vela no fundo e no centro da gamela, onde imediatamente “colou” o fundo da vela. Em seguida passou ao vigário, que fez um sinal da cruz sobre a lanterna, que a passou ao sacristão, que a passou ao soldado de prontidão, que desceu a barranca para entregar ao Angenor, que a apresentou à Sá Inácia, que a colocou suavemente nas águas do rio. No primeiro instante a gamela flutuou, girou, a chama da vela dobrou-se com a brisa, parecendo que iria se apagar; em seguida a gamela girou três vezes e uma pequena onda da corrente do rio veio buscá-la e a levou de mansinho, devagar, agora com a chama muito viva da vela ardendo e lançando luminosidade numa certa área do rio. E o povo a acompanhar todos os gestos e movimentações dos envolvidos nesse mister; cena que se repetiu por mais de trinta vezes, pois trinta eram as gamelas trazidas, embora sobrassem velas. que foram distribuídas povo, que as acenderam ,formando com luz e sombras espectros horrendos, mas de inspiração forte. A um sinal da Sá Inácia, o Angenor a ajudou a sair da beira do rio e escalar o barranco, misturando-se na turba que acompanhava os fatos. Era muita gente!
PARTE V
Do alto do barranco Sá Inácia e o Angenor puderam observar aquela profusão de lanternas descendo o rio; algumas até se enroscando umas com as outras, mas iam girando até se desenroscarem e continuarem sua epopeia, descendo o rio.
-É bonito de se ver!, disse o Angenor, no quê percebeu-se a expressão séria da catimbozeira ainda tomada, que pedia silêncio com o indicador cruzando os lábios e encarando a todos, num prenúncio de que a ordem de se fazer silêncio era para todos e não para o Angenor somente.
A partir de então, o cortejo foi seguindo desde o barranco e rio abaixo, as lanternas dos afogados, liderados pela Sá Inácia e o Angenor.
Após mais de uma hora de caminhada, notaram que algumas lanternas desviaram-se para as margens, enquanto a grande maioria seguia o fluxo da corrente do rio, pelo centro do caudal.
A catimbozeira mandou todos pararem e ficarem concentrados naquelas lanternas das margens. As lanternas que navegavam no leito central do rio já iam longe, ao passo que duas ficaram estáticas na margem. O cortejo se aproximou e parou para ver. Uma delas, lentamente girou e seguiu no sentido do centro do rio e seguiu a corrente, ao passo que a outra girou três vezes e voltou a parar; estática, imóvel, a chama crepitante.
– É lá que tá o corpo, vaticinou a catimbozeira.
Com efeito, desceram o barranco o delegado, o sacristão e o soldado, além do Angenor. O povo, do alto do barranco e liderados pela Sá Inácia, rezavam cada um à sua maneira, alguns esconjuravam e outros amedrontados, mas imobilizados pela curiosidade, não arredavam pé. A noite ia alta, faltavam quinze minutos para a meia-noite.
Angenor foi o primeiro achegar até o local onde estava a lanterna dos afogados. Ouviu-se um barulho de gente caindo na água: – era o soldado que acompanhava o delegado, que havia tropeçado nas galheiras carregadas pelo rio e que pelo ocorrido, levou uma séria reprimenda do delegado.
Nem foi preciso muito esforço para comprovar a premonição da catimbozeira: o corpo do afogado estava enroscado numa galheira, a mesma que aparentemente, segurava a lanterna dos afogados.
PARTE VI
-Como vamos tirar este defunto da água?, perguntou o soldado.
O delegado não via a solução imediata e quando este olhou para o Angenor, este teve uma ideia e pôs mão à obra: retirou o facão da bainha presa na guaiaca e seguiu na direção de uma moita de bananeiras, ali próximo, à beira do rio. Após breve intervalo de tempo, Angenor voltava com um feixe de toras de bananeira e as depositou ali, ao pé do delegado. Solicitou a ajuda do delegado e do soldado e foi dispondo as toras de bananeira desde a água até o topo do barranco, a intervalos de meio metro. Ato contínuo, o Angenor subiu o barranco e correu até o trator enquanto saciava a curiosidade do povaréu: achamos o morto! A notícia se espalhou, qual rastilho de pólvora. E mais gente acudiu, agora vinda de Cajuru, Sertãozinho, Pontal, Pradópolis, Barrinha, Guariba…
O barulho estrondoso do trator John Deere se aproximando, atiçou ainda mais a curiosidade. Angenor aproximou o trator da margem do rio em marcha-a-ré, desceu e amarrou a ponta da corda no eixo traseiro do trator. Lá embaixo, o delegado e o soldado já haviam retirado o corpo da água e a Sá Inácia estava encomendando o corpo à sua maneira.
Aos trambolhões, o Angenor saltou por sobre as toras de bananeira até chegar próximo de onde estavam Sá Inácia, o delegado, o soldado e o corpo defunto.
Amarraram o corpo na ponta da corda. O delegado e o soldado foram escolhidos pelo Angenor para ajudar no que fosse possível para o corpo deslizar por sobre as toras de bananeira e o próprio Angenor, iria puxar a corda com o trator. Dito e feito. Com a resistência ao atrito diminuída pelas toras de bananeira, o corpo facilmente chegou até o topo do barranco. Todas as pessoas presentes, com as velas acessas, iluminavam a cara do morto para saber de quem se tratava: ninguém o conhecia!
PARTE VII
Nisso, chegou o velho Barrinha, que do alto dos seus noventa e cinco anos de idade, olhou o rosto do morto e disse:
-É João Cantão de Frexeira, que mora em Cravinhos!
Para espanto geral, muita gente já tinha ouvido falar do pernambucano que vivia em Cravinhos e que tinha muita vontade de tocar viola, mas que era um péssimo violeiro. O velho Barrinha ainda segredou ao Angenor e ao delegado, de que João Cantão havia lhe dito ainda no dia anterior, que seria capaz de vender sua alma ao diabo, para aprender a tocar viola.
Quando finalmente a Sá Inácia se apresentou, mostrou os dedos do caboclo d´água em suas mãos. Disse ao Angenor para ir à sua casa o mais rápido que pudesse, pois ele, o Angenor, teria que usar um patuá com as falanges dos dedos do caboclo d´água pelo resto da vida, senão o caboclo d´água iria atacá-lo quando entrasse no velho rio Pardo, com ou sem carranca no batelão.
O padre resolveu levar o corpo para a igreja, para identificá-lo junto como delegado e dar-lhe a benção antes do enterro digno.
EPÍLOGO
Quando estavam já de saída, com o corpo do morto envolto na lona que Angenor havia trazido e atrelado sob o banco do motorista do trator, ouviu-se, lá no meio do rio Pardo, um grito horrendo, depois silêncio. Mais alguns instantes, passa um batelão pintado de vermelho, com uma lanterna de afogados acesa, bem na proa, onde um vulto escuro e enorme tangia as cordas de uma viola com extrema maestria, enquanto dava enormes gargalhadas. Era o coisa-ruim, que havia tomado a vida do João Cantão, mostrando que ele sabia tocar viola como ninguém!
Sá Inácia, nesse momento recebeu exu e, dali mesmo do barranco, desafinou a viola do cão. O cramunhão resmungou alto e, olhando para aquelas pessoas e com o batelão descendo as águas do rio, começou a afinar a viola no sistema de afinação que ficou conhecido como “rio abaixo”! A partir daí, a cidade de Santa Cruz das Posses nunca mais foi a mesma… .
– Mas isso também é folclore!
……..FIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM.
Publicado em: 01/03/2009 10:11:01
Última alteração:25/06/2009 14:38:21
286) O CAFÉ DE JACU
Algumas das informações aqui passadas, foram extraídas de textos dos seguintes jornalistas: José Hamilton Ribeiro, (São Paulo-SP), Patrícia Lapertosa (Belo Horizonte- MG). Muitos outros artigos de outros jornalistas foram lidos, porém pouco ou nada de novo adicionaram a este texto.
……………….
PRÓLOGO:
Eu nasci e me criei numa fazenda de café, em Cravinhos (SP), região de Ribeirão Preto, à época alcunhada de “A Capital do Café”. Pois é, leitores, a região de Ribeirão Preto já foi a maior produtora de cafés do mundo! No final da década de 50 e início da década de 60, houve a infestação de uma praga nos cafeeiros, chamada de “ferrugem”, que se dizia de origem africana. O vírus, por assim dizer, se instalava nas raízes dos cafeeiros e ia comendo a planta por dentro: primeiro as raízes, depois o tronco e por último os galhos e ramos novos. Tentou-se de tudo para combatê-lo, porém a ciência foi vencida naquela oportunidade. A meu ver, faltou experiência dos governantes e vontade política de gastar algum dinheiro com a importação de cientistas e execução de pesquisas dentro e fora do país, para conhecer melhor e combater a praga que nos assolava.
A única solução encontrada foi a mais drástica possível: a erradicação dos cafeeiros, todos. Arrancados os cafeeiros, ainda tinham que queimá-los, pois os “vírus” sobreviveriam de outra maneira, ocultando-se no solo de massapé roxo e nobre da região, oriundo de aluvião vulcânico. Dessa maneira, muitos fazendeiros perderam as rédeas de comando, pois não sabiam dirigir outro tipo de cultura. Hoje, a região é considerada a mais promissora do Brasil, tendo ali surgido burgos agrícolas muito ricos, pois são os maiores produtores do mundo de etanol, originário da cana-de-açúcar, além de produzir muito açúcar, e suco de laranja, que abastece a maioria dos países do hemisfério norte, incluindo-se aí os Estados Unidos da América, que é o maior rival nessa competição, porém os EUA vivem às voltas com as nevascas, que frequentemente dilaceram com a sua produção, ao passo que no Brasil este fenômeno não existe; aqui é sempre primavera e verão o ano inteiro na maior parte do país, sendo que na região entre São Paulo e Paraná, temos com certa frequência a precipitação de geadas, especialmente entre os meses de junho e agosto que, se não é época da floração dos cafeeiros, é quando as gemas das flores se formam nos ramos; com isso a quantidade de frutos é menor, pois muitas dessas “gemas” não vingam. As geadas “queimam” as copas dos cafeeiros, o que faz com que os novos ramos, os “brotos” não vinguem e com isso a quantidade de frutos diminui, além de afetar os tamanhos dos grãos e etc. Com a “desistência forçada, devida à erradicação pelos motivos alavancados acima,” o estado de São Paulo perdeu a hegemonia, assim como o estado do Paraná (região de Londrina), pois além da “ferrugem”, havia o problema das geadas, fenômeno natural e impossível de demovê-la dos efeitos nefastos à cafeicultura, estes dois estados foram perdendo espaço na produção de café para os estados que estavam pouco mais ao norte, fora da “zona temperada”, onde a praga da ferrugem não havia chegado e onde, por ser montanhoso, não havia a ocorrência de geadas; os estados de Minas Gerais e Espírito Santo passaram então a ser os maiores produtores de café do Brasil. Para quem não sabe, numa região onde ocorrem geadas (espécie de neve, finíssima), a maior concentração acumula-se nas baixadas e grotas e é tido como verdade entre os cafeicultores que, à cada cem metros de desnível, a temperatura cai dez por cento, ou seja, para cada desnível de 100 metros, a temperatura cai 10º C. Mesmo o Brasil tendo perdido a hegemonia para a Colômbia aqui no continente americano, ainda se produz muito. Com a globalização, surgiram possibilidades de mercado para novos e sofisticados produtos, para uma clientela cada vez mais exigente: os cafés orgânicos e os do tipo “gourmet”.
Eu sei como se planta um cafeeiro em viveiro, como se espera o tamanho ideal para transplantá-lo para a cova definitiva, como fazer o transplante, como cultivá-lo e protegê-lo, como colhê-lo, os métodos de secagem até atingirem o ponto certo para o beneficiamento, a estocagem, como torrá-lo e sem dúvidas, gosto de saboreá-lo, principalmente. E gostando de tomar um café delicioso, acabei por tomar conhecimento da existência de um tipo de café que julgava que não existia e que jamais iria existir: o “café de Jacu”; tema central deste artigo.
– Há aproximadamente dois anos, foi anunciada a existência de um café para lá de especial em um filme produzido em Hollywood pleno de sofisticação e riqueza, onde um dos protagonistas, Jack Nicholson, dentre outras excentricidades, adorava tomar um café provindo da Sumatra, na Indonésia e que antes da torrefação, teria sido comido por um pequeno animal mamífero e natural daquelas terras, o “civeta” e que depois de defecado pelo animal era então recolhido e processado. Tal café tinha qualidades únicas e valia todo o dinheiro possível para comprá-lo e saboreá-lo. Era o “Kopi Luwac Coffee”, o café mais raro e caro do mundo. Este personagem tinha até uma cafeteira especial, na qual só era feito esse café especialíssimo. O outro personagem e protagonista, vivido pelo Morgam Freeman, era ao contrário, um homem de hábitos simples e vida modesta. O mote do filme é sobre a avaliação de toda uma vida e o comportamento humano, sob a ótica de duas pessoas diametralmente diferentes. O filme, que foi intitulado no Brasil de “Antes de Partir”, cujo título em Inglês é “The Bucket List”, mostrava este comportamento aparentemente antagônico entre os dois astros de cinema. Neste filme, foi mencionado pela primeira vez este tipo de café e o processo, no mínimo curioso de parte de seu processo preparo ter incorporado a “maturação no estômago de um animal”. Há de se observar que tal “café especial” já era produzido pelo menos há uns quatro anos, antes do filme.
Em agosto de 2008 começou-se a comercializar o café de jacu, que é a versão brasileira do café mais caro do mundo – o Kopi Luwak (como já dito acima, o Kopi Luwak é o café mais caro do mundo e o animal envolvido é um tipo de gato (ou gambá); o civeta. O café que ele come acaba saindo no estrume.
Portanto na Indonésia, há um gambá (civeta), “preparando o café”. No Brasil, uma ave (jacu), fazendo a mesma coisa!
Espécie nativa da mata atlântica, o jacu (nome popular da espécie “Penelope Purpurascens”, da espécie “Gracideae”, alimenta-se de folhas e frutos, incluindo aí o café. Sua espécie não gosta muito de se mostrar em campo aberto (vive mais metido dentro da mata), a ponto de haver um verbete que o identifica com o caipira que nunca vai à cidade: este também é chamado de jacu, por não gostar muito de mostrar-se.
Na cafeicultura brasileira, hoje em dia, a maior novidade – ou a mais extravagante – vem do Espírito Santo, esse estado campeão atual do café, com a referência básica do conilon e, cada vez mais, também dos cafés especiais, ou “cafés gourmê”; desses que se vende mais por quilo do que por saca e que, no começo, eram assunto só de São Paulo e Minas, produtores tradicionais.
O “café de jacu”, como partícipe do processo de café “gourmet”, foi descoberto por Henrique Sloper, proprietário da Fazenda Camocin, situada no distrito de Domingos Martins, no Espírito Santo.
A Fazenda Camocim, com cerca de 300 hectares de café e eucalipto, com boa parte da área ainda de mata nativa, foi pioneira na produção do “café de Jacu”.
Toda a produção desta fazenda é de café arábico orgânico. O jeito de colher café da fazenda é diferente do convencional por duas coisas:
-Primeiro; o café não vai ao chão. Ele é colhido em cima de um pano (por Deus, eu ACAS fiz isso muitas e muitas vezes), daí vai direto para a peneira e só se colhe o grão cereja (maduro), ou o seco; o café verde fica no pé, aguardando o ponto certo de maturação.
-A outra diferença, é que chega uma hora que o colhedor deposita a peneira debaixo do pé de café (pára de trabalhar), abandona os panos e a sacaria e sai pela rua de cafeeiro caçando, campeando, olhando; procurando um outro tipo de grão: o grão de café que o jacu comeu ainda ontem.
A fazenda Camocim fica no alto da montanha. A circunstância de ser região do Espírito Santo e produtora de café de montanha; a altitude é um dos pressupostos da qualidade do café.
Em 21 de setembro de 2008, a reportagem da TV Globo encarregou o jornalista laureado, José Hamilton Ribeiro, paulista de Santa Rosa de Viterbo e o câmera Jorge de Souza para filmar o jacu pra o programa “Globo Rural”. A tarefa deles era mostrar que os jacus comem café e ainda fazem todo o resto do serviço.
O “Globo Rural” mostrou: os jacus estavam por toda a parte, em volta das árvores, fazendo até aquela zoada lá dentro da mata. Um deles se coça, outro jacu, pousado na palmeira fica espiando… .
Para demonstrar mais facilmente ao jornalismo da TV Globo, o próprio administrador da fazenda colocou em campo aberto (para serem filmados), galhos e mais galhos do cafeeiro com os frutos maduros. E os jacus comeram mesmo, com gosto e apetite, segundo o José Hamilton.
-Em cerca de quinze minutos, cada jacu foi aos galhos, pelo menos quinze vezes, disse ele!
O jacu engole o grão de café maduro, para aproveitar a polpa e o mel; o grão de café em coco tem mesmo que sair e só pode ser mesmo na forma de pé de moleque: cada coco de café grudado a outro, através da resina das próprias fezes da ave. Então, o ciclo se fechou.
O Henrique Sloper de Araújo, formado em comércio exterior nos Estados Unidos e dono da fazenda Camocim, é quem afirma:
– Em 2006, parte da plantação foi invadida por jacus — aves de porte grande, que se alimentam de frutos e habitam florestas tropicais. Embora bem-vindas, pois a fazenda desenvolve a agricultura orgânica, a partir de princípios biodinâmicos de manejo da terra e cultivo do café, a quantidade de aves impediu a colheita num pequeno vale da fazenda. Ocorre que, ainda e para piorar, o jacu começou a migrar das matas para comer o café, então começou a dar prejuízo. Então, o s fazendeiros pediram autorização para o IBAMA para matar esses jacus. Enquanto aguardavam a autorização, tiveram a informação do café da Sumatra! Então, eles começaram a processar o “café de jacu” para fazer um teste.
A resposta veio depressa e foi muito animadora, portanto o teste deu certo!
Segundo o que o Sr Sloper relatou ao jornalista José Hamilton, “…não dava para colher o café com cerca de quarenta, cinquenta jacus em cada pé…”.
Diante do impasse, Sloper buscou a ajuda de vários especialistas, mas acabou encontrando, sozinho, uma curiosa solução. Observando a festança dos jacus, ele se lembrou do filme em que se falava do Kopi Luwak — o café mais caro do mundo, produzido com grãos comidos pelo civeta, um mamífero indonésio parecido com o gambá brasileiro(vide relato acima).
Observou que o jacu vem de manhã cedo, durante a madrugada e como o cafezal é todo rodeado de mata, ele vem e come o café. O jacu come o grão maduro no pé; o organismo da ave aproveita a polpa e o mel e descarta o coco, que sai no estruminho dela, como se fosse um pé-de-moleque.
Segundo o repórter José Hamilton, se pegarmos as fezes do jacu na mão, podemos afirmar uma coisa: ela não tem cheiro! Para colher o café de jacu, os empregados da fazenda Camocim vão vagueando entre os pés de café da fazenda, recolhendo as fezes do jacu com uma tipoia, uma espécie de embornal. Eles vão catando os cocôs, separando os mais “bonitos” (grãos maiores) e colocando dentro do embornal. No chão do cafezal, grãos inteiros de café apareciam no estrume deixado pelas aves. O organismo da ave aproveita a polpa e o mel, descartando os grãos de café, que, sem o pergaminho, se apresentam com as suas metades verdinhas, inteirinhas. Então, depois de lavados, basta completarem o beneficiamento, secar, torrar e moer os grãos para servir um dos cafés mais apreciados e caros do mundo, no caso brasileiro, o Café Jacu!
(Lembro que no povoado de Sumatra, na Indonésia, onde os grãos são cultivados, os aldeões coletam e processam as fezes).
Segundo especialistas, é a combinação de grãos e sucos gástricos destes civetas que dá ao Kopi Luwak o sabor e aroma que são únicos.
Não existem registros precisos sobre a história do Kopi Luwak, mas acredita-se que sua origem data de cerca de 200 anos atrás, quando os colonizadores holandeses iniciaram plantações de café nas ilhas de Java, Sumatra e Sulawesi, onde hoje é a Indonésia.
No caso do “café de jacu” brasileiro, praticamente toda a produção vai para o mercado externo (Tóquio, Londres e Costa Oeste dos Estados Unidos) e uma pequena parte é vendida no Brasil, principalmente nas capitais. E este café agora tem a ver com uma realidade do Espírito Santo, onde começou toda a história, tornando o Estado do Espírito Santo ainda mais conhecido internacionalmente e revoluciona a produção de cafés especiais. O Café Jacu, sucesso comercial no exterior, tem ajudado a impulsionar as vendas do café orgânico Camocim, com certificações de instituições nacional e internacional. Iniciada de forma experimental, a produção do novo café passou a ser planejada no ano seguinte, tendo em vista o mercado internacional, no qual Sloper encontra comprador certo, disposto a pagar “ouro” por lotes pequenos (pacotes de 5 kg) e não por sacas do Café Jacu, ou melhor, do “Jacu Bird Coffee”.
No caso do café de jacu, praticamente toda a produção vai para o mercado externo e uma pequena parte (5%) é vendida no Brasil, principalmente nas capitais. O Jacu Bird Coffee ferve nas cafeterias gourmet de Tóquio, Nova York e Paris.
Cerca de 95% da produção atual é exportada para o Japão, Estados Unidos (principalmente a Costa Oeste), Inglaterra, Japão, Alemanha e França.
OPINIÃO DE QUEM ENTENDE MUITO DE CAFÉ
Na opinião do sommelier Ariel Pérez, da Casa do Porto, o Café Jacu é uma recompensa da natureza às pessoas que vivem em harmonia com o meio ambiente, respeitando a biodiversidade do planeta. Para ele, Henrique Sloper é um assistente da natureza e os jacus, uma dádiva.
Afinal, o tal café que vem nas fezes do jacu é bom? ”Muito bom. Harmonioso, equilibrado e tem uma acidez desejada. Deixa um sabor residual muito agradável na boca. Lembra fruto maduro, adocicado. Está vendo esse creme que fica na xícara depois que acaba? É sinal de qualidade. Enfim, é um café maravilhoso, para degustar como se estivesse tomando uma raridade”, descreve Marcos Aurélio Bacceti, produtor, corretor e degustador de café para fins comerciais e de pesquisa. Ele já havia experimentado a bebida em São Paulo.
A bioquímica Maria Brígida Scholz, pesquisadora de café do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), tomou o café-jacu pela primeira vez e também aprovou. ”Esperava que fosse um bom café. E realmente é. É muito doce, com acidez aceitável, bem agradável. O ponto de torra é suave, muito aromático”, afirma ela, que também é degustadora oficial de café. Segundo Brígida, trata-se de um café super selecionado, já que o jacu escolheu no cafeeiro os frutos bons e bem maduros. ”O pássaro é atraído pelo doce do café”.
…………………..
-”E depois de beneficiado, o jacu coffee fica diferente?”, pergunta o repórter.
“Ele fica com o mesmo aspecto, como se fosse um café convencional comum”, diz.
Hoje, no mesmo pé de café, podemos colher tanto a cereja do café (café maduro), quanto o jacu coffee. No mesmo pé de café tem os dois; um tipo nos galhos, outro no chão, onde o jacu defeca.
……………………..
– Vixe, cara! E quem é que toma esse café?
– Quem toma? Não há o que chegue… E nem tem preço fixo. Assim que o Henrique estoca uma partida, ele faz um leilão pela internet e só vende se chegar no preço que ele quiser.
PARECER DE UM PESQUISADOR
-Você tomaria uma bebida feita com fezes de animal? Antes de responder, saiba que é esse o ingrediente especial do café mais raro, saboroso e caro do mundo, o Kopi Luwak, originário da Indonésia. Essa, digamos, excentricidade do café sempre foi considerada uma lenda urbana, até que um estudo realizado pelo pesquisador italiano Massimo Marcone, em 2004, confirmou o que deve ter feito o estômago de muitos apreciadores da iguaria revirar. Os preciosos grãos são mesmo processados pelo sistema gastrointestinal e depois retirados dos excrementos da civeta, um mamífero parecido com um gato, que não existe no Brasil (na Indonésia, as palavras Kopi e Luwak significam, respectivamente, café e civeta). O animal come somente os frutos mais doces, maduros e avermelhados do café, que são digeridos pelo seu organismo, com exceção dos grãos, que são excretados junto com suas fezes. E é justamente essa produção limitada dos grãos (menos de 230 quilos por ano) o motivo de sua raridade, preço alto (cerca de mil dólares o quilo) e sabor inigualável, garantem os apreciadores. “Uma mistura de chocolate e suco de uva. Menos ácido e amargo do que os cafés comuns”, descreve Marcone.
Pesquisa valiosa: ENZIMAS, BACTÉRIAS E FEZES
O pesquisador explica que à medida que o grão passa pelo sistema digestivo do animal, ele sofre um processo de modificação parecido com o utilizado pela indústria cafeeira para remover a polpa do grão de café, mas que envolve bactérias diferentes das usadas pela indústria, além das enzimas digestivas do animal. É isso que dá ao Kopi Luwak seu sabor característico inigualável. Mas esse processo um tanto quanto esquisito de produzir café não representa riscos à saúde? “Os resultados dos testes que fiz em meus trabalhos mostraram que a bebida é perfeitamente segura”, garante Marcone.
É nessas ilhas que vivem as civetas, que começaram a se alimentar da planta. Para evitar o desperdício, os plantadores de café começaram a coletar os grãos que saíam intactos das fezes dos animais. Em algum momento alguém resolveu experimentar essa variedade aparentemente pouco apetitosa e descobriu o que hoje é considerado o café mais saboroso do mundo.
DADOS ECONÔMICOS
Segundo o senhor Henrique, dono da fazenda Camocim em entrevista ao repórter José Hamilton, a diferença básica da produção do café do jacu e do café do civeta é o processo digestivo do animal, O café do civeta, como é digerido por animal parecido com um de gato ou gambá, portanto um mamífero tem a digestão mais lenta, portanto sua capacidade de produção é menor. Já “o café de jacu, por ser uma ave e por ter a digestão muito mais rápida, produz mais quantidade de café em menor tempo”, explica o dono. Unindo essa resposta com um pouco mais de lógica eu, ACAS, deduzo que o tempo maior sujeito às enzimas podem dar maior qualidade e sabor ao café, de um em relação ao outro. Daí, a diferença nos preços, mesmo sabendo que os brasileiros empenhados nesse mister ainda estão no começo do processo e ainda podem incorporar pesquisas neste campo, que considero promissor, sob todos os aspectos.
Em algumas cafeterias de São Paulo (SP), podemos encontrar esses cafés especiais, o Kopi Luwac custa R$ 25,00 a xícara enquanto o café de Jacu custa R$ 10,00 ; exatamente o mesmo preço que é cobrado em LonDr.ina (PR). Os preços pesquisados por mim mostrados abaixo, levam em consideração pesquisas locais que fiz e informações de artigos já publicados a respeito. Podem haver variações, conforme a região seja por locais de venda mais sofisticados, seja pela distância dos produtores e o cliente final. Enquanto os cafés Kopi Luwak (da Sumatra- Indonésia) custa cerca de US$ 1000 (ou R$ 2000,00) o kilogramo, nosso café do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, (torrado e moído) do tipo “Blend” (formado por “conilon e robusta”, principalmente, mais palha de café, chicória ou milho torrado) custam em média cerca de R$ 9,00 (ou US$ 4.50) o kg e os cafés tipo Gourmet, formado por arábico ou bourbon, catado no chão – “derriça”) atingem R$ 15,00 (ou US$ 7.50), ou bourbon catado no pano, o “café orgânico” (Cerrado Mineiro; Sul de Minas; Aralto ou Mogiana), todos eles de Minas Gerais, com exceção do Mogiana, de São Paulo, provavelmente de Cravinhos, minha terra natal), atingem o valor de R$ 51,00 (ou US$ 25.50) cada kg. Já o café de Jacu, já foi negociado a R$ 400,00 o kg (ou US$ 200), o que já nos parece como algo promissor, enquanto não se consegue uma produção maior, pois como afirmou o principal produtor deste tipo de café, “…não existe um preço definido para o café de jacu”!
ALGUNS LUGARES ONDE SE PODE TOMAR O CAFÉ DE JACU
“Casa do Porto” – Em Belo Horizonte, São Paulo, Vitória e em Vila Velha.
“Santo Grão” – Em São Paulo( SP) e outras capitais.
“O Armazém” – Em Londrina (PR)
CONSTATAÇÃO E CONCLUSÃO
O café-jacu, ou “jacu bird coffee”, está chegando a todos os lugares do Brasil, onde quer que se tenha mercado comprador. Nas cidades, o café só é servido na forma de espresso por máquinas. Eu não tive nenhuma notícia de que alguém o tenha provado, coando-o pelo processo usual em todo o Brasil: passados por coador!
Admito, no entanto, que deva ser tão bom quanto na forma de espresso. Aliás, para mim, ACAS, este fato é importante, pois a lenda do café, conta que o árabe que bebeu café pela primeira vez afirmara que quis tomar o café, porque havia notado que suas cabras ficavam mais ativas e saltitantes cada vez que comiam grãos de café maduros. Se os jacus se mantinham calmos – e isso foi registrado em filme, talvez em breve possamos também processar o “café de cabrito”, exportando todas as bolinhas recheadas de café: o quê os leitores acham?
Publicado em: 05/05/2009 20:54:43
Última alteração:05/02/2010 10:40:52
287) O CAFÉ DO CUÍCA
CUÍCA POSA NUM PÉ DE CAFÉ
No ano de 2007 foi anunciada a existência de um café para lá de especial em um filme produzido em Hollywood pleno de sofisticação e riqueza, onde um dos protagonistas, vivido por Jack Nicholson, dentre outras excentricidades, adorava tomar um café provindo da Sumatra, na Indonésia e que antes da torrefação, teria sido comido por um pequeno animal mamífero e natural daquelas terras, o “civeta” e que depois de defecado pelo animal era então recolhido e processado. Tal café tinha qualidades únicas e valia todo o dinheiro possível para comprá-lo e saboreá-lo. Era o “Kopi Luwac Coffee”, o café mais raro e caro do mundo. Este personagem tinha até uma cafeteira especial, na qual só era feito esse café especialíssimo. O outro personagem e protagonista, vivido pelo Morgam Freeman, era ao contrário, um homem de hábitos simples e vida modesta. O mote do filme é sobre a avaliação de toda uma vida e o comportamento humano, sob a ótica de duas pessoas diametralmente diferentes. O filme, que foi intitulado no Brasil de “Antes de Partir”, cujo título em Inglês é “The Bucket List”, mostrava este comportamento aparentemente antagônico entre os dois astros de cinema. Neste filme, foi mencionado pela primeira vez este tipo de café e o processo, no mínimo curioso; de parte de seu processo preparo ter incorporado a “maturação no estômago de um animal”. Há de se observar que tal “café especial” já era produzido pelo menos há uns quatro anos; antes do filme.
Em agosto de 2008 começou-se a comercializar o café de jacu, que é a versão brasileira do café mais caro do mundo – o Kopi Luwak (como já dito acima, o Kopi Luwak é o café mais caro do mundo e o animal envolvido é um tipo de gato -ou gambá- o civeta). O café que ele come acaba saindo no estrume.
Portanto na Indonésia, havia um gambá (civeta), “preparando o café”. No Brasil, uma ave (jacu), fazendo a mesma coisa!
Passaram-se mais quatro anos, estávamos em 2012; um novo tipo de café começa a ser processado exatamente na mesma fazenda onde o café de jacu é produzido: trata-se do “café do cuíca”.
-É verdade que o raio não costuma cair no mesmo lugar duas vezes seguidas?
-Se nos ativermos aos fatos relatados abaixo, me parece que sim.
Fazenda Camocim, Município de Pedra Azul, distante 100 km da capital Vitória, estado do Espírito Santo: são 120 mil pés de café. A colheita do café ocorre, normalmente entre os meses de abril e setembro. Já há um bom tempo, o senhor Rogério Lemke, administrador da fazenda, andava intrigado com o fato de, todos os dias, encontravam milhares de grãos de café, ainda gosmentos e sem as cascas, amontoados sob os pés de café. E isso acontecia do dia para a noite. O administrador observou também que isso só ocorria nas árvores dos cafeeiros cujos grãos estavam maduros; não acontecia o evento nos cafeeiros com grãos ainda verdes, nem tampouco para aqueles com grãos secos. Outra constatação: mesmo nos cafeeiros com grãos maduros, seja lá o que fosse que causava aquela “comilança”, não comia os grãos, mesmo maduros, porém com manchas ou imperfeições; segundo o senhor Evair de Melo, presidente da Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), que ajudou a desenvolver os cafés de jacu e cuíca na fazenda; seja o que fosse que causava aquilo, era um perfeccionista, pois só se saciava dos melhores grãos. Portanto, algum animal, naquela região, se preocupava em chupar os frutos maduros e adocicados do café, causando assim um espanto e possibilidade de prejuízos em curto prazo.
O administrador tomou providências, fazendo sentinelas noturnas percorrerem os eitos de café, até que foram descobertos os causadores daquele mistério: eram “cuícas”; pequenos marsupiais, mamíferos e silvestres, que guardam certa semelhança com ratos e furões, portadores de uma cauda longa e sem pelos. Os animaizinhos se penduravam nos galhos mais baixos dos cafeeiros, à noite, para se alimentarem da casca, da polpa e do mel do café maduro. Escolhiam sempre os frutos mais sadios, numa perfeita “colheita seletiva”. Em seguida, os cuícas dispensavam esses grão, ainda com algum resquício do mel sobre a sub-casca da semente, deixando-os lá no chão, onde eram encontrados. Para evitar o prejuízo, o dono da fazenda, Henrique Sloper, resolveu recolher tais sementes “cuspidas” pelos cuícas, iniciando-se o mesmo processo que o mesmo senhor fez com o caso do “café de Jacu”; a grande diferença era que o café de jacu era engolido pela ave e depois saía na defecção, portanto passava por um processo químico natural antes de ser defecado; enquanto que para o café do cuíca, eles não eram ingeridos, mas sim cuspidos.
A partir daí, o senhor Sloper decidiu fazer testes de secagem e torra das sementes, tal como já havia feito para o café de jacu, para saber exatamente, na xícara, o quê se poderia esperar de tal tipo de café.
QUANTO CUSTA O QUILO DO CAFÉ?
KOPI LUWAC – R$ 2000 (USD$ 1000)-FONTE WIKIPÉDIA
CUÍCA – R$ 900 (USD$ 450)
(Os grãos cuspidos pelo animal são recolhidos manualmente do chão, e secos em terreiro suspenso).
JACU – R$ 450 (USD$ 225)
(Os frutos maduros comidos pela ave são liberados nas fezes, que não têm cheiro, e limpos manualmente).
CAFÉ ESPECIAL (CAFÉS GOURMET)- R$ 60 (USD$ 30)
(São cafés de qualidade superior à média, feitos somente de grãos arábicas, com doçura e acidez equilibradas).
PRODUÇÃO DOS CAFÉS ESPECIAIS
-O civeta (Kopi Luwac) consome apenas 25 sementes por dia e a produção anual não ultrapassa os 230 quilos. O processo digestivo é longo.
-O jacu, consome cinco a seis vezes mais que o civeta. O processo digestivo é inferior ao civeta.
-O cuíca não ingere o grão do café, apenas comem a casca e a polpa adocicada. Come muito, se considerarmos seu tamanho.
TÍMIDAS E CRITERIOSAS
Os cuícas são animais ariscos. Eles têm hábitos noturnos, portanto é quase impossível vê-los à luz do dia, quando permanecem escondidos.
O fato de a fazenda Pedra Azul ser circundada por matas nativas e parques nacionais, torna o habitat ideal para animais de tipos diversos, tais como o jacu e o cuíca. A fazenda se beneficia do fato ainda mais por que as pragas que sempre atacam as lavouras de café, o fazem por não terem onde se alimentar, função que as matas no entorno assumem. Por se tratar de uma propriedade de produção orgânica (não usam inseticidas e tais), toda uma extensa variedade de flora e fauna se alimenta à vontade sem correr riscos. A colheita dos grãos cuspidos pelos cuícas é ainda mais trabalhosa do que aqueles defecados pelos jacus; pois para esses é necessário pegar grão por grão, enquanto para aqueles são colhidos como uma fieira, conjuntos de duas dúzias ou mais por defecção. Para a colheita das fezes do jacu, são utilizados espetos especiais, enquanto que para o café dos cuícas, são apanhados manualmente pelos trabalhadores da fazenda que têm que se agacharem e pegar grão por grão, acomodando-os em sacolas a tiracolo, as mesmas usadas para coletar o café de jacu. Um dos cuidados para coletarem os grão do café dos cuícas é que a coleta deve ser feitas diariamente, sob risco das sementes serem fermentadas no chão. Então, os grãos colhidos são transportados para secar em um terreiro suspenso, protegido por estufa, onde a temperatura e a umidade são controladas. Após a secagem, os grãos passam por uma limpeza e estocados, descansando até a torragem. A fazenda Camocim fez testes por mais de um ano, para chegar ao melhor grau de torragem e ao tamanho do grão moído, até chegar á xícara dos apreciadores; ainda que muito caro.
O JACU PIONEIRO
O cuíca não é o primeiro animal brasileiro a “participar” no processo de cafés especiais no Brasil. Antes dele, o jacu (ave arisca) participou do processo: o café de jacu foi vendido pela primeira vez em 2007, também pela fazenda Camocim. A produção do café de jacu é da ordem de 950 kg por ano e é vendido no mercado pela bagatela de R$ 450 o quilo.
A previsão do café de cuíca é uma produção bem menor, da ordem de 100 quilos/ano, porém ao preço de R$ 900 o quilo.
É interessante fazer observar aos leitores, que os cafés especiais da fazenda Camocim foram inspirados pelo Sr. Sloper enquanto assistia um filme, conforme mencionado no prólogo. O kopi luwac, famoso café da Indonésia, cujos grãos são retirados das fezes da civeta (animal semelhante ao gambá) custam USD $ 1000 o quilo (cerca de R$ 2000).
Segundo um pesquisador de nome Ensei Neto, tem-se discutido muito sobre o surgimento de cafés submetidos a “tratamento especial” de animais. Depois do Kopi Luwac Coffee, da Indonésia, surgiu o Café de Jacu (Jacu Bird Coffee), do Brasil. Após, surgiu o Bat Coffee (produzido por um morcego mexicano) e do cuspidor Cuíca Spat Coffee, do Brasil e mote deste artigo. O pesquisador fala ainda sobre o Elephant Dung Coffee, da Tailândia, que diferente dos outros animais defecadores ou cuspidores de cafés especiais, onde os elefantes são tratados com cafés maduros. Do ponto de vista de quantidade possível de produção, creio que não exista animal no mundo para produzir mais que um elefante. Só o teste do café na xícara poderá mostrar qual o melhor. Seriam esses cafés de qualidade tão excepcional para justificar o preço?
QUANTO CUSTA A XÍCARA DE CAFÉ
CAFÉS GOURMET => R$ 4,00 @ R$ 6,00 (SÃO PAULO)
CAFÉ DE JACU => R$ 25,00 (SÃO PAULO)
CAFÉ DO CUÍCA => NÃO ENCONTRADO EM SÃO PAULO)
CAFÉ DO KOPI LUWAC => R$ 150,00 (50 LIBRAS esterlinas)-LONDR.ES
SURGEM RESSALVAS À 1ª LEVA, PRODUTOR VAI MUDAR A TORRA
Deixando de lado os protocolos rígidos de degustações profissionais; já que a ideia era somente colher primeiras impressões de especialistas, foi realizada a primeira amostra do café de cuíca, que não circulou comercialmente. O jornal paulistano Folha de São Paulo convidou três experts para provar a bebida às cegas. Isabela Raposeiras, do Coffee Lab; Marco Suplicy, do Suplicy Café; e Cecília Sanada, do Octávio Café. Eles aceitaram o desafio e fizeram provas informais com uma pequena quantidade de grãos.
Fazendo o balanço dessa primeira leva, surgiram três pontos em comum: baixa acidez, doçura acentuada e torragem um pouco exagerada.
Foram as mesmas conclusões a que o norte-americano Andrew Barnett e o holandês Willem Boot (ambos provadores profissionais), tinham chegado à última semana, em prova acompanhada pela Folha de São Paulo na fazenda produtora.
EXCESSO DE TORRA
-Para Isabela Raposeiras o excesso de torra inibiu o potencial do café. “Esse café cru deve ser de qualidade, tem doçura elevada e é limpo. Mas, a acidez é muito baixa [especialistas se referem à acidez como sinônimo de qualidade].”
-Marco Suplicy achou a bebida “agradável”, com “bom corpo” e “nota de mato”. “Mas sinto uma aspereza, não é uma bebida nem mole, nem estritamente mole [as melhores categorias da bebida].”
-Já Cecília Sanada diz que o café perde em aroma. “Não é acima da média”. Por outro lado, chama a atenção para a doçura acentuada e para um “amargor que não chega a atrapalhar a bebida”.
Segundo o fazendeiro Henrique Sloper, os lotes que chegarão ao mercado neste anos de 2013, passarão por ajustes de torra, a fim de fique “mais delicado”.
RAIO-X DO CUÍCA
Segundo o biólogo Luiz Felipe (blog Biodiálogo), o Brasil possui cerca de 50 espécies de marsupiais, com as mais variadas formas e hábitos. No entanto, a maioria das pessoas crê que os marsupiais existem apenas na Austrália (cangurus, por exemplo), ignorando totalmente a grande diversidade brasileira desses animais. Os marsupiais são mamíferos que, em geral, possuem uma bolsa marsupial, onde protegem e amamentam seus filhotes durante o final de gestação. Convém notar que nem todos os marsupiais possuem de fato o marsúpio, talvez por isso, algumas pessoas os confundam com roedores.
Como é: é um mamífero marsupial – como o canguru, as fêmeas são dotadas de uma bolsa chamada marsúpio, que contém as tetas e serve para carregar os filhotes.
Onde vive: é encontrado na região que vai do México à Argentina.
Quanto mede: quando adulta, seu corpo pode alcançar cerca de 30 cm de comprimento, e sua cauda pode ter outros 30 cm.
Que cor tem: seu dorso é cinza-escuro, e as partes inferiores, amarelo-clara e manchas da mesma cor acima dos olhos.
O que come: animal onívoro que se alimenta de matéria vegetal e animal – metade da sua alimentação é de frutas. Tem entre 40 e 50 dentes.
Curiosidade: também se alimenta de serpentes; mesmo as mais venenosas. São imunes ao veneno dessas.
Bibliografia
LUIZA FECAROTTA-Folha de São Paulo: publicada no caderno especial “O Melhor da Folha em 10 Textos”, com o título de “Cuspe de Ouro”, página 55 a 61 da Folha de São Paulo de 25 de agosto de 2012. Também da mesma autora a matéria “Grãos cuspidos por mamífero em fazenda no ES renderão café de R$ 900 o quilo”, publicada na Folha de São Paulo, de 22 de agosto de 2012.
Publicado em: 01/02/2013 13:03:07
Última alteração:04/05/2013 13:04:12
290) O DIA EM QUE A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL FOI ATROPELADA POR UM CAVALO PARAGUAIO
No Brasil pentacampeão de futebol, é comum usar o termo “cavalo paraguaio” a alguma coisa falsa. Isso se deve ao fato de o Paraguai ser o país campeão sul americano receptor de coisas e bens falsificados e o maior receptador de carros roubados do mundo, quase cem por cento deles são brasileiros; cujos documentos “legais” são também falsificados no belo país guarani. E o Paraguai venceu o Brasil e se classificou (com grande possibilidade de ser campeão) para a semifinal da Copa América. -E mereceu; tristemente concluo.
Porém hoje, dia 17 de julho, o Brasil conseguiu com os seus craques ranqueados e estrelados que vivem na Europa, disputar uma partida morna, onde faltou qualidade. Há muito tempo, desde o último campeonato mundial ganho na Alemanha, o Brasil convive com a falta de garra e comprometimento de muitos jogadores que atuam na Europa. Não podemos esquecer que o Kaká, o Robinho e o Ronaldinho Gaúcho não compareceram à apresentação da seleção nacional durante a preparação da Copa América que antecedeu à Copa do Mundo de 1910; utilizando de desculpas como dores, indisposição estomacal e coisas assim; mesmo assim o Grande Dunga não quis levar os garotos brasileiros que apareceram como promessas, tais como Neymar e Ganso, este último mais ainda, por ser o melhor meio campista do Brasil desde Gerson e que tem a mesma habilidade e elegância que o Didi tinha (era chamado de “Príncipe Etíope”).
Uma pena que o Brasil tenha ficado fora das semifinais da Copa América! Poderíamos vingar a Argentina , que perdeu para o Uruguai mesmo jogando bem. O Brasil também jogou bem contra o Paraguai, mas, a exemplo de outras partidas, nossos jogadores negaram fogo; teve jogador que teve duas chances seguidas de fazer o gol e as desperdiçou. Outros, mesmo jogando em grandes clubes da Europa, desfilaram sua arrogância, tal e qual o Ronaldo Fenômeno já havia feito, sem dizer do Roberto Carlos (fora de série) e outrora o Paulo César Caju. E a arrogância se podia notar até na hora de cobrarem os pênaltis. Deu no que deu! Que pena que o Brasil que não tenha conseguido chegar entre os oito melhores times do mundo na Copa do Mundo e que também não tenha chegado sequer entre os quatro da América do Sul.
Eu, ACAS, que joguei futebol na várzea de São Paulo, jamais vi meus times (o Santa Cruz do Jardim D´Abril, o Independente, o Paulistinha, o Infantil São José, o Frigorífico Wilson; dentre outros); desperdiçar mais que um pênalti. E o Mano Menezes, que nunca morou na periferia nem conhece as minas de Taboão da Serra ou do Capão Redondo, mostrou-se tão fraco nas atitudes quanto o Dunga, de triste memória aliás. Creio que, mano por mano, existem muito melhores na periferia. Ainda que seja a periferia do futebol, que agora o Brasil se conforma em ser. Triste confirmar que deixamos de ser protagonistas. Temos a desculpa do mesmo que ocorreu com a Argentina, mas a situação deles é mais confortadora que a nossa: eles têm o brio; que nos falta.
Só sei que hoje, após o jogo, fui a uma padaria na Avenida Sapopemba, região leste de São Paulo e se a tristeza era grande entre os clientes; a frustração era ainda maior. Já na saída, observei que na máquina de assar frangos, já desligada, dois frangos gordos como aqueles tomados por Júlio César ( uma piada na seleção), jaziam frios, ainda que à frente dos holofotes do estabelecimento. Assim, nossos ídolos de barro vão saindo da praça, tristemente. Os antigos ídolos do Brasil da última copa do mundo, tão tristemente lembrados por Mano Menezes para ajudar o Brasil a ser campeão da Copa América pouco se esforçaram em merecer a convocação. E nessa legião de jogadores que pouco se esforçaram em competições oficiais, eu, ACAS, junto no mesmo saco aqueles que voltaram ao Brasil, achando que assim voltariam a ser parte da seleção, na lista cito Luiz Fabiano, Fred, Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Robinho, Wagner Love, Lucas Leiva, Maicon, Júlio César, AnDr.é Santos, Pato, Ramires, Jadson, Hulk, e mais de uma centena que, mesmo ricos, deveriam amar o Brasil e respeitar os sentimentos dos brasileiros. Logo nós, que fomos um dia “os reis do futebol”.
Se Deus ajudar, o presidente da CBF, que não financia nem roupas esportivas para a seleção feminina de futebol, nem quis de fato trazer o Murici (o melhor técnico brasileiro há mais de seis anos) para a seleção, deve cair fora da CBF. Ele que vá negociar com o Blatter (os dois se merecem).
Espero que um dia, o Murici convoque uma seleção de jogadores que só atuem no Brasil, de preferência que nunca tenham jogado em uma copa do mundo (Lúcio é exceção) e mostre a cara da nova seleção brasileira. Imaginar que o melhor goleiro do Brasil, já há mais de dez anos, o Rogério Cenni, nem sequer é lembrado; no entanto levam um frangueiro do naipe do Júlio César!!! É mesmo para se esperar coisa ruim.
– Tenho dito!
Publicado em: 17/07/2011 23:19:47
Última alteração:21/07/2011 17:51:44
291) O DOTÔ ME RECEITÔ-PORFIA VI
– As “cantigas de satisfação”, são cantigas tradicionais do Brasil, das mais antigas.
Parece serem procedentes de antigas tradições portuguesas, do século XVII.
Em algumas delas, o camponês se transforma em seres animados ou não; pode ser uma mulher pesarosa, pela perda do marido em além-mar; ou velha rabugenta, pode ser uma criança traquina fazendo reinações, pode ser o Pererê a fazer das suas, ou um animal doméstico, por quem o camponês tenha um carinho especial; pode ser até uma árvore, pedra ou flor. De fato, o camponês pode, nessas cantigas, ser quem quiser; menos ele próprio. Algumas dessas cantigas, por serem pantominas, algumas vezes podem ser provocações diretas ou veladas. Estou em fase de hibernação, para poder lembrar-se de algumas delas. Esta é uma porfia de “satisfação”, das que eram feitas quando as mulheres das colônias das fazendas de café lavavam roupas nas vascas coletivas. Por vezes, uma delas resolvia externar sua felicidade durante a lavagem da roupa. Em alguns casos também eram consideradas de provocação, pois ela podia cantar sua cantiga justamente quando uma outra se aproximava, da qual sabia que não estava muito bem com o marido. Normalmente aquela que estava de coração partido, não tendo o dom para a cantiga, batia a roupa com força na “tábua de bater roupa”. E quanto mais ela batia com força, mais a mulher da cantiga cantava mais alto: esta é um exemplo;
-O “seo” dotô me receitô
Um remédio bom de tomá
Treis bejo, antes do armoço
Deiz bejo, dispois de jantá.
Publicado em: 04/06/2007 18:51:35
Última alteração:04/06/2007 18:52:57
294) O Hino Caipira do Time do XV de Novembro de Piracicaba
Prólogo do ACAS
Embora o desejo desse autor (ACAS) fosse mostrar apenas o curioso hino caipira do time do XV de Novembro de Piracicaba, mais conhecido como “Nhô Quim”, divido com a jornalista Ana Marly Jacobino seu texto precioso, publicado na “Agenda Cultural Piracicabana”, em 02 de maio de 2009, mostrando o Hino Oficial (em Português culto) e o Hino preferido por 9 entre 10 torcedores do XV: o Hino caipira!
A cidade de Piracicaba era e é, berço de grandes jogadores de futebol e de basquete, principalmente aquele memorável time feminino, onde jogava a Magic Paula, num time patrocinado por uma empresa de saúde e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós, faculdade piracicabana padrão de agronomia. Também foi lá que o grande jogador de futebol, Dema, revelado pelo Ypiranga de São Paulo; que passou pelo Palmeiras e seleção brasileira (lateral esquerdo, apesar de destro), que era primo do meu cunhado Ferrari (com o qual jogou pelo Ypiranga) encerrou sua carreira. No XV de Piracicaba, o Dema foi jogador, tornando-se depois treinador. Residia há muito em Piracicaba. Faleceu já há alguns anos; meu cunhado Ferrari, há oito meses! Devo lembrar aos leitores que tenho um carinho especial por Piracicaba, onde, de vez em quando (e quando posso – $$$$), vou com minha esposa à Rua do Porto, comer um peixe assado na grelha; maravilha que todos deveriam conhecer. Também foi em Piracicaba que meu primeiro livro o “Pequeno Dicionário de Caipirês” foi colocado à venda, no Shopping da cidade. Piracicaba também é a casa do Antônio Cecílio Elias Netto, velho amigo virtual, jornalista de Piracicaba, que comigo e tantos outros, colabora com um jornal virtual de Portugal. Piracicaba é também berço do “Salão Internacional de Humor”; evento único, de categoria internacional, onde estive em visita por três vezes.
Texto da Ana
O XV de Novembro de Piracicaba foi fundado no dia 15 de novembro de 1913, oriundo de duas equipes da cidade que decidiram se unir para formar uma só agremiação. Esporte Clube Vergueirense e 12 de Outubro entraram em um acordo para se fundirem e convidaram o Capitão da Guarda Nacional Carlos Wingeter para presidir o novo clube. O capitão aceitou, mas com uma condição: que o nome da agremiação fosse dado em homenagem à Proclamação da República Confederativa do Brasil.
Seu primeiro título foi no ano seguinte a sua fundação, em 1914, quando conquistou uma competição amadora da cidade de Piracicaba, vencendo a Associação Esportiva Piracicaba por 3 a 2. Quatro anos depois o XV resolveu se afiliar a Associação Paulista de Esportes Atléticos e passou a disputar campeonatos pelo interior, onde conquistou os títulos de campeão regional em 1918 e vice-campeão em 1920.
Em 1931, o clube conseguiu conquistar seu primeiro título de maior expressão: Campeão do Interior. Na década seguinte, em 1948, o XV de Piracicaba alcançou mais uma vez uma conquista. Desta vez foi campeão da Segunda Divisão do Futebol Paulista (correspondente a atual Série A2), participando, a partir de 1949, da Primeira Divisão (atual A1), junto com os times grandes do Estado.
No mesmo ano também foi campeão do Torneio Início e no ano seguinte vice-campeão desta mesma competição, eliminando São Paulo e Palmeiras. Em 1952 e 1958 conseguiu seus melhores resultados até então ficando na quinta colocação da Primeira Divisão, atrás apenas de São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos.
Em 1966 foi vice-campeão da competição, mas em 1967 o XV conquistou novamente o acesso, sendo campeão do Campeonato Paulista da Segunda Divisão. Entre 1967 e 1968, o clube teve a Posse da Taça dos Invictos do jornal “A Gazeta Esportiva”. No ano de 1969 conseguiu mais um título ao vencer o Torneio Brasil Central.
Sete anos se passaram e finalmente em 1976 o clube conseguiu sua maior conquista no cenário estadual: o vice-campeonato Paulista, perdendo para o Palmeiras. O resultado levou o clube a participar do Campeonato Brasileiro (Série A) em 1977, chegando à fase final da competição. Entretanto, terminou no oitavo lugar. O XV de Piracicaba marcou presença no Nacional nos anos de 1978 e 1979.
Após participar três anos seguidos do Brasileiro, a equipe foi rebaixada no Campeonato Paulista em 1981, disputando nos anos de 1982 e 1983 a Segunda Divisão. Neste ano conseguiu mais um título, e consequentemente mais um acesso, voltando à Primeira Divisão.
No ano de 1990, a campanha no Campeonato Paulista classificou a equipe para a Copa do Brasil do ano seguinte. O time foi eliminado pelo Caxias (RS) na competição nacional. Cinco anos depois, em 1995, teve seu maior título em âmbito nacional, quando conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C.
Na Série B de 1996, chegou entre os 16 melhores clubes do torneio e nos anos seguintes foi superando suas classificações. Em 1998 conseguiu alcançar a quinta posição, ficando próximo do acesso à Série A. Em 2002 disputou pela última vez a segunda divisão nacional, já que foi rebaixada à Serie C.
PS (ACAS): O XV de Piracicaba está disputando, neste ano de 2013, o Campeonato Paulista da Primeira divisão. Dentre outros, o XV enfrenta os times grandes do estado: São Paulo, Santos, Palmeiras e Corinthians.
A) “Hino Oficial em Português culto”- aspas do ACAS
Hino do XV de Piracicaba
Salve XV de Novembro
Glorioso esquaDr.ão
Na vitória ou na derrota
Esta em nosso coração
No basquete e futebol
É motivo de vaidade
Pioneiro da lei do acesso
Engrandece nossa cidade
Vamos XV para frente
Outra vitória conquistar
Destemido e valente
Só nos pode orgulhar
Vamos XV para frente
Outra vitória conquistar
A torcida está presente
Para sempre incentivar
B) “Hino oficioso do XV, porém o mais popular”- aspas do ACAS
Hino Popular do XV de Piracicaba
Cáxara de forfe
cuspere de grilo
bicaro de pato
GOOOOOOOOOOOOR
XV
crá crá crá
XV
crá crá crá
asara de barata
nhéque de portera
já que tá que fique
GOOOOOOOOOOOOR
XV
crá crá crá
XV
crá crá crá
viemo numa combi véia
sem óio de breque
de orc de raibã
GOOOOOOOOOOOOR
XV
crá crá crá
XV
crá crá crá
carcanhá de bode
tocera de grama
já que tá que fique
GOOOOOOOOOOOOR
XV
crá crá crá XV
crá crá crá
trei veiz cinco XV
PS do ACAS: para dar mais abrangência ao poder carismático do hino caipira do XV de Piracicaba, a torcida faz movimentos com os braços cruzando-os sobre a cabeça, formando o “X”, e em seguida juntam os cotovelos e abrem um ângulo entre os antebraços, formando um “V”.
– É lindo isso!!!!!
Publicado em: 12/02/2013 12:40:49
Última alteração:20/03/2013 10:24:32
296) O IPÊ QUE NÃO QUERIA SER POSTE
ESTE É O IPÊ QUE NÃO QUERIA SER POSTE
Um poste de luz, feito do tronco de uma árvore cortado nos matagais do estado de Rondônia (Brasil), localizado pelas coordenadas (Google Earth => 8º47´24” S, 63º 52´44” W), ou seja; na Avenida Jatuarama, em Porto Velho, capital do estado de Rondônia, foi notícia durante o ano de 2010. E o motivo foi surpreendente: o poste colocado numa Avenida no ano de 1990, floriu.
Cheguei a pensar que a foto mostrada nos vários sites de informação pudesse ser uma montagem de computador, ou qualquer truque do gênero. Não é o que aconteceu com o poste florido! Na estação correta, em que os ipês florescem em Rondônia, fez surgir suas flores para calar quaisquer suspeitas de mágica ou enganação, tão comum na internet. O que quis dizer esta árvore ao seu algoz, aquele que a decepou, copa e galhos, sem o menor remorso e que a deixou tombada como se morta estivesse? E se foi, aparentemente transmutando a sua utilidade de viver para uma função secundária de um mero suporte de fios de cobre, numa rua qualquer de uma cidade pouco conhecida dos brasileiros do sudeste, centro oeste ou nordeste. Só sei dizer que a carga de energia era muito grande; a energia da vida, que fez com que as veias abertas se fechassem de novo. O movimento de sobe e desce da seiva rica persistiu. A ordem forte das raízes recém-criadas pela força da Natureza, para suportar o peso da tragédia, fez-se novamente. O reordenamento e o aprendizado da casca para realizar fotossíntese, foram recriados. A reconexão dos eixos neurais da planta se reinventou adrede. O reaprendizado natural que o infortúnio ensina, aconteceu. A fisioterapia da suave reabilitação deu-se, em meio ao desassossego do ineditismo do evento. A redução do gasto de energia com a respiração, voltou a crescer. A árvore que havia hibernado por algum tempo com sabedoria imensa, disse presente. Tal qual o homem escravizado, que se submete ao duro trabalho, à nova ordem e às humilhações, sem jamais submeter-se completamente. Com o ipê foi do mesmo jeito! Acomodou-se, espertamente, para depois expressar com força máxima a sua arte! É muito comum vermos imagens do Homem derrotando a natureza, de desmatamentos, queimadas, poluição e outras agressões contra o meio ambiente. Porém, o ipê (a árvore símbolo do Brasil), é que foi protagonista nessa história. É a Natureza vencendo o Homem!
Como se sabe, hoje em dia, o computador também faz milagre a cada minuto. Como se fosse um ilusionista perfeito. Os hackers invadem bancos, ganham senhas, entram no Pentágono, descobrem segredos de Estado, criam cenários, modificam outros. Apagam memórias. Edward Joseph Snowden, o hacker, ex-analista da Inteligência do Governo Federal dos Estados Unidos, que denunciou a existência, em detalhes, do Sistema de Vigilância Global pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, fez algo parecido. Sua denúncia, tornada pública, fez o mundo inteiro repensar sobre os direitos, independência e soberania dos povos de todos os países. Se um hacker consegue apagar memórias, a Natureza parece fazer acender outras. O ipê poderia ser ilusão gráfica; uma montagem: – Mas não era!
Segundo o site “Estância Árvore da Vida”, a SEMA de Porto Velho (Secretaria do Meio Ambiente), solicitou algum tempo depois, a mudança da fiação elétrica para um poste de concreto que foi colocado ao lado, para poupar a árvore teimosa.
E, milagrosamente e com humilde bondade, o ipê deu flores ao Homem. Com uma mensagem filosófica vasta e profunda, ou mesmo religiosamente cristã – a de “dar a face direita a quem a esquerda esbofeteou”. Outra ainda – flores amarelas ao mundo. Ou quem sabe, o mesmo que registra a Bíblia – a vara de Arão que floresceu.
– Talvez seja necessário descalçarmos nossas sandálias, qual Moisés quando pastoreava ovelhas de seu sogro, Jatrão, pois Nosso Solo é Sagrado!
BIBLIOGRAFIA
-www.portobello.com.br
-site rondônia digital
-site coisas interessantes
-site estância Árvore da Vida
-site Porto Velho
-wikimapia
-folheto Mundo Cristão
Publicado em: 21/03/2014 16:53:43
Última alteração:17/04/2014 17:18:05
304) O MONSTRO DO LAGO PARANOÁ,
Nota do Autor: Este texto foi adaptado de texto publicado por Câmara Cascudo, sobre as “Lendas Brasileiras”. A adaptação é livre e seus personagens fictícios.
…………………………………………………..eis o texto……
-Ali, em meio ao planalto central, ei-lo que surge: o lago Paranoá. Limpo como um espelho e bonito como um noivo enfatiotado, vestindo terno de linho branco, que até o mês passado lá no campo ainda era flor do cerrado.
Este lago não foi sempre assim, dizem que antigamente ele não passava de um pequeno córrego. Cresceu, no entanto! Hoje até parece um braço do mar. E cresceu por quê?-Por causa dos pecados dos homens que moram às suas margens.
Numa esplanada, no eixo principal do povoado dos cerrados, vivia numa casa mágica uma senhora viúva muito bonita e charmosa. Era ela a dona República, que vivia com três filhas, também muito bonitas. Eram elas: Ética, Virtude e a Credibilidade.
Um dia, não se sabe como, a mais moça das filhas, a Virtude, adoeceu. Mas, ninguém atinava com a moléstia. A Virtude ficou triste e pensativa; mais ainda ficaram sua mãe e irmãs inconsoláveis.
Alguém que vivia há muito dentro de uma caixa enorme, segredou à viúva que a Virtude esperava uma criança. O pior, é que o responsável pela tragédia, o Vergonha, morrera sem ter ocasião de levar a Virtude ao altar. A viúva perguntou como pode acontecer tal desgraça debaixo de seus olhos; ao que o alguém lhe disse que o tal Vergonha costumava frequentar a casa do Ribeirão. Este alguém lhe disse que ele próprio já havia visto o Vergonha por lá; uma dezena de vezes! O Vergonha dizia a todo mundo que ele era dono da Virtude.
Alguém disse que o Vergonha havia convencido a Virtude, que tudo que reluzia em volta da casa do Ribeirão era ouro sem dono, uma vez que a viúva sempre pagava aqueles cujas mães são lobas; lobas do planalto central. Convinha a todos que pegassem com as duas mãos tudo que pudessem, senão ao menos um Quinzinho dividido em cem, de vez em quando. Assim como a Virtude pensou que existia, colocou a pequena Esperança no tacho dos cobres, sacudiu-o dentro do lago e soltou-o; quem sabe pensando no Destino, seu parente.
O tacho desceu e subiu logo, pois uma mãe d’água, tremendo de raiva, na sua beleza feiticeira, amaldiçoou a Virtude e o Vergonha.
Foi então que as águas do lago Paranoá começaram a subir, ameaçando inundar a linda casa do Ribeirão vestida de festa, enfeitada por tafetá vermelho e iluminada por tímidas luzes vermelhas. as águas subiram tanto, que ameaçavam cobrir também a casa do Buriti, que por milagre, permaneceu incólume, ainda que incomunicável.
E o lago Paranoá ficou encantado, cheio de luzes. Ninguém podia morar na beira porque a noite inteira se ouvia um gemido: era a Esperança que estava morrendo, que agonizava…
Ano vai, ano vem, o choro parou. Vez por outra, aparecia um moço airoso, muito claro, cujas barbas eram ruivas ao meio dia e brancas ao anoitecer. Dizia-se que tinha dons especiais e até falava com insetos, desses que comem as folhas das palmeiras e coqueiros, todos os anos.
Pelo que se sabe, pouca gente o viu. Ultimamente, ele anda fugindo dos homens que escrevem. Dizem até que ele corre e pula no lago, tão logo consegue um beijo de uma mulher festeira.
Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho no lago sozinha, com medo do Barba Ruiva. À exceção da Toupeira Guadagnin, que além de bater roupa, dançou sobre o quarador, pisoteando a roupa dos humildes: tudo em função do seu Magno amigo ter ficado livre de monstros espectrais que tomam conta da casa dos outros. Alguns milhares de brasileiros acreditam que a Toupeira dançarina, além de pisar nas roupas dos outros quaradores, enquanto dançava, aproveitava para lavar também o cobre que escorria por uma tubulação que Valeria tanto quanto custava acreditar.
Ao que parece, hoje o Barba Ruiva não quer ofender ninguém, recolhido que está no anonimato. Corre sua sina, nas águas do Paranoá, perseguindo Dutos e fugindo dos homens que escrevem. Diz a lenda, que um dia ele se desencantará. Para isso será necessário que uma mulher virgem atire na cabeça dele água benta e um rosário indulgenciado pelo papa Bento XVI. Como o Barba Ruiva é pagão, deixará de ser encantado então. Mas, o fato é que ainda não nasceu essa mulher virgem e valente para desencantar o Barba Ruiva. Por isso, ele cumpre sua sina nas águas claras do lago Paranoá, para todo o sempre.
– E as outras filhas da viúva, que aconteceu com elas?
Bem, a Credibilidade anda reclusa; a Virtude esgueira-se por entre as plantas xerófitas do cerrado; quanto à Ética, meteu-se num brejo. De vez em quando ouvimos seus gritos aterradores. Os muito crentes conseguem ainda acreditar na Ética, porém é enorme o número de céticos que acreditam que a Ética morreu, ao menos por ora; ao menos na região do lago Paranoá.
-Existem outras lendas brasileiras!!!!!!!
Publicado em: 14/09/2006 11:55:47
Última alteração:23/09/2010 09:58:12
305) O Natal e o Mendigo das Ruas de São Paulo-Um Conto Feio e Patético
IMAGEM RECOLHIDA NA INTERNET.
AUTOR: ALEXANDR.E SEVERO/EDITORAGLOBO
Era véspera de Natal, de um ano qualquer. A noite já ia alta. Debaixo do viaduto trêmulo de metal e fuligem, um mocó é refeito com o lixo do dia. Eu e o meu pensamento, vadios e libertos, invadimos o mocó daquele cidadão mendigo; ele, com sua habitual incredulidade solidária. Ali, gavetas sem fundo empilhadas e uma porta sem chave de um outrora guarda-roupa, fechavam imaginariamente a outra dimensão em que vivem os drogados e mendigos desta cidadesca. Ao lado do fogareiro, uma caixa de papelão ocultava um edredom surrado e encardido, uma ou duas toalhas de rosto. Numa caixa de madeira, resquícios de frutas, algumas batatas e seis pacotes de macarrão instantâneo, algumas latas tampadas; numa delas estava escrito: ”Açúcar”! Em cima da caixa um colchonete, que um dia teve estampas de flores vermelhas, agora amarronzadas. Num vão da coluna do viaduto, um rádio à pilha e um isqueiro, além de um quadro com a Santa Luzia. Ariel, o mendigo morador do mocó, originalmente registrado como João Batista, parece inseguro com minha presença. Ele não entende o quê eu poderia querer nessa visita. Na verdade eu quisera entender o porquê dele viver assim, qual o motivo que o levou a isso e, sobretudo, como ele consegue sobreviver, se alimentar e cuidar dos três cachorros vira-latas que o acompanham, dentre eles o JOW, com essa grafia mesmo; onde a intenção era a de homenagear o Jô Soares, da TV. Nesse dia uma fina chuva caía sobre a terra de Piratininga. O barulho das calhas do viaduto, que desaguavam logo além da entrada da casa improvisada, dava o tom do ambiente. Num fogareiro a álcool, o Ariel fervia meio litro d água, para passar um café para mim; já que eu havia levado um saco com dez pãezinhos franceses, uma caixa de margarina, uma caixa de chocolates Suflair e um pacote de biscoitos de polvilho azedo. O café, cujo pó –em pouca quantidade- estava acondicionado dentro de uma lata de leite Molico, dessas que tem tampa de plástico. Ele colheu duas colheradas, colocou-as no filtro de papel e a seguir, despejou a água fervente sobre o pó, o quê nos fez sentir um perfume maravilhoso. O café, recém- feito, foi servido em canecas esmaltadas. E ficou muito bom mesmo; até eu mesmo comi um dos pãezinhos que levara, com um pouco de margarina. Lembrei-me de que tinha em meu carro estacionado a certa distância, uma garrafa de vinho tinto de Garibaldi. Achei que aquela era a hora, dei uma desculpa de que voltava logo e fui buscar o vinho. Ariel ficou feliz em ver a garrafa de vinho. Ele me disse que, no passado, bebia cachaça, mas que depois de uma crise hepática, houvera desmaiado e que os outros moradores de rua o haviam levado ao Hospital das Clínicas, onde foi atendido no Pronto Socorro e que depois ficou internado por quase um mês. De repente, ocorreu-me: como iremos abrir a garrafa de vinho? Tão logo falei a esse respeito ao Ariel, ele me disse que sabia uma forma infalível de abrir qualquer garrafa com rolha: saiu da barraca improvisada como casa e voltou com um tijolo de barro queimado. A seguir, pegou num armário improvisado uma toalha pequena, dessas chamadas “de rosto”. Fez uma rodilha com a toalha e a colocou sobre o tijolo. Em seguida pediu que eu lhe passasse a garrafa; coisa que fiz automaticamente, sem entender. Ariel então pegou firmemente a garrafa pelo meio e aplicou vários golpes com o fundo da mesma sobre a rodilha.
-Pluuuuuuuufffffttttt!!!!!!!!!!!!!!; a rolha voou longe, entre os cães famintos que lamberam a rolha, na vã esperança de que fosse algo comível. Ariel pegou duas canecas de alumínio e a colocou no chão coberto por uma toalha de mesa: ali estavam os pães, a margarina, o vinho e alguns chocolates.
Ariel rezou um Pai-Nosso; a seguir, abriu dois dos tabletes de chocolates que eu havia levado e os dividiu com os seus cães que, pelo abanar das caudas, pareceram felizes com o mimo.
– E a ceia foi servida, com a presença invisível do Deus Menino; naturalmente!
Publicado em: 30/10/2013 15:37:40
Última alteração:30/10/2013 15:40:13
306) O NOBRE DEFENSOR DOS SERESTEIROS BAIANOS
O Dr. Afrânio, nobre causídico e descendente do legendário Garcez, imperador do Acre, já nasceu rábula e com sorte; tamanha a cabeça pra pensar bonito. Advogava as boas causas, a da malemolência e a da liberdade. Defendia e se defendia. Quando pequeno, viveu lá nos cafundós do judas, até os pais acharem jeito para despachá-lo à capital, onde aprendeu, praticou e viveu. Mais tarde, despacha-se por si para os ermos dos sertões, onde, com algum que lhe serviu de pé-de-meia, ensina, escreve, trabalha e vive.
Não havia em todo o interior baiano, quem tivesse prosa melhor, mas não atrevesse em atrevimentos. Ante um interlocutor de mediana inteligência, que lhe fizesse um gracejo que lhe parecesse desrespeito, ele dava a resposta seca. Seca e curta. Mas, diante de pessoas de inteligência elevada, ele agia com uma perspicácia de fazer inveja. Orador contumaz sabia das histórias lidas e contadas, vistas e escutadas. Dava gosto vê-lo discursar com a altivez do imperador, seu contraparente. Ele era convidado de honra para participar das mais afamadas festas do lugar, logicamente, para que fizesse uso de sua oratória, loquaz e arguto, como diria o Acas, seu amigo paulista e caipira. Eram batizados, casamentos, noivados, inaugurações de lojas ou armazéns, datas nacionais, aniversário da cidade e até para aquele pessoal que se reunia no sítio do arquiteto Elomar Figueira de Mello, para comer um bode de rama, assado na brasa de pau, regado na manteiga de garrafa e encharcado da mais fina caninha de garrafa de rolha, importada de Salinas.
Era comum ver gente enchendo a boca para falar bem do conterrâneo Afrânio, que rimava até no nome, contando as patacoadas que ouviam das peripécias dele.
Certa vez um turista perguntou-lhe como ele se chamava. Respondeu de pronto:
-Não me chamo, quando eu quero eu mesmo vou! Afinal, chamo-me Afrânio Cortez, descendente do imperador do Acre!
Comprou uma data de terra. Nessa propriedade, ele ia duas vezes ao dia, uma para ver seus peões apartarem as vacas e outra para vê-los tirar o leite. Vivia de vender leite e queijos, pois lhe rendia mais que ser advogado de gente pobre. Suas vaquinhas nem foram adquiridas por ele; ele as recebeu em troca de serviços advocatícios. Plantava uns mantimentos aqui e acolá, para subsistência, somente para abastecer-se. Era de bom de coração; amamentava com o leite generoso de suas vacas de leite, muitas das bocas famintas que viviam de precisar e pedir. No ofício de se defender dos larápios e descuidistas, defendia com unhas, dentes e coisas ardentes, os mantimentos que plantava na chácara. E assim vivia… .
Certa manhã de sábado, por volta das quatro da madrugada, o Dr. Afrânio atendeu um rapaz esbaforido, que lhe batia nas janelas de casa, chamando-o em altos gritos. O Dr. Afrânio foi ter com o rapaz e foi informado de que o novo delegado que comanda a região, de Poções até Vitória da Conquista; havia trancafiado na cadeia seis de seus melhores amigos. O Dr. Afrânio perguntou-lhe se eles haviam infringido alguma lei ou feito algo atentatório aos bons costumes ou se cometeram algum crime ou falta grave.
O rapaz lhe disse que estavam apenas fazendo uma serenata, tão a gosto dos românticos. O Dr. Afrânio viu tratar-se de boa causa, mas disse ao rapaz que o novo delegado havia realmente decretado, que estava proibido fazer serenatas nas duas cidades, decreto objeto de muitos pedidos da gente descendente dos cacaueiros, arrogantes e metidos a fazerem parte da nobreza baiana.
O Dr. Afrânio pediu que o rapaz esperasse uns minutos, que ele ia se trocar e apanhar a pasta de trabalho; afinal, uma turma seresteira e bonachona havia sido presa e clamava sua interveniência.
Chegando à delegacia da cidade, o Dr. Afrânio interpelou o novo delegado, com perspicácia, que ele analisasse corretamente o ocorrido naquele dia. Disse ao delegado, na lata, que uma serenata às quatro ou às cinco da manhã, não podia ser interpretada por ele como serenata, mas sim como alvorada e o decreto não falava em alvorada. Em seguida abraçou o delegado pelos ombros e o levou até à janela da delegacia e juntos, viram passar o leiteiro, gente que chegava de festas, o padeiro, o sacristão correndo para fazer os eventos da comunidade na igreja local, etc.
-Veja Dr. Delegado, disse o rábula Afrânio; já é dia, até o sol já saiu! Como pode crer que estavam fazendo serenata e não uma prece ao novo dia, pedindo o bem para nossa comunidade?
O delegado, depois de ficar embasbacado por alguns instantes, ponderou as palavras o nosso herói e, pressionado e sem uma argumentação convincente como resposta, teve que soltar os farristas presos.
Aliás, um deles certo dia foi roubar frutas do sítio do Dr. Afrânio e levou um tiro de sal nas partes e até hoje ando manquitolando pelas ruas de Vitória e de Poções, onde ganhou o apelido de Cláudio (aquele que manca!).
Como recompensa, o Dr. Afrânio foi convidado a participar naquele sábado, de um churrasco de bode na casa do Cláudio para fazerem, definitivamente, as pazes.
– E para tomar umas cachaças de rolha; com a devida vênia!
Publicado em: 05/06/2013 20:12:33
Última alteração:22/07/2013 17:03:36
309) O QUÊ TEM A VER?
Uma das coisas que um “gourmet”, mesmo aquele que cozinha esporadicamente e amadoristicamente mais gostam, é ver os apetrechos de cozinha , de boa concepção, bonitos e de linhas modernas. Alguns gostam daqueles coloridos, outros os rústicos; alguns as peças tradicionais, e etc.
Consegui, na revista “Seleções do Readers Digest”, edição em Português do mês de maio de 2006, alguns dados que passo à frente: consideremos aqueles acessórios mais utilizados, tal como frigideiras, panelas, caçarolas, moquequeiras e paelleiras e os materiais com quê são feitas. Algumas observações de cunho pessoal foram acrescentados ao texto.
Assim, temos:
– Alumínio : => dentre as panelas mais comuns em uso no Brasil, as panelas de alumínio (um “metal não ferroso”), é a que mais deixa passar resíduos para os alimentos. Diferente do ferro fundido, que pode ser consumido sem problemas, sendo até considerado um complemento alimentar para quem sofre de anemia; o alumínio pode causar diversas doenças, caso seja absorvido pelo organismo humano em grandes doses. O Ministério da Saúde do Peru, certa vez publicou um relatório de quê o excesso de resíduos de alumínio consumidos pelo povo peruano é responsável por um número elevado de doenças e até de mortes da sua população. A melhor solução, para o caso é não utilizar colheres e escumadeiras feitas em alumínio para “mexer” em alimentos preparados em recipientes de alumínio, diminuindo assim, a presença de mais resíduos nos alimentos.
– Barro: => tido como insubstituível pelos capixabas e paranaenses para cozerem suas comidas típicas (moqueca e barreado), o barro tem o poder de não interferir na degradação do alimento, além de conservá-lo “fresco” por mais tempo. As moquequeiras de barro feitas na cidade de Serra (ES) são famosas, pois são feitas do barro de um mangue intocado, que por isso mesmo, jamais será contaminado por metais pesados ou bacilos, ou resíduos fecais, todos eles, extremamente nocivos à saúde humana. As panelas e moquequeiras capixabas são “assadas” em braseiro de lenha nativa e passam por um processo de “cura”, onde utilizam um óleo retirado de uma planta nativa da região, que lhe confere uma longevidade e uma qualidade não encontrada em qualquer outro lugar do Brasil onde se faz panelas de barro. As “panelas de barro” são encontradas em muitas regiões do Brasil, porém a superior qualidade das panelas feitas pelas “paneleiras serranas capixabas” são inquestionáveis.
– Cobre: => deve ter revestimento de aço inoxidável ou estanho. O cobre é ótimo condutor de calor, porém é contaminante; uma vez que provoca o aparecimento do “zinabre” (óxido cuproso), que é venenoso. Mesmo em Minas Gerais, onde há a tradição de se fazer doces em tachos de cobre, as pessoas cercam-se de cuidados quando os utilizam.
– Esmalte: => a limpeza é fácil; pena que o esmalte seja frágil e quando sofre uma ação mecânica, (pancada ou queda), descascam-se facilmente deixando aflorar a folha de flanDr.es ou zinco, utilizada como base e que não são lá muito confiáveis em contato com os alimentos. Talvez sejam as panelas feitas em esmalte, as peças mais lindas que existem. Muito comum serem decoradas ou simplesmente bicolores.
-Ferro Fundido: => não é boa para frituras, pois o ferro facilita a oxidação da gordura, formando substâncias tóxicas. No entanto, como já relatado acima, é recomendada para preparar comida para as pessoas portadoras de anemia.
– Aço Inoxidável: => é ótima para a saúde, pois deixa pouquíssimos resíduos metálicos na comida. É fácil de limpar, tem bonito aspecto e vida longa. Contra si existe apenas o problema do preço: é bem mais cara!
– Pedra-sabão: => embora seja boa para cozinhar alimentos, é difícil de se limpar; o quê pode acumular bactérias, tornando-se, então, nociva.
– Teflon: => como anti- aderente, dispensa o excesso de gordura; em muitas receitas, até a dispensa. Porém, quando arranhada, solta resíduos que, se ingeridos em quantidades exageradas, pode causar doenças.
– Titânio: => são resistentes a altas temperaturas e choques mecânicos, são anti- aderentes e não soltam resíduos. Seriam perfeitas, não fosse o preço; extremamente caro.
– ViDr.o: => na verdade são feitas de viDr.o laminados, revestidos de resina. Elas têm a vantagem de, se as tirarmos do fogo, ainda ferventes, podermos colocá-la numa base fria, ou até gelada, que nada ocorre. No entanto, é necessário cuidado pois a temperatura com quê a tiramos do fogo, continua por vários minutos, mesmo em base fria. Aconselha-se a jamais ferver leite com esse tipo de panelas, por motivos óbvios.
POR QUÊ O LEITE DERRAMA QUANDO FERVE?
Aliás, vocês sabem porquê o leite sobe e derrama do recipiente quando ferve? Pois bem; coexistem, junto às moléculas do leite uma substância, cujo nome científico não vem ao caso, que quando submetidas a temperaturas altas, (por volta de 80º C), começam a aglomerar-se. A quantidade desta substância não é muita, porém com o poder de coesão que tem, forma uma espécie de “filme”, uma película muito fina, que toma toda a superfície do recipiente que contém o leite. Nesse estado, esta substância tem uma densidade tal, que se forma à um terço da altura entre o fundo do recipiente e a superfície do líquido (leite) ali contido. Como o leite só começará a ferver quando a temperatura estiver bem próxima de 100º C, geralmente por volta de 95ºC, neste período em que a temperatura demora para atingir o ponto de ebulição, formam-se bolhas de ar aquecido (vapor de leite) sob o filme. Quando a temperatura atinge o seu ponto mais alto, a quantidade novas bolhas de ar do vapor é de tal envergadura, que arrasta a película do filme para cima. Obviamente o filme tem certa porosidade, porém deixa passar muito pouco do leite, no máximo a metade; a outra parte do leite que estava na parte superior é levado, em grande velocidade, para cima, o quê provoca o transbordo; e fogões sujos!
– O quê isso tem a ver com a matéria da “Seleções”, me perguntam.
– Nada, respondo. Mas eu queria explicar porquê o leite sobe quando ferve e nunca na minha vida tinha encontrado um jeito de encaixar a explicação.
– Ora, direis, perdestes o juízo ou o senso!
– É verdade, retruco: sou um sexagenário e me dou este direito. Ademais, acho que muita gente não sabia! Sabiam?
Publicado em: 16/03/2007 07:18:17
Última alteração:16/03/2007 11:34:14
310) O Roubo do Trator da Prefeitura
Durante o transcorrer do ano de 2005, uma notícia no mínimo curiosa, foi estampada nos jornais da região de Itapecerica da Serra, cidade próxima a Taboão da Serra, onde moro. Se alguém contasse, eu não acreditaria:
– Uma estranha perseguição foi feita pela Polícia Militar e pela Guarda civil Municipal do Embu: um trator “Fiat Allis”, de cor laranja, foi roubado ‘a mão armada por três assaltantes, que renderam o tratorista, fazendo-o descer do trator. E ainda tomaram sua camisa com o logotipo da prefeitura, fugindo em seguida com o objeto do furto, o trator; numa “vertiginosa” velocidade variável de 10 a 30 km/h. Quarenta minutos foram gastos pela empresa que administra o sistema de localização via satélite, GPS, que junto com policiais do Embu e da Polícia Militar de Itapecerica, localizaram o trator na Rua Luar do Sertão, no Valo Velho, bairro de Itapecerica da Serra.
– Curioso é que nenhum assaltante foi preso, nunca! A polícia, apesar dos esforços de então, não conseguiu localizá-los até hoje!
Publicado em: 12/04/2010 17:57:07
311) O SACI PERERÊ
Prólogo atual: este texto, feito em abril de 1998; faz parte de meu penúltimo livro, uma antologia de contos, crônicas e poesias, cujo título é “Fragmentos”; na verdade um livro quase inédito, posto que não tenho tempo de procurar livreiros e eles não me enxergam, quando os encontro…. .
Devido à tragédia que ocorreu com a cidade de São Luiz de Paraitinga, SP, durante o mês de janeiro de 2010 e sendo esta cidade a sede da Sociedade dos Criadores de Sacis (SOSACI), resolvi torná-lo público. Gostaria que os leitores pudessem ajudar as famílias de lá, da maneira que puderem!
Para os leitores lusófonos terem uma ideia, o desastre ambiental em São Luis de Paraitinga parece ser muito maior do que aquele que ocorreu na Ilha da Madeira, na última sexta feira, 19 de fevereiro de 2010; ainda com a diferença de que São Luis Paraitinga é uma cidade importante sob muitos aspectos, porém pobre… .
Quem quiser conhecer como a cidade era, entrar no site:
o www.paraitinga.com.br
………………………………………………
Toda vez que chegava uma nova família na fazenda de café, onde eu vivia, todos se alegravam. Os adultos, por terem mais um amigo por perto, já para a molecada da fazenda, nem se fala! E, ao vermos que na família nova tinha um menino da nossa idade então, ficávamos curiosíssimos: será que o novo amiguinho teria um dote especial? Será que ele sabe jogar bola melhor, brigar melhor, nadar melhor? Será que ele sabe tocar viola ou cavaquinho, fazer gaiola de passarinho e arapuca; será que é bom de estilingue ou bodoque e etc.?
Cada um de nós ficava imaginando qual seria a sua experiência de vida; se ele tinha irmãos e outras coisas.
Como era praxe, colono novo almoçava na casa do administrador no dia da chegada: era as “boas vindas”. O Administrador, meu pai, pagava a despesa do próprio bolso, pois o fazendeiro sovina jamais o reembolsou; talvez Deus tenha feito isso por ele! Papai tinha muita pena de gente que viajava com filhos pequenos durante muitas horas, às vezes passavam o dia todo sem comer.
– Naquele sábado não foi diferente, quando vi o “panelão” que borbulhava no fogão à lenha, logo imaginei: como não vai haver festa, é colono novo chegando, e de longe.
– Percorri toda a colônia avisando meus amiguinhos que teríamos gente nova na fazenda e que meu pai afirmou que tinha um menino da minha idade. Nesse dia não saímos para pegar frutas, nem caçar, nem jogar bola: passamos o dia todo debaixo da mangueira do quintal da minha casa, brincando com vaquinhas e cavalinhos de bucha, caminhõezinhos de lata de marmelada, aos quais atávamos um “cordoné” para poder puxá-los. Desse modo transportávamos uma boiada do curral de um até o piquete de outro, e vice-versa. Fazíamos transações comerciais, as quais eram pagas com tampinhas de refrigerantes (o guaraná Paulista valia um conto; guaraná Caçula, deztões (um mil réis); Mãe-Preta ou Níger, quinhentos réis). A tarde já se anunciava mostrando a barra do dia avermelhada e o céu azul, que só a região de Cravinhos tem, quando percebemos um certo alvoroço com o pessoal da casa: a carroça com a mudança do novo colono chegou. Eu e meus amiguinhos corremos até o portão da frente da casa e deparamos com uma família diferente: o pai, que estava conversando com o meu, era um crioulo alto, forte, com dentes brancos e perfeitos, com as carapinhas já embranquecendo; a mãe parecia bastante jovem, com um bebê no colo, ao mesmo tempo que dava ordens ao menino e sua irmã, um tanto atarantados com minha presença e de meus amiguinhos, e remexia em sacolas, sacos e embornais à procura de não sei o quê. Meu pai muito gentil, pediu que apeassem e se preparassem para aquele almoço fora de hora. Minha mãe foi chispando reacender o fogo e botar o panelão e a assadeira para aquecer.
– Eu e meus amiguinhos não desgrudávamos os olhos do menino, que agora sabíamos chamar-se Ditinho, que por sua vez parecia muito incomodado com a nossa presença. Toda a família do Ditinho foi até a “vasca” do fundo do quintal, se refrescaram, banharam os braços e o rosto, molharam delicadamente a cabeça e a mãe penteou-os todos, até o marido. Nesse ínterim minha mãe chamou-os para comer e já estava com a mesa posta: no panelão, risota caipira: uma espécie de sopa de pouco caldo com arroz, batata, frango, cenoura, vagem, cozidos com açafrão recém colhido, coberto de salsinha picada e queijo curado ralado; havia também mandioca frita, feijão, uma farinheira cheia de farinha de mandioca, que eu ajudei a fazer, e uma assadeira com um pernil de tatu “rabo mole” tostadinho, duas jarras de água da bica e uma tigela de arroz-doce com folhas de laranjeiras. Eu e meus amiguinhos não ficamos ao lado da nova família de colonos, mas ficamos apinhados do lado de fora das duas janelas da sala com a grande mesa, onde frequentemente comíamos em, no mínimo, nove pessoas. Enquanto o pai do Ditinho almoçava, os camaradas da fazenda descarregaram a mudança na casa recém caiada da colônia, com chão de terra-batida, dois quartos, sala e cozinha. Na fazenda, os banheiros são feitos do lado de fora, diretamente sobre uma fossa, que a cada ano era coberta de “cal viva” e aterrada, sendo então feita uma outra. Na verdade era cercada por folhas de zinco, e de zinco era também a cobertura. Eu e meus amiguinhos assistimos a despedida da família do Ditinho, agradecendo a hospitalidade e rumando para sua nova casa. Quando passou por nós, o Ditinho disse amanhã eu quero falar com vocês! Ficamos bastante ansiosos, e mal podíamos esperar para falarmos com o novo amigo no dia seguinte. De manhã, como de costume, apanhei a caneca de louça, coloquei dois ou três dedos de café, acrescentei quatro colheres de açúcar cristal e fui até o curral, para tomar meu café com leite “direto da fonte”.
A “fonte” era uma vaca rústica, toda “chitadinha” de branco e preto, chamada Bela Vista, que era a nossa preferida. O tirador de leite, que começava a ordenha por volta das quatro da manhã, precisava tirar o leite todo antes das sete horas, quando então enviava para minha casa duas latas de vinte litros: uma para os colonos e outra para fazer os queijos dos patrões; pelo menos dois por dia. Portanto, o tirador de leite sempre deixava a Bela Vista para o final, pois a qualquer momento eu e meus irmãos podíamos querer leite fresco. Ele esperava até sete horas, aí então terminava seu serviço.
Pois bem, após meu desjejum, passei em casa e comi um belo pedaço de pão caseiro com queijo e me dirigi à colônia: pretendia reunir os meus amiguinhos e, juntos, irmos a casa do Ditinho. Mas, ao chegar à colônia, já os vi todos, inclusive o Ditinho, num bate-papo animado, que só parou quando me aproximei e disse: – o que você quer falar com a gente? Antes mesmo de o Ditinho abrir a boca, o Ném, meu amigo disse: ele vê e ouve saci-pererê!!.
Ele vê o que?, disse eu sem entender direito: saci-pererê, disseram todos em coro.
Nesse ponto, o Ditinho começou a contar a sua história: disse que sua mãe verdadeira já havia morrido, e aquela que morava com seu pai, era sua madrasta, e que sua irmã, por parte de mãe sofre de vermes e desmaia quando passa vontade de comer alguma coisa, mas que o bebê é lindo; a madrasta não liga pra ele e seu pai é generoso e trabalhador e que desde que era menino, ele via saci-pererê, só que não sabia o que era: a primeira vez que viu tinha quatro anos, fazia muito tempo, pois agora já tem sete e que qualquer criança pode ver o saci-pererê e que ele não faz mal a ninguém, só faz estripulias, que quando tinha cinco anos ele não quis brincar com o Saci e que o Saci derrubou todas as panelas da madrasta no chão da cozinha, durante a madrugada e que seu pai deu dois tiros de espingarda nele e que agora tem medo do saci se vingar do seu pai.
Eu e meus amiguinhos, inclusive o novo, ficamos ali até que ouvi o sino da sede da fazenda: era o sinal da minha mãe, avisando os filhos e meu pai que o almoço já estava pronto. Durante o almoço com minha família comentei com meu pai do menino novo que via e ouvia saci-pererê e enquanto meus irmãos faziam caçoada de mim, meu pai falou: Pois, agora, toda vez que vocês saírem juntos, você tem que levar uma caixa de fósforos no bolso. Meus irmãos todos se calaram e meu pai não disse mais uma palavra, continuou calmamente a almoçar, com o olhar cúmplice de minha mãe: No mesmo instante eu percebi que meu pai também acreditava, ou já tinha visto um saci-pererê.
Durante os próximos dias e durante todo o ano, até a colheita do café, após a qual todos os contratos dos colonos venciam e discutia-se, quem vai ficar na fazenda e quem vai sair, discutíamos os casos dos sacis-pererês.
Certo dia o tirador do leite não encontrava os baldes para a ordenha, num outro dia os rabos dos cavalos apareciam amarrados uns aos outros, noutra ocasião esvaziaram o lavador de café, inundando todo o terreiro de secagem e atrasando o beneficiamento por mais de uma semana, enfim de vez em quando alguma traquinagem acontecia na fazenda: e eu sempre com a caixa de fósforos no bolso.
No final da colheita do café daquele ano, a família do Ditinho resolveu ir embora para São Paulo e eu e meus amiguinhos ficamos muito tristes, pois embora o Ditinho não pudesse jogar bola e tivesse dificuldade de nadar ou caçar de estilingue suas estórias eram muito excitantes. No dia da sua partida, marcamos com ele para nos despedirmos junto à porteira da fazenda, uns dois quilômetros longe de casa, em meio a uma mata fechada. Quando a carroça com a mudança chegou, não vimos o Ditinho. Perguntamos por ele, e seu pai disse: ele vem vindo a pé pelo meio do mato – e foi embora. Estranhamos muito, mas ficamos ali esperando.
Após algum tempo, ouvimos um assovio longo e forte e nos voltamos para uma “picada” no mato e vimos o Ditinho com um boné vermelho na cabeça, cachimbo na boca, pulando sobre sua perna aleijada, completamente pelado e gritando:- me dá o fogo senão morre ou fica bobo!
Todo amedrontado, retirei a caixa de fósforos do bolso e entreguei ao Ditinho, que saiu rindo alto e assoviando, pulando atrás da carroça de mudança.
– O Ditinho era o próprio saci-pererê!
Publicado em: 21/02/2010 21:56:26
Última alteração:04/11/2010 09:33:29
312) O Sertão e Eu
No meu sertão a lua é mais branca.
Nasce com as estrelas, a pequena Jaci
Percorre o céu, de Leste a Oeste
Ilumina a mata, onde mora o pererê saci
Borda todo o céu, salpicado de estrelas
Ouve-se uma viola, querendo entretê-las.
Tudo tenho Naquele sertão que me conforta
Meu sertão me conforta; fecho a minha porta
E a noite me cobre, com seu negro véu
E então, meu sertão se transforma num céu.
Os pirilampos fazem a festa, e os sapos
Coaxam chamando toda a saparia.
A viola chora no peito de um matuto
E a noite também chora e orvalha
A cabocla sonha entre os caracóis
Dos cabelos negros, como mortalha.
Ouvem-se estórias de um velho caduco…
Vê-se a fumaça de um café fresquinho
E os matutos: uns cantam, outros jogam truco
Sabem que o novo dia vem vindo devagarzinho.
Na manhã virginal, ouvem-se os pássaros primeiros
Parte do coral canoro, orquestra de passarinhos
Os matutos, cada qual, tomam seus caminhos.
As bênçãos de Deus são vistas no viço das plantas
E as saudades desse velho são muitas; são tantas…
Publicado em: 07/06/2010 01:04:36
Última alteração:04/10/2013 11:28:14
313) O Sonho do Piá
(microconto regionalista)
Abichornado estava o piá; que gaudério queria ser.
Sonhava ter um flete para campear.
-O sonho acabou: seu padrinho morreu!
Publicado em: 14/03/2009 11:09:04
315) O TRISTE FIM DE ZÉ CABRITA
DEDICO ESTE “CONTO/CAUSO” PARA AQUELES QUE NÃO TÊM VERGONHA DE SEREM BRASILEIROS. GENTE COMO MÁRIO DE ANDR.ADE, PAULISTA, CAIPIRA E MODERNISTA. ACEITO CRÍTICAS.
José (Zéca) Bertoncini era o nome dele. Nasceu esperto e com sorte. E tinha uma incrível vontade de “enricar”. Quando pequeno, viveu nos cafundós dos Judas, até que os pais acharam jeito para despachá-lo para uma fazenda de café, onde cresceu, aprendeu, casou, praticou e viveu. De quando em vez, despachava a si mesmo para os ermos dos sertões, onde procurava uma oportunidade de negócio; nem que fosse lá no “oco do mundo”, conforme dizia. Com muito esforço e um pé-de-meia amealhado numa vida de privações para si e para a família, comprou um pequeno sítio com uma pequena plantação de café, uma lavoura de subsistência e um belo pomar com muitas “fruitêra” (nome que se dava naquelas paragens para as jabuticabeiras). Tais fruitêra eram envolvidas num certo misticismo, pois as pessoas mais velhas do lugar diziam que ali morava um saci-pererê. Nesse pequeno sítio, ele tinha intenção de viver com sua família.
Seu Zéca Bertoncini gostava de prosear: sabia todas as histórias lidas e contadas, vistas e escutadas. Por ter todos esses conhecimentos, era tido como uma pessoa proeminente em toda a região. E era bem quisto. No entanto, não aceitava que ninguém, de modo algum, colocasse em dúvida sua inteligência e ladinagem; se ele percebesse algo nesse sentido, dava a resposta que certamente não se queria ouvir, sempre com uma perspicácia de fazer inveja. Era comum ver gente enchendo a boca para falar bem do conterrâneo Zéca Bertoncini, que brilhava até no nome, contando as peripécias dele; como naquela vez em que um andarilho que passava na região perguntou-lhe como de praxe, aonde aquela estrada levava. E ele, que não tinha papas na língua, respondeu-lhe que não era a estrada que levava, mas que ele, com certeza, “percorreria por aquela estrada até o Fazenda dos Condes”. A resposta foi na bucha, cheia de filigranas; o sujeito sumiu num instante. (Isso irritava a muitos).
De início, ele ia até a pequena propriedade duas vezes ao dia: uma para apartar as vacas e cabras, outra para tirar o leite. Começou também a criação de cabras holandesas, que produziam muito, muito leite. Dentre essas, havia uma cabra que era considerada “membro da família”. Tal cabrita, tratada com muito carinho, como se fosse humana, era quem abastecia de leite a casa de Seo Zeca. Do leite da “Bita”, eram feitas as mamadeiras das crianças, sua coalhada, seu queijo fresco, tudo separado dos outros leites das outras cabras e vacas. Do leite restante, fazia queijos muito apreciados, os quais vendia na cidade, onde costumava ir às sextas-feiras. Plantava uns mantimentos aqui e ali, para abastecer-se e amamentava com leite de vaca ou cabra as bocas famintas das famílias dos peões da fazenda, que viviam de precisar e pedir. Mudou-se para lá.
Ele defendia as plantações do sítio com unhas e dentes. E travava uma luta sem tréguas contra os surripiadores de fruitas. Era uma luta visceral que tomava todas as horas livres daquele homem. Ele dizia que tudo que havia em seu sítio custou-lhe muito esforço físico e dinheiro. Passou então a portar uma velha espingarda “pica-pau” e a ficar de tocaia junto à cerca de arame farpado que limitava o pomar de suas plantações. Às vezes, ficava lá até a noite, espreitando, vigiando, de atalaia. Mesmo assim, via de regra, notava que algum gatuno roubava-lhe as fruitas aqui e acolá. Passou então a preparar sua espingarda pica-pau com uma carga de sal grosso, pois se não queria matar ninguém, queria que seu tiro fosse inesquecível: teria que doer e arder. Ficou lá a noite inteira: ninguém apareceu…
Dia seguinte, mal dormido, retomou suas atividades: havia uma “ferra de gado” a ser feita. A peonada gostava de fazer esse tipo de serviço, pois nessas ocasiões podiam exercitar-se e exibir-se diante do patrão, fazendo a apartação do gado, o exercício do laço, a imobilização, a chegada ao mourão dos touros mais brabos e etc. O peão mais esperto ficava trepado na tábua da cerca do corredor do frete do curral, onde, com um relho e um pedaço de pau, apartava aqueles que ele entendia fossem os primeiros a serem “ferrados” (marcados com as iniciais do dono). Eram escolhidos primeiro pelo tamanho, depois pela brabeza. Os menores, ou mansos ou mais fracos, ficavam por último. Eram cinco peões que empunhavam laços e um que empunhava um tacho lotado de bosta fresca de vaca (utilizada para refrescar o couro do animal e aliviar a dor). As reses saíam, uma a uma, ao comando do peão do frete. Eram então laçadas e derrubadas próximas do patrão, que com o “ferro de marcar vermelho ao rubro” depois de ficar imerso nas brasas, aplicava o ferro na anca do animal, tal e qual a estocada de um toureiro espanhol. A rês, deitada e indefesa, sem poder fugir, escoiceava o ar perfumado de cheiro de couro queimado. Ato contínuo, o Armandão, peão de fala grossa como trovão, passava com as mãos a bosta fresca por sobre a queimadura causada pelo ferro em brasa. Então a rês era solta, enquanto Seu Zeca pegava o ferro reserva já aquecido nas brasas e dava sinal para o peão do brete liberar mais um animal.
De repente, aconteceu: sem perceberem, uma novilha mal amarrada! No exato instante em que o ferro em brasa tocou na anca da novilha, ouviu-se o chiado do couro queimado, o esturro da rês, o grito do homem, o barulho de osso quebrado. Rês e homem marcados. A primeira a fogo; o segundo a coice. A rês teve a marca esmaecida, com o tempo. Já a marca indelével ficou no Seu Zeca: coxo pelo resto da vida (embora isso não tenha impedido de voltar montar a cavalo e a ferrar gado). No entanto, uma coisa mudou: como ele tinha limitações em trabalhar par e passo com os peões, conforme era seu gosto, dedicou-se a vigiar seu pomar; sempre com a pica- pau carregada de pedras de sal grosso. E passou a ser intolerante com os peões, a maltratar as crianças, a ser muito chato mesmo. Já a peonada, para provocá-lo e vingar-se, roubavam suas “fruitas” só para desfeiteá-lo. E gritavam de um lado:
-Óis nóis aqui!
E ele corria manquitolando na direção daqueles pestes, escondidos em meio das moitas de gabirobas e barbas-de-bode. Enquanto isso, outro grupo entrava no pomar e colhia todas as “fruitas” que queriam. (Depois as repartiam entre si).
Mas, Seu Zeca era ardiloso e turrão. Numa dessas ocasiões teve sorte e acertou um tiro de sal na bunda de um peão marca barbante, o qual teve que mandar embora no dia seguinte quando tal peão não se apresentou ao serviço, devido às queimaduras e feridas nos baixios. Tal peão era rancoroso e jurou para seus pares que o patrão ia pagar caro aquele tiro e a demissão. E o peão, sabendo do amor do Seu Zeca pela Bita, roubou-a.
Na manhã seguinte, ele foi ordenhar o gado e as cabras de manhã.
– Cadê a Bita?
Seo Zeca armou-se como nunca: punhal enfiado sob o cinto; facão de cortar cana pendurado no ombro e nas mãos a indefectível pica-pau com carga de pedras de sal grosso. E foi acompanhado por toda a família, (algumas crianças chorando e mais alguns cães excitados). Atrás, à distância segura, acompanhava um séquito de peões. E ele ia gritando pela colônia afora: Bita, bé!, Bita bé! (de vez em quando ele explicava para quem estivesse ao lado que a Bita quando ele assim a chamava, respondia com um balido, imediatamente). Então Seo Zeca completava:
– Onde estiver ela berra!
– Roubaram a mãe de meus filhos!
E repetia o pregão.
– Bita, bé, Bitaaa, bé, onde estiver ela berra; roubaram a mãe de meus filhos….
A Bita nunca foi encontrada. Diz’que o peão marrudo a assou e comeu naquele mesmo dia. Ao churrasco em que a Bita foi servida com farofa e mandioca cozida, além de muita cachaça, compareceram todos os peões para ajudá-lo nesse mister; menos Seo Zeca, é claro. Há quem diga que alguns peões se persignavam antes de comer a carne daquela cabrita que parecia gente: “discunjuro, credincruiz”, diziam. Mesmo assim a comeram. Outros peões não foram comer da carne da Bita, pois diziam que se o saci-pererê pusesse os olhos “em riba” de quem comeu a carne da tal Bita, iria transformá-la em lobisomem.
E Seu Zéca Bertoncini teve que arranjar outra mãe para seus filhos.
O tempo passou. Hoje, cinquenta anos após tal evento, tal e qual as marcas de ferro no couro das reses, ficou gravado em minha memória o apelido que Seu Zeca carregou pela vida afora: Zé Cabrita!
Publicado em: 06/01/2006 08:11:19
474) Adeus Inezita Barroso
Vinte e sete dias depois de internada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, morreu ontem, 08/3/2015, aos 90 anos de idade, a cantora, apresentadora de rádio e TV, pesquisadora e atriz, Inezita Barroso. A causa mortis foi “insuficiência respiratória aguda”. Inezita deixou uma filha, Marta Barroso, 3 netos e 5 bisnetos.
Nascida Inez Madalena Aranha de Lima, Inezita desde os quatorze anos de idade pensava em ser mais que uma aluna de canto, violão e declamação, que era ministrado pela professora Mary Buarque. Ela dava muita importância ao folclore e música regional, contrariando tudo que sua família, herdeira de várias fazendas de café, pretendia. Perseguiu sua vocação, com enorme energia, durante toda sua vida. Ainda menina, Inezita participava de recitais infantis de emissoras de rádio, tais como a Rádio Cruzeiro do Sul e Rádio Cultura de São Paulo. Inezita, que nasceu em 04 de março de 1925 (faleceu em 08 de março de 2015), era formada Biblioteconomia pela USP onde lecionou por longo tempo. Foi casada com Adolfo Barroso, de quem adotou o sobrenome no seu nome artístico. Em 1952 trabalhou na Rádio Clube do Recife, ainda amadora. Em 1953 foi contratada pela rádio Nacional de São Paulo, deixando se ser amadora. No ano seguinte, mudou-se para a Rádio Record de São Paulo, onde atuou também na TV Record, onde teve um programa exclusivo dedicado à música regional e ao folclore. Nessa época, gravou seus primeiros discos de 78 rotações, incluindo ali dois clássicos: ”Moda da Pinga”, de autoria de Zica Bergami e “Ronda”, de Paulo Vanzolini (só depois Ronda foi gravada pela Nora Ney e muito tempo depois, pela Maria Bethânia). Outro grande sucesso de Inezita em disco, foi a música “Lampião de Gás”. Inezita gravou 65 LPs com modinhas, toadas, modas de viola, rasqueados, cateretês e sambas de roda, todos pinçados nas origens, sempre respeitando a legitimidade do autêntico. Inezita atuou na TV Cultura de São Paulo, no programa “Viola, minha Viola”, desde 1980 (quando substituiu Moraes Sarmento, até 2015. Foram 35 anos ininterruptos de música de raiz e folclore brasileiro mostrado à população.
Inezita nasceu numa casa da Rua Conselheiro Brotero, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo; segundo ela em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, em janeiro de 2012, exatamente quando passava uma escola de samba (Camisa Verde) à porta da casa; escola de samba que hoje se chama “Camisa Verde e Branco”. – Nasci ouvindo marchinha paulista; disse ela na ocasião.
CINEMA
Sua boa estampa (morena bonita, cabelos negros) participou de seis filmes nos anos 50: “Ângela”, “Destino em Apuros”, “O Craque”, “Carnaval em Lá Maior”, “É Proibido Beijar”, além do filme “Mulher de Verdade”; onde ganhou o Prêmio “SACI”, de melhor atriz.
História do Violão Quebrado
Depois de percorrer todo o brasil fazendo pesquisa de folclore, Inezita ficou desiludida, porque nenhuma emissora de rádio ou TV queriam exibir sua pesquisa.
Depois de levar o oitavo não, ela quebrou o violão, fez uma fogueira e jogou nas chamas todo o material recolhido pelo Brasil.
Pensando bem, aquela fogueira não queimou nada. Tudo o que Inezita Barroso viu pelo País afora ficou bem guardado, fortalecendo a maior defensora das tradições culturais que o Brasil já teve.
POSTERIDADE
Eu, ACAS, nunca esquecerei o contato que fiz com a Inezita em 2002: fui informado que ela fazia um show beneficente no Hospital das Clínicas, todos os anos. Por sorte, fui informado desse show em tal dia de 202 e fui lá: foi maravilhoso. Até aproveitei para presentear Inezita com meu primeiro livro, o “Pequeno Dicionário de Caipirês”, pois eu também participei (convidado) do lanche oferecido à Inezita neste local.
Mas, Inezita será lembrada sempre por uma música: “Moda da Pinga”, que ai vai os primeiros versos:
Co´a marvada pinga é que me atrapaio,
Eu entro na venda e já dô meu taio,
Eu pego no copo e dali num saio,
Ali mêmo eu bebo, ali mêmo eu caio,
Só pra í pra casa é que dô trabaio, oi lá! … .
– Há quem afirme que, embora os versos de Zica Bergami sejam preservados, continuam sendo acrescentados novos versos à essa música até os dias atuais; tal é a força e o apelo da mesma.
De hoje em diante, uma nova estrela aparecerá nos céus do Brasil: Inezita estará lá; brilhando como sempre.
Criado em 09/03/2015
Publicada em 09/03/2015
503) A MANDIOCA
A MANDIOCA
Origem
A mandioca era cultivada por várias nações indígenas da América Latina. Os nativos consumiam suas raízes. Atualmente tem sido exportada para outros pontos do planeta, principalmente para a África, onde constitui, em muitos casos, a base da dieta alimentar. No Brasil, o hábito de cultivo e consumo da raiz continua. Ela aqui no Brasil também adquiriu outros nomes, devido aos regionalismos, sotaques e povos que a cultivavam. Era
cultivada e ainda o é, de norte a sul e de oeste a leste. No entanto, o que me levou a escrever sobre a Mandioca é a Lenda, cujo evento e desfecho muda de uma região para outra região do Brasil e que o leitor pode verificar entre meus textos anteriores a este.
Definição:
Mandioca: planta arbustiva da família das euforbiáceas, originária do Brasil (embora atualmente muito cultivada na África), cuja raiz é comestível e da qual se faz a farinha-de-pau e a tapioca, dentre outras iguarias. A mandioca é uma raiz amidosa e muito volumosa, usada para fazer um tipo especial tipo de farinha. A farinha da mandioca faz parte da comida diária dos nativos da Amazônia, e é usada só ou acompanhada de arroz, batata, milho, e como acompanhamento para peixe, carne ou feijão. Esta raiz possui um forte veneno, o cianide, que precisa ser eliminado durante a preparação da farinha. Isto é feito durante o cozimento ou fermentação da raiz. A massa obtida é tostada; daí, ela está pronta para armazenagem e consumo.
Variedades:
Existem diversas variedades da planta, que se dividem em mandioca-doce e mandioca-brava (ou mandioca-amarga), de acordo com a presença de ácido cianíDr.ico (que é venenoso se não for destruído pelo calor do cozimento ou do sol). Algumas regiões usam o nome aipim ou macaxeira para designar a mandioca-doce. As variações não se restringem apenas à quantidade de ácido cianíDr.ico. Variam também as cores das partes de folhas, caules e raiz, bem como sua forma. No interior de São Paulo, de Minas Gerais e Goiás, a mais consumida e apreciada é a mandioca chamada de “vassourinha”.
História Remissiva:
Velha conhecida dos índios brasucas, já antes da chegada dos colonizadores a mandioca agradou também o paladar estrangeiro e hoje é ingrediente dos melhores pratos da culinária brasileira. Vale também lembrar que a mandioca também faz parte de algumas celebrações religiosas, tais como da umbanda, onde aparece como “pertence da ebó”; oferecida às divindades. Quando os portugueses chegaram por aqui, descobriram vários produtos para enriquecer os cofres da Corte: ouro, madeira de pau-brasil e terras a perder de vista garantiram tempos de vacas gordas aos colonizadores. Na gastronomia, o lucro também foi grande. Receitas europeias ganharam novos sabores e combinações deliciosas com a adição de ingredientes típicos do Brasil. Talvez os próprios portugueses não se apercebam disso nos dias atuais. Um desses pratos já era bastante conhecido pelos índios quando caiu no prato dos estrangeiros. Tal qual um tesouro de pirata, a mandioca foi desenterrada das plantações aborígenes e entregue às cozinheiras lusas e suas escravas. De lá pra cá ganhou fama e hoje é utilizada do Oiapoque ao Chuí, para fazer pão de queijo, tapioca, bolos e outras suculências oriundas desse intercâmbio de culturas. A versatilidade já começa no nome, que muda de acordo com o lugar. De origem amazônica, era chamada pelos índios de manioca. Hoje é conhecida nas regiões Norte e Nordeste como aipim, mandioca ou macaxeira. No Sudeste e Sul, é chamada por mandioca; embora tenha a alcunha de aipim. E dependendo do estado ou cidade, responde ainda por candinga, castelinha, macamba, mandioca-brava ou doce, pão-de-pobre, xagala e outros. Excelente fonte de carboidrato, a mandioca é um tubérculo bastante democrático. A começar pelo fácil cultivo, que assegura produção em
todos os estados brasileiros. À época da colonização, alimentava nativos e missionários, escravos, senhores e tropeiros. Dela saem a farinha – usada para engrossar angus e caldos e no preparo de farofas, pirão, paçoca doce e salgada e frituras – e a fécula (polvilho ou goma seca), que garante pães de queijo e tapiocas (o beiju dos índios),
além de biscoitos, bolos, pães e outros quitutes.
Utilização
No Brasil, a raiz tuberosa da mandioca é consumida na forma de farinhas, da qual se faz a farinha de mandioca e tapioca ou, em pedaços cozidos ou fritos. Está presente também no preparo de receitas típicas da Amazônia como o tacacá, o molho tucupi e com suas folhas cozidas prepara-se a maniçoba. Dela também são feitas bebidas. Como o cauim indígena) feito através de fermentação. Por meio de um processo de destilação é produzida uma cachaça ou aguardente de mandioca; a tiquira. Possui elevado teor alcoólico. A tiquira é comum no Estado do Maranhão, mas é pouco conhecida no restante do Brasil. Durante a implantação do Proálcool, a mandioca foi estudada como possível alternativa de matéria prima para a produção de etanol (que iria abastecer os automóveis brasileiros e misturado à gasolina. Dela também se faz outra farinha; o polvilho (fécula de mandioca), doce ou azedo, que serve para a preparação de diversas comidas típicas
como, o pão de queijo. Apesar de frequente em países da África e da Ásia, para onde foram levadas pelos colonizadores ibéricos, o hábito de utilizar as folhas da planta para alimentação, no Brasil, só ocorre na região Norte, especialmente no Pará. Na África é comum consumir-se, além da raiz, também as folhas jovens em forma de “esparregado”. Em Moçambique, estas são piladas (moídas no pilão), juntamente com alho e a própria farinha seca da raiz e depois cozinhada normalmente com um marisco (caranguejo ou camarão); esta comida se chama “matapa” e é uma das mais populares da culinária moçambicana. Em Angola este esparregado é conhecido como “kissaca”. A farinha de mandioca comumente é preparada a partir da mandioca-brava. Para se extrair a “manipuera” é necessário o uso do tipiti ou outro tipo de prensa e dela retira-se a caiarema ou carimã, que no linguajar popular é o polvilho!
Significado de Manipuera:
• mani = o nome da menina,
• puera (güera) = tem o significado de ruim (a parte ruim da mani), o que já foi => velho!
Mandioca Utilíssima e Mandioca Esculenta
Em alguns locais do Brasil o termo mandioca é utilizado tanto para a Mandioca Utilíssima (macaxeira ou aipim ou ainda mandioca doce) quanto para a Mandioca Esculenta (mandioca brava ou mandioca amarga). A primeira contém menos cianeto que a segunda e, portanto, pode ser utilizada como alimento sem o necessário preparo de retirada do cianeto, como em alguns locais do Brasil. A Mandioca Utilíssima é mais utilizada cozida e frita. As folhas da Mandioca Esculenta são utilizadas para fazer maniçoba, observando-se os cuidados acima descritos.
Tipos
Cozida, a mandioca rende salgadinhos, purês, tortas e recheios; frita, é um petisco sensacional. Na região Norte, a massa ralada de mandioca é prensada para retirar a Manipueira (ou tucupi), líquido bastante utilizado na culinária local (a exemplo do pato no tucupi, prato típico do Pará). A manipuera quando fermentada dá origem à tiquira, um destilado alcoólico semelhante à cachaça e muito popular no Maranhão, como já descrito acima. Já as folhas, chamadas de maniva, são cozidas por vários dias e substituem o feijão na maniçoba, um tipo de feijoada paraense. Não por acaso Câmara Cascudo chamou-a de “rainha do Brasil”, em “A História da Alimentação no Brasil”. As variedades de mandioca se dividem entre os tipos doce e brava (ou mandioca-amarga). Essa última contém elevado teor de ácido cianíDr.ico, substância tóxica cuja presença só pode ser detectada em laboratório (já que os dois tipos têm o mesmo aspecto). Por isso, ao contrário de colegas tubérculos como cenoura e beterraba, a mandioca não pode ser consumida crua. Apenas o calor é capaz de eliminar o ácido (já se perguntou porque não existe suco de mandioca?). No Nordeste, esse tubérculo ocupa lugar de destaque na alimentação, especialmente de populações com menos recursos financeiros – pois a
farinha de mandioca é item relativamente barato. Isso que não quer dizer que a mandioca não brilhe no circuito de restaurantes, seja de cozinha regional, de carnes, pâtisserie, padarias e outras especialidades.
Quitutes
Há inúmeras opções para degustar uma boa macaxeira. Há desde o prato com a carne de sol completa, que vem com paçoca, macaxeira frita e baião de dois, até a torta de macaxeira com recheio de carne de sol. Outro destaque do cardápio é o escondidinho, que leva purê de macaxeira, carne de sol desfiada e arroz branco. Se a fome não for
muita, vá de bolinha de macaxeira com recheio de carne de sol. Na seara dos salgadinhos e doces, a oferta também é grande. O bolo de macaxeira, a coxinha feita com massa de macaxeira e recheada com carne de sol. Se quisermos comê-la apenas cozida com pouco ou nenhum sal para depois cobri-la de manteiga com sal ou requeijão; a mandioca realmente pode ser base de massas diferenciadas, mais leves, nutritivas e bastante saborosas. Dá pra fazer bolinhos, empadas, tortas e outros pratos – a imaginação é o limite.
Conheça os nomes com que a Mandioca é conhecida nas regiões brasileiras:
Norte e Nordeste: Mandioca, macaxeira.
Sul Sudeste: Aipim, mandioca.
Outras localidades: Candinga, Castelinha, Macamba, Mandioca-doce ou
brava, Pão-de-pobre, Xagala e outros.
Folhas da mandioca: Maniva (norte).
Amido da mandioca: Polvilho, fécula ou goma seca (sudeste/centro-oeste).
Tiquira: Aguardente de mandioca (centro-oeste e parte do nordeste).
Manipueira: Líquido residual da prensa da mandioca (norte/sul).
Da entrada ao prato principal
Pergunte a um cearense o que são aquelas raízes marrons na feira e ele pode até responder mandioca. Mas, indague sobre aquela porção de filetes dourados na mesa do bar e ele terá na ponta da língua: “macaxeira frita”. Seja qual for o nome, entre bolinhos, tortas, purês e outras receitas, essa forma de preparo do tubérculo se destaca,
especialmente ao lado daquela cerveja geladíssima. Sem dúvida, a macaxeira frita é um dos melhores petiscos do qual se tem notícia. Crocante por fora, macia por dentro, salgadinha, mas com um leve sabor adocicado do próprio legume, agrada a crianças e adultos. É ainda uma ótima opção para variar o cardápio, pois substitui com
louvor a batata frita de sempre, além de ser relativamente mais nutritiva. Em Fortaleza, a macaxeira frita é obrigatória em qualquer estabelecimento, do boteco da esquina, passando pelas barracas de praia às churrascarias mais sofisticadas. Seja na entrada ou como acompanhamento dos pratos principais, ninguém resiste a elas. Sua amiga mais próxima é a carne de sol, com quem faz par frequentemente. Pode ainda vir em porção com um molho rosê ou salpicada de queijo por cima. Só não vale vir murcha, dura ou insossa. Uma dica para conseguir frituras sempre crocantes é colocar uma colher (de café) de álcool etílico (de cereais, utilizado para fazer bebidas alcoólicas) no óleo
ainda frio – é importante não estar aquecido, sob risco de começar um incêndio na cozinha. Aqueça vagarosamente e frite o alimento. Para fazer a macaxeira, deve-se primeiro cozinhar a raiz, depois cortá-la em fatias compridas e fritá-las em uma frigideira funda – semelhante à batata frita. Para os mais preguiçosos ou apressados, há a opção de comprar o legume congelado e já fatiado, pronto para ir ao fogão.
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N.A.:
Este texto foi elaborado com a compilação de trechos de textos dos
seguintes escritores, jornalistas e pesquisadores: Câmara Cascudo
(~60%), Rosa Clement, Adriana Martins Meireles, Patrícia Araújo, Adriane
Pimentel, Marília Camelo, Francisco Sousa, Melquíades Jr. e os sites
“Wikipédia”,“www.pt.shvoong.com” e “WWW.qdivertido.com.br”; além das próprias observações e conclusões do autor.
-Além dos nomes aqui informados, que fizeram parte de minha pesquisa,
utilizei também material próprio e de Christiane Araújo Angelotti, com
quem entrei em contato em junho de 2011 e que permitiu o uso de
material pesquisado dela e autorizou mencionar seu nome.
……………………………………………………………………fim
Criado em: 03/09/2011 16:52:27
Última alteração:02/09/2015 18:14:43
516) Baronatos Tupiniquins
Alguns nobres brasileiros, recebiam a distinção “com grandeza”, que os autorizava a usar em seu brasão de armas a coroa do título imediatamente superior – por exemplo, um barão poderia usar em seu brasão a coroa de visconde. Também, um “grande do Império” desfrutava de outros privilégios e precedências que o título imediatamente superior gozava. A grandeza foi conferida a 135 barões, que usavam a coroa de visconde em seus brasões.
Os registros eram feitos nos livros do antigo Cartório de Nobreza e Fidalguia. Porém, é possível encontrar vários registros com erros e contradições, variando desde brasões imprecisos a datas e nomes errados, denotando a falta de intimidade brasileira com tal sistema nobiliárquico, herdado da nobreza portuguesa.
Em 1848, desapareceram misteriosamente todos os documentos do Cartório de Nobreza e Fidalguia, que à altura era de responsabilidade de Possidônio da Fonseca Costa, então o rei de Armas Principal, fato que dificulta em muito o registro de títulos nobiliárquicos concedidos durante o Primeiro Reinado. Luís Aleixo Boulanger, seu sucessor, buscou reaver parte dessa documentação, produzindo um único livro com parte da primeira geração da nobreza brasileira.
O objetivo desse artigo é fazer chegar aos jovens estudantes e professores que não disponham de biblioteca e/ou condições plenas de pesquisa. Onde os nomes dos nobres estiverem “lincados” (em azul) – usar CTRL clique – é possível ver fotos e uma pequena biografia com os dados principais dos felizardos recebedores dos títulos de nobreza.
Este autor revela para todos que, para se ter nome na lista de “novos nobiliárquicos”, o pretendente, além de ter que ser indicado por outros nobres, tinham que pagar uma enorme quantia. Informo aos senhores que, em 1822, o preço do título de barão (ou baronesa), era de 350$000; ou simplificando, 350 contos de réis; dinheiro que, na época, dava para comprar uma pequena fazenda.
Eis a lista disponível do baronato nos sites analisados pelo autor:
· 1° Barão da Abadia: Gregório Francisco de Miranda
· 1° Baronesa da Abadia: Maria Isabel Cardoso Gusmão
· 2° Barão da Abadia: Francisco Dionísio Machado Faria
· Barão de Abiaí: Silvino Elvídio Carneiro da Cunha
· Barão de Aceguá:Astrogildo Pereira da Costa
· Barão do Açu: Luís Gonzaga de Brito Guerra
· Barão do Açu da Torre: Luís Antônio Simões de Meireles
· 1° Barão de Água Branca: Joaquim Antônio de Siqueira Torres
· 1° Baronesa de Água Branca: Joanna Vieira de Sandes
· 2° Barão de Água Branca: Joaquim Inácio Ramalho
· Barão de Aguapeí: João Batista de Oliveira
· Barão de Águas Belas: João da Cunha Magalhães
· Barão de Águas Claras: Guilherme Augusto de Sousa Leite
· Barão de Aguiar de AnDr.ada: Francisco Xavier da Costa Aguiar de AnDr.ada
· Barão de Aguiar Valim: Manuel de Aguiar Valim
· Barão de Aimoré: Antônio RoDr.igues da Cunha
· Barão de Aiuruoca: Custódio Ferreira Leite
· Barão de Alagoas: Severiano Martins da Fonseca
· Baronesa de Alagoas: Maria Amália de Carvalho
· Barão de Alagoinhas: Francisco Pereira SoDr.é
· Barão de Albuquerque: Manuel Artur de Holanda Cavalcanti de Albuquerque
· Barão de Alcântara: João Inácio da Cunha
· 1° Barão de Alegrete: João José de Araújo Gomes
· 1º Baronesa de Alegrete: Joaquina de Oliveira Álvares
· 2° Barão de Alegrete: José Maria de Araújo Gomes
· Barão de Além-Paraíba: Joaquim Barbosa de Castro
· Barão de Alencar: Leonel Martiniano de Alencar
· Baronesa de Alenquer: Francisca de Assis Viana Moniz Bandeira
· 1° Barão de Alfenas: Gabriel Francisco Junqueira
· 2° Barão de Alfenas: José Dias de Gouveia
· Barão de Alfié: Joaquim Carlos da Cunha AnDr.ade
· Barão de AlhanDr.a: José Bernardo de Figueiredo
· Barão da Aliança: Manuel Vieira Machado da Cunha
· Baronesa de Aliança: Maria Isabel Pinheiro Werneck
· Barão de Almeida Galeão: Manuel Caetano de Almeida Galeão
· Barão de Almeida Lima: Manuel Bernardo de Almeida Lima
· Barão de Almeida Ramos: Joaquim de Almeida Ramos
· Baronesa de Almeida Ramos: Francisca Peregrina de Chagas Werneck
· Barão de Almeida Valim: Luciano José de Almeida Valim
· Barão do Alto Mearim: José João Martins de Pinho
· Barão do Alto Muriaé: Antônio Teodoro da Silva
· Barão do Amambaí: Antônio Maria Coelho
· Barão de Amaraji: Antônio Alves da Silva
· Barão do Amazonas: Francisco Manuel Barroso da Silva
· 1o Barão do Amparo: Manuel Gomes de Carvalho
· 2o Barão do Amparo: Joaquim Gomes Leite de Carvalho
· Barão de Anadia: Manuel Joaquim de Mendonça Castelo Branco
· Barão de Anajás: Antônio Emiliano de Sousa Castro
· Barão de Anajatuba: José Maria Barreto
· 1o Barão do Andaraí: Militão Máximo de Sousa
· 2o Barão do Andaraí: Militão Máximo de Sousa Júnior
· 2a Baronesa do Andaraí: Ana Joaquina Fernandes Braga
· Barão de Angra: Elisiário Antônio dos Santos
· Barão de Anhumas: Manuel Carlos Aranha
· Baronesa de Anhumas: Blandina Augusta Pereira de Queirós
· Barão de Antonina: João da Silva Machado
· Barão de Aparecida: José de Sousa Brandão
· Barão de Aquino: José de Aquino Pinheiro
· Barão de Aquiraz: Gonçalo Baptista Vieira
· Barão do Araçaji: Francisco de Caldas Lins
· Barão de Aracaju: José Inácio Accioli do Prado
· Barão de Aracati: José Pereira da Graça
· Barão do Araçuaí: Serafim José de Meneses
· Barão do Araguaia: Domingos José Gonçalves de Magalhães
· Barão do Araguari: João Maria Wandenkolk
· Barão do Araguari: Antônio Dias Maciel
· Barão de Aramaré: Manuel Lopes da Costa Pinto
· Barão de Arantes: Antônio Belfort Ribeiro de Arantes
· 1º Barão de Araraquara: José Estanislau de Oliveira
· 2º Barão de Araraquara: Estanislau José de Oliveira
· Barão de Araras: Bento de Lacerda Guimarães
· 1º Barão de Arari: Antônio Lacerda de Chermont
· 2º Barão de Arari: José de Lacerda Guimarães
· Baronesa de Arari: Maria Dalmácia de Lacerda Guimarães
· Barão de Araribá:João Luís Gonçalves Ferreira
· Barão do Araripe: Antero Vieira da Cunha
· Barão de Araruama: José Carneiro da Silva
· 2º Barão de Araruama: Bento Carneiro da Silva
· Barão da Araruna: Estevão José da Rocha
· Barão da Aratanha: José Francisco da Silva Albano
· Baronesa de Aratanha: Liberalina Angélica Teófilo
· Barão de Araújo Ferraz: Francisco Inácio de Araújo Ferraz
· Barão de Araújo Góis:Inocêncio Marques de Araújo Góis
· Barão de Araújo Gondim: Antônio José Duarte de Araújo Gondim
· Barão de Araújo Maia: Honório de Araújo Maia
· Barão de Arinos: Tomás Fortunato de Brito
· Barão de Ariró: Henrique José da Silva
· Barão de Arroio Grande: Francisco Antunes Gomes da Costa
· Baronesa do Arroio Grande: Flora Felisbina Antunes da Costa
· Barão de Atalaia: Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão
· Barão de Ataliba Nogueira: João de Ataliba Nogueira
· Baronesa de Ataliba Nogueira: Luiza Xavier de AnDr.ade
· Barão de Atibaia: Joaquim Antônio de Almeida
· Barão de Avanhandava: José Emídio de Almeida Cardia
· Barão de Avelar e Almeida: Laurindo de Avelar e Almeida
· Barão de Avelar Resende: Quirino de Avelar Monteiro de Resende
· Barão de Azeredo Coutinho: Sebastião da Cunha de Azeredo Coutinho
· Baronesa de Azeredo Coutinho: Ana Barcellos da Silva e Souza
· Barão de Azevedo Machado: Antônio José de Azevedo Machado
· Baronesa de Azevedo Machado: Maria RoDr.igues do Bonfim
· Barão de Bajé: Paulo José da Silva Gama
· Barão de Bajé: Paulo José da Silva Gama Filho
· Barão de Bambuí: Francisco das Chagas AnDr.ade
· Barão do Bananal: Luís da Rocha Miranda Sobrinho
· Barão de Barcelos: Domingos Alves Barcelos Cordeiro
· Baronesa de Barcelos: Isabel Alves Manhães
· Barão de Barra Grande: Francisco de Lima e Silva
· Baronesa de Barra Grande: Mariana Cândida de Oliveira Belo
· Barão da Barra Mansa: João Gomes de Carvalho
· Barão de Batovi: Manuel de Almeida Lobo d’Eça
· Baronesa de Batovi: Ana Luísa Pereira
· Barão de Beberibe: Francisco Antônio de Oliveira
· Barão de Bela Vista: José de Aguiar Toledo
· 1º barão de Belém: RoDr.igo Antônio Falcão Brandão
· Barão de Belém: José Maria de Almeida
· Barão de Belém: José Maria de Almeida Belém
· Barão de Bemposta: Inácio Barbosa dos Santos Werneck
· 1o Barão de Benfica: Antônio José de Castro
· 2o Barão de Benfica: Antônio d’Oliveira Castro
· Barão de Bertioga: José Antonio da Silva Pinto
· Baronesa de Bertioga: Maria José Miquelina da Silva
· Barão da Boa Esperança: Antônio Ferreira de Brito
· Barão de Boa Viagem: Francisco José de Matos Pimenta
· Barão da Boa Vista: Francisco do Rego Barros
· Barão de Bocaina: Francisco de Paula Vicente de Azevedo
· Barão do Bom Jardim: Luís Barbalho Muniz Fiúza Barreto de Meneses
· 1º Barão do Bonfim: José Francisco de Mesquita
· 2º Barão do Bonfim: José Jerônimo de Mesquita
· Baronesa do Bonfim: Maria José Vilas-Boas Siqueira
· Barão do Bonito: Manuel Gomes da Cunha PeDr.osa
· Barão de Buíque: Francisco Alves Cavalcanti Camboim
· Barão de Bujari: Antônio Francisco Pereira
· Barão de Bujuru: Inocêncio Veloso Pederneiras
· Barão de Butuí: José Antônio Moreira
· Barão de Cabo Frio: Luís da Cunha Moreira
· Barão de Cabo Frio: Joaquim Tomás do Amaral
· 1o Barão de Cabo Verde: Antônio Belfort de Arantes
· 1a Baronesa de Cabo Verde: Maria Custódia de Paula Ribeiro do Vale
· 2º Barão de Cabo Verde: Luís Antônio de Morais Navarro
· Baronesa de Cabo Verde: Josefa Amélia de Morais Bueno
· Barão de Caçapava: Francisco José de Sousa Soares de AnDr.ea
· Barão de Cacequi: Frederico Augusto de Mesquita
· Barão de Caetité: José Antônio Gomes Neto
· Barão de Caí: Francisco Ferreira Porto
· Baronesa de Caí: Maria Luiza Mefredy
· Barão de Caiará: Augusto de Sousa Leão
· Baronesa de Caiará: Idalina Carlota de Sousa Leão
· Barão de Cairari: Antônio Manuel Correia de Miranda
· Barão de Cairu: José da Silva Lisboa
· Barão de Cairu: Bento da Silva Lisboa
· Barão de Cajaíba: AlexanDr.e Gomes de Argolo Ferrão
· Baronesa de Cajaíba: Eudóxia Cândida Ferrão de Pina e Mello de Argollo e Queiroz
· 1º Barão de Cajuru: João Gualberto de Carvalho
· 1º Baronesa de Cajuru: Ana Inácia de Ribeiro do Vale Carvalho
· 2° Barão de Cajuru: Militão Honório de Carvalho
· 2° Baronesa de Cajuru: Maria Cândida de Arantes
· Barão de Caldas: Luís Antônio de Oliveira
· Barão de Calera: Tomás Garcia de Zuniga
· Barão de Camaçari: Antônio Calmon de Araújo Góis
· Barão de Camanducaia: Joaquim da Mota Pais
· Barão de Camaquã: Salustiano Jerônimo dos Reis
· Baronesa de Camaquã: Plácida Elvira Teixeira Fernandes
· Barão de Camarajibe: PeDr.o Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque
· 1o Barão de Camargos: Manuel Teixeira de Sousa
· 2o Barão de Camargos: Antônio Teixeira de Sousa Magalhães
· Barão de Cambaí: Antonio Martins da Cruz Jobim
· Baronesa de Cambaí: Ana Maria de Sousa Brasil
· Barão de Cambuí: João Cândido de Melo e Sousa
· Barão de Cametá: Antônio Bento Dias de Melo
· Baronesa de Cametá: Ana Rufina de Sousa Franco Correia
· Barão de Campinas: Bento Manuel de Morais Barros
· Barão de Campinas: Joaquim Pinto de Araújo Cintra
· Baronesa de Campinas: Maria Luzia de Sousa Aranha
· Barão de Campo Alegre:Joaquim de Sousa Leão
· Baronesa de Campo Alegre: Francisca Arcelina Cavalcanti de Sousa Leão
· Barão de Campo Alegre: Antônio José Correia
· Barão de Campo Belo: Laureano Correia e Castro
· Barão de Campo Formoso: João Evangelista de Carvalho
· Barão de Campo Grande: Francisco Gomes de Campos
· Barão de Campo Largo: Antônio Mariani Primo
· Barão de Campo Maior: Augusto da Cunha Castelo Branco
· Barão de Campo Místico: Antônio Teixeira Dinis
· Barão de Campo Verde: Francisco Xavier de Oliveira
· Barão de Campos Gerais: David dos Santos Pacheco
· Barão de Cananeia: Bernardino RoDr.igues de Avelar
· Barão de Candiota: Luiz Gonçalves Das Chagas
· Baronesa de Candiota: Anna De Ávila
· Barão de Cantagalo: João Maria da Gama Freitas Berquó
· 2o Barão de Cantagalo:Augusto de Sousa Brandão
· Barão de Capanema: Guilherme Schüch de Capanema
· Barão de Capiberibe: Manuel de Sousa Teixeira
· Barão de Capivari:Joaquim Ribeiro de Avelar
· Barão de Capivari: Porfírio Pereira Fraga
· Barão de Carandaí: Belisário Augusto de Oliveira Pena
· Baronesa de Carandaí: Lina Duque Laje
· 1º Barão de Carapebus: Joaquim Pinto Neto dos Reis
· 2º Barão de Carapebus: Antônio Dias Coelho Neto dos Reis
· Barão do Carmo: Manuel Ferreira Pinto
· Barão do Carmo: José da Silva Figueiredo
· Barão de Caruaru: Francisco Antônio Raposo
· Barão de Carvalho Borges: Antônio Pedro de Carvalho Borges
· Barão de Casa Branca: Vicente Ferreira de Silos Pereira
· Barão de Casa Forte: Antônio João de Amorim
· Barão de Casalvasco: Firmino José de Matos
· Barão de Cascalho: José Ferraz de Campos
· Barão de Castelo Branco: Mariano Gil Castelo Branco
· Barão de Castelo: Manuel Luís e Ribeiro
· Barão de Castro Lima: Antônio Moreira de Castro Lima
· Barão dos Cataguases: Manuel de Castro Guimarães
· 1o Barão de Catas Altas: João Batista Ferreira de Sousa Coutinho
· Barão de Catas Altas: Antônio José Gomes Bastos
· Barão do Catete: Joaquim Antônio de Araújo e Silva
· Barão do Catu: Frutuoso Pinto da Costa
· Barão de Catuama: João José Ferreira de Aguiar
· Barão de Catumbi: Francisco Lopes da Cunha
· Barão de Caxangá: Lourenço Bezerra Alves da Silva
· Barão de Caxias: Luís Alves de Lima e Silva
· Barão de Ceará-Mirim: Manuel Varela do Nascimento
· Baronesa de Ceará-Mirim: Bernarda Varela Dantas
· Barão do Cerro: José Joaquim Ferreira Rabelo
· Barão de Cerro Alegre: João da Silva Tavares
· Barão de Cerro Azul: Ildefonso Pereira Correia
· Baronesa do Cerro Azul: Maria José Pereira Correia
· Barão de Cerro Largo: José de Abreu
· Barão do Cerro Formoso:Francisco Pereira de Macedo
· Barão de Cimbres: Domingos Malaquias de Aguiar Pires Ferreira
· Barão de Cimbres: Cândido Xavier Pereira de Brito
· Barão de Cocais: José Feliciano Pinto Coelho da Cunha
· Barão de Comoroji: Antônio Félix de Carvalho
· Barão da Conceição: José Rodrigues da Costa
· Barão da Conceição da Barra: José Resende de Carvalho
· 1º Barão de Congonhas do Campo: Lucas Antônio Monteiro de Barros
· 1º Baronesa de Congonhas do Campo: Maria Teresa Joaquina de Sauvan
· 2º Barão de Congonhas do Campo: Lucas Antônio Monteiro de Castro
· 2º Baronesa de Congonhas do Campo: Cecília Gonçalves de Moraes
· Barão de Contendas: Antônio Epaminondas de Barros Correia
· Barão de Coroatá: Manuel Gomes da Silva Belfort
· Barão de Coromandel: José Francisco Neto
· Barão de Correntes: Felisberto Inácio da Cunha
· Barão de Corumbá: João Mendes Salgado
· Barão de Coruripe: Miguel Soares Palmeira
· Barão de Cotegipe: João Maurício Wanderley
· Baronesa de Cotegipe: Antónia Teresa de Sá Rocha Pita e Argolo
· Barão de Cotinguiba: Bento de Melo Pereira
· Barão do Crato: Bernardo Duarte Brandão
· Barão de Cristina: Francisco Ribeiro Junqueira
· Barão de Cruanji: Felisberto Inácio de Oliveira
· Barão da Cruz Alta: José Gomes Portinho
· Baronesa de Cruz Alta: Branca Sertório
· Barão da Cruz Alta: Joaquim de Campos Negreiros
· Barão de Cunha Bueno: Francisco da Cunha Bueno
· Baronesa da Cunha Bueno: Teresa Campos de Aguirre
· Barão de Cururipe: Miguel Soares Palmeira
· Barão de Curvelo: Joaquim Meireles Freire
· Barão do Descalvado: José Elias de Toledo Lima
· Barão do Desterro: João José de Almeida Couto
· Barão da Diamantina: Francisco José de Vasconcelos Lessa
· Baronesa da Diamantina: Júlia Flora de Castro
· Barão de Diamantino: Antônio de Cerqueira Caldas
· Barão de Dores de Guaxipé: Manuel Joaquim Ribeiro do Vale
· Barão de Dourados: José Antônio da Silva Freire
· 2º Barão de Dourados: José Luís Borges
· 2º Baronesa de Dourados: Amália Carolina de Melo e Oliveira
· Barão de Dr.ummond: João Batista Viana Drummond
· 1o Barão das Duas Barras: João Antônio de Morais
· 1ª Baronesa de Duas Barras: Basília Rosa da Silva Franco de Morais
· 2o Barão das Duas Barras: Elias Antônio de Morais
· 2a Baronesa de Duas Barras: Georgeana Augusta da Silva
· Barão de Embaré: Antônio Ferreira da Silva
· Barão do Engenho Novo: Antônio Pereira de Sousa Barros
· Barão de Entre-Rios: Antônio Barroso Pereira Filho
· Barão de Entre-Rios: Antônio Barroso Pereira Neto
· Barão de Erval: Manuel Luís Osório
· Baronessa do Erval: Francisca Fagundes de Oliveira
· Barão de Escada: Belmiro da Silveira Lins
· Barão d’Escragnolle: Gastão Luís Henrique d’Escragnolle
· Barão da Estância: Antônio Dias Coelho de Melo
· Baronesa da Estância: Lourença de Almeida Dias
· Barão de Estrela: José Joaquim de Maia Monteiro
· Barão de Exu: Gualter Martiniano de Alencar Araripe
· Barão de Ferreira Bandeira: PeDr.o Ferreira de Viana Bandeira
· Baronesa de Ferreira Bandeira: Maria Sofia Franzinger Schmidt
· 1º Barão dos Fiais: Luís Paulo de Araújo Bastos
· Barão dos Fiais: PeDr.o Ferreira de Viana Bandeira
· Barão do Flamengo: Luís de Matos Pereira de Castro
· Baronesa de Fonseca Costa: Josefina da Fonseca Costa
· Barão de Fonseca: João de Figueiredo Pereira de Barros
· Baronesa de Fonseca: Mariana Jacinta de Azevedo Castro
· Barão de Forte de Coimbra: Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero
· Barão da Franca: José Garcia Duarte
· Baronesa da Franca: Maria Amélia de Vassimon
· Barão de Frecheiras: Antônio dos Santos Pontual
· Barão da Gamboa: José Manuel Fernandes Pereira
· Barão da Gávea: Manuel Antônio da Fonseca Costa
· Baronesa da Gávea: Maria Amália de Mendonça Corte-Real Fonseca Costa
· Barão de Geraldo de Resende: Geraldo Ribeiro de Sousa Resende
· Baronesa de Geraldo de Resende: Maria Amélia Barbosa de Oliveira
· Barão de Gindaí: Antônio da Rocha de Holanda Cavalcanti
· 1º Barão de Goiana: Bernardo José da Gama
· Baronessa de Goiana: Izabel Ursulina de Albuquerque Gama
· 2º barão de Goiana: João Joaquim Cunha Rego Barros
· Baronesa de Goiana: Manuela de Castro Caldas
· Barão de Goicana: Sebastião Antônio Acioli Lins
· Barão de Goitacases: Antônio José de Magalhães
· Barão de Gorutuba: Ângelo de QuaDr.os Bitencourt
· Barão da Graça: João Simões Lopes Filho
· Baronesaa da Graça: Eufrásia Gonçalves Victorino Lopes
· Barão de Grajaú: Carlos Fernandes Ribeiro
· Barão do Granito: José Manuel de Barros Wanderley
· Barão de Grão-Mogol: Guálter Martins Pereira
· Barão de Gravatá: Pedro Emiliano da Silveira Lessa
· Barão de Gravataí: João Baptista da Silva Pereira
· Baronesa de Gravataí: Maria Emília de Menezes
· Barão de Guaí: Joaquim Elísio Pereira Marinho
· Barão de Guaíba: Manuel Alves dos Reis Lousada
· Barão de Guaíba: Manuel José de Campos
· Barão de Guaicuí: Josefino Vieira Machado
· Barão de Guajará: Domingos Antônio Raiol
· Barão do Guamá: Francisco Acácio Correia
· Barão de Guanabara: José Gonçalves de Oliveira Roxo
· Baronesa de Guanabara: Emiliana Clara Gonçalves de Moraes
· Barão do Guandu: Inácio Antônio de Sousa Amaral
· Barão do Guandu: João Bernardes de Sousa
· Barão do Guapi: Joaquim José Ferraz de Oliveira
· Barão do Guapi-Mirim: Tomé Ribeiro de Faria
· Barão de Guaraciaba: Francisco Paulo de Almeida
· Barão de Guarapuava: Antônio de Sá Camargo
· Barão de Guararapes: Lourenço de Sá e Albuquerque
· Barão de Guararema: Luís de Sousa Breves
· Baronesa de Guararema: Francisca de Souza Monteiro de Barros
· Barão de Guaratiba: Joaquim Antônio Ferreira
· Barão de Guaratiba: Joaquim José Ferreira
· Barão de Guaratinguetá: Francisco de Assis e Oliveira Borges
· Barão da Guaraúna: Domingos Ferreira Pinto
· Barão de Guaribu: Cláudio Gomes Ribeiro de Avelar
· Barão de Guarulhos: José Joaquim de Morais
· Barão de Guimarães: José Agostinho Moreira Guimarães
· Barão de Gurgeia: João do Rego Monteiro
· Barão de Gurjaú: José de Sousa Leão
· Barão de Gurupá: Zeferino Urbano da Fonseca
· Barão de Gurupi: Antônio Raimundo Teixeira Vieira Belfort
· Baronesa de Gurupi: Augusta Carlota Bandeira Duarte
· Barão de Homem de Melo: Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo
· Barão de Ibiapaba: Joaquim da Cunha Freire
· Barão de Ibicuí: Francisco de Paula e Silva
· Barão do Ibirá-Mirim:José Luís Cardoso de Sales Filho
· Barão de Ibirapuitã: Antônio Caetano Pereira
· Barão de Ibirocaí: Luís de Freitas Vale
· Baronesa de Ibirocaí: Noemi Geraldina de Sá
· Barão de Ibitinga: Joaquim Ferreira de Camargo AnDr.ade
· Baronesa de Ibitinga: Maria Higina Álvares de Almeida Lima
· Barão de de Ibituruna: João Batista dos Santos
· Baronesa de Ibituruna: Clara Jacinta Alves Barbosa
· Barão do Icó: Francisco Fernandes Vieira
· Barão do Igarapé-Mirim: Antônio Gonçalves Nunes
· 1º Barão de Iguape: Antonio da Silva Prado
· Baronesa de Iguape: Maria Cândida de Moura Leite
· 2º Barão de Iguape: Inácio Rodrigues Pereira Dutra
· Barão de Iguaraçu: Domingos Ribeiro dos Guimarães Peixoto
· baronesa de Iguaraçu: Francisca Cândida de Nóbrega
· Barão de Iguatemi: Francisco Cordeiro Torres Alvim
· Barão de Ijuí: Bento Martins de Meneses
· Barão de Imbé: José Antônio de Morais
· Barão de Imburi: Manuel da Cunha Lima Ribeiro
· Barão de Indaiá: Antônio Zacarias Álvares da Silva
· Barão de Indaiatuba: Joaquim Bonifácio do Amaral
· Barão de Ingaí: Custódio de Sousa Pinto
· Barão de Inhanduí: Joaquim Luís de Lima
· Barão de Inhaúma: Joaquim José Inácio de Barros
· Barão de Inhomirim: Vicente Navarro de AnDr.ade
· Barão de Inoã: José Antônio Soares Ribeiro
· Baronesa de Inoã: Amélia Vasconcelos Dr.umond
· 1o Barão de Ipanema: José Antônio Moreira
· 2o Barão de Ipanema: José Antônio Moreira Filho
· 1º Barão de Ipiabas: Peregrino José de Américo Pinheiro
· 1º Baronesa de Ipiabas: Ana Joaquina de São José Werneck
· 2º Barão de Ipiabas: Francisco Pinheiro de Sousa Werneck
· 2º Baronesa de Ipiabas: Francisca Guilhermina de Almeida Werneck
· Barão de Ipojuca: João do Rego Barros
· Baronesa de Ipojuca: Inácia Militana Cavalcanti Rego de Lacerda
· Barão de Iporanga: Geraldo Ribeiro de Sousa Resende
· Baronesa de Iporanga: Maria Amélia Barbosa de Oliveira
· Barão de Irapuá: José Luís Cardoso de Sales
· Barão de Itabaiana: Manuel Rodrigues Gameiro Pessoa
· Barão de Itabaiana: Pedro Leopoldo de Araújo Nabuco
· Barão de Itabapoana: Luís Antônio de Siqueira
· Baronesa de Itabapoana: Antonia Rita Fortunata da Conceição Tinoco
· Barão de Itaberava: Alexandre José da Silveira
· Barão de Itabira: Gomes Freire de AnDr.ade
· Baronesa de Itabira: Francisca de Sá e Castro
· Barão de Itacuruçá: Manuel Miguel Martins
· Baronesa de Itacuruçá: Jeronima Elisa de Mesquita
· Barão de Itaguaí:Antônio Dias Pavão
· Barão de Itaim: Bento Dias de Almeida Prado
· Baronesa de Itaim: Ana de Almeida Prado
· Barão de Itaipé: Carlos Batista de Castro
· Baronesa de Itaípe: Maria José Batista de Castro
· Barão de Itaipu: Francisco Manuel das Chagas
· 1o Barão de Itajubá: Marcos Antônio de Araújo
· 2o Barão de Itajubá: Marcos Antônio de Araújo e Abreu
· Barão de Itamaracá: Tomás Antônio Maciel Monteiro
· Barão de Itamaracá: Antônio Peregrino Maciel Monteiro
· Barão de Itamarandiba: Joaquim Vidal Leite Ribeiro
· 1º Barão de Itamarati: Francisco José da Rocha Leão
· Baronesa de Itamarati: Margarida Cândida Bernardes
· 2º Barão de Itamarati: Francisco José da Rocha Leão
· 2º Baronesa de Itamarati: Maria Romana Bernardes da Rocha
· 1º Barão de Itambé: Francisco José Teixeira
· Barão de Itambé: Ernesto Justino da Silva Freire
· Barão de Itambi: Cândido José RoDr.igues Torres
· Baronesa de Itambi: Restituta Soares de Azevedo
· Barão de Itanhaém: Manuel Inácio de AnDr.ada Souto Maior Pinto Coelho
· Baronesa de Itanhaém: Teodora Egina Arnaut do Rivo Ramalho
· Barão de Itaoca: João Pereira Bastos Júnior
· Barão de Itapacorá: Manuel Antônio Álvares de Azevedo
· Baronesa de Itapajipe: Ana Romana de Aragão Calmon
· Barão de Itapajipe: Francisco Xavier Cabral da Silva
· 2o Barão de Itapajipe: Francisco Xavier Calmon Cabral da Silva
· Barão de Itapari: José Joaquim Segeins de Oliveira
· Barão de Itaparica: AlexanDr.e Gomes de Argolo Ferrão Filho
· Barão de Itapecerica: Francisco das Chagas Campos
· Barão de Itapema: Francisco Alves Cardoso
· Baronesa de Itapema: Candida Emília Moraes e Silva
· 1º Barão de Itapemirim: Joaquim Marcelino da Silva Lima
· 2º Barão de Itapemirim: Joaquim Antônio de Oliveira Seabra
· 2ª Baronesa de Itapemirim: Leocádia da Silva Lima
· 3º Barão de Itapemirim: Luís de Siqueira da Silva Lima
· 3º baronesa de Itapemerim: Mariana Moreira Gomes
· Barão de Itapetininga: Joaquim José dos Santos Silva
· Barão de Itapeva: Inácio Bicudo de Siqueira Salgado
· Barão de Itapevi: Emilio Luiz Mallet
· Barão de Itapiçuma: Epaminondas Vieira da Cunha
· Barão de Itapicuru de Cima: Luís Manuel de Oliveira Mendes
· Barão de Itapicuru de Cima: Manuel de Oliveira Mendes
· Barão de Itapicuru-Mirim: José Félix Pereira de Burgos
· Barão de Itapiruma: Anacleto Correia de Faria
· Barão de Itapiruma: Anacleto Correia de Faria
· Barão de Itapitocaí: Miguel RoDr.igues Barcelos
· Barão de Itaporanga: Domingos Dias Coelho e Melo
· Barão de Itapororoca: José Joaquim Muniz Barreto de Aragão
· Barão de Itapuã: José Joaquim Nabuco de Araújo
· Barão de Itapuã: Luís Adriano Alves de Lima Gordilho
· Barão de Itapura: Joaquim Policarpo Aranha
· Baronesa de Itapura: Libânia de Souza Aranha
· Barão de Itaquatiá: Boaventura José Gomes
· Barão de Itaqueri: Francisco da Cunha Bueno
· Barão de Itaqui: João Nunes da Silva Tavares
· Barão de Itatiaia: José Caetano RoDr.igues Horta
· Barão de Itatiba: Joaquim Ferreira Penteado
· Barão de Itaúna: Cândido Borges Monteiro
· Barão de Itiúba: César Persiani
· Barão de Itu: Bento Pais de Barros
· Barão de Ivaí: Antônio Rodrigues de Azevedo
· Barão de Ivinheima: Francisco Pereira Pinto
· Baronesa de Ivinheima: Rita Ouriques Jacques
· Barão de Jaboatão: Umbelino de Paula de Sousa Leão
· 1º Barão de Jacareí: Bento Lúcio Machado
· 2º Barão de Jacareí: Licínio Lopes Chaves
· Barão de Jaceguai:Artur Silveira de Mota
· Barão de Jacuí: Francisco PeDr.o Buarque de Abreu
· Barão de Jacuípe: Luís Francisco Gonçalves Junqueira
· Barão de Jacutinga: Manuel Bernardes Pereira da Veiga
· Barão de Jaguara: Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra
· Barão de Jaguarão: José Antônio da Silva Guimarães
· Barão de Jaguarari: Ambrósio Henriques da Silva Pombo
· Barão de Jaguarari: Marcos Antônio Bricio
· 1º Barão de Jaguari: Domingos de Castro Antiqueira
· Baronesa de Jaguari: Leocádia Amália da Silveira
· Barão de Jaguaripe: Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque
· Barão de Jambeiro: Davi Lopes da Silva Ramos
· Barão de Japaratuba: Gonçalo de Faro Rollemberg
· Barão de Japi: Joaquim Benedicto de Queiros Telles
· Barão de Japurá: Miguel Maria Lisboa
· Baronesa de Japurá: Maria Isabel de AnDr.ade Pinto
· Barão de Jaraguá: José Antônio de Mendonça
· Barão de Jaraú: Joaquim José de Assumpção
· Baronesa de Jaraú: Candida Clara Simões Lopes de Assunção
· Barão do Jari: João Batista Gonçalves Campos
· Barão de Jauru: César Sauvan Viana de Lima
· Barão de Javari: João Alves Loureiro
· Barão de Javari: Jorge João Dodsworth
· Baronesa de Javari: Carlota Martins de Toledo
· Barão de Jequiá: Manuel Duarte Vieira Ferro
· Barão de Jequiriçá: Isidro de Sena Madureira
· Barão de Jequitaí: Cipriano de Morais Lima
· Barão de Jeremoabo: Cícero Dantas Martins
· Barão de Joatinga: PeDr.o Ramos Nogueira
· Baronesa de Joatinga: Placidia Maria de Almeida
· Barão de Juiz de Fora: José Ribeiro de Resende
· Baronesa de Juiz de Fora: Camila Francisca De Assis Resende
· 1º barão de Jundiaí: Antônio de Queirós Teles
· 1ª baronesa de Jundiaí: Ana Leduína de Morais Jordão
· Barão de Jundiá: AnDr.é Dias de Araújo
· 2ª baronesa de Jundiaí: Ana Joaquina do Prado da Fonseca
· Barão de Juparanã: Manuel Jacinto Carneiro da Costa e Gama
· Barão de Juqueri: Francisco de Assis Vale
· Baronesa de Juqueri: Gertrudes Guilhermina Egydea de Camargo
· Barão do Juruá: Guilherme José Moreira
· Barão de Lacerda Paim: Honorato Antônio de Lacerda Paim
· Barão de Ladário: José da Costa Azevedo
· Barão de Lagoa Dourada: João Martins Pinheiro
· Baronesa de Lagoa Dourada: Maria Gregoria de Miranda
· Barão de Laguna: Carlos Frederico Lecor
· 2º Barão de Laguna: Jesuino Lamego da Costa
· Baronesa de Laguna: Leonor Auta de Oliveira
· 1o Barão de Lajes: João Vieira de Carvalho
· 2o Barão de Lajes: AlexanDr.e Vieira de Carvalho
· Barão de Lamim: Alcides Rodrigues Pereira
· Barão de Laranjeiras: Felisberto de Oliveira Freire
· Barão do Lavradio: José Pereira Rego
· Barão de Lavras: João Alves de Gouveia
· 1º Barão de Leopoldina: Manuel José Monteiro de Castro
· 1º Baronesa de Leopoldina: Clara de Sá e Castro
· 2º Barão de Leopoldina: José de Resende Monteiro
· Barão de Lessa: Eloy Bicudo Varella Lessa
· Baronesa de Lessa: Antônia Bicudo Salgado Silva
· Barão de Lima Duarte: José Rodrigues de Lima Duarte
· Barão de Limeira: Vicente de Sousa Queirós
· Barão de Limoeiro: Manuel Barbosa da Silva
· Barão do Livramento: José Antônio de Araújo
· Barão de Lopes Neto: Felipe Lopes Neto
· Barão de Lorena: Estêvão Ribeiro de Resende
· Barão de Loreto: Franklin Américo de Menezes Dória
· Baronesa de Loreto: Maria Amanda Lustosa Paranaguá
· Barão de Louriçal: Francisco de Assis Monteiro Breves
· Barão de Lucena: Henrique Pereira de Lucena
· Barão de Macabu: Antônio Machado Botelho Sobrinho
· Barão de Macaé: Amaro Velho da Silva
· Barão de Maçambara: Marcelino Avelar e Almeida
· Barão de Macaúbas: Abílio César Borges
· Barão de Maceió: Antônio Teixeira da Rocha
· Barão de Maciel: Justo Domingues Maciel
· Baronesa de Maciel: Luiza Leocádia Ribeiro da Cunha
· Barão de Maia Monteiro: Antônio Joaquim de Maia Monteiro
· Barão de Mamanguape: Flávio Clementino da Silva Freire
· Barão de Mambucaba: José Luis Gomes
· Barão de Mamoré: Ambrósio Leitão da Cunha
· Baronesa de Mamoré: Maria José da Gama e Silva
· Barão de Manaus: Clementino José Pereira Guimarães
· Barão de Mangaratiba: Antônio Pereira Passos
· Barão de Maracaju: Rufino Enéas Gustavo Galvão
· Barão de Maracanã: Manuel Gonçalves Pereira
· Barão de Maragojipe: Bento de Araújo Lopes Vilas Boas
· Barão de Marajó: José Coelho da Gama e Abreu
· Barão de Maraú: José Teixeira de Vasconcelos
· Baronesa de Maria Rosa: Maria Rosa Alexandrina de Macedo
· Barão de Maruiá: João Wilkens de Matos
· Barão de Maruim: João Gomes de Melo
· Baronesa de Maruim: Valentina Soares de Sousa
· Barão de Mataripe: Antônio Munis Barreto de Aragão
· Barão de Matos Vieira: Joaquim de Matos Vieira
· Barão de Matuim: Joaquim Inácio de Aragão Bulcão
· Baronesa de Matuim: Emília Augusta Ferrão Moniz Aragão
· Barão de Mauá: Irineu Evangelista de Sousa
· Barão de Mearim: José Teodoro Correia de Azevedo Coutinho
· Barão de Mecejana: Cândido Antunes de Oliveira
· Barão de Melgaço: [Augusto Jean Manuel Leverger João Manuel Leverger]
· Barão de Melo e Oliveira: Luís José de Melo e Oliveira
· Barão de Mendes Tota: João Antônio Mendes Tota
· Barão de Meneses: Balduíno Joaquim de Meneses
· Baronesa de Meneses: Maria Jacinta Alves Barbosa
· Barão de Mercês: Manuel José da Costa
· Barão de Meriti: Manuel Lopes Pereira Baía
· 1º Barão de Mesquita: Jerônimo José de Mesquita
· 2º Barão de Mesquita: Jerônimo Roberto Mesquita
· Barão de Minas Novas: Antônio dos Santos Neiva
· Barão de Mipibu: Miguel Ribeiro Dantas
· Barão de Miracema: Lourenço Maria de Almeida Baptista
· Barão de Miranda: Julio de Miranda e Silva
· 1a Baronesa de Miranda: Maria Elisa Baptista Pereira
· 2a Baronesa de Miranda: Cândida de Paiva Monteiro
· Barão de Miranda Reis: José de Miranda da Silva Reis
· Barão de Moçoró: José Félix Monteiro
· Barão de Moji-Guaçu: José Caetano de Lima
· Barão de Moji-Mirim: Manuel Claudiano de Oliveira
· Barão de Monção: Jacinto José Gomes
· Barão de Monjardim: Alfeu Adelfo Monjardim de Andrade e Almeida
· Barão de Monte Alegre: José da Costa Carvalho
· Baronesa de Monte Alegre: Genebra de Barros Leite
· Barão de Monte Alto: Francisco Alves da Silva Pereira
· Barão de Monte Belo: Joaquim Marinho de Queirós
· Barão de Monte Carmelo: Bonifácio José Batista
· Barão de Monte de Cedro: João José Carneiro da Silva
· Baronesa de Monte de Cedro: Francisca Antonia Ribeiro de Castro
· Barão de Monte Mário: Marcelino de Brito Ferreira de Andrade
· Barão de Monte-mor: José Bonifácio de Campos Ferraz
· Barão de Monte Santo: Luís José de Oliveira Mendes
· 2º Barão de Monte Santo: Joaquim Simões de Paiva
· 3º Barão de Monte Santo: Gabriel Garcia de Figueiredo
· 3º Baronesa de Monte Santo: Maria Carolina Garcia de Figueiredo
· Baronesa de Monte Verde: Maria Teresa de Sousa Fortes
· Barão de Monte Verde: Joaquim Pereira da Silva
· Barão de Monteiro de Barros: Luis de Sousa Monteiro de Barros
· Baronesa de Monteiro de Barros: Maria Augusta Leite de Abreu Couto
· Barão de Montes Claros: José Luís de Campos
· Barão de Moreira Lima: Joaquim José Moreira Lima
· Barão de Morenos: Antônio de Sousa Leão
· Baronesa de Morenos: Maria Antônia Amélia de Pinho Boeges
· Barão de Moribeca: Manuel Francisco de Paula Cavalcanti
· Barão de Mota Maia: Cláudio Velho da Mota Maia
· Barão de Mota Pais: José Ribeiro da Mota Pais
· Barão de Muaná: Antônio Pereira da Silveira Frade
· Barão de Mucuri: Caetano Vicente de Almeida Júnior
· Baronesa de Mucuri: Luísa Antónia Sampaio
· Barão de Mundaú: José Antônio de Mendonça Filho
· Barão de Munis de Aragão: Egas Munis Barreto de Aragão e Meneses
· Baronesa de Munis Aragão : Maria Francisca Calmon Nogueira da Gama
· Barão de Muriaé: Manuel Pinto Neto da Cruz
· Baronesa de Muriaé: Raquel Francisca Ribeiro de Castro
· Barão de Murici: Jacinto Pais Moreira de Mendonça
· 1º Barão de Muritiba: Manuel Vieira Tosta
· 1º Baronesa de Muritiba: Isabel Pereira de Oliveira
· 2º Barão de Muritiba: Manuel Vieira Tosta Filho
· 2º Baronesa de Muritiba: Maria José Velho de Avelar
· Barão de Nacar: Manuel Antônio Guimarães
· Barão de Nagé: Francisco Vieira Tosta
· Baronesa de Nagé: Carolina da Natividade Tosta
· Barão de Nazaré: Silvino Guilherme de Barros
· 1º Barão de Nioaque: Manuel Antônio da Rocha Faria
· 1º Baronesa de Nioaque: Cecília Fernandes Braga
· 2º Barão de Nioaque: Alfredo da Rocha Faria
· Barão de Nogueira da Gama:Nicolau Antônio Nogueira Vale da Gama
· Barão de Nonoai: João Pereira De Almeida
· 1º Barão de Nova Friburgo: Antonio Clemente Pinto
· 1º Baronesa de Nova Friburgo: Laura Clementina da Silva
· 2º Barão de Nova Friburgo: Bernardo Clemente Pinto Sobrinho
· Barão de Novais: Elias Dias Novais
· Barão de Oliveira: Antônio da Costa Pinto Júnior
· Barão de Oliveira Castro: José Mendes de Oliveira Castro
· Barão de Oliveira Roxo: Matias Gonçalves de Oliveira Roxo
· Barão de Ourém: José Carlos de Almeida Areias
· Barão de Ouricuri: Manuel Inácio de Oliveira
· Barão de Ouro Branco: João de Magalhães
· Barão de Pacheco: Manuel Pacheco da Silva
· Barão de Pajeú: Andrelino Pereira da Silva
· Barão da Palma: Antônio de Freitas Paranhos
· Barão de Palmares: Bernardo José da Câmara
· Barão da Palmeira: Antônio Salgado da Silva
· Baronesa da Palmeira: Maria Bicudo Salgado
· 1o Barão de Palmeiras: Francisco Quirino da Rocha
· 1o Baronesa de Palmeiras: Luísa Maria de Jesus e Sousa
· 2o Barão de Palmeiras: João Quirino da Rocha Werneck
· 2o Baronesa de Palmeiras: Carolina Peregrina Pinheiro de Sousa
· Barão de Palmeira dos Índios: Paulo Jacinto Tenório
· Barão de Paquequer: Joaquim Luís Pinheiro
· Barão de Paquetá: José Tomás da Silva Quintanilha
· 1º Barão de Paraguaçu: Salvador Moniz Barreto de Aragão
· 2º Barão de Paraguaçu: Francisco Moniz Barreto de Aragão
· Barão da Paraíba: João Gomes Ribeiro de Avelar
· Baronesa da Paraíba: Carolina Rosa de Azevedo
· Barão de Paraibuna: Custódio Gomes Varela Lessa
· Barão de Paraim: José da Cunha Lustosa
· Barão de Paraitinga: Manuel Jacinto Domingues de Castro
· 1a Baronesa de Paraitinga: Maria Justina de Gouvea Castro
· 2a Baronesa de Paraitinga: Generosa Maria de Gouvêa e Castro
· Barão de Paramirim: Miguel José Maria de Teive e Argolo
· Barão de Paraná: Henrique Hermeto Carneiro Leão
· Baronesa de Paraná: Zeferina Marcondes
· Barão de Paranapanema: Joaquim Celestino de Abreu Soares
· Baronesa de Paranapanema: Maria Carolina de Toledo
· Barão de Paranapiacaba: João Cardoso de Meneses e Sousa
· Barão de Parangaba: José Miguel de Vasconcelos
· Barão de Paraopeba: Romualdo José Monteiro de Barros
· Baronesa de Paraopeba: Felizarda Constância Leocádia da Fonseca
· Barão de Paraúna: Antônio Moreira da Costa
· Barão de Parima: Francisco Xavier Lopes de Araújo
· 1º Barão da Parnaíba: Manuel de Sousa Martins
· 2º Barão de Parnaíba: Antônio de Queirós Teles
· 2º Baronesa de Parnaíba: Rita Mboí Tibiriçá Piratininga
· Barão da Passagem: Delfim Carlos de Carvalho
· 1º Barão de Passé: Antônio da Rocha Pita Argolo
· 2º Barão de Passé: Francisco Antônio Rocha Pita e Argolo
· Barão do Passeio Público: José de Oliveira Barbosa
· Barão de Passos: Jerônimo de Melo Pereira e Sousa
· 1º Barão de Pati do Alferes:Francisco Maria Gordilho Veloso de Barbuda
· 2º Barão de Paty do Alferes: Francisco Peixoto de Lacerda Werneck
· 2º Baronesa de Paty do Alferes: Maria Isabel Assunção Ribeiro de Avelar
· Barão de Patrocínio: Joaquim Antônio de Sousa Rabelo
· Barão de Pedra Branca: Domingos Borges de Barros
· Baronesa de Pedra Branca: Maria do Carmo Sousa Portugal
· Barão de Pedra Negra: Manuel Gomes Vieira
· Barão de Pedro Afonso: Pedro Afonso Franco
· Barão de Pelotas: Patrício José Correia da Câmara
· Barão de Penalva: Antônio Augusto de Barros e Vasconcelos
· Barão de Penedo: Francisco Inácio de Carvalho Moreira
· Barão de Penha: João de Sousa da Fonseca Costa
· Barão de Pereira de Barros: Jordão Pereira de Barros
· Barão de Pereira Franco: Luís Antônio Pereira Franco
· Barão de Petrolina: Bernardino de Senna Pontual
· Barão de Petrópolis: Manuel de Valadão Pimentel
· Barão de Piabanha: Hilário Joaquim de AnDr.ade
· Baronesa de Piabanha: Matilda Rosa da Veiga
· Barão de Piaçabuçu: João Machado de Novais Melo
· Barão de Pilar: José Pedro da Mota Saião
· 1º Barão de Pindamonhangaba: Manuel Marcondes de Oliveira Melo
· 2º Barão de Pindamonhangaba: Francisco Marcondes Homem de Melo
· Barão de Pindaré: Antônio Pedro da Costa Ferreira
· Barão do Pinhal: Antônio Carlos de Arruda Botelho
· Barão de Pinho Borges: Francisco de Pinho Borges
· Barão de Pinto Lima: Francisco Xavier Pinto de Lima
· 1º Barão de Piracicaba: Antonio Pais de Barros
· 2º Barão de Piracicaba: Rafael Tobias de Barros
· Barão de Piracicamirim: Antônio de Barros Ferrás
· Barão de Piraí: José Gonçalves de Moraes
· Baronesa de Piraí: Cecília Pimenta de Almeida Frazão de Souza Breves
· 1º Barão de Pirajá: Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
· 2º Barão de Pirajá: José Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
· Barão de Piranji: Francisco Antônio de Barros e Silva
· Barão de Pirapama: Manuel Inácio Cavalcanti de Lacerda
· Barão de Pirapitinga: João Caldas Viana Filho
· Barão de Pirapitingui: José Guedes de Sousa
· 1º Barão de Piraquara: Gregório de Castro Morais e Sousa
· 2º Barão de Piraquara: José Maria Lopes da Costa
· Barão de Piraçununga: Joaquim Henrique de Araújo
· Barão de Piratini: João Francisco Vieira Braga
· Barão de Piratininga: Antônio Joaquim da Rosa
· 1º Barão de Pitangui: Marcelino José Ferreira Armond
· 1a Baronesa de Pitangui: Possidônia Heliodora Da Silva
· 2º Barão de Pitangui: Honório Augusto José Ferreira Armond
· Barão de Piui: João Marciano de Faria Pereira
· Barão de Poconé: Manuel Nunes da Cunha
· Barão de Pojuca: José Freire de Carvalho
· 1º Barão de Pontal: Manuel Inácio de Melo e Sousa
· 2º Barão de Pontal: Antônio Luís de Azevedo
· Barão de Ponte Alta: Antônio Elói Casemiro de Araújo
· Barão de Ponte Nova: José Joaquim de AnDr.ade Reis
· Barão de Ponte Ribeiro: Duarte da Ponte Ribeiro
· Barão de Porto Alegre: Manuel Marques de Sousa
· Barão de Porto Feliz: Cândido José de Campos Ferraz
· Barão de Porto Novo: Luís de Sousa Brandão
· Barão de Porto Seguro: Francisco Adolfo de Varnhagen
· Barão de Potenji: Inácio José da América Pinheiro
· Baronesa de Potenji: Ana Peregrina Pinheiro Werneck
· Barão de Pouso Alegre: Antônio RoDr.igues Pereira
· Baronesa de Pouso Alegre: Clara Ferreira de Azevedo
· Barão de Pouso Alegre: Antônio RoDr.igues Pereira
· Barão de Pouso Alto: Francisco Teodoro da Silva
· Barão de Pouso Frio: Mariano José de Oliveira e Costa
· Barão de Prados: Camilo Maria Ferreira Armond
· Barão de Propriá: José da Trindade Prado
· Barão de Quaraim: PeDr.o RoDr.igues Fernandes Chaves
· Barão de Quartim:Antônio Tomás Quartim Júnior
· 1o Barão de Queluz: João Tavares Maciel da Costa
· 2o Barão de Queluz: Joaquim Lourenço Baeta Neves
· Barão de Quiçamã: João Caetano Carneiro da Silva
· Barão de Quixeramobim: PeDr.o Dias Pais Leme
· Baronesa de Quixeramobim: Francisca de Paula Lis Furtado de Mendonça
· Barão de Ramalho: Joaquim Inácio Ramalho
· Barão de Ramiz: Benjamin Franklin Ramiz Galvão
· Barão de Resende: Estevão Ribeiro de Sousa Resende
· Baronesa de Resende: Anna Cândida da Conceição
· Barão de Retiro: Geraldo Augusto de Resende
· Barão do Ribeirão: José de Avelar e Almeida
· Baronesa do Ribeirão: Ana Barbosa de Sá
· Barão de Ribeirão Vermelho: Antônio Torquato Teixeira
· Barão de Ribeiro de Almeida: Joaquim Leite Ribeiro de Almeida
· Barão de Ribeiro de Almeida: João Ribeiro de Almeida
· Barão de Ribeiro de Sá: Miguel Ribeiro de Sá
· Barão de Ribeiro Fundo: Francisco Libânio de Sá Fortes
· Barão de Rifaína: Vicente de Paula Vieira
· Barão de Rimes: Manuel Antônio Cláudio Rimes
· Baronesa de Rimes: Júlia Luísa de Figueiredo Guerreiro Bogado
· Barão do Rio Apa: Antônio Enéias Gustavo Galvão
· 1º Barão do Rio Bonito: Joaquim José Pereira de Faro’
· 1º Baronesa do Rio Bonito: Ana Rita do Amor Divino Darrigue Ferreira
· 2º Barão do Rio Bonito: João Pereira Darrigue de Faro
· 2º Baronesa do Rio Bonito: Maria Joaquina da Fonseca
· 3° Barão do Rio Bonito: José Pereira de Faro
· 3º Baronesa do Rio Bonito: Francisca Romana Darrigue Faro
· Barão do Rio Branco: José Maria da Silva Paranhos Júnior
· Barão de Rio Claro: Antônio Manuel de Freitas
· 1º Barão de Rio das Contas: Francisco Vicente Viana
· 1º Baronesa de Rio das Contas: Clara Caetana do Sacramento Bandeira
· 2º Barão de Rio das Contas: PeDr.o Moniz Barreto de Aragão
· 2a Baronesa do Rio das Contas: Maria Joaquina de Aragão Bulcão
· Barão do Rio Doce: Antônio José Gonçalves Fontes
· 1o Barão do Rio das Flores: José Vieira Machado da Cunha
· 2o Barão do Rio das Flores: Misael Vieira Machado da Cunha
· Barão do Rio Formoso: Manuel Tomás RoDr.igues Campelo
· Barão do Rio Formoso: Presciliano de Barros Acioli Lins
· Barão do Rio Formoso: Francisco de Caldas Lins
· Barão de Rio Fundo: Inácio Borges de Barros Pinho
· Barão de Rio Grande: José de Araújo Ribeiro
· Barão do Rio Negro: Manuel Gomes de Carvalho Filho
· Baronesa do Rio Negro: Emília Gabriela Teixeira Leite
· Barão do Rio Novo: José Antônio Barroso de Carvalho
· Barão do Rio Novo: José Augusto de Resende
· Barão do Rio do Ouro: Brás Pereira Nunes
· 1o Barão de Rio Pardo: Tomás Joaquim Pereira Valente
· Barão de Rio Pardo: Joaquim Honório de Campos
· Barão de Rio Pardo: Antônio José Correia
· Barão do Rio Pomba: Antônio Teixeira de Carvalho
· Barão do Rio da Prata: Rodrigo Pinto Guedes
· 1º Barão de Rio Preto: Domingos Custódio Guimarães
· 2º Barão de Rio Preto: Domingos Custódio Guimarães Filho
· Barão do Rio Real: José Dantas de Itapicuru
· Barão do Rio Real: João Gualberto Dantas
· Barão do Rio das Velhas: Francisco de Paula Fonseca Viana
· Barão do Rio Verde: João Antônio de Lemos
· Barão do Rio Vermelho: José Félix da Cunha Meneses
· Barão de Romeiro: Manuel Inácio Marcondes Romeiro
· Barão de Rosário: João José do Rosário
· Barão de Sabará: Manuel Antônio Pacheco
· Barão de Saboia: Vicente Cândido Figueira de Saboia
· Baronesa de Saboia: Luíza Marcondes Jobim
· Barão de Saí: Luís Fernandes Monteiro
· Barão de Saicã: José Maria da Gama Lobo d’Eça
· Barão de Salgado Zenha: Manuel de Salgado Zenha
· Barão de Salto: [Antônio José Dias Carneiro
· Barão de Santa Alda: Lucas Antônio Monteiro de Castro
· Baronesa de Santa Alda: Alda Eugênia Monteiro de Castro
· Barão de Santa Bárbara: João Evangelista de Almeida Ramos
· 1º Barão de Santa Branca: Francisco Lopes Chaves
· 1º Baronesa de Santa Branca: Gertrudes de Carvalho Lopes Chaves
· 2º Barão de Santa Branca: Francisco Lopes Chaves
· Barão de Santa Cecília: Francisco Rodrigues Pereira de Queirós
· Barão de Santa Clara: Manuel Francisco Albernaz
· Barão de Santa Clara: Carlos Teodoro de Sousa Fortes
· Barão de Santa Eugênia: Luís Manuel Monteiro
· Barão de Santa Eulália: Antônio Rodrigues de Azevedo Ferreira
· Barão de Santa Fé: José Rodrigues Alves Barbosa
· Baronesa de Santa Fé: Leopoldina Augusta Alves Barbosa
· Barão de Santa Filomena: José Lustosa da Cunha
· Barão de Santa Helena: José Joaquim Monteiro da Silva
· Barão de Santa Isabel: Antônio Dinis da Costa Guimarães
· Barão de Santa Isabel: Luís da Cunha Feijó
· 1º Barão de Santa Justa: Jacinto Alves Barbosa
· 1º Baronesa de Santa Justa: Tomásia Maria de Jesus
· 2º Barão de Santa Justa: Francisco Alves Barbosa
· 3º Barão de Santa Justa: José Alves da Silveira Barbosa
· Barão de Santa Luzia: Manuel Ribeiro Viana
· Barão de Santa Luzia: Quintiliano Rodrigues da Rocha Franco
· Barão de Santa Mafalda: José Maria de Cerqueira Vale
· Barão de Santa Margarida: Fernando Vidal Leite Ribeiro
· Barão de Santa Maria: Nicolau Neto Carneiro Leão
· Baronesa de Santa Maria: Rita Clara Oliveira Roxo
· Barão de Santa Maria Madalena: José Joaquim da Silva Freire
· Barão de Santa Marta: Luís Maria Piquet
· Baronesa de Santa Marta: Manuela Leivas Soares
· Barão de Santa Mônica: Francisco Nicolau Carneiro Nogueira da Costa e Gama
· Baronesa de Santana: Maria José de Santana
· Baronesa de Santana: Rosa de Santana Lopes
· Barão de Santana do Livramento: Vasco Alves Pereira
· Baronesa de Santana do Livramento: Rosa Nunes de Lima Miranda
· Barão de Santarém: Miguel Antônio Pinto Guimarães
· 1º Barão de Santa Rita: Manuel Antonio Ribeiro de Castro
· 2º Barão de Santa Rita: José Ribeiro de Castro
· Barão de Santa Rosa: Joaquim Raimundo Nunes Belford
· Barão de Santa Tecla: Joaquim da Silva Tavares
· Baronesa de Santa Tecla: Amélia Gomes de Mello da Silva Tavares
· Barão de Santa Vitória: Manuel Afonso de Freitas Amorim
· Baronesa de Santa Vitória: Alzira RoDr.igues Fernandes Chaves
· Barão de Santiago: Domingos Américo da Silva
· Barão de Santo André: José de Amorim Salgado
· Barão de Santo Ângelo: Manuel José de Araújo Porto-Alegre
· Baronesa de Santo Ângelo: Ana Paulina Delamare
· Barão de Santo Antônio: Antônio Pinto de Oliveira
· Barão de Santo Antônio da Barra: José Egídio de Moura Albuquerque
· Barão de São Bento: Francisco Mariano de Viveiros Sobrinho
· Barão de São Borja: Victorino José Carneiro Monteiro
· Barão de São Brás: Brás Carneiro Leão
· Barão de São Carlos: Carlos Pereira Nunes
· 1º Barão de São Clemente: Antônio Clemente Pinto Filho
· 1ºBaronesa de São Clemente: Maria José Rodrigues Fernandes Chaves
· 2º Barão de São Clemente: Antônio Clemente Pinto Neto
· 2º Baronesa de São Clemente: Georgina Pereira de Faro
· Barão de São Diogo: Diogo Teixeira de Macedo
· Barão de São Félix: Antônio Félix Martins
· Barão de São Fidélis: Antônio Joaquim da Silva Pinto
· 1º Barão de São Francisco: Joaquim Inácio de Siqueira Bulcão
· 2º Barão de São Francisco: José de Araújo Aragão Bulcão
· 3º Barão de São Francisco: Antônio de Araújo Aragão Bulcão
· Barão de São Francisco da Glória: Luciano de Sousa Guimarães
· Barão de São Francisco das Chagas: Manuel Joaquim Cabral de Melo
· Barão de São Francisco de Paula: Joaquim José do Rosário
· 1º Barão de São Gabriel: João de Deus Mena Barreto
· 2º Barão de São Gabriel: João Propício Mena Barreto
· Barão de São Geraldo: Joaquim José Álvares dos Santos Silva
· Barão de São Gonçalo: Belarmino Ricardo de Siqueira
· Barão de São Jacó: Diniz Dias
· 1o Barão de São João da Barra: José Alves Rangel
· Baronesa de São João da Barra: Maria Francisca Alves
· 2o Barão de São João da Barra: Francisco José Alves Rangel
· Barão de São João das Duas Barras: Joaquim Xavier Curado
· Barão de São João de Icaraí: Constantino Pereira de Barros
· Baronesa de São João de Icaraí: Maria Emília Carneiro Leão
· Barão de São João del-Rei: Eduardo Ernesto Pereira da Silva
· Baronesa de São João del-Rei: Guilhermina Cândida de Carvalho
· Barão de São João do Príncipe: Ananias de Oliveira e Sousa
· Barão de São João do Rio Claro: Amador RoDr.igues de Lacerda Jordão
· Baronesa de São João do Rio Claro: Maria Hipólita dos Santos Silva
· Barão de São João Marcos: Pedro Dias Paes Leme da Câmara
· Barão de São João Nepomuceno: Pedro Alcântara Cerqueira Leite
· Barão de São Joaquim: José Francisco Bernardes
· Baronesa de São Joaquim: Clara Guilhermina da Rocha
· Barão de São José: José Gomes de Oliveira Lima
· 2o Barão de São José: José Inácio da Silva Pinto
· 2o Baronesa de São José: “Jordiana Francisca de Miranda'”
· Barão de São José da Lagoa: João Gualberto Martins da Costa
· Barão de São José del-Rei: Gabriel Antônio Monteiro de Barros
· Barão de São José do Norte: Eufrásio Lopes de Araújo
· Baronesa de São José do Norte: Maria Joana de Araújo
· Baronesa de São José do Rio Preto: Inês de Castro Monteiro da Silva
· Barão de São Lourenço: Francisco Gonçalves Martins
· Barão de São Lucas: Pedro Pereira de Escobar
· 1º Barão de São Luís: Paulo Gomes Ribeiro de Avelar
· 1º Baronesa de São Luis: Feliciana José de Carvalho
· 2º Barão de São Luís: Leopoldo Antunes Maciel
· 2º Baronesa de São Luis: Cândida Gonçalves Moreira
· Barão de São Marcelino: Marcelino de Assis Tostes
· Baronesa de São Mateus: Francisca Maria do Vale de Abreu e Melo
· Barão de São Miguel: Paulino de Araújo Góis
· Barão de São Nicolau: Leopoldo Augusto da Câmara Lima
· Barão de São Roberto: Quintiliano Alves Ferreira
· Barão de São Romão: José Eleutério de Sousa
· Barão de São Roque: Antônio Moreira de Castilho
· Barão de São Salvador de Campos: Albino Rodrigues Alvarenga
· Barão de São Sepé: Luís José Pereira de Carvalho
· Barão de São Simão: Paulo Fernandes Carneiro Viana
· Baronesa de São Simão: Honorata Carolina Benigna da Penha de Azevedo Barroso
· Barão de São Tomé: Francisco Gonçalves Penha
· Baronesa de São Vicente de Paula: Ana Gregória Gusmão de Miranda Pinto
· Barão de São Vítor: Vítor Guilherme Resse
· Barão de Sapucaia: Manuel Antônio Airosa
· Barão de Saquarema: José Pereira dos Santos
· Barão de Saramenha: Carlos Gabriel de Andrade
· Barão da Saúde: Francisco Manuel de Paula
· Barão da Saúde: Manuel Dias da Cruz
· Barão de Sauípe: João José Leite
· Barão de Serji: Francisco Lourenço de Araújo
· Barão de Serjimirim: Antônio da Costa Pinto
· Barão de Serra Branca: Felipe Néri de Carvalho e Silva
· Barão de Serra Negra: Francisco José da Conceição
· Baronesa de Serra Negra: Gertrudes Eufrosina do Amaral Rocha Conceição
· Barão de Sertório: João Sertório
· Barão de Sete Lagoas: Antônio Cândido da Silva Mascarenhas
· Barão de Silveiras: Antônio Tertuliano dos Santos
· Barão de Simão Dias: Simão Dias dos Reis
· Barão de Sintra: José Joaquim Sintra da Silveira
· Barão de Sirinhaém: Coriolano Veloso da Silveira
· Barão de Sobral: José Júlio de Albuquerque Barros
· Baronesa de Sobral: Maria Francisca Antunes Gomes da Costa
· Barão de Socorro: Luís de Sousa Leite
· Barão da Soledade: Francisca Elisa Xavier
· Barão da Soledade: José Pereira Viana
· Baronesa de Soledade: Tereza Portella Sousa Leão
· Barão de Solimões: Manuel Francisco Machado
· Barão de Sorocaba: Boaventura Delfim Pereira
· Baronesa de Sorocaba: Maria Benedita de Castro Canto e Melo
· Barão de Soubara: José Joaquim Barreto
· Barão de Sousa: Francisco José Brandão de Sousa
· Barão de Sousa Fontes: José Ribeiro de Sousa Fontes
· Barão de Sousa Leão:Inácio Joaquim de Sousa Leão
· Baronesa de Sousa Leão: Inácia Joaquina Pires Portella
· Barão de Sousa Lima: José Antônio de Sousa Lima
· Barão de Sousa Queirós: Francisco Antônio de Sousa Queirós
· Barão de Sousel: Manuel Antônio Farinha
· Barão de Suaçuí: José Inácio Gomes Barbosa
· 1o Barão de Suaçuna: Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque
· Barão de Suaçuna: Henrique Marques de Holanda Cavalcanti
· Barão de Subaé: Francisco Moreira de Carvalho
· Barão do Suruí: Manuel da Fonseca de Lima e Silva
· Baronesa de Suruí: Carlota Guilhermina de Lima e Silva
· Barão de Tabatinga: Domingos Francisco de Sousa Leão
· Barão de Tacaruna: Manuel Antônio dos Passos e Silva
· Barão de Taitinga: Antônio Francisco Tinta
· Barão de Tamandaré: Joaquim Marques Lisboa
· Baronesa de Tamandaré: Maria Eufrásia de Lima Lisboa
· Barão de Tapajós: José Caetano Correia
· Barão de Taquara: Francisco Pinto da Fonseca Teles
· Barão de Taquaretinga: Manuel Freire Barbosa da Silva
· 1o Barão de Taquari: Manuel Jorge RoDr.igues
· 2o Barão de Taquari: José Antônio Calasans RoDr.igues
· Barão de Tatuí: Francisco Xavier Paes de Barros
· Barão de Taubaté: Antônio Vieira de Oliveira Neves
· Barão de Tefé: Anton Ludwig von Hoonholtz
· Baronesa de Tefé: Maria Luisa Dodsworth
· Barão de Teresópolis: Francisco Ferreira de Abreu
· Barão de Thomsen: Cristiano Thomsen
· Barão de Tibaji: José Caetano de Oliveira
· Barão de Tietê: José Manuel da Silva
· Baronesa do Tietê: Maria Reducinda da Cunha e Silva
· Barão de Timbaúba: Feliciano Cavalcanti da Cunha Rego
· Barão de Timbó: João José de Oliveira Leite
· Barão de Timboí: Olinto Gomes dos Santos Paiva
· Barão do Tinguá: Pedro Correia e Castro
· Barão do Tinguá: Francisco Pinto Duarte
· Barão de Toropi: Antônio Cândido de Melo
· Barão de Torre de Garcia d’Ávila: Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
· Barão Torres Homem: João Vicente Torres Homem
· Barão de Tracunhaém: João Cavalcanti Maurício Wanderley
· Barão de Traipu: Manuel Gomes Ribeiro
· Barão de Tramandaí: Antero José Ferreira de Brito Filho
· Baronesa de Tramandaí: Cândida Amância Ferreira de Brito
· Barão de Traripe: Luís Manuel de Oliveira Mendes
· Barão de Tremembé: José Francisco Monteiro
· Barão de Três Barras: José Ildefonso de Sousa Ramos
· Barão de Três Ilhas: José Bernardino de Barros
· Barão de Três Rios: Joaquim Egydio de Sousa Aranha
· Barão dos Três Serros: Aníbal Antunes Maciel
· Baronesa dos Três Serros: Amélia Hartley de Brito
· Barão do Triunfo: José Joaquim de AnDr.ade Neves
· Barão de Trontaí: Luís Antônio de Oliveira
· Barão de Turiaçu: Manuel de Sousa Pinto de Magalhães
· Barão de Turvo: José Gomes de Sousa Portugal
· Barão de Ubá: João RoDr.igues Pereira de Almeida
· Barão do Una: José Antônio Lopes
· Barão do Upacaraí: Demétrio José Xavier
· Barão de Uruçuí: João da Cruz e Santos
· Barão de Uruguaiana: Ângelo Moniz da Silva Ferraz
· 1º Barão de Ururai: José Carneiro da Silva
· 1º Baronesa de Ururai: Ana Francisca Alves de Lima e Silva
· 2º Barão de Ururai: Manuel Carneiro da Silva
· 1o Barão de Utinga: Henrique Marques Lins
· 1o Baronesa de Utinga: Antônia Francisca Veloso da Silveira
· 2o Barão de Utinga: Florismundo Marques Lins
· Barão de Val Formoso: Leocádio Gomes Franklin
· Barão de Valença: Estêvão Ribeiro de Resende
· 2º Barão de Valença: Pedro Ribeiro de Sousa Resende
· 2º Baronesa de Valença: Justina Emerich
· 1º Barão de Vargem Alegre: Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo
· 1º Baronesa de Vargem Alegre: Joaquina Clara de Moraes
· 2º Barão de Vargem Alegre: Luís Otávio de Oliveira Roxo
· 2º Baronesa da Vargem Alegre: Marianna Cândida de Lima e Silva
· Barão de Varginha: Joaquim Elói Mendes
· Barão de Vassouras: Francisco José Teixeira Leite
· Barão de Vera Cruz: Manuel Joaquim Carneiro da Cunha
· Barão de Vergueiro: Nicolau José de Campos Vergueiro
· Barão de Viamão: Hilário Pereira Fortes
· Baronesa de Viamão: Francisca Fausta da Fontoura Charão
· Barão de Viana: Francisco Vicente Viana Filho
· Barão de Vidal: Luís Vidal Leite Ribeiro
· Barão de Vila Bela: Francisco de Paula Magessi de Carvalho
· 2º Barão de Vila Bela: Domingos de Sousa Leão
· 2º Baronesa de Vila Bela: Maria de los Angelos de Borjas Magariños Cervantes
· Barão de Vila da Barra: Francisco Bonifácio de Abreu
· Barão de Vila do Conde: João Gomes Ferreira Veloso
· Baronesa de Vila Do Conde: Maria José Mendes Veloso
· Barão de Vila Flor: João Manuel de Sousa
· Baronesa de Vila Flor: Maria Balbina de Siqueira
· Barão de Vila Franca: Inácio Francisco Silveira da Mota
· Barão de Vila Isabel: Francisco Antônio Afonso
· Barão de Vila Maria: Joaquim José Gomes da Silva
· Baronesa de Vila Maria: Maria da Glória Pereira Leite
· Barão de Vila Nova de São José: José Fernando Carneiro Leão
· Barão de Vila Real da Praia Grande: Caetano Pinto de Miranda Montenegro
· Barão de Vila Velha: Joaquim Augusto de Moura
· Barão de Vila Viçosa: Antônio de Carvalho e Albuquerque
· Barão de Vista Alegre: Manuel Pereira de Sousa Barros
· Barão de Vitória: José Joaquim Coelho
· Barão de Werneck: José Quirino da Rocha Werneck
· Baronesa de Werneck: Maria do Nascimento de Avelar
PS: Este autor incita os leitores a conhecerem os nobres que viviam em suas regiões de origem.
BIBLIOGRAFIA
www.geni.com/projects/nobresdoBrasil-Imperial/12615
Wikipédia
http://zip.net/bsrG9q
Criado em 18/11/2015
Publicado em 19/11/2015 – Tio Babá
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518) LETRAS DE MÚSICAS BRASILEIRAS QUE VALEM A PENA LER (MPB)
1. “MUCURIPE”- AUTORES: FAGNER e BELCHIOR
As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pra águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo de saudade
Sem vontade de casar
Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo ‘inda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
De um rapaz novo encantado
Com vinte anos de amor
Aquela estrela é dela
Vida, vento, vela leva-me daqui
2. “Chuá Chuá”- AUTORES: PeDr.o Sá Pereira e Ary Pavão
Deixa a cidade formosa morena
Linda pequena e volta ao sertão
Beber a água da fonte que canta
Que se levanta do meio do chão.
Se tu nasceste cabocla cheirosa
Cheirando a rosa, no peito da terra
Volta pra vida serena da roça
Daquela palhoça no alto da serra.
E a fonte a cantar, chuá, chuá
E a água a correr, chuê, chuê
Parece que alguém, que cheio de mágoa
Deixasse quem há, de dizer a saudade
No meio das águas, rolando também.
A lua branca de luz prateada
Faz a jornada no alto do céu
Como se fosse uma sombra altaneira
Da cachoeira fazendo escarcéu.
Quando essa luz lá na altura distante
Loira ofegante, no poente cair
Dai essa trova que o pinho descerra
Que eu volto pra serra que eu quero partir
E a fonte a cantar; chuá, chuá
E a água a correr; chuê, chuê
Parece que alguém, que cheio de mágoa
Deixasse quem há, de dizer a saudade
No meio das águas, rolando também.
3. “ROSA” – AUTOR: PIXINGUINHA
Este vídeo pertence à esta música?
SIMNÃO
Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer
4. “A VIDA É UM MOINHO” – AUTOR: CARTOLA
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
5. “AS ROSAS NÃO FALAM” – AUTOR: CARTOLA
Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão
Enfim,
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim,
Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai,
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhavas meus sonhos
Por fim!
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6. “LUA BRANCA” – AUTORA: CHIQUINHA GONZAGA
Oh, lua branca de fulgores e de encanto,
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo,
Ah, Vem tirar dos olhos meus, o pranto,
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo.
Oh, por quem és, desce do céu, ó lua branca,
Essa amargura do meu peito, ó vem, arranca,
Dá-me o luar da tua compaixão,
Ah, vem, por Deus, iluminar meu coração.
E quantas vezes, lá no céu, me aparecias,
A brilhar em noite calma e constelada.
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada.
E ela, a chorar, a soluçar, cheia de pejo,
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo.
Ela partiu, me abandonou assim,
Oh, lua branca, por quem és; tem dó de mim!
7. ”NO RANCHO FUNDO” – AUTORES: Ary Barroso e Lamartine Babo
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade…
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d’água…
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro
Por companheiro…
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal
Desse moreno…
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia…
Os arvoredos
Já não contam
Mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira…
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza…
Tudo por que
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê…
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra…
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade…
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor
Que tem no mundo…
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro
Da morena…
8. ”LUAR DO SERTÃO” – AUTORES: Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Oh! que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia a nos nascer do coração
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Mas como é lindo ver depois por entre o mato
Deslizar calmo, regato, transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando
E por sua vez roubando as estrelas lá do céu
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não
Luar como esse do sertão
9. “CARINHOSO” – AUTOR: Pixinguinha e João de Barro
Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim foges de mim
Ah, se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz
10. “TRISTEZA DO JECA” – (*) AUTOR: Angelino de Oliveira
Nestes versos tão singelos
Minha bela, meu amor
Pra você quero contar
O meu sofrer e a minha dor
Eu sou como o sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está
Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira chão
Todo cheio de buraco
Onde a lua faz clarão
Quando chega a maDr.ugada
Lá na mata a passarada
Principia o barulhão
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Lá no mato tudo é triste
Desde o jeito de falar
Pois o Jeca quando canta
Dá vontade de chorar
O choro que vem caindo
Devagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar
Nesta viola, eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
———————————————-
15. “CANÇÃO DA AMÉRICA” – AUTORES: Fernando Brandt e Milton Nascimento
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção, que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir… .
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam: “não”!
Mesmo esquecendo a canção … .
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
– Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar!
——————————–
23. “Cio da Terra”– AUTORES: Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão
—————————-
29. “Chovendo na Roseira”– AUTOR: Tom Jobim
Olha, está chovendo na roseira
Que só dá rosa, mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém
Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento
Olha, um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera
Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que traz o azul
Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas
Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém
——————————–
34. “Você vai Gostar”– AUTORES: Almir Satter e Sérgio Reis
Fiz uma casinha branca lá no pé da serra
pra nós dois morar fica perto da barranca
do rio Paraná o lugar é uma beleza
e eu tenho certeza você vai gostar
Fiz uma capela
bem do lado da janela
pra nós dois rezar
quando for tempo de festa
você veste o seu vestido de algodão
quebro o meu chapéu na testa
para arrematar as coisas do leilão
satisfeito vou levar você de braço dado atrás da procissão
vou com meu terno riscado
uma flor do lado
e o meu chapéu na mão
———-
35. “Um Índio”– AUTOR: Caetano Veloso
Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul
Na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranquilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor
Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto-sim resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará
Não sei dizer assim de um modo explícito
Virá
Impávido que nem Muhammad Ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi
Tranquilo e infalível como Bruce Lee
Virá que eu vi
O axé do afoxé Filhos de Gandhi
Virá
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio
36) “Tudo é Magnífico” –Haroldo Barbosa (1915-1979)
Magnífica é aquela tragada puxada depois do café
Magnífica é a escola de bola de um homem chamado Pelé
Magnífico é o papo da tarde, na mesa de amigos no bar
Magnífico é o barco voltando, depois dos castigos do
Mar
Magnífica é a lágrima calma, que tantos segredos
Contém
Magnífico é o homem do espaço, voando no céu de
Ninguém
Formidável sou eu, que abraço no espaço, a saudade de
Alguém
Formidável sou eu esperando, querendo, sofrendo,
Sabendo que você não vem
37) “Asa Branca” – Luis Gonzaga e Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Com a fogueira de São João
Eu preguntei, a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Para mim vorta pro meu sertão
Quando o verde dos teus oios
Se espaiar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
38) “É” – Gonzaguinha
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí…
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí…
Eu acredito é na rapaziada
39) “Alegria, Alegria” – Caetano Veloso
Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
Num sol de quase dezembro… eu vou…
O sol se reparte em crimes espaçonaves
Guerrilhas em Cardinales bonitas… eu vou…
Em caras de Presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes pernas bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia.. eu vou..
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores… vãos…
Eu vou.. porque não.. porque não..
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento… eu vou…
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola… eu vou…
Por entre fotos e nomes sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone no coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito.. eu vou
Sem lenço e sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo… amor…
Eu vou.. porque não.. porque não..
Porque não.. porque não.. porque não..
Porque não…
40) “Esse Cara” – Chico Buarque de Holanda
Ah! Que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a maDr.ugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher
———————————————————fim
519) A NOBREZA DE PINDORAMA: “VISCONDATO”
Apesar dos títulos nobiliárquicos concedidos no Brasil não serem hereditários, os candidatos não poderiam apresentar em sua árvore genealógica nenhum dos seguintes impedimentos: bastardia, crime de lesa majestade, ofício mecânico ou sangue infecto.
Os novéis nobres brasucas eram cuidadosamente escolhidos por um conjunto de atos prestados (ou indicados por outro nobre) e ascendência nobre familiar. Além disso, a maioria dos galardoados tinha que pagar uma vultosa quantia pela honraria nobiliárquica, mesmo que para seus filhos perpetuarem os títulos. Para ser nobre, segundo a tabela de 2 de abril de 1860, custava, em contos de réis:
· Visconde: 1:025$000 (um conto e vinte e cinco mil réis)
Além desses valores, havia os seguintes custos:
· Papéis para a petição: 366$000 (trezentos e sessenta e seis mil réis)
· Registro do brasão: 170$000 (cento e setenta mil réis)
Viscondados
· 1º Visconde de Abaeté: Antônio Paulino Limpo de Abreu
· Visconde de Abrantes: Miguel Calmon du Pin e Almeida
· Viscondessa de Abrantes: Maria Carolina da Piedade Pereira Baia
· Visconde de Aguiar Toledo: José de Aguiar Toledo
· Visconde de Albuquerque: Antônio Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque
· Visconde de Alcântara: João Inácio da Cunha
· Visconde de Almeida: Paulo Martins de Almeida
· Visconde de Alvarenga: Albino RoDr.igues de Alvarenga
· Visconde de Andaraí: Militão Máximo de Sousa
· Visconde de Aracati: João Carlos Augusto de Oyenhausen-Gravenburg
· Visconde de Araguaia: Domingos José Gonçalves de Magalhães
· Visconde de Aramaré: Manuel Lopes da Costa Pinto
· Visconde de Arantes: Antônio Belfort Ribeiro de Arantes
· Visconde de Arari: Antônio Lacerda de Chermont
· 1º Visconde de Araruama: José Carneiro da Silva
· 2º Visconde de Araruama: Bento Carneiro da Silva
· Visconde de Araxá: Domiciano Leite Ribeiro
· Visconde de Arinos: Tomás Fortunato de Brito
· Visconde de Ariró: Henrique José da Silva
· Visconde de Assis Martins: Inácio Antônio de Assis Martins
· 1º Visconde de Baependi: Manuel Jacinto Nogueira da Gama
· 1º Viscondessa de Baependi: Francisca Mônica Carneiro da Costa
· 2º Visconde de Baependi: Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama
· 1º Visconde de Barbacena: Felisberto Brant de Oliveira Horta
· 1º Viscondessa de Barbacena: Ana Constança Guilhermina de Castro Cardoso dos Santos
· 2º Visconde de Barbacena: Felisberto Caldeira Brant Pontes
· 2º Viscondessa de Barbacena: Augusta Isabel Kirckhoefer
· Visconde de Barra Mansa: João Gomes de Carvalho
· Visconde de Beaurepaire-Rohan: Henrique PeDr.o Carlos de Beaurepaire-Rohan
· Visconde de Benavente: José Feliciano de Morais Costa
· Visconde da Boa Vista: Francisco do Rego Barros
· Visconde de Bonfim: José Francisco de Mesquita
· Viscondessa do Bonfim: Francisca Freire de AnDr.ade
· Visconde de Bom Conselho: José Bento da Cunha Figueiredo
· Visconde do Bom Retiro: Luís Pedreira do Couto e Ferraz
· 1º Visconde de Cabo Frio: Luís da Cunha Moreira
· 2º Visconde de Cabo Frio: Joaquim Tomás do Amaral
· 1° Visconde da Cachoeira: Luís José de Carvalho e Melo
· 1° Viscondessa da Cachoeira: Ana Vidal Carneiro da Costa
· 2° Visconde da Cachoeira: Luís José de Carvalho e Melo Filho
· 3° Visconde da Cachoeira: PeDr.o Justiniano Carneiro de Carvalho e Melo
· 3° Viscondessa da Cachoeira: Maria do Loreto Viana
· Visconde de Caeté: José Teixeira da Fonseca Vasconcelos
· Visconde de Cairu: José da Silva Lisboa
· Visconde de Caldas: Luís Antônio de Oliveira
· Viscondessa de Caldas: Felicidade Gomes Ribeiro da Luz
· 1° Visconde de Camamu: José Egídio Veloso Gordilho de Barbuda
· Viscondessa de Camamu: Caetana Augusta de Vasconcelos
· 2° Visconde de Camamu: José Egídio Gordilho de Barbuda Filho
· Visconde de Camarajibe: Pedro Francisco de Paula Cavalcanti e Albuquerque
· Viscondessa de Camargos: Maria Leonor Teixeira de Magalhães
· Viscondessa de Campinas: Maria Luzia de Sousa Aranha
· Visconde de Campo Alegre: Joaquim de Sousa Leão
· Viscondessa de Campo Alegre: Francisca Arcelina Cavalcanti de Sousa Leão
· Visconde de Cananéia: Bernardino RoDr.igues de Avelar
· Visconde de Cantagalo: João Maria da Gama Freitas Berquó
· Visconde de Carandaí: Belisário Augusto de Oliveira Pena
· Visconde de Carapebus: Antônio Dias Coelho Neto dos Reis
· 1° Visconde de Caravelas: José Joaquim Carneiro de Santos
· 2° Visconde da Caravelas: Manuel Alves Branco
· 3° Visconde da Caravelas: Carlos Carneiro de Campos
· 1º Visconde de Castro: João de Castro do Canto e Melo
· 2º Viscondessa de Castro: Escolástica Bonifácia de Toledo Ribas
· 2º Visconde de Castro: João de Castro do Canto e Melo
· 2º Viscondessa de Castro: Inocência Laura Vieira de Azambuja
· Viscondessa de Castro Lima: Carlota Leopoldina de Castro Lima
· Visconde de Cavalcanti: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque
· Visconde de Cerro Alegre: João da Silva Tavares
· Visconde de Cerro Formoso: Francisco Pereira de Macedo
· Visconde de Congonhas do Campo: Lucas Antônio Monteiro de Barros
· Viscondessa de Congonhas do Campo: Maria Teresa Joaquina de Sauvan
· Visconde do Cruzeiro: Jerônimo José Teixeira Júnior
· Viscondessa do Cruzeiro: Maria Henriqueta Carneiro Leão
·
· Visconde de Embaré: Antônio Ferreira da Silva
· 1° Visconde de Entre-Rios: Antônio Barroso Pereira Filho
· 2° Visconde de Entre-Rios: Antônio Barroso Pereira Neto
· Visconde de Erval: Manuel Luís Osório
· Viscondessa do Erval: Francisca Fagundes de Oliveira
· Visconde de Fanado: João Gomes da Silveira Mendonça
· Visconde de Ferreira Bandeira: PeDr.o Ferreira de Viana Bandeira
· Visconde dos Fiais: Luís Paulo de Araújo Bastos
· Visconde de Figueiredo: Francisco de Figueiredo
· Viscondessa de Fonseca Costa: Josefina da Fonseca Costa
· Visconde da Gávea: Manuel Antônio da Fonseca Costa
· Visconde de Goiana: Bernardo José da Gama
· Viscondessa de Goiana: Izabel Ursulina de Albuquerque Gama
· Visconde da Graça: João Simões Lopes Filho
· Viscondessa da Graça: Eufrásia Gonçalves Victorino Lopes
· Viscondessa da Graça: Zeferina Antônia da Luz
· Visconde de Guaí: Joaquim Elísio Pereira Marinho
· Visconde de Guarapuava: Antônio de Sá Camargo
· Visconde de Guararapes: Lourenço de Sá e Albuquerque
· Visconde de Guaratiba: Joaquim Antônio Ferreira
· Visconde de Guaratinguetá: Francisco de Assis e Oliveira Borges
· Visconde de Ibituruna: João Batista dos Santos
· Viscondessa de Ibituruna: Clara Jacinta Alves Barbosa
· Visconde de Icó: Francisco Fernandes Vieira
· Visconde de Imbé: José Antônio de Morais
· Viscondessa de Imbé: Leopoldina Neves de Morais
· Visconde de Indaiatuba: Joaquim Bonifácio do Amaral
· Visconde de Inhambupe de Cima: Antônio Luís Pereira da Cunha
· Viscondessa de Inhambupe: Maria Joaquina Gerleu da Rocha Dantas e Mendonça
· Visconde de Inhaúma: Joaquim José Inácio de Barros
· Visconde de Inhomirim: Francisco de Sales Torres Homem
· Visconde de Ipanema: José Antônio Moreira
· Visconde de Ipiabas: Peregrino José de Américo Pinheiro
· Viscondessa de Ipiabas: Ana Joaquina de São José Werneck
· Visconde de Itabapoana: Luís Antônio de Siqueira
· Viscondesa de Itabapoana: Antonia Rita Fortunata da Conceição Tinoco
· Visconde de Itabaiana: Manuel RoDr.igues Gameiro Pessoa
· Visconde de Itaboraí: Joaquim José Rodrigues Torres
· Viscondessa de Itaboraí: Maria de Macedo Freire Álvares de Azevedo
· Visconde de Itaguaí: Antônio Dias Pavão
· Visconde de Itajubá: Marcos Antônio de Araújo
· Visconde de Itamarati: Francisco José da Rocha Leão
· Viscondessa de Itamarati: Maria Romana Bernardes da Rocha
· Visconde de Itaparica: AlexanDr.e Gomes de Argolo Ferrão Filho
· Visconde de Itapicuru de Cima: Manuel de Oliveira Mendes
· Visconde de Itatiaia: José Caetano RoDr.igues Horta
· Visconde de Itaúna: Cândido Borges Monteiro
· Visconde de Itu: Antônio de Aguiar Barros
· Viscondessa de Itu: Antonia de Aguiar Barros
· 1º Visconde de Jaguari: Domingos de Castro Antiqueira
· Viscondessa de Jaguari: Leocádia Amália da Silveira
· 2º Visconde de Jaguari: José Ildefonso de Sousa Ramos
· Visconde de Jaguaribe: Domingos José Nogueira Jaguaribe
· Visconde de Jari: João Batista Gonçalves Campos
· Visconde de Jequitinhonha: Francisco Gê Acaiaba de Montezuma
· Viscondessa de Jequitinhonha: Francisca Maria de Jesus
· Visconde de Jericinó: Ildefonso de Oliveira Caldeira Brant
· Visconde de Jerumirim: Francisco Cordeiro da Silva Torres de Sousa Melo e Alvim
· Visconde de Laguna: Carlos Frederico Lecor
· Visconde de Lajes: Alexandre Vieira de Carvalho
· Visconde de Lamare: Joaquim Raimundo de Lamare
· Visconde de Lima Duarte: José Rodrigues de Lima Duarte
· Viscondessa de Lima Duarte: Carlota Batista de Lima Duarte
· Visconde de Livramento: José Antônio de Araújo
· Visconde de Lorena:Francisco Maria Gordilho Veloso de Barbuda
· Visconde de Macaé: José Carlos Pereira de Almeida Torres
· Viscondessa de Macaé: Maria Eudóxia Engrácia Almeida Torres
· Visconde de Maceió: Francisco Afonso Meneses Sousa Coutinho
· Viscondessa de Maceió: Guilhermina Adelaide Carneiro Leão
· 1º Visconde de Majé: José Joaquim de Lima e Silva
· 1º Viscondessa de Majé: Maria Eulália de Lima Fonseca Gutierres
· Visconde de Maracaju: Rufino Enéias Gustavo Galvão
· Viscondessa de Maracaju: Maria Faustina dos Passos
· Visconde de Maranguape: Caetano Maria Lopes Gama
· Visconde de Maricá: Mariano José Pereira da Fonseca
· Visconde de Mauá: Irineu Evangelista de Sousa
· Visconde de Mecejana: Cândido Antunes de Oliveira
· Visconde de Meriti: Manuel Lopes Pereira Baía
· Visconde de Mesquita: Jerônimo José de Mesquita
· Visconde de Mirandela: António Doutel de Almeida Machado e Vasconcelos Madureira Feijó
· Visconde de Monserrate: Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos
· Viscondessa de Monserrate: Maria Francisca de Campos Pinheiro
· Visconde de Monte Mário: Marcelino de Brito Ferreira de Andrade
· Viscondessa de Monte Verde: Maria Teresa de Sousa Fortes
· Visconde de Moreira Lima: Joaquim José Moreira Lima
· Visconde de Mossoró: José Félix Monteiro
· Visconde de Mota Maia: Cláudio Velho da Mota Maia
· Viscondessa de Muriaé: Raquel Francisca Ribeiro de Castro
· Visconde de Muritiba: Manuel Vieira Tosta
· Viscondessa de Muritiba: Isabel Pereira de Oliveira
· Visconde de Nácar: Manuel Antônio Guimarães
· Visconde de Nazaré: Clemente Ferreira França
· Visconde de Nioaque: Manuel Antônio da Rocha Faria
· 1º Viscondessa de Nioaque: Cecília Fernandes Braga
· Visconde de Niterói: Francisco de Paula Negreiros de Saião Lobato
· Visconde de Nogueira da Gama: Nicolau Antônio Nogueira Vale da Gama
· 1º Visconde de Nova Friburgo: Bernardo Clemente Pinto Sobrinho
· 1º Viscondessa de Nova Friburgo: Ambrosina Leitão da Cunha Campbell
· Visconde de Olinda: Pedro de Araújo Lima
· Visconde de Oliveira: Antônio da Costa Pinto Júnior
· Visconde de Ouro Preto: Afonso Celso de Assis Figueiredo
· Viscondessa de Ouro Preto: Francisca de Paula Martins de Toledo
· Visconde da Palmeira: Antônio Salgado da Silva
· Viscondessa da Palmeira: Maria Bicudo Salgado
· Visconde de Paraguaçu: Francisco Moniz Barreto de Aragão
· Visconde da Paraíba: João Gomes Ribeiro de Avelar
· Viscondessa da Paraíba: Carolina Rosa de Azevedo
· Viscondessa de Paraibuna: Benedita Bicudo Varela Lessa
· Visconde de Paraná: Honório Hermeto Carneiro Leão
· Viscondessa de Paraná: Maria Henriqueta Neto
· Visconde de Paranaguá: Francisco Vilela Barbosa
· Visconde de Paranaguá: João Lustosa da Cunha Paranaguá
· Visconde de Parnaíba: Antônio de Queirós Teles
· Viscondessa de Parnaíba: Rita Mboí Tibiriçá Piratininga
· 1º Visconde do Passé: Antônio da Rocha Pita Argolo
· 2º Visconde do Passé: Francisco Antônio Rocha Pita e Argolo
· Visconde de PeDr.a Branca: Domingos Borges de Barros
· Visconde de PeDr.a Branca: Maria do Carmo Sousa Portugal
· 1o Visconde de Pelotas: Patrício José Correia da Câmara
· Viscondessa de Pelotas: Joaquina Leocádia da Fontoura
· 2o Visconde de Pelotas: José Antônio Correia da Câmara
· 2a Viscondessa de Pelotas: Maria Rita Fernandes Pinheiro
· Visconde da Penha: João de Sousa da Fonseca Costa
· Viscondessa da Penha: Maria da Penha Pinto de Miranda Montenegro da Fonseca Costa
· Visconde de Pindamonhangaba: Francisco Marcondes Homem de Melo
· Visconde do Pinhal: Antônio Carlos de Arruda Botelho
· Viscondessa do Pinhal: Ana Carolina de Melo e Oliveira
· Visconde de Pinheiro: Joaquim Luís Pinheiro
· Visconde de Pirajá: Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
· Viscondessa de Pirajá: Maria Luísa Queirós de Teive e Argolo
· Visconde de Pirapitinga: João Caldas Viana Filho
· Visconde de Piraçununga: Joaquim Henrique de Araújo
· Viscondessa de Piraçununga: Luiza Balbina de Araujo Lima
· Visconde de Piratini: João Francisco Vieira Braga
· Visconde de Porto Alegre: Manuel Marques de Sousa
· Visconde de Porto Seguro: Francisco Adolfo de Varnhagen
· Visconde de Prados: Camilo Maria Ferreira Armond
· 1o Visconde de Queluz: João Severiano Maciel da Costa
· 2o Visconde de Queluz: João Tavares Maciel da Costa
· 2o Viscondessa de Queluz: Cândida Augusta de São José Werneck
· Visconde de Quixeramobim: PeDr.o Dias Pais Leme
· Viscondessa de Quixeramobim: Francisca de Paula Lis Furtado de Mendonça
· Visconde de Recife: Francisco Pais Barreto
· Visconde de Resende: Antônio Teles da Silva Caminha e Meneses
· Visconde do Rio Bonito: João Pereira Darrigue de Faro
· Viscondessa do Rio Bonito: Maria Joaquina da Fonseca
· Visconde de Rio Branco: José Maria da Silva Paranhos
· Visconde de Rio Claro: José Estanislau de Oliveira
· Viscondessa de Rio Claro: Elisa Justina de Melo Franco
· Visconde de Rio Comprido: José de Oliveira Barbosa
· Visconde de Rio Formoso: Francisco de Caldas Lins
· Visconde de Rio Grande: José de Araújo Ribeiro
· Visconde de Rio Novo: José Antônio Barroso de Carvalho
· Visconde de Rio Preto: Domingos Custódio Guimarães Filho
· Visconde de Rio das Velhas: Francisco de Paula Fonseca Viana
· Visconde de Rio Vermelho: Manuel Inácio da Cunha e Meneses
· Visconde de Sabará: João Evangelista de Negreiros Saião Lobato
· Visconde de Salto: [Antônio José Dias Carneiro
· Visconde de Santa Isabel: Luís da Cunha Feijó
· Viscondessa de Santa Justa: Bernardina Alves Barbosa
· Visconde de Santa Teresa: Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão
· Visconde de Santa Vitória: Manuel Afonso de Freitas Amorim
· Viscondessa de Santa Vitória: Alzira RoDr.igues Fernandes Chaves
· Visconde de Santo Amaro: José Egídio Álvares de Almeida
· Viscondessa de Santos: Domitília de Castro do Canto e Melo
· Visconde de São Clemente: Antônio Clemente Pinto Filho
· Visconde de São Francisco: Francisco José Pacheco
· 1º Visconde de São Gabriel: João de Deus Mena Barreto
· 2° Visconde de São Gabriel: João Propício Mena Barreto
· Visconde de São João da Barra: Francisco José Alves Rangel
· Viscondessa de São João da Barra: Inácia Alves de Manhães Rangel
· Visconde de São José do Norte: Eufrásio Lopes de Araújo
· Viscondessa de São José do Norte: Maria Joana de Araújo
· Visconde de São Leopoldo: José Feliciano Fernandes Pinheiro
· Viscondessa de São Leopoldo: Maria Elisa Júlia de Lima
· Visconde de São Lourenço: Francisco Gonçalves Martins
· Viscondessa de São Lourenço: Maria da Conceição Pessanha
· Visconde de São Luís do Maranhão: Antônio Marcelino Nunes Gonçalves
· Visconde de São Salvador de Campos: José AlexanDr.e Carneiro Leão
· Viscondessa de São Salvador de Campos: Elisa Leopoldina Carneiro Leão
· Visconde de São Sebastião: Miguel Ribeiro da Mota
· Visconde de São Vicente: José Antônio Pimenta Bueno
· Viscondessa de São Vicente: Balbina Henriqueta de Faria Albuquerque
· Visconde de Sapucaí: Luís Mateus Maylasky
· Visconde de Sepetiba: Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho
· Viscondessa de Sepetiba: Narcisa Emília de Andrada Vandelli
· Visconde de Serjimirim: Antônio da Costa Pinto
· Visconde de Sinimbu: João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu
· Visconde de Sousa Fontes: José Ribeiro de Sousa Fontes
· Visconde de Sousa Franco: Bernardo de Sousa Franco
· Viscondessa de Sousa Franco: Teresa de Jesus da Gama e Silva
· Visconde de Suaçuna: Francisco de Paula Cavalcanti e Albuquerque
· Visconde de Subaé: Francisco Moreira de Carvalho
· Visconde de Tabatinga: Domingos Francisco de Sousa Leão
· Viscondessa de Tabatinga: Inês Escolástica Pessoa de Mello
· Visconde de Tamandaré: Joaquim Marques Lisboa
· Viscondessa de Tamandaré: Maria Eufrásia de Lima Lisboa
· Visconde de Taubaté: Luís de Saldanha da Gama Melo e Torres Guedes de Brito
· Visconde de Taunay: Alfredo d’Escragnolle Taunay
· Viscondessa de Taunay: Cristina Teixeira Leite
· Visconde de Tocantins: José Joaquim de Lima e Silva Sobrinho’
· Visconde da Torre de Garcia d’Ávila: Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque
· Visconde de Tremembé: José Francisco Monteiro
· Visconde de Três Rios: Joaquim Egydio de Sousa Aranha
· Visconde de Ubá: Joaquim Ribeiro de Avelar
· Visconde de Uberaba: José Cesário de Miranda Ribeiro
· Viscondessa de Uberaba: Maria José Monteiro de Barros
· Visconde de Ururaí: Manuel Carneiro da Silva
· Viscondessa de Ururaí: Ana Francisca Alves de Lima e Silva
· Visconde de Uruguai: Paulino José Soares de Sousa
· Viscondessa do Uruguai: Ana Maria de Macedo Álvares de Azevedo
· Visconde de Utinga: Henrique Marques Lins
· Viscondessa de Utinga: Antônia Francisca Veloso da Silveira
· Visconde de Valdetaro: Manuel de Jesus Valdetaro
· Visconde de Vargem Alegre: Luís Otávio de Oliveira Roxo
· Viscondessa da Vargem Alegre: Marianna Cândida de Lima e Silva
· Visconde de Vergueiro: Nicolau José de Campos Vergueiro
· Viscondessa de Vergueiro: Águeda Felícia Pereira de Faro
· Visconde de Vieira da Silva: Luís Antônio Vieira da Silva
· 1o Visconde de Vila Real da Praia Grande: Caetano Pinto de Miranda Montenegro
· 2o Visconde de Vila Real da Praia Grande: Caetano Pinto de Miranda Montenegro Filho
· 2o Viscondessa de Vila Real da Praia Grande: Maria Elisa Gurgel do Amaral e Rocha
POSTFÁCIO
O Tio Babá, no sentido lúdico, gostaria que alunos e professores procurassem na presente relação, a aparição de algum nobre brasuca na lista do Viscondato de suas regiões.
BIBLIOGRAFIA
www.geni.com/projects/nobresdoBrasil-Imperial/12615
Wikipédia
http://zip.net/bsrG9q