“Nós queremos convidar vocês para que construam junto conosco a nossa pré-candidatura, sabedores de que, para o Brasil ser uma grande nação, é precisa garantir liberdade para o país caminhar com suas próprias pernas, é preciso liberdade para nossa gente e é preciso gritar em alto e bom som que queremos Lula livre, porque a liberdade de Lula é o resgate das soluções democráticas”, disse Manuela, que lançou manifesto pela liberdade durante o evento (Leia o documento aqui)

Depois de ler o texto em que aponta os principais pontos da plataforma que defende, a pré-candidata fez uma defesa da unidade das forças progressistas. “Compreendemos que devemos estabelecer pontes e vínculos profundos para que a esquerda e o setor progressista e democrático dialoguem exaustivamente”, disse, defendendo que a prisão de Lula simboliza a tentativa de conter as ideias de esquerda.

 

“Se Lula vale a luta, Lula também vale a nossa unidade e o estabelecimento de pontes. Nós nunca fomos óbice para a unidade. Pelo contrário. O PCdoB sempre foi a estrada que tentou conduzir o Brasil por esse caminho”, defendeu, ressaltando a ousadia do partido de lançar o seu nome na disputa presidencial. “Nós ousamos  porque dizemos que sonhamos, porque nossos sonhos valem a pena”.

Em uma noite permeada por músicas que remetiam em especial à resistência democrática das décadas de 1960 e 1970, a cantora Ana Cañas – que tem participado ativamente das manifestações contra o golpe e a prisão política do ex-presidente Lula – abriu o evento com a música Velha roupa colorida, de Belchior.

Diversos artistas e intelectuais, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Beth Carvalho enviaram vídeos para o ato, em defesa das liberdades e em apoio a Manuela.

O teólogo Leonardo Boff ressaltou a importância da pré-candidatura comunista e disse se associar ao manifesto lido no evento. “Precisamos refundar nosso país”, defendeu. O ator Wagner Moura celebrou o lançamento do nome da comunista e declarou: “Ficaria muito feliz em viver num país governado por você”.

“Jovem guerreira”

Representantes do campo popular e democrático falaram sobre a atual conjuntura no país e saudaram a importância da pré-candidatura de Manuela nesse contexto. O ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Celso Amorim (PT), sublinhou a necessidade de afastar o fascismo, em meio à escalada do ódio no país.

 

Já o deputado federal do PSOL, Jean Wyllys, defendeu que, ao contrário do que diz a Folha de S.Paulo, as esquerdas nunca estiveram tão fortes. Prova disso seria o somatório das intenções de votos dos postulantes deste campo, nas últimas pesquisas. O parlamentar afirmou que, além de reiterar a importância de unidade das forças progressistas, estava presente no ato porque conhece bem Manuela D’Ávila.

O ex-presidente Lula, preso em Curitiba, esteve presente de diversas maneiras no evento. A cantora, compositora e deputada estadual (PCdoB) Leci Brandão, por exemplo, cantou Zé do Caroço, em homenagem a ele, que tirou o Brasil do mapa da fome. Leci se referiu a Manuela como “mulher jovem, guerreira, ativista, corajosa e que tem todas as condições de trazer uma nova esperança ao país”.

 

“Não conseguiram nos calar”, diz filha de Lula

 

Lula foi representado pela sua filha, Lurian Cordeiro Lula da Silva, recebida aos gritos de “Lula Livre”. “Eles não conseguiram nos calar, nem apagar nossa alegria, nem destruir nossos sonhos. Temos a consciência de que há um crime político acontecendo neste país. Eles tentam calar um inocente de forma arbitrária. Esse golpe nem começou agora nem acaba agora”, disse Lurian.

Ela lembrou os diversos ataques à esquerda, a Lula e a sua família. “Nunca votei no meu pai porque ele era meu pai. Eu tinha certeza do agente de transformação que ele seria na vida de cada brasileiro. Quero dizer que não vamos dormir, nem nos calar, podem remover acampamento, que estaremos na luta com Lula”, afirmou, ressaltando a importância da resistência.

“Manuela, toda a sorte do mundo. Terei o maior prazer em estar na sua campanha. Meu candidato é Lula, mas virei a todas as atividades da sua campanha. E estou à disposição para tudo que a gente puder lutar junto”, expressou.

Manuela D’Ávila, que tem participado intensamente da jornada em defesa do ex-presidente Lula, antes e depois da sua prisão, esteve na semana passada no Uruguai e na Argentina, onde se encontrou com os ex-presidentes Pepe Mujica e Cristina Kirchner e com a ativista dos direitos humanos Hebe Bonafini.

No Teatro Oficina, ela entregou então a Lurian um presente enviado pelas Mães da Praça de Maio, um lenço branco, símbolo e mais alta homenagem do movimento argentino. “Em todos os cantos tem luta por democracia e por justiça, e o povo está com ele”, disse Manuela, retransmitindo o recado de Hebe Bonafini.

Manuela e o acúmulo de uma geração

 

João Paulo, da coordenação nacional do MST, deu uma bandeira do movimento de presenta à pré-candidata e destacou que, nos momentos mais importantes da história, os comunistas estiveram presentes. “Fazemos parte da Frente Brasil Popular e sabemos que a unidade tem que ser para valer, na luta, na elaboração (…) Nesse momento, pode contar com o povo sem terra, nas lutas em defesa do Brasil, do socialismo e da reforma agrária”, afirmou.

O vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Márcio Macedo, falou sobre a prisão de Lula e elogiou Manuela. “É um momento de dor, mas temos a certeza de que tem substância para continuarmos a luta política. Estou aqui para dizer, Manuela, que você é um dos quadros mais qualificados que nossa geração produziu. Você tem o acúmulo de uma geração que quer fazer e acontecer. Que você possa fazer o bom combate. Com a força da sua juventude e a certeza de seus princípios, para sacudir o país, em defesa da democracia e por um projeto de país que tenha consequência”, discursou.

Segundo ele, mais importante que alianças eleitorais são as alianças políticas. “Esse momento exige uma aliança política de todos nós. Temos candidaturas presidenciais. O PT vai registrar Lula, o PCdoB vai ter Manuela e outro partidos também podem ter candidato. (…) Mas nós vamos nos encontrar. Ou Lula apoiando Manuela, ou Manuela apoiando Lula”, completou.

Na ocasião, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), ressaltou a sua admiração pelo PCdoB. “Sou da geração de 1968. Desde então, sempre estive ao meu lado os bravos guerreiros do PCdoB”. Para ele, Manuela D’Ávila é uma “guerreira” que se propõe “a esse desafio grandioso, que é disputar a Presidência do campo democrático e popular”. Para ele, a comunista é a pessoa mais qualificadas no cenário atual, tendo em vista que Lula está preso.

O novo na política

 

Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB e deputada federal, afirmou que o páis vive tempos tenebrosos. “Estão destruindo as bases do estado brasileiro, retirando direitos. Mas, para eles, não basta isso. Precisam reescrever a história, tentam encarcerar nossas ideias. Mas não conseguirão”.

A deputada explicou que a pré-candidatura de Manuela tem o objetivo de discutir caminhos para o país sair da crise. “Com o povo, agora estamos lutando por lula livre. Ao mesmo tempo, compreendemos que a resposta mais contundente que podemos dar é debater as ideias para sair desse caos que esse conluio de forças impôs ao país. É para isso que serve a candidatura de Manuela, que é uma expressão do novo no nosso país”, colocou.

Na sua avaliação, Manuela representa o novo não só por ser jovem e mulher. “É o novo porque é portadora das ideias do PCdoB, que existe como necessidade histórica de superar o capitalismo. Ela é porta-voz de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Será porta-voz das reformas estruturantes que o país precisa, da luta pelos direitos humanos. Manu é uma pessoa que o povo brasileiro precisa conhecer. Quem conhece vota nela”, defendeu.