Fundações defendem formação de Frente Parlamentar progressista
Com a pré-campanha das eleições de outubro já em andamento, as Fundações Maurício Grabois, Perseu Abramo, Leonel Brizola-Alberto Pasqualini e João Mangabeira se reuniram na sede da Fundação Lauro Campos, em São Paulo, com o objetivo de elaborar e divulgam um documento programático tendo em vista, desde já, lançar as “sementes” de uma frente parlamentar progressista pela reconstrução e desenvolvimento do Brasil.
Os representantes das fundações voltam a se reunir no dia 28 de maio, para, depois das consultas que serão feitas aos partidos e suas lideranças na Câmara e no Senado, buscarem concluir o documento. Outra indicação de agenda feita na reunião foram os lançamentos no Paraná, no Pará e em Santa Catarina, do manifesto das Fundações “Unidade para Reconstruir o Brasil”, previstas para o dia 24 de maio (Curitiba), dia 8 de junho (Belém) e dia 18 de junho (Florianópolis).
Repercussão
Para o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, seria um grande êxito para o campo progressista a formação de uma frente parlamentar em defesa do Brasil e do seu desenvolvimento. Ele lembrou que esta é a segunda iniciativa que busca a convergência programática da esquerda e do campo progressista como um todo. “Primeiro, conseguimos este feito com um documento trabalhado conjuntamente [Manifesto Unidade para Reconstruir o Brasil], que demonstrou termos condições de chegar a um lastro programático mínimo”, observou.
Agora, de acordo com ele, as fundações “estão perseguindo esta segunda fase”, que é fazer um documento com indicações que consideram importantes para formação de uma frente parlamentar. “Se você consegue fazer uma frente parlamentar com base nas bancadas dos respectivos partidos destas cinco fundações [PCdoB, PT, PSol, PDT e PSB] seria um grande êxito, coisa que temos dificuldade de conseguir num parlamento como este”, avalia Renato. Em sua opinião, uma frente parlamentar organizada, que mantivesse reuniões sistemáticas para atuar de forma conjunta, cumpriria este objetivo perseguido. Ele diz estar otimista em conseguir a unidade básica necessária para esta segunda etapa.
Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, também mencionou o sucesso do documento Unidade para Reconstruir o Brasil como um precedente que se desdobra, agora, nesta reunião. Conforme explica o petista, aquele é um documento construído, desde o ano passado, com o objetivo de oferecer subsídios para as candidaturas ao executivo. Em sua opinião, esse objetivo foi atendido, inclusive se difundindo para outros estados do país.
“Então, agora, temos este documento em construção que visa subsidiar o programa e as causas que os parlamentares destes cinco partidos poderão oferecer no debate eleitoral. Desta forma, teremos então as diretrizes de um projeto nacional sendo tratadas tanto no programa dos candidatos a Presidência, quanto dos candidatos dos partidos que teriam esse compromisso de atuar firmemente em torno de um projeto nacional no parlamento brasileiro. Isto é inédito no nosso país”, afirma Pochmann.
O anfitrião das fundações, o presidente da Fundação Lauro Campos, Francisvaldo Mendes de Souza, considera que esta reunião tem uma importância muito grande. “Neste momento que estamos vivendo de ataque às forças progressistas, – a quem realmente quer fazer um país para o povo -, há a importância de construir algo que possa dar norte, efetivamente, a um desenvolvimento para o país, mantendo-o num sentido progressista. A importância de ter as fundações construindo algo que dê referência de luta. É isso que estamos precisando: enfrentar os desmandos que sofre o país”, indicou ele.
Para Manoel Dias, presidente da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, está no bojo das funções elementares das fundações este trabalho de aglutinar convergências em torno de grandes ideias para o país. “As fundações têm uma função fundamental de traçar diretrizes para que o campo progressista tenha um discurso que defenda nossos ideais, soberania nacional, defesa do estado, defesa dos trabalhadores, enfim, esses grandes temas que nos orientam sempre”, declarou.
Alexandre Navarro Garcia, diretor-executivo da Fundação João Mangabeira, elogiou o fato das fundações terem um texto base já consensuado, com princípios nacionais e causas importantes a todos os partidos. Em sua opinião, não deve haver grandes divergências em torno dele. Ele disse que vai levar as ideias apontadas ao PSB para análise e eventuais colaborações.
“Vamos voltar ao partido, ouvir algumas sugestões; até porque nós já temos um projeto desenvolvido, para enxertar alguma coisa ao texto base. Não creio que seja nada muito grande”, disse. Em sua opinião, é importante unir os partidos “que têm uma direção mais humanista da vida”, para um processo, no ano que vem, em que possam avançar para que questões fulcrais da sociedade brasileira sejam traduzidas dentro do Congresso. “Essas questões que foram colocadas aqui, não tenho dúvida que não sejam importantes: pacto federativo, implantação do PNE, reforma tributária progressiva que atinja lucros e dividendos… essas questões são muito importantes e está tudo no projeto, que não deve provocar divergência em nenhum partido, creio eu”, afirmou o socialista.