Notas Internacionais 6 de julho
– Boeing ficará com 80% da empresa brasileira de aviação aérea, Embraer. Maior empresa de tecnologia nacional brasileira, a Embraer assinou memorando de entendimento com a Boeing para a formação de uma joint venture. O valor pago por estes 80% será de 3,8 bilhões de dólares, considerado baixo pela maioria dos especialistas. Somente ontem, com o anúncio da junção, as ações da companhia caíram vertiginosamente e foi perdido o equivalente a 2,85 bilhões em valor de mercado. Nos 20% que continuarão com a Embraer estão as áreas de defesa, segurança e jatos executivos. A Embraer é a terceira maior fabricante de aviões do mundo e detém tecnologia de aviões comerciais, executivos e militares. Apesar de já ser privatizada desde 1994, a Embraer é uma gigante brasileira na área da aviação e desenvolvedora de tecnologia de conteúdo nacional. Força motriz da formação de recursos humanos e conhecimento de alto valor pelo ITA, por exemplo, além de abrigar projetos de defesa nacional do país, como os caças Gripen.
– Ex-presidente do Equador, Rafael Correa, teve sua prisão preventiva decretada esta semana pela justiça do país. Correa vive hoje em Bruxelas e tem sofrido perseguição política desde que seu sucessor, Lenin Moreno, assumiu o governo do país. O pedido de prisão decorre de um processo que corre contra ele na justiça equatoriana. A acusação é de que ele teria sido o mandante de um sequestro de uma hora de duração de um deputado, Fernando Balda, na época opositor do governo presidido por Rafael Correa. A princípio, a justiça havia estipulado que ele se apresentasse a cada 15 dias na Suprema Corte em Quito, mas ele se apresentou na Embaixada do Equador em Bruxelas, a apresentação e amparada por legislação nacional e convenções internacionais. Como retaliação, agora os juízes pediram sua extradição e prisão. O Equador vive um processo de desmonte das conquistas do período em que Correa liderou o país entre 2007 e 2017, além de perseguição às principais lideranças que fizeram parte do governo. O partido pelo qual Correa foi eleito e governou, Movimento Alianza País, vem sendo transformado assim como os rumos do país. Em um franco processo de traição ao legado de Correa, o partido está sendo reestruturado e recebeu nova roupagem com o nome de Renovación País.
– Iván Duque, presidente eleito e ainda não empossado da Colômbia, se reuniu com o secretário geral da OEA, Luis Almagro, e fez um chamado, após a reunião, aos países membros da Unasul para que todos se retirem da organização. A motivação seria que “a Unasul se converteu em uma organização cumplice da ditadura venezuelana”. A Unasul, que hoje conta com a presidência pró-tempore da Venezuela, está sem secretário geral desde janeiro de 2017, por um impasse entre os países membros. A atual situação da entidade que surgiu com o propósito de promover a integração e a cooperação entre os países sul-americanos é uma das expressões da restauração conservadora que avança na América Latina. Sua sede fica no Equador e custou o equivalente a 43 milhões de dólares, assumidos inicialmente pelo governo do Equador, que hoje tem uma orientação perfilada com os EUA e bem distante do espírito bolivariano que inspirou a aproximação sul-americana de uma integração para a justiça social.
– No Chile, quase 45 anos depois, finalmente foram condenados os militares que torturaram e assassinaram Víctor Jara no então Estádio Chile, local que hoje leva seu nome. A pena será de 15 anos e um dia de prisão para aqueles que tiraram a vida do mais amado músico chileno, também militante comunista e ativista social, poucos dias após o golpe sobre o governo de Salvador Allende. Foi no dia 16 de setembro de 1973, cinco dias após a morte de Allende e a ascensão de Pinochet ao poder. Os militares que detiveram Jara, destroçaram suas mãos, com as quais tocava, cortaram sua língua e o executaram com mais de 40 tiros.
– O mundo segue acompanhando o drama dos meninos presos em uma caverna na Tailândia. Ontem (5), faleceu um mergulhador que tentava retornar após levar provisões às crianças. São 12 meninos entre 11 e 16 anos e um adulto de 25 anos, que é o técnico do time conformado por eles. Estão presos desde 23 de junho e seu paradeiro ficou desconhecido por nove dias. As passagens para a entrada da caverna estão inundadas por ser o período das monções com chuvas intensas por meses seguidos, portanto as autoridades envolvidas no resgate estão treinando as crianças para mergulhar e buscando alternativas de resgate também pelo topo.