Lula e Haddad, a dupla que revolucionou a Educação no Brasil
Se para a maioria dos brasileiros Lula ocupa na política o espaço que pertence a um craque do porte de Messi no futebol, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad certamente teria o lugar de um Luiz Suarez. A comparação, por sinal, costumava ser feita pelo próprio Lula para ilustrar a grande revolução na Educação realizada por ambos. “Ele falou: ‘Eu e o Haddad, a gente joga que nem o Messi e o Suárez. Eu sou o Suárez, ele é o Messi”, lembrou Haddad.
Para entender a analogia é simples: entre 2005 e 2011 tanto Lula quanto Haddad formaram uma das maiores duplas políticas que o país já teve. Enquanto o então presidente ditava o ritmo do jogo, e abria os espaços para novas conquistas, o ex-ministro da Educação tinha como poucos o talento para definir as jogadas, como fez, por exemplo, quando criou o ProUni ou criou um projeto de expansão de universidades federais sem precedentes na história do país.
Fernando Haddad, tal qual o camisa 9, sempre jogou para o time, deixando para o parceiro mais famoso ser o grande porta-voz de todas as conquistas. Isso não quer dizer, no entanto, que sua atuação não tenha sido reconhecida pela “torcida”: basta notar a crescente popularidade do ex-ministro da Educação para ter a certeza que o povo é grato a tudo o que ele fez para romper a barreira secular que separava os negros e pobres do Ensino Superior no Brasil.
Para entender melhor o quão importante foi Haddad para a área, é preciso relembrar o imenso legado deixado por ele ao longo dos dois mandatos do ex-presidente Lula. Confira:
ProUni
Haddad assumiu o MEC em 2005 e foi responsável pela implementação do Prouni (Programa Universidade para Todos), programa que concede bolsas de estudos a alunos de baixa renda ou egressos do sistema público em instituições privadas de ensino.De 2005 até 2014, o número estimado de beneficiados é de 1,5 milhão de estudantes.
A seleção feita pelo ProUni para a concessão de bolsa (para ser inscrito no processo seletivo, o aluno deve ter obtido, no mínimo, 450 pontos no Enem) e os critérios exigentes para a sua manutenção (aprovação em pelo menos 75% das disciplinas do semestre) são tidos como a razão para o êxito, segundo os pesquisadores.
PNE
O Plano Nacional de Educação é fruto de uma Conferência Nacional da Educação em 2009, quando Fernando Haddad era Ministro de Lula no Ministério da Educação, e foi aprovado enquanto Lei na gestão de Dilma Roussef em 2014, com validade até 2024. O PNE 2014-2024 é composto de metas a serem cumpridas pelo poder público, representados pelas entidades da federação (municípios, estados e o governo federal). Analiso neste trabalho somente a Meta 20, que trata sobre o financiamento da educação.
Piso salarial
Durante seu segundo mandato, em 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu ministro da Educação, Fernando Haddad, sancionaram a Lei nº 11.738/2008, que estabeleceu pela primeira vez na história o Piso Salarial Nacional para professores de escolas públicas da educação básica. O piso nacional dos profissionais do magistério público é o valor mínimo que devem receber os professores em início de carreira e passou a valer para todo o país.
Com a aprovação do Piso, a categoria passou a ter um salário mínimo próprio. Quando a lei foi aprovada, cerca de 37% dos professores do país recebiam menos do que o piso, que em 2009, primeiro ano da Lei, era de R$950. Em 2012, passou para R$ 1.451.
Fortalecimento do FIES
O Fies, criado em 1999, passou a ter um novo formato em 2010, também durante gestão do ex-presidente Lula. Naquele ano, foram reduzidos os juros do financiamento para 3,4% ao ano e o prazo de carência foi estendido para 18 meses, contados a partir da conclusão do curso. Após a implantação das mudanças, foram firmados mais de 1,16 milhão de contratos pelo Fies, até 2014.
Universidades federais
Em 2007, Haddad criou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) , para avaliar a qualidade do ensino nas escolas públicas e, assim, desenvolver ações para superar os principais desafios encontrados.
As universidades públicas e institutos federais, antes basicamente centralizados nas capitais dos estados, foram levados para todo o interior do país. Foram criadas 18 novas universidades federais e 173 campus universitários, praticamente duplicando o número de alunos entre 2003 a 2014: de 505 mil para 932 mil.
Os institutos federais também tiveram uma grande expansão durante os governos do PT: foram implantados mais de 360 unidades por todo o país.
Expansão das escolas técnicas
A Rede Federal está vivenciando a maior expansão de sua história. De 1909 a 2002, foram construídas 140 escolas técnicas no país. Entre 2003 e 2016, o Ministério da Educação concretizou a construção de mais de 500 novas unidades referentes ao plano de expansão da educação profissional, totalizando 644 campi em funcionamento.
São 38 Institutos Federais presentes em todos estados, oferecendo cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas.
Henrique Nunes é da Agência PT de Notícias