Curso da Escola João Amazonas forma e transforma militantes em MG
“Nenhum homem pode banhar-se
no mesmo rio por duas vezes,
porque nem o homem,
nem a água do rio serão os mesmos”
Heráclito
Com duração de 40 horas, o curso nível 2 da Escola Nacional João Amazonas foi realizado entre os dias 15 e 18 de novembro na Escola Sindical 7 de Outubro, em Belo Horizonte, e reuniu cinquenta militantes e lideranças partidárias da capital e de importantes cidades do interior de Minas, como Ouro Preto, Uberlândia, Poços de Caldas, Montes Claros, Betim, Igarapé e João Monlevade. Até o vizinho Rio de Janeiro enviou dois participantes.
O currículo desta etapa aprofunda temas nas áreas de filosofia, economia, Estado e classes, socialismo e partido, abordando temas como a concepção de mundo do ponto de vista do materialismo histórico-dialético, a dinâmica do modo de produção capitalista, a necessidade histórica do socialismo e a história e a organização do partido comunista. Além disso, os alunos fizeram duas rodas de conversa sobre questões de gênero e raça.
A participação e o debate foram intensos. “O público dos nossos cursos é formado por quadros que já têm um certo acúmulo teórico. Neste, em especial, havia muita gente escolarizada, com um bom poder de intervenção, alguns como preparo até acadêmico, o que possibilitou argumentações com citações a autores clássicos e o cotejo entre a interpretação da teoria e a vida prática do partido e do complexo quadro em que vivemos. Por isso mesmo a contribuição desta turma foi muito rica”, avaliou Conceição Pereira, professora da escola João Amazonas desde 2006.
Luciano Rezende, também professor do curso e secretário de formação do PC do B/MG, concorda com a análise da colega. “Os professores* foram muito exigidos neste curso, o que revela que há uma enorme demanda pelo estudo coletivo sistematizado por nossa Escola. O grande desafio é dar continuidade e este e aos demais cursos da grade curricular, criando uma cultura de formação entre os militantes”.
Aliás, uma das palavras de ordem da seção mineira da escola é a multiplicação de conhecimento. “No próximo período precisamos fazer um grande movimento interno de oferecer cursos em massa para todos os quadros e militantes do partido”, avisa Richard Romano, outro professor da escola e secretário de organização dos comunistas mineiros. Para ele, o curso foi positivo pois formou “um conjunto de quadros que certamente jogará um grande papel na resistência ao fascismo e na defesa da democracia e da construção partidária”.
Força para Resistir
Para os alunos-militantes, a imersão no conteúdo marxista também serviu como injeção de ânimo diante do cenário adverso que se configurou para as forças progressistas e para os comunistas com a vitória da extrema direita nas eleições deste ano. “Pelo momento em que o país está passando, é fundamental estudar mais para encontrarmos caminhos e enfrentar a dura conjuntura que virá”, explica Solange Barros, jornalista de Uberlândia. “O curso nos deu segurança para agir com mais propriedade neste momento em que nossas ideias estão sendo fortemente combatidas”, completa Kessia Teixeira, presidente da UJS de Belo Horizonte
A Escola Nacional conta, na sua grade curricular, com um curso introdutório do pensamento marxista e outro sobre o programa socialista do PC do B. Motivados, vários camaradas já se dispuseram a participar da rede de formadores para disseminar o conteúdo adquirido. O que significa que, em breve, novos rios serão banhados, e novos homens surgirão.
*Nosso agradecimento aos professores Ângelo Cirino, Carlos Valadares, José Carlos Áreas, José Rodrigues e Pedro Teixeira Camargo, que também deram aula.