Renato Rabelo fala sobre a luta pelo socialismo e sobre a China em curso realizado no Pará
A primeira questão apontada por Renato Rabelo foi que o socialismo é uma transição do sistema capitalista para o sistema comunista, na qual não existe um período determinado e características muito específicas pré- estabelecidas. Muito diferente da visão idealista, que marcou a concepção da passagem de um sistema à outro, quando percebia-se este processo de forma quase automática.
O presidente da Fundação fez questão de frisar que os estudos atuais e a análises das experiências do século 20, demonstram que esta transição pode assumir variadas formas e levar a diferentes alternativas. Dito por ele “uma sociedade totalmente nova, um curso de acontecimentos inédito que implica objetivamente em erros e acertos”.
O objeto central de análise da exposição de Rabelo foi a experiência da China socialista, a partir de 1949. Uma experiência gigantesca, conduzida pelo Partido Comunista da China, em um país com mais de um bilhão e 400 milhões de habitantes e 54 nacionalidades distintas.
Apesar de muitos dos estudiosos do sistema na China absorverem o conceito de “socialismo de mercado”, Renato registra que este conceito , para a realidade chinesa, é muito simplista e não é suficiente para descrever a complexidade da economia na China.
Ele explica que no imenso país asiático, existem em torno de 30 milhões de pessoas que vivem de uma economia de subsistência, mais de 300 milhões que vivem da pequena produção mercantil – o que se chama no Brasil de agricultura familiar – e parcelas ainda maiores de milhões estão incorporadas à agricultura com alto grau de planificação, que por sua vez relaciona-se com a indústria.
O ESTADO PREPARA E PLANIFICA TAMBÉM O SETOR PRIVADO
O elemento político que gere este processo econômico complexo, é o estado dirigido pelo PC chinês. Ao Estado, cabem funções estratégicas que vão desde a planificação econômica, a gerência do sistema financeiro que estabelece os investimentos estatais e privados, além do planejamento nas áreas da ciência e tecnologia.O Estado prepara e planifica o setor privado, em acordo com as necessidades mais gerais da sociedade.
Por conta destas características, o presidente da Fundação, em acordo com os estudos em andamento, considera que a nomenclatura de uma “nova formação econômica social” – FES – seria mais precisa para comportar uma realidade tão dinâmica. E o que a caracterização de uma “economia de projetamento”, corresponde a atual fase de construção socialista.
As características centrais do Estado, expostas na aula, são: centralização e condução da grande produção industrial; controle governamental sobre o fluxo da renda nacional; domínio completo do sistema financeiro nacional, monopólio do comércio exterior.
A NOVA ROTA DA SEDA
Fruto dos debates, Renato explicou que a “nova rota da seda” é fundamentalmente criar uma rede de infraestrutura indispensável para o desenvolvimento do comércio exterior. Um cinturão que engloba 67 países, da Ásia e Europa, visando estabelecer instrumentos de cooperação desta comunidade internacional num formato de cooperação.
A conclusão fundamental, depois de inúmeras intervenções, num espírito de debate teórico saudável é de que, segundo Renato Rabelo: “Se observarmos o socialismo como futuro histórico construído, não se trata de exagerar em intitular a presente experiência chinesa, como um marco fundamental da história humana”.
A mesa foi coordenada pelo professor Edval Bernardino, presidente da FMG/PA e o debate contou com a presença de diversas lideranças expressivas, entre as quais a camarada Ana Júlia, do Comitê Central e Jorge Panzera, presidente do PCdoB do Pará e também membro do Comitê Central.