Júlio Vellozo: Uma revista para tempos de ruptura
A edição 159 da revista Princípios chega às mãos dos leitores com uma nova proposta editorial. Com quase quatro décadas de existência, a revista renova seu formato, perfil e conselho editorial para se inserir no debate nacional qualificada para os desafios da nova ordem política e econômica.
A nova edição foi lançada neste início de setembro (3), com apresentação dos envolvidos na empreitada, sob a mediação da socióloga Ana Prestes, também editora-executiva da revista.
O historiador Júlio Vellozo, secretário-geral da Fundação Maurício Grabois e editor da revista considera um feito, em si, a revista Princípios ter uma trajetória tão constante, influenciando o debate marxista na política, na academia e na ciência.
Ele identifica a grande viragem histórica em que se dá a renovação da revista, a partir de uma grande ruptura, “como foi de 1848, da Primavera dos Povos, que produziu um giro teórico muito importante para a esquerda mundial e o marxismo”. Ele também comparou o momento para a esquerda similar à ruptura que foi a Comuna de Paris, a Primeira Guerra Mundial, com a abertura para uma era de revoltas e revoluções, e da queda das experiências socialistas do leste europeu após 1989.
A nova Princípios se candidata a encarar essa ruptura num período novo no Brasil, com a emergência de um governo como Bolsonaro, mas também para o mundo. “Um período marcado por uma crise econômica gravíssima, um novo êxodo no mundo, uma crise climática com reflexos enormes, uma crise do velho modelo de dominação da democracia liberal, que vai sendo abandonado pelas elites e o declínio relativo dos EUA, que vai sendo ultrapassado de forma dolorosa, tortuosa e complexa pela China”, pontua Vellozo.
Segundo ele, essas mudanças pedem para fazermos um esforço teórico grande diante do novo. “O que já sabíamos é insuficiente para interpretar esse novo tempo, por isso a Princípios se renova para continuar essa revista forte, pujante e ligada nos acontecimentos teóricos no mundo”, diz ele.
Ele considera que a revista pode cumprir o papel do soldado batedor, abrindo caminhos, especulando, testando hipóteses, para elaborar a teoria da revolução do nosso tempo.
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Assista ao lançamento da revista abaixo: