Renato Rabelo: O desafio da ampliação do impacto de Princípios
A edição 159 da revista Princípios chega às mãos dos leitores com uma nova proposta editorial. Com quase quatro décadas de existência, a revista renova seu formato, perfil e conselho editorial para se inserir no debate nacional qualificada para os desafios da nova ordem política e econômica.
Foi com este tom que a nova edição foi lançada neste início de setembro (3), com apresentação dos envolvidos na empreitada, sob a mediação da socióloga Ana Prestes, também editora-executiva da revista.
Renato Rabelo destacou o contexto de surgimento da revista em 1981, “num período marcado pelo começo do fim do regime militar, no contexto da irradiação ampla da luta pela liberdade no pós-ditadura”. Ressaltou a importância do comando de João Amazonas naquele momento de reestruturação das forças políticas e do partido dos comunistas. “Era um momento delicado em que destacados quadros e dirigentes foram assassinados pela ditadura militar”.
Ele homenageou o comando da revista neste período, desde João Amazonas, passando por José Reinaldo de Carvalho, Rogério Lustosa, Olival Freire Jr, Pedro de Oliveira, José Carlos Ruy e Adalberto Monteiro, até 2018. Citou o “rol precioso” de intelectuais, pesquisadores, cientistas, jornalistas, artistas, lideranças políticas e sociais agregados voluntariamente pela revista.
Hoje, diz ele, acumula-se quase dez mil páginas de um rico acervo de formulação teórica marxista e progressista e muitos artigos com diagnósticos, tendências e caminhos a seguir.
Ele citou a base do conteúdo da revista nesse período. No início foi dado destaque a questões de princípios, da base teórica, e da identidade no novo contexto de redemocratização. Ele sublinhou o debate de João Amazonas sobre a crise teórica do socialismo e o caminho soviético, assim como as questões relativas à história do Brasil, suas potencialidades e impasses. A revista ainda teve papel importante no debate sobre a Constituinte de 1988, assim como no debate sobre o novo projeto de desenvolvimento para o Brasil e o enfrentamento dos rumos nefastos que o país tomava sob o neoliberalismo.
“Agora, partindo dessa significativa herança, e seguindo esse justo lema de renovação, no início desse século em que vivemos tempo de aporia, impasses e entroncamentos, o desafio teórico político se torna exigente de maiores horizontes e instrumentos modernos de comunicação”, defendeu Renato. Segundo o dirigente, a Fundação Maurício Grabois vem desenvolvendo esforços em dois planos, estar mais sintonizada com o tempo histórico e estar a altura da missão revolucionária do alcance de uma nova sociedade socialista.
Renato mostrou que a revista vinha cumprindo um papel híbrido de revista de fôlego com jornal conjuntural, conforme o jornal A Classe Operária deixou de circular. Ele observa que a imprensa digital, hoje, é um espaço enorme para o debate conjuntural, em tempo real, que torna uma revista quadrimestral inadequada para isso.
Assim, a revista muda de projeto visual, passa a ser imprensa em formato livro, com periodicidade quadrimestral e passa a abordar temas de fundo, ensaios, estudos e pesquisas, tornando-se um periódico científico. A revista que já estava qualificada no novo Qualis na Capes como A4, fará adequações para estar presente em base de dados nacionais e internacionais de periódicos teóricos, possibilitando a ampliação de impacto da revista.
“Portanto, são novas tarefas, novos desafios, que nos colocam numa posição mais avantajada na determinante frente da luta de ideias. Bravo! Viva!”, saudou ele.
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