Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois e dirigente do PCdoB lamentou sua morte: “A morte do nosso grande camarada José Carlos Ruy é uma perda que deixa imensa lacuna. Era um destacado militante intelectual do nosso Partido, abnegado lutador da causa comunista e civilizacional. Deixa extenso e rico legado que nos inspira e nos fortalece”.

“José Carlos Ruy foi um grande jornalista. Um militante e dirigente comunista disciplinado, ativo e dedicado. Mas foi sobretudo um homem sensível, atencioso e delicado. Uma pessoa humana ímpar”, registou a presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos. “É doloroso saber da sua partida.”

Ruy morreu em sua casa, em São Paulo, vítima de um infarto fulminante. Seu corpo foi encontrado pela filha Carolina Maria Ruy, também jornalista, que acompanharia o pai hoje em uma consulta ao oftalmologista.

Luciana lembrou a influência de Ruy sobre outros jornalistas que trabalharam em veículos sob direção do PCdoB. “A Classe Operária, jornal do nosso partido, tem muito do seu DNA, do seu suor e do amor pela comunicação. Gerações de comunicadores do nosso partido cresceram sob seu exemplo, influência e carinho”.

Paulistano, nascido em 7 de outubro de 1950, Ruy era jornalista desde os anos 1970 e foi um dos primeiros membros do PCdoB a ser dirigente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Sob a ditadura militar, colaborou com os jornais Movimento e Tribuna da Luta Operária, entre outros veículos alternativos. No Departamento de Documentação (Dedoc) da Editora Abril, manifestou sua vocação não apenas para a apuração tipicamente jornalística – mas também para a pesquisa histórica.

Em seus textos sobressaía a visão marxista do mundo e dos fatos – o que Ruy acentuou posteriormente, na condição de intelectual orgânico do PCdoB. Membro do Comitê Central do Partido de 1997 a 2009, ele gostava de dizer que era “estudioso de história e do pensamento marxista”. Autodidata, tinha interesse, ainda, pelas lutas históricas dos negros no Brasil, pela história da do movimento feminista e também por literatura – brasileira e estrangeira. Volta e meia, escrevia para o “Prosa, Poesia e Arte”, a seção cultural do Vermelho.

Artigos de sua autoria estão presentes em mais de 20 livros, com destaque para as duas edições de Contribuição à História do Partido Comunista do Brasil – projeto do qual foi um dos organizadores, ao lado de Augusto Buonicore. Ruy foi autor de Os Comunistas na Constituinte de 1946, mas seu projeto de maior fôlego e profundidade foi, sem dúvida, Biografia da Nação – História e Luta de Classes, lançado em 2018. Os livros de Ruy foram publicados pela Editora Anita Garibaldi, em parceria com a Fundação Maurício Grabois.

Nos últimos anos, mesmo com a perda parcial da visão e a saúde debilitada em função do diabetes, Ruy se dedicou a traduzir para o Vermelho artigos da mídia comunista e progressista internacional. Nos quase 19 anos do portal, Ruy se destaca também como um dos colunistas com mais textos publicados.

“Como amigo e companheiro na equipe do Vermelho, Ruy foi como um irmão mais velho para mim”, afirma Inácio Carvalho, editor do portal desde 2015. “Nos últimos cinco anos, desde que assumi a editoria do portal, nos falávamos praticamente todos os dias, sobre os mais diversos assuntos – trabalho, acontecimentos políticos, cultura e a vida. Sempre muito disposto, afável e esperançoso na luta do povo, Ruy era um inspirador para quem acredita numa vida melhor, nos seres humanos, na vida e no socialismo. Ruy continua imprescindível e seguirá nos inspirando através de sua obra.”