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Princípios 163: A utopia dos anos 1920 e a reconstrução do país

16 de fevereiro de 2022

Publicada pela Editora Anita Garibaldi, a revista Princípios (Qualis A3) é o periódico científico marxista mais antigo do Brasil. (ISSN:1415-7888; E-ISSN: 2675-6609)

Acaba de ser lançada a nova edição da revista Princípios 163

Neste ano de 2022 o Brasil tem um encontro marcado com seu futuro. Romper com a trajetória de degradação da democracia, da soberania nacional e das condições de vida dos brasileiros, pondo fim à experiência do bolsonarismo, é a tarefa central. Nessa luta política e civilizacional se inscrevem dois sucessivos dossiês temáticos preparados pela revista Princípios.

Clique aqui para conferir os últimos números da revista Princípios.

O primeiro deles é Modernismo e Revolução nos anos 1920, apresentado na presente edição. O segundo é o dossiê comemorativo do bicentenário da independência do Brasil, que será o tema central de nosso próximo número (164). Ambos oferecem referências históricas imprescindíveis para o delineamento de um novo projeto nacional de desenvolvimento.

Clique aqui para conferir os números antigos da Princípios (1 a 100)

Foram muitos e multiformes os fatos novos que fizeram de 1922 um ano carregado de futuro: a Semana de Arte Moderna, de 11 a 18 de fevereiro; a fundação do Partido Comunista do Brasil, em 25 de março; o levante do Forte de Copacabana, em 5 de julho, e o avanço da luta das mulheres pelo sufrágio universal com a fundação da Frente Brasileira pelo Progresso Feminino, em 9 de agosto. Independentes umas das outras, mas articuladas ao mesmo processo histórico e social, essas iniciativas tinham em comum o anseio de superar o passado e afirmar o projeto de uma nova sociedade e uma nova cultura. Revolução estética nas tendências artísticas, revolução social na base econômica e revolução democrática nas instituições políticas: não há de ser mera coincidência o fato de elas terem eclodido quando se comemorava o primeiro centenário da Independência do Brasil. Como se dissessem: comemoremos a independência, mas com olhos abertos, espírito crítico e audácia inovadora. Voltemo-nos à tarefa de edificar o futuro.

Como mostra o dossiê Modernismo e Revolução nos anos 1920, nenhum desses eventos atingiu a culminância em 1922. Eles se articulariam a processos de inovação e emancipação que estavam em curso ao longo daquela década, e que resultariam em inúmeros avanços. Muitos desses avanços, porém, acabaram truncados, e seguem ainda hoje, pelo menos em parte, como promessa irrealizada.

O Modernismo se contrapunha ao tradicionalismo. Não apenas na linguagem corrente, mas também em contextos literários e sociológicos, o núcleo semântico desses termos é a ideia de plena contemporaneidade com a evolução social e cultural, e, portanto, de ultrapassagem do atraso e ruptura com o arcaico. Tudo isso dentro de uma ideia geral de afirmação do Brasil no concerto das nações.

O país chega a 1922 em um contexto marcado em escala internacional pelas sequelas do impacto destrutivo da I Guerra Mundial e pelo grandioso impacto da Revolução socialista na Rússia, onde começava a primeira experiência de construção de uma sociedade de novo tipo. As grandes esperanças suscitadas pelo vitorioso avanço das forças operárias e populares estimulavam a busca de rupturas com a ordem social vigente. Havia um espírito de combate e inovação que se prolongaria nos anos seguintes e se intensificaria com o impacto da crise econômica internacional de 1929. Entre nós, os efeitos devastadores dessa crise precipitaram a Revolução de 1930, que abriu uma nova fase da história nacional, com notável avanço de nossas forças produtivas.

Refletir sobre esse período luminoso de nossa história é lançar luz não apenas sobre o passado, mas também sobre o presente. Essa é uma tarefa que cresce de importância neste momento, em que se coloca na ordem do dia a reconstrução do país. É preciso retomar a utopia da geração de 1920, atualizada para o novo tempo, como referência para a realização, ainda incompleta, da obra de modernização e transformação de nossas estruturas sociais arcaicas e injustas.

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Nova seção de Princípios — A revista inaugura neste número a seção Diálogos & Debates, que se inicia com a contenda teórica sobre modos de produção na América Latina travada entre o politólogo argentino Rodolfo Puiggrós e o economista alemão André Gunder Frank. O debate foi realizado por meio de artigos apresentados em 1965 nas páginas de “El Gallo Ilustrado”, caderno semanal do jornal mexicano El Día.

Princípios publica as intervenções de Puiggrós e Gunder Frank em tradução inédita para o português, com breve nota explicativa do historiador e economista argentino Sergio Friedemann.

A seção Diálogos & Debates poderá trazer, ainda, pareceres bem fundamentados sobre artigos publicados na revista, mas que não contaram com a unanimidade de nossos avaliadores ad hoc. Nesse caso, a publicação do parecer se dará com o fim de fomentar o debate, e será feita mediante o consentimento da Comissão Editorial, do autor do texto publicado (que terá direito a réplica) e do parecerista que problematiza aspectos do texto.

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Novo cronograma de Princípios — Esta edição da revista Princípios inaugura um novo cronograma de periodicidade da publicação, unificando as datas das edições impressa e eletrônica. Assim, o número 163, que normalmente corresponderia ao período entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, é ajustado para o quadrimestre que vai de janeiro a abril de 2022. Assegura-se, desse modo, o cumprimento da periodicidade quadrimestral com três edições dentro de um mesmo ano, como é mais comum em publicações científicas qualisadas.

Buscando contribuir para a construção do conhecimento científico sobre a sociedade brasileira e seus desafios de maneira cada vez mais qualificada e relevante, convidamos cientistas, gestores, artistas e intelectuais a prestigiar a revista Princípios consultando seus artigos e citando-os sempre que possível, submetendo os resultados de suas pesquisas e trabalhos para publicação ou mesmo compondo nosso corpo de consultores ad hoc.

Desejamos aos nossos leitores uma ótima experiência!

João Quartim de Moraes

(coordenador do dossiê desta edição)

A Comissão Editorial