Dia Mundial da Saúde: poluição mata milhões, alerta OMS
Praticamente toda a população global respira ar de baixa qualidade, alerta a entidade. É uma ameaça que aumenta o risco de doenças respiratórias e ataques cardiovasculares, entre outros males. Não se pode mais adiar a transição energética
O dia da saúde, 7/4, que este ano celebra o tema Nosso planeta, nossa saúde, está se caracterizando por um sem número de manifestações planeta afora, e por campanhas importantes de conscientização climática. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou este ano uma atualização do seu banco de dados de qualidade do ar que apresenta, pela primeira vez, medições detalhadas de grandes poluentes globais.
A organização menciona especificamente medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente urbano comum e precursor de materiais particulados e do ozônio. Cita também medições de partículas com diâmetros inferiores a 10 μm (0,01 milímetros). São poluentes, informa a OMS, originários, principalmente, da queima de combustíveis fósseis. A Organização comemora ao menos a maior capacidade de medição: um número recorde de mais de 6 mil cidades em 117 países está monitorando a qualidade do ar.
Não surpreende que as pessoas que vivem em países de baixa e média renda estejam sofrendo as maiores exposições. Cresce rapidamente a base de evidências sobre os danos que a poluição do ar causa ao organismo. O material particulado pode penetrar profundamente nos pulmões e daí passar para a corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (AVC) e respiratórios.
Já o NO2, está associado a doenças respiratórias – particularmente asma – levando a sintomas como tosse e dificuldade para respirar, internações hospitalares e atendimentos de emergência. Por isso a OMS revisou no ano passado suas diretrizes de qualidade do ar, tornando-as mais rigorosas. O objetivo é ajudar os países a avaliar melhor a salubridade do seu ar. Tedros Adhanom, diretor da OMS, relaciona essas preocupações à necessidade da transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis.
“Os altos preços dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os dois desafios de saúde da poluição do ar e das mudanças climáticas ressaltam a necessidade premente de avançar mais rapidamente em direção a um mundo muito menos dependente do petróleo.” A poluição do ar, estimam os estudos da OMS, mata cerca de sete milhões de pessoas no mundo ao ano.
Qualquer contaminação do ambiente por agente químico, físico ou biológico, que modifique as características naturais da atmosfera, é considerado poluição do ar. A simples queima de combustíveis domésticos, veículos motorizados, instalações industriais e incêndios florestais são fontes comuns de poluição, informa a OMS. Poluentes de grande preocupação para a saúde pública incluem material particulado, monóxido de carbono, ozônio, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre.
Depois de sobreviver a uma pandemia, é inaceitável ainda ter 7 milhões de mortes evitáveis acontecendo, diz Maria Neira, diretora da OMS para o meio Ambiente, mudanças climáticas e saúde. São inúmeros anos de boa saúde desnecessariamente perdidos, devido à poluição do ar. “É isso que estamos dizendo quando analisamos a montanha de dados, evidências e soluções sobre poluição do ar disponíveis. No entanto, muitos investimentos ainda estão sendo feitos em um ambiente poluído e não em um ar limpo e saudável”, desabafou.
Fonte: Outras Palavras