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A crise climática representa uma escolha difícil: socialismo ou extinção

16 de agosto de 2022

Socialismo ou extinção? De acordo com o socialista britânico Martin Empson, esses são os dois caminhos que temos disponíveis no século XXI. De certo modo, esse é um alerta que já foi dado pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em agosto de 2021, afirmando a necessidade de uma transformação profunda no modo de produção internacionalmente hegemônico.

Abaixo traduzimos a resenha que Alex Thomson fez para o livro de Empson e que foi publicada na Monthly Review em 13/08/2022. A tradução é de Theófilo Rodrigues.

A crise climática representa uma escolha difícil: socialismo ou extinção

Por Alex Thomson (Publicação original)

Em seu último livro, Socialism or Extinction: The Meaning of Revolution in a Time of Ecological Disaster, Martin Empson apresenta seu argumento sobre a razão da crise climática não poder ser resolvida sob o capitalismo. O próprio título faz referência ao uso de Rosa Luxemburgo das palavras “socialismo ou barbárie” para descrever a escolha que a humanidade enfrentou durante a Primeira Guerra Mundial, sublinhando assim os riscos mais altos que enfrentamos atualmente com as mudanças climáticas, mas também referenciando o papel da revolução em trazer esse conflito para um fim.

Como um ambientalista de longa data, socialista e membro do Partido Socialista dos Trabalhadores (Reino Unido), Empson traz neste trabalho anos de ativismo e discussão. Como tal, ele descreve o livro como “uma defesa sem remorso da revolução”.

Empson coloca o trabalho em contexto descrevendo a atual crise ambiental que o mundo enfrenta, “um código vermelho para a humanidade”, conforme o relatório de 2021 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Ao delinear a urgência de abordar as mudanças climáticas, ele faz referência ao impacto particular no sul global e quão estreitamente a crise atual está ligada ao capitalismo, citando a perda de biodiversidade, a agricultura industrial e os impactos desiguais para os pobres e para o sul global.

O autor argumenta que, por sua natureza muito competitiva, o capitalismo é inerentemente esbanjador e “infinitamente faminto”. Não só funciona antecipando a demanda futura e, assim, gerando desperdícios quando as estimativas estão incorretas, mas também seus produtos e processos estão em constante mudança para se antecipar à concorrência.

Ao sugerir que a indústria desenvolveu uma dependência do combustível fóssil não para tornar a produção mais barata ou mais eficiente, mas para ganhar poder sobre os trabalhadores, ele reforça uma ligação inextricável entre os combustíveis fósseis e o capitalismo. Ele também argumenta que a crise climática foi criada pelo capitalismo, é inerente ao capitalismo e, portanto, não pode ser resolvida sob o capitalismo, que o sistema deve ser desmantelado e isso só pode ser feito pelos trabalhadores através de uma revolução socialista.

A limitação das abordagens de cima para baixo para corrigir a mudança climática é que fazer uma mudança real seria contraproducente para a pequena minoria que detém tantos recursos do mundo e poder concentrado e, portanto, muitas das “soluções” existentes são simplesmente greenwashing.

Ao definir o conceito de revolução socialista, Empson é enfático que deve ser de baixo para cima, usando o poder dos trabalhadores para recuperar o controle dos meios de produção. Ele discute o papel da violência em uma revolução, dizendo que enquanto os socialistas não devem condenar a violência de imediato, a não-violência é um método mais bem sucedido de fazer mudanças. Ele enfatiza que uma questão tão global requer uma solução global, transformando o mundo e proporcionando vida digna, casa, dieta, saúde e educação para todos.

Na segunda metade do livro, Empson descreve como a sociedade funcionaria após uma revolução, ressaltando que, embora a revolução não seja inevitável, ela é possível quando o status quo se torna insustentável e trabalhadores suficientes se reúnem para exigir mudanças e implementá-la.

Ele descreve as condições sob as quais tal revolução ocorreria e aponta que o próprio Estado capitalista foi criado pela destruição da sociedade feudal que veio antes dele. Ao analisar revoluções anteriores, Empson ilustra como os trabalhadores são capazes de criar um Estado operário eficaz, desde que possam defendê-lo contra a contra-revolução. O Estado operário acabaria caindo no socialismo. Empson ilustra sua teoria com casos históricos de revoluções passadas, tanto no passado recente no Egito e Sudão quanto mais atrás com a Comuna de Paris e a Revolução Russa de 1917. Ele afirma que diferentes fatores devem estar em jogo para fazer uma revolução bem sucedida, como uma mobilização em massa de trabalhadores que são empurrados a ponto de se recusarem a continuar sob o sistema atual, mas também um número significativo de socialistas que estão no local para fornecer apoio e orientação, como o Partido Bolchevique fez em 1917. O ponto que se destaca em seus exemplos é que, repetidamente, durante os períodos de revolução, os trabalhadores se uniram, deixaram de lado suas diferenças e trabalharam efetivamente para organizar sua comunidade. Embora cada uma dessas revoluções fizesse parte de um movimento mais amplo e/ou se espalhasse geograficamente, Empson deixa claro que uma revolta socialista teria que efetivamente ser mundial para transcender e eventualmente derrubar fronteiras para lidar com uma questão global.

Martin Empson argumenta efetivamente que apenas uma revolução socialista pode nos resgatar de uma catástrofe climática iminente. Com base no pensamento de Marx, Lenin e Luxemburgo, ele argumenta que isso é urgentemente necessário e como é possível. Ao longo do caminho, ele nos dá exemplos de comunidades revolucionárias organizadas com sucesso pela classe trabalhadora.

Embora ele reserve um tempo para esboçar as questões das mudanças climáticas que nos colocam em risco, ele não mapeia as soluções climáticas especificamente, mas argumenta que os trabalhadores têm o conhecimento, as habilidades e o poder para fazer a transição para um ambiente mais sociedade socialista sustentável. Socialism or Extinction é uma leitura envolvente e convincente.

Socialism or Extinction: The Meaning of Revolution in a Time of Ecological Disaster, de Martin Empson foi publicado pela Booksmarks no Reino Unido. O livro pode ser adquirido clicando aqui.

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