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24 gigantes multinacionais praticam greenwashing

15 de fevereiro de 2023

Apesar de integrarem a iniciativa “Race to Zero”, promovida pelas Nações Unidas, as empresas avaliadas cortaram somente 36% das emissões de gases com efeito de estufa, em vez dos 90-95% necessários, destaca o relatório do New Climate Institute e da Carbon Market Watch.

Apesar de integrarem a iniciativa “Race to Zero”, promovida pelas Nações Unidas, as empresas avaliadas cortaram somente 36% das emissões de gases com efeito de estufa, em vez dos 90-95% necessários, destaca o relatório do New Climate Institute e da Carbon Market Watch.

Publicado originalmente no Esquerda.net em 15.02.2023

No relatório, que analisa a transparência e integridade das metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e de neutralidade climática das principais empresas a nível global, conclui-se que 24 das maiores e mais ricas empresas do mundo praticam greenwashing. Ou seja, transmitem uma imagem “amiga do ambiente” sem ações concretas nesse sentido além da publicidade.

A edição de 2023 do Monitor de Responsabilidade Climática Corporativa(link is external), citado pelo Jornal de Negócios(link is external), refere que as multinacionais têm uma receita conjunta acima de três mil milhões de euros e são responsáveis por cerca de 4% das emissões de GEE a nível global. A sua área de negócio vai desde o setor automóvel, moda, retalho, supermercados, alimentação e agricultura, tecnologia e eletrónica, transportes marítimos e aéreos e aço e cimento, e são oriundas de diferentes países.

O relatório denuncia que as gigantes multinacionais escondem a sua inação climática atrás dos seus “aparentes planos verdes de neutralidade climática e simplesmente não estão a fazer aquilo que prometem”.

“Numa altura em que as corporações precisam de limpar o seu impacto climático e reduzir a sua pegada de carbono, muitas estão a explorar promessas enganosas net zero para dar uma lavagem verde à sua marca enquanto prosseguem com os negócios como habitualmente”, enfatiza a diretora executiva da Carbon Market Watch, Sabine Frank, em comunicado.

“Esta perigosa procrastinação tem de parar. Uma vez que as multinacionais têm um elevado impacto no planeta e os meios para reduzir a sua pegada de carbono, devem tomar medidas reais para limpar a sua ação e não apenas a sua imagem, cortando as suas emissões”, continua.

A edição de 2023 do Monitor de Responsabilidade Climática Empresarial aponta também que metade das empresas avaliadas, entre as quais a Apple, DHL, Google e Microsoft, estão a fazer alegações de neutralidade carbónica. No entanto, essas alegações dizem respeito a somente 3% das emissões dessas empresas. Acresce que três quartos das empresas planeiam compensar ou neutralizar uma parte significativa das suas emissões utilizando créditos de carbono provenientes de projetos florestais e outros projetos de utilização do solo.

“Não só estas soluções armazenam carbono apenas temporariamente e são vulneráveis a reversões, como também precisaríamos de um segundo planeta Terra para absorver emissões globais se todos decidissem compensar como estas empresas”, alerta Sam Van den Plas, da Carbon Market Watch.

O relatório exorta os governos e a Comissão Europeia a regular de forma robusta o greenwashing empresarial.

ZERO lamenta “práticas perversas de greenwashing”

A ZERO, que integra a Carbon Market Watch, lamenta “as práticas perversas de greenwashing nos planos climáticos das grandes empresas globais”.

“As promessas de zero emissões líquidas dão a impressão superficial de que as emissões vão cair para níveis nulos ou próximo disso”, porém, “o relatório mostra-nos uma realidade bem diferente”, aponta a associação ambientalista.

A ZERO escreve ainda que, “neste horizonte temporal vital que vai até 2030, quando o mundo necessita de cortar em cerca de metade a sua pegada carbónica para manter o aumento da temperatura abaixo do limite relativamente seguro de 1,5º, as empresas avaliadas com objetivos assumidos para 2030 comprometem-se a reduzir em apenas 15% as suas emissões reais”.

Fotografia por Miroslav Petrasko/Flickr.