Artigo de Astrojildo Pereira publicado na Voz Operária no 253, p. 3 (20/3/1954)

A passagem do 32o aniversário da fundação do Partido Comunista do Brasil transcorre
sob o signo de ardentes debates suscitados pelo projeto de Programa do Partido e pela
convocação do seu IV Congresso.
A apresentação do Programa e a preparação do IV Congresso são dois acontecimentos
da maior importância na história do nosso Partido, e por consequência na história das lutas do
nosso povo por sua libertação nacional e social. São dois acontecimentos que atestam, de
maneira incontestável, o grau de amadurecimento já atingido pelo PCB, e é igualmente
incontestável que um e outro atestam também, pelo que significam e pelos objetivos em vista,
o grau de amadurecimento histórico da revolução brasileira e das tarefas revolucionárias que o
povo brasileiro, com a classe operária e o seu partido à frente, é chamado a cumprir a fim de
libertar o Brasil do jugo imperialista e afastar do poder a camarilha de latifundiários e grandes
capitalistas serviçais do imperialismo norte-americano.
A passagem do 32o aniversário do Partido Comunista do Brasil é motivo de justa alegria,
é uma festa de exaltação política que fala aos melhores sentimentos patrióticos não só dos
comunistas e da classe operária, mas também das grandes massas camponesas e do povo em
geral, que veem no Partido Prestes o único partido político que merece a confiança das massas
sofredoras, o único partido que representa as esperanças de melhores dias para nossa pátria.
Que outro partido, dos que pululam, aparecem e desaparecem na vida política do país,
pode ser comparado ao Partido Comunista do Brasil?
Os outros partidos, grandes ou pequenos, não passam nunca de meros ajuntamentos
de chefes e caudilhos, sem programa, sem princípios, sem objetivos políticos definidos. São
precários grupos de cúpula, corroídos pela intriga e pelos choques de ambição, e que só se
dirigem às massas nas vésperas de eleições, desenvolvendo então a mais desenfreada
demagogia para enganar o povo e caçar votos dos eleitores incautos.
O Partido Comunista do Brasil nada tem de comum com esses ajuntamentos.
O PCB é a organização de vanguarda da classe operária, que dirige as massas e cujos
membros participam ativamente de toda a vida partidária, segundo normas estatutárias
conhecidas, e suas direções, desde um secretariado de base até o Comitê Central e o Presidium,
são estabelecidas democraticamente, mediante eleições que se processam com inteira
liberdade.
Ainda neste momento dá-nos o PCB um exemplo admirável de como entende e pratica
a democracia interna; seu projeto de Programa, já aprovado em reunião do Comitê Central, é
submetido a amplo debate popular, coisa sem paralelo na história política do país, relativamente
a documentos de tamanha importância. O mesmo se pode dizer das discussões que se travam
nos organismos e na imprensa do Partido por motivo e em preparação do IV Congresso: cada
qual expõe a sua opinião com absoluta liberdade, faz a crítica e a autocrítica de erros, falhas e
debilidades e concepção teórica ou aplicação prática.
Só o Partido Comunista pode proceder assim, com a mais escrupulosa honradez, seja na
elaboração da sua linha política, seja na sua atividade de todos os dias, fazendo da crítica e da
autocrítica o método insubstituível de permanente aprimoramento de sua ação teórica e
prática.

Em 32 anos de existência, percorreu o Partido Comunista do Brasil um já longo caminho,
duro e difícil caminho, afirmando-se de mais em mais como o verdadeiro partido da classe
operária, intransigente defensor dos explorados e oprimidos, vanguarda corajosa na luta pelos
interesses e aspirações das largas massas populares.
Sob a direção provada do camarada Prestes, o PCB tem crescido de maneira impetuosa,
durante os últimos anos, e seu prestígio aumenta dia a dia, sendo hoje, sem a menor sombra de
dúvida, a mais poderosa força política existente no país.